quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Eu sei


Hoje de tarde, quando já caía a noite, eu vinha regressando às avenidas quase desertas de Santo António, chegado da minha corrida pela Beirã, quando vislumbrei um vulto de criança ao fundo da rua, caminhando no meu sentido.

Reconheci-o à medida que se aproximava, pelo jeito de andar. É um daqueles meninos da terra que não tem carinho para a troca, considerado por quase todos como problemático, mas que comigo sempre se comportou de forma exemplar, talvez como resposta à minha atenção.

Apesar da pouca visibilidade, reparei que sorriu quando me reconheceu e levantou as duas mãos no ar, à espera de encontrar as minhas, para fazermos um “high five”, um “choca”, como por aqui se diz.

Hoje estamos a 28 de Janeiro…

Quando finalmente nos encontrámos, disse-me: “Pedro… Quando é que é o Dia da Criança?”.

Eu respondi-lhe: “Ainda falta, amigo… É só em Junho. É sempre no dia 1 de Junho… Mas pensando bem… já faltou mais… ou melhor… está quase”. E cada um seguiu o seu caminho…

E eu senti assim uma bola de emoção a trespassar-me cá por dentro. E vim pensando…

Eu sei porque é que este menino me fez esta pergunta, apesar do tempo que ainda falta. Ele fez-me esta pergunta porque o Dia da Criança de Marvão é provavelmente o mais feliz para ele de todos os 365 dias que tem o ano. Mais feliz que o aniversário porque nem aí consegue ter a família toda junta… mais feliz ainda que o Natal, certamente escasso em presentes. Mais feliz que todos os outros dias porque nesse dia ele sabia que podia ter tudo, tudo o que ele quisesse, podia esquecer o resto e ser Rei incontestado, com direito a mil e uma torpelias, montanhas de coisas boas, guloseimas e até uma tourada e uma discoteca. Ele tem saudades do Dia da Criança e eu percebo-o porque eu também tenho.

E digo mais… Apesar de toda a maldade que há no mundo e no nosso concelho, apesar de toda a mentira, apesar de todo o interesse, apesar de toda a ganância… há momentos preciosos como este que me fazem sentir que tudo valeu a pena, momentos que ninguém nunca mais me vai poder tirar.

O Dia da Criança de Marvão vai continuar. Oxalá que sim, que continue. E podem mudar tudo para fazer esquecer, ou deixar tudo na mesma… mas jamais poderão apagar a glória do tempo bom que passou.

Eu sei porque é que aquele menino me perguntou pelo Dia da Criança e como ele muitos outros que vou por aí encontrando.

Eu sei… porque sei quem é o Dia da Criança para eles.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O divórcio... gay

Pois… eu compreendo que é um pouco forte mas é um José Vilhena e o José Vilhena é uma instituição nacional, pá. Não há discussão possível acerca disto. A ”Gaiola Aberta” devia de ser adaptada como livro de leitura obrigatória a partir do 7º ano. É o que eu acho…

Antes de mais, antes que alguém me salte para cima (salvo seja!), quero deixar bem claro que não tenho nada contra os homossexuais. Não tenho. Já tive. Já tive muito contra. Houve um período na minha vida em que não podia sequer ouvir falar neles mas de há uns tempos para cá, não sei se por o mundo em geral estar tão complicado, deixei de me preocupar…

Acho que cada um tem direito de gozar a sexualidade à sua maneira e de desfrutar o amor da forma que melhor lhe aprouver. Se forem dos discretos, tipo o novo deputado Vale de Almeida, que não exteriorizam as tendências, tanto melhor, mas as “bichonas malucas” também têm a sua graça, pelo que estou em paz com a classe. Até aos travestis já reconheço alguma arte.

Não me choca nada que se casem e para ser sincero, também não me horroriza que adoptem crianças desde que respeitem o direito à sua livre orientação sexual e não as influenciem a tomarem as mesmas opções. Não é líquido que crianças criadas por casais gay, que as há em Portugal e em todo o mundo, venham a ser também elas gays, da mesma forma que há muitos casais hetero que não conseguem evitar ter filhos gay, se é que me faço entender.

Se eu fosse criança e pudesse escolher, antes queria ter dois pais ou duas mães que me respeitassem e acarinhassem, vivendo num lar com todas as condições, a nascer numa família convencional onde me maltratassem desde o berço, me servissem carradas de porrada ao pequeno almoço, almoço e jantar, e me obrigassem a trabalhar numa espelunca qualquer em vez de estudar como todas as outras crianças da minha idade. Mas isso, dirão vocês, é óbvio e eu concordo. Como dizia o outro, “antes rico e com saúde do que pobre e doente”.

Mas se nada disto me choca, o mesmo não poderei dizer da euforia de toda esta história do casamento gay. A vontade era tanta que me parece que se esqueceram das consequências. Atenção que pode não ser para sempre…

Os nossos gays e a fixação no casamento fazem-me lembrar umas birras que eu fazia quando era puto. Ainda me lembro de algumas inesquecíveis como a da carrocinha na montra da Pérola do Matos, na Rua do Comércio. Imaginem que eu ia a um sítio qualquer e engraçava com um brinquedo. Pedia-o e diziam-me que não com uma desculpa do género “ai não podes ter tudo…”, “não lha comprem que o estragam com mimo…”, “nós também gostávamos de ter muita coisa e não temos…”. Era aí que a coisa aquecia e eu passava à luta armada usando da melhor maneira todos os recursos disponíveis… choro, baba, ranho e em últimíssimo caso, pontapés e o famoso e quase sempre infalível “mergulho encarpado para o chão”. Nem sempre as negociações corriam bem mas por vezes, quando conseguia o que queria depois de tanto lutar, dava por mim a olhar para o bem em questão e dizia para os meus botões: “eh… realmente já vi melhor… E agora?”.

Parece-me que os gays tugas correm o risco de cair nesta. Lá fazer tudo… eles fizeram. Mas agora que conseguiram… e depois?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Parada da Memória



Nunca fui grande apreciador de jogos de futebol de beneficência. Não sei explicar mas… apesar de saber que as intenções são sempre as melhores do mundo, tudo aquilo me parece fingido… a brincar… e o futebol é domínio demasiado sério e sagrado para se brincar.

Nestes jogos amigáveis, os jogadores tiram o pé do acelerador, ficam moles, dão espaço aos adversários para atacar, fazem palhaçadas, fingem que falham nos cortes para outros poderem passar, acabam os lances abraçados, deixam entrar a bola de propósito… querem fazer da gente totós.

E depois arranjam assim nomes pomposos como “A Equipa do Resto do Mundo” como se isso fosse nome digno de uma equipa que se preze.

Eu não costumo ver jogos destes. Eles até se podem divertir e alinhar numa granda jantarada no fim, mas eu… não costumo tirar dali alegria nenhuma.

Mas hoje o Eusébio faz anos (e o meu irmão também. Ironias do destino…) e eu dei uma segunda oportunidade a este tipo de eventos, chamemos-lhe assim.

E juro que não estava preparado para ver aquilo… Porra, pá… Tanta glória encarnada… Eina… O Mozer, o Valdo, o Humberto Coelho, o Pietra, o Shéu, o CHALANA, o Néné, o Rui Águas, o Paneira, o Neno, o Schwarz, o Magnusson… ídolos da minha infância e juventude, verdadeiros mitos vivos.. equipados em campo, passeando o estilo de sempre, uns mais elegantes, outros sem conseguirem disfarçar o peso dos anos, mas todos eles com o brilho de estrela que nunca se apaga.

Faltou lá o meu querido Manuel Galrinho Bento, de quem eu bem me lembrei, o guarda-redes que os benfiquistas da minha idade aprenderam a venerar como um Deus voador. Faltou mas foi lembrado e isso faz valer como se tivesse estado.

Epá… O que eu gostei de ver isto…

domingo, 24 de janeiro de 2010

Bruno Aleixo a Presidente!


Para mim, o humor de Portugal já não é do Herman que um dia foi grande, nem dos Contemporâneos (um bluff tremendo!), nem da maioria das Produções Fictícias, nem do pessoal do “5 para a meia-noite”, nem do Rui Sinel de Cordes, nem dos Gatos Fedorentos que se venderam ao mainstream…

Safam-se o suplemento “Inimigo Público” às sextas (sempre brilhante!), o Aldo Lima, um bocadinho do Nilton (que às vezes até tem umas teorias bem esgalhadas), o Rouxinol Faduncho que está um boneco muito engraçado, o Filipe Homem Fonseca e… o Bruno Aleixo.

O Bruno Aleixo é o rei indiscutível do Humor em Portugal. Ninguém me faz rir como o Bruno Aleixo e na maior parte das vezes é um rir apenas por dentro mas que me deixa sempre muito bem disposto.

E perguntam os mais distraídos: mas quem raio é o Bruno Aleixo?!?!?!?

O Bruno Aleixo é uma espécie de Ewok. Ou melhor, uma pessoa em formato Ewok (Alô fãs das Star Wars!). Diz que “tem objectivos na vida, uma vida que se pode dizer porreira, os dois dos melhores amigos do mundo (o Busto e o Nélson) e pessoas de família”. Já fez 52 anos, possui carta de condução de ligeiros e tem a situação militar regularizada.

O Bruno Aleixo é de Coimbra e tem um programa onde disserta sobre tudo e mais algumas coisa com um busto do Napoleão que é a sua grande companhia. Começou na SIC Radical (claro!) e agora substitui (em boa hora!) a rubrica mais que batida do Nuno Markl na Antena 3 depois de este ter rumado de armas e bagagens para o colinho do Pedro Ribeiro na Comercial. O Bruno fala todos os dias às 8.20h e às 9.20h e é mesmo a não perder. Quem não tiver oportunidade de ouvir logo pode sempre fazer como eu e a minha pequena que nos sentamos ao serão, agarrados ao computador, a ouvir os programas que estão on line no blogue oficial, ao qual podem aceder clicando aqui.

As eleições presidenciais aproximam-se a passos largos e eu já não vou tendo pachorra para o Ti Aníbal e muito menos para a poesia do Alegre. Estava capaz de começar um movimento como fizeram no Brasil com o macaco Tião e começar a recolher assinaturas para candidatar o Bruno. Um gajo viver num país com um presidente destes… era alegria para desculpar tudo o resto, caraças!

Bruno… TU ÉS GRANDE!




sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Olhá Bola de Berlim fresquinha! Especial nº 1 - Liedson vs Sá Pinto

(Clica para agigantar)

PS: Este post é dedicado ao lagartão do meu irmão e ao seu ídolo pugilista. Havias de ficar tão bem vestido de vermelho...


quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O sítio das coisas selvagens




Por incrível que me pareça, nestes anos todos, nunca tinha ouvido falar no livro.

Movido pela surpresa da adaptação ao cinema, alimentado pelas críticas e comentários, esgravatei por onde podia até chegar à história.

Graças a Deus, ou à net, ou ao todo poderoso qualquer, vivemos num tempo deslumbrante que nos permite ter todo o mundo de conhecimento à distância de um clique.

Primeiro acedi ao livro que me conquistou de imediato por com tão pouco conseguir dizer quase tudo. Afinal, são apenas umas centenas de (mágicas!) palavras, muitas vezes repetidas e umas dezenas de belíssimos desenhos que conseguem tanto…

E por muito que se diga, nunca ninguém conseguirá traduzir a experiência do visionamento deste filme. “O sítio das coisas selvagens” é uma obra-prima em absoluto estado de graça que tem a infância toda lá dentro. E não é uma infância lamechas, chorona, mimada. É a infância como ela é, nua e crua, com todo o seu vigor, a sua dúvida, a sua ânsia de viver, a sua excentricidade, a sua (porque não dizê-lo?) crueldade, a sua divindade e sobretudo, a sua inabalável capacidade de sonhar.

A infância é a fase pródiga da nossa existência. “O sítio das coisas selvagens” é o retrato mais fiel que eu já conheci até hoje.

(E atenção que vos escreve alguém que tem como herói de vida o Peter Pan… São muitas edições em papel, muitos dvds, jogos de computador, action figures mas… isto aqui é outro campeonato...).

(E ainda por cima tem o James Gandolfini na voz de Carol, uma banda sonora belíssima da Karen O dos “Yeah, Yeah, Yeahs”, a genial adaptação do Spike Jonze e do Dave Eggers… enfim…).





terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Acordar


A minha filha tem um acordar difícil e eu compreendo-a. Se há uma coisa em que somos mesmo muito parecidos… é nisso.

Depois de uma noite de sono, de tantas horas de olhos fechados, a dar folga ao corpo… acordar é uma coisa violenta e há que ir com calma.

Se não fosse a Cris a meter ordem na casa e a dar vozes ainda antes do galo bocejar, acho que eu e a pequena éramos capazes de passar a manhã a “tentar acordar”.

Numa tentativa radical de levar a sua luta contra o relógio avante, a mãe escreveu-lhe numa folha A4 com uma letra certinha, direitinha e num azul de marcador (bem grosso!), todas as coisas que ela tem de fazer de manhã antes de ir para a escola. É uma lista enorme. Uffff…. (Até a mim me cansa… só de pensar…).

Algumas são bem óbvias mas não faltam… por exemplo: o levantar assim que a mãe chama, o calçar os chinelos para não andar descalça e não se constipar, o ir em "passo de corrida" para a casa-de-banho para o duche matinal, o despachar-se a vestir, o não perder tempo a tomar o pequeno-almoço…

Hoje de manhã… o dia em que a nova “cartilha” entrou em vigor, ouvi-as no quarto ao lado…

“Leonor… acorda… já é de dia…”

“Aaaaaahhhnnnnn………………………………”

“Lembras-te da listinha? Daquilo que combinámos que tens de fazer?”.

(Com voz estremunhada) “Lembrooooo… e acho que há uma coisa que tenho de fazer antes de me levantar que não vem lá...”.

“Ai sim?!?!? E é o quê?!?!?”.

“Ficar no quentinho da cama a pensar na vida…”.
-
-

(São uns ricos 8 anos…).

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Eu sobrevivi... à vacina da Gripe A (até ver...)

-
-
E prontos, já está!

Agora já me podem tossir para cima e encher de espirros que eu não me preocupo nadinha. A vacina da Gripe A, melhor, contra a Gripe A já cá canta! Olaré!

Como sabem, eu sou asmático. Isto é, era muito asmático quando era puto, fiquei um bocado mais quando comecei a fumar e agora já sou menos por causa do desporto mas isto de ser asmático é como ser alcoólico ou drógado, no sentido em que é uma merda que não passa. Nunca ouviram aquela conversa que diz que “um bêbado uma vez, é um bêbado a vida inteira e tem de estar sempre de pé atrás com a bebida porque se meter qualquer cena, mesmo que seja um cálice de anis, pode começar a encher a cara, desatar aos gritos, partir tudo e deitar tudo a perder?”. Pois bem, a asma é igual.
-
Eu até posso aqui estar armado ao pingarelho, numa de “Sport Billy” a dizer que estou todo atleta e já não tomo a “bomba” para a bronquite, mas basta um resfriado mais forte para ficar com os pulmões entupidos, à rasquinha para respirar e a parecer que tenho um ninho de gatos dentro de mim de cada vez que tento meter ar. Foi por isso que me assustei com esta conversa da Gripe A. Se com a prima dela, leia-se a gripe normal, já me vejo aflito, imaginem com esta que deve de ser mesmo assim uma cena de “Gripe Liga dos Campeões”. Quem tem cú tem medo e nestas matérias quem se balda amola-se sempre pelo que… venha para cá a boa da vacina.

E prontos, falei com o meu médico de família e ele arranjou-me a cena. Ligaram-me do Centro de Saúde e disseram-me que o frasco depois de aberto tinha de ser logo gasto (o que dá sempre um ar de mistério à coisa e fica bem. Dá-lhe um ar precioso, vá!) e que como o frasco tem 10 doses e já tinham 8 pessoas, quando houvesse mais 2 interessadas me ligavam. Esta é a versão oficial, mas cá para mim, esta conversa das 10 pessoas é só porque depois é mais fácil para eles fazerem as estatísticas do que se levasse cada uma quando lhe dava na real gana. Sabem que o pessoal lá do Ministério da Saúde e do Governo andam sempre super-atarefados e a mamar bordoada de todo o lado. Têm pouco tempo para contas e por isso inventaram esta fórmula simplificadora de terem de ser 10 de cada vez a levar a dose para as contas de somar serem mais simples. Imaginem que destes 10 que levaram hoje, 2 tinham como reacção a perda parcial do olfacto da narina esquerda. Fácil, não é? Parece que já estou a ver a 1ª página do Correio da Manhã: “20% dos vacinados contra a Gripe A em Santo António passaram a cheirar só metade”. Genial!

A asma não foi o único motivo porque levei a vacina. Levei também porque gosto de estar na moda, e não há assunto mais na berra do que este. Estar na moda faz-me sentir bem e é por isso que a roupa que tenho comprado este ano é quase toda roxa / violeta. E nem os comentários infelizes de um ex-colega que me disse numa dessas vezes que eu ia bem vestido na moda que “mais parecia o Senhor dos Passos” me fez desanimar. Ele há gente…

Também levei a vacina porque é de borla e a mim ensinaram-me desde pequenino que temos de aceitar tudo o que nos dão. Quer dizer… quase tudo. A minha avózinha, de cada vez que se despedia de mim quando ia para o Liceu dizia-me: “Ai filho… não aceites rebuçados que podem ter droga”. Coitadinha… se fosse assim tão fácil…

A picada não me doeu nada e o líquido a entrar na pele também não. Dureza! Um homem não chora e eu, mancebo na reserva territorial, quinto de 73, estou treinado para sobreviver nas condições mais adversas só com um abre-latas e um dedal (não me perguntem como agora…), mesmo apesar de nunca ter sequer ido às inspecções. Se tivesse ido, de certeza que me seleccionavam para os Páras ou para os Comandos. Ou uns ou outros, mas numa tropa especial era de certeza. Nem que fosse como porta-estandarte ou Sargento-Corneteiro.

Depois da pica, já estava aviado e prontinho para me vir embora, todo contente por não ter desmaiado com o tamanho da agulha quando me disseram: “Agora tem de esperar meia-hora”.

Estas coisas deixam-me sempre nervoso. Sobe-me logo a minha hipocondria. “Olá… Mas meia hora? Porquê?”.

“Ah, pode dar alguma reacçãozinha…”.

“Alguma reacçãozinha? Em matérias deste calibre não há reacçõezinhas! Por favor! Reacção do tipo o quê? Um AVC? Uma síncope cardíaca? Uma combustão humana espontânea? Ai a porra…” Aqui comecei mesmo a ficar nervoso e naqueles 30 minutos vieram-me à cabeça todas as teorias da conspiração que tinha arquivadas na despensa do meu cérebro. Estaria a servir de cobaia? Hummmm… Concentrei-me na máquina do café para não ficar histérico e comecei a ler tudo à minha volta, a ver se me distraía. Pensei que estava a respirar para um saco de plástico como vi num filme para não entrar em pânico e conseguir controlar-me. O facto de a minha filha, com 8 anos também ter levado e estar ali a brincar despreocupadamente, ajudou-me. As crianças às vezes não têm noção do perigo que correm… E para mais, ela só levou meia dose e eu mamei com a de cavalo. Bem… pelo menos era um bocadinho maior.

A única reacção que tive foi ter vestido a camisola ao contrário logo a seguir, mas acho que esta não conta. Ah… e ao fim aí de 14 minutos e meio, comecei a ficar com a orelha esquerda muito quente, mesmo a ferver. Mas acho que esta também não conta… isso sempre me aconteceu e a minha mãe dizia que era porque estavam a dizer bem de mim num sítio qualquer. Porque é do lado do coração. Se fosse a orelha direita era a dizer mal. A direita é do lado do fígado. Está tudo explicado.

Vim cá para fora tomar ar e só voltei quando o tempo passou. Cheguei à recepção e disse: “Olha, afinal sobrevivi”.

“E…”.

“Queria saber se me davam ordem de soltura. Se me posso ir embora.”

(Foram lá dentro)

“Diz que sim. Podes ir”.

“A sério? E posso fazer tudo? Tipo nadar? Correr? (Como nos anúncios dos tampões?). Comer qualquer tipo de alimentos? Não há nenhuma dieta especial? Precauções específicas? Cuidados especiais? Vou-me embora e deixam-me assim sozinho? Não há antídoto? Sem soro nem nada? Por minha conta e risco? E a minha filha… coitadinha… já abalou… sozinha à mercê dela… sabendo lá…”.

“Podes fazer tudo!”.

Sendo assim… corri… jantei… e agora estou aqui refastelado no sofá, ao quentinho, contando a minha experiência para a posteridade enquanto milhões de partículas de vírus morto percorrem todo o meu organismo, enfiados na corrente sanguínea, fazendo ninho nas células e eu só me pergunto… são partículas de vírus morto… e se alguma ressuscita?”.


(A gerência aconselha repetir a leitura deste último parágrafo ao som de guinchos de violinos em crescendo, como nos filmes de terror. Termina com um gongo. Se tiverem um cd das bandas sonoras do Hitchcok ajuda. Se não, façam como eu e imaginem. Também dá.

A gerência gostaria também de agradecer a amabilidade e compreensão de todo o pessoal técnico do Centro de Saúde de Santo António das Areias.

Nenhum animal foi agredido durante a escritura desta prosa).

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Foi você que pediu...

Um apito não digo, mas um nariz ainda lhe arranjo…


Chegados a Janeiro, temos a Liga na segunda volta e o Porto em terceiro lugar, atrás do Braga e do Benfica.

Olham para cima e só vêem vermelho…

Não é pois de estranhar que o cabeçudo lá de cima, que tão bem tinha estado arrecadado nos últimos meses, tenha decidido saltar com estrondo para a frente das câmaras e dos microfones, disparando em todos os sentidos.

Agora não há homenagem, nem jantar em que não se meta em bicos dos pés, só para destabilizar e armar confusão.

Se há uma coisa que eu adoro, MESMO…. é ver este gajo começar a desesperar…

Onde?

Bonita tatuagem...
Este post foi patrocinado por Distrom...
Em casa, Distrom líquido, fora de casa... isso mesmo! Distrom toalhetes


O nosso Toy é um artista fantástico.

Que saudades tenho do tempo em que enchia os nossos lares de alegria com o seu “reality show” em horário nobre. Belos tempos…

Perguntaram-lhe agora num inquérito daqueles de pacotilha: “Qual foi o lugar mais exótico onde fez amor?”.

Aposto que os mais apressados e desprevenidos avançaram logo mentalmente para paragens paradisíacas do tipo Seichelles… Punta Cana… por aí…

Mas o nosso Toy, rapazola de Setúbal, amante do Vitória, louco por “Choque frrite”, confessou que o lugar mais exótico onde fez amor foi… no W.C. de uma estação de serviço.


O George Michael também deve ter adorado. Não teve foi tanta sorte…

sábado, 9 de janeiro de 2010

Malato e Clara Pinto Correia apanhados em flagrante (mas separados, claro!)

Este post é para maiores de 18.
Estão avisados...
Pequenada... toca lá a desligar a porra do Magalhães esse!
-
-
Pois é, meus amigos… um sem esperar, o outro propositadamente, a verdade é que o apresentador e a escritora? / bióloga? / louca profissional, foram apanhados com a boca na botija.

E onde é que eu apanho estas novidades tórridas e escaldantes? No único órgão de comunicação social que nos mostra o país real, nu e cru, como nenhum outro: o Correio da Manhã, pois claro!, o líder indiscutível de tiragens e vendas desde há décadas.

Quanto ao nosso, salvo seja, Malato, eu não sei quem é que deu com a boca no trombone mas posso presumir que a inveja e a perfídia não são exclusivas de aldeias e de concelhos pequeninos como o nosso. Nas cidades também as tem de haver para acontecerem coisas destas. Alguém se chibou e o homem viu-se exposto como certamente não esperava. A notícia, publicada ontem, rezava assim:

Animação: Malato diverte-se em festa de homens
08-01-2010

“Lá por uma pessoa ir a uma festa de whisky não quer dizer que seja bêbeda”. Foi desta forma que José Carlos Malato reagiu à sua presença numa discoteca gay, em Madrid. O apresentador do programa ‘Jogo Duplo’ esteve na capital espanhola, no início do mês de Dezembro, e acabou por aparecer, em tronco nu, num vídeo disponibilizado pela organização da festa Mad.bear – uma conhecida comunidade gay. Um facto prontamente desvalorizado por Malato, que garante que a presença numa festa do género não põe em causa a sua orientação sexual.

'Vou a todas as festas em que acredito que me irei divertir e foi o caso. Fui com amigos, sabia exactamente qual era o tipo de festa a que ia e as motivações que me levaram a ir foram a diversão. Para o ano, pretendo voltar. Sou solteiro, um cidadão exemplar e não devo justificações a ninguém', conta o apresentador da RTP, que diz já ter marcado presença em festas gay também em Portugal.

Relativamente ao vídeo em que aparece – disponível no Youtube – Malato mostra-se também tranquilo. 'Já sabia que a minha imagem iria aparecer', disse.

APONTAMENTOS

BEAR - Cultura gay e bissexual, em que o visual másculo dos homens é evidenciado. As tatuagens e os piercings são imagem de marca dos Bear.

ENCONTRO ANUAL - Anualmente, os Bear reúnem-se em Madrid para quatro noites de animação só para homens. Malato marcou presença na festa.

MANIFESTAÇÃO - Em Julho, membros da comunidade Bear estiveram presentes na parada gay, em Madrid.
-
Bem... está aqui um calorrrr. Ai ele já deve ter sido tão feliz em Madrid.
-

Ah, pois é, bebé. Está complicado…

Estaremos certamente de acordo que o Malato tem todo o direito à privacidade e a gozar a sua orientação sexual da maneira que melhor lhe aprouver. Parece-me, no entanto, que enquanto figura pública que nos entra todas as noites em casa, enquanto estrela da televisão pública cujo cachet, de certeza bem chorudo, é pago por todos nós, já não tem tanto direito de nos enganar, de nos meter os dedos nos olhos e fazer a rapaziada parva.
-
Diz o popular apresentador que já sabia que a sua fotografia ia aparecer e neste caso mente descaradamente. . . Se assim não fosse, porque motivo foi tapada a única imagem do vídeo onde aparecia? Meninos, eu investiguei e vi. Ora confirmem lá no ponto 1m.31s. Mistério…
-



Aqui o Tio Sabi achou a história o máximo. Para já nunca tinha ouvido falar nesta comunidade homossexual, neste curioso ramo da linhagem gay apelidada de “Bear” (Urso), cujos adeptos parecem ser bastante mais másculos que o gay convencional de trejeitos afeminados. Depois acho incrível como é que alguém vai daqui para Madrid, para um evento temático em cuja tipologia encaixa e que não deixa dúvidas a ninguém, se passeia perfeitamente integrado em tronco nú (que pelos vistos era o dress code) em discotecas repletas de matulões barbudos com pinta de lenhadores (mulheres nem uma…) e depois vem dizer que “ah… aquilo não é nada, lá por ali estar não quer dizer que…”. O máximo! Ao menos o Goucha deu a carinha…


Alguém me ajuda a encontrar o Baião ou esse não veio?

O video promocional oficial

--
-
Outra celebrity da nossa praça cuja exuberância já é mais do que conhecida é a Clarinha Pinto Correia. Desta vez lembrou-se de fazer uma exposição de instantâneos do seu rosto no momento em que atinge o orgasmo. Isto é lindo! Ora atentem na notícia:

Orgasmos de Clara em exposição inédita
08-01-2010

-
Esta noite, quando forem 21h30, as portas do Centro Cultural de Cascais abrem-se para revelar uma exposição 'única'. Fotografada pelo seu companheiro, Pedro Palma, a bióloga e professora universitária Clara Pinto Correia dá a cara pelos orgasmos retratados nas dez fotografias que constituem a mostra ‘Sexpressions’.

'Não precisei de ser convencida na medida em que sempre achei que estávamos perante uma ideia inédita e extraordinária. Agora, só acontece porque quem fotografa e quem é fotografado é um casal muito apaixonado', revela ao CM a modelo em estreia, Clara Pinto Correia de 49 anos.

Convidada a resumir a experiência de modelo improvisada numa expressão só, a investigadora nem hesitou: 'Única.'

Clara Pinto Correia e Pedro Palma estão juntos há um ano e meio e, curiosamente, têm um do outro a mesma primeira impressão 'visionária'... 'Os meus textos que acompanham as fotografias dele dão conta da descoberta um do outro durante as sessões, mais que muitas necessárias até chegarmos às dez em exposição', conta a bióloga antes de acrescentar: 'As minhas preferidas são todas aquelas em que estou de olhos abertos e a sorrir.'

Afastados constrangimentos decorrentes do pudor, impunha-se saber como resolver os técnicos. 'E como é que uma câmara pode atrapalhar alguém numa situação daquelas, do mais puro êxtase?', brinca Clara.

Puro delírio! Acho fantástico como é que existe uma cabecita que se lembra de uma destas… Se eu fosse Ministro da Cultura, dava-lhe já um subsídio vitalício só para nos caso de ela se lembrar de outra ainda mais extravagante.
-

A minha favorita é esta do cigarro. Mas será que teve o orgasmo com o cigarrão nos queixos ou aquilo foi depois? Fumar durante o acto parece-me algo arriscado, sobretudo se os lençóis forem de seda… de forma que não sei…

Como a cachopa está de olhos fechados e em transe, existe ainda uma hipótese mais bizarra… a da mão ser de outra pessoa e o fumo que se vislumbra na imagem ser provocado pelo fulgor do própria acto sexual. Bomba!

Nas imagens que podem admirar mais abaixo também dá para ver que tem os dentes bastante bem tratados, que abre a boca como toda a gente e que gosta com fartura, o que é sempre bom sinal.

Se eu morasse em Lisboa, juro-vos que era gajo para ir à inauguração desta cena, mesmo sem convite, só para ver a pinta de quem lhe dá na cabeça de comparecer a uma exposição de arte deste gabarito.

À Clarinha gostava de perguntar, o que virá a seguir? A Clarinha na sanita em pleno acto de esvaziamento tripal? A Clarinha a verter águas em diversas praças e largos da Lisboa antiga? A Clarinha a vomitar em épocas festivas (Natal, Passagem de ano, despedida de solteira de uma prima)? Seja lá como for, o que interessa é que a Clarinha nos continue a revelar os mistérios insondáveis do seu organismo e da sua intimidade. Pelo menos está bem melhor assim do que a editar livros copiados.

Oh... sim...

Ai eu... ai eu...

Huuummmmmmmmmmmm...

OOOOOhhhhhhhhhhhhhh

Goooooooooooooooolo do Saviola!



Malato e Clarinha, dois monstros sagrados do nosso Jet Oito. Com feras destas, quem é que precisa de Paris Hiltons e afins? Vivam os Vips de Portugal!

Com malta desta estamos safos…

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A aula de Música

Jovem, podes clicar, imprimir e colar já na parede do teu quartito! Vais ver que vai ficar bem...
Repara bem na carinha do primo Keith, tão contente a olhar para mim...
Nunca se tocou tão bem na banda dele!

-

Ontem vivi uma jornada histórica da minha existência: assisti à minha primeira aula de música a sério e cumpri um sonho de criança.

Foram duas horas de pura revelação que por obra e arte do nosso Professor Veiga, passaram a voar. Pode ter sido pouco tempo, dirão alguns. É capaz de ser o princípio de muita coisa, respondo eu.

Apesar de limitados por esse tempo, já deu para aprender algumas figuras e os tempos que lhe correspondem, com quantas linhas se faz uma pauta, o que é um compasso, e ainda houve tempo para alguns apontamentos de História da Música. Chegámos mesmo a fazer exercícios de solfejo e a ler algumas pautas. Já não volto a olhar para aquilo como um boi para um palácio.

Eu sempre quis aprender música. Lembro-me de me ter fartado de chatear o meu pai para me ensinar a tocar guitarra. Nunca passámos da terceira nota. Percebi anos depois, quando cresci, que o motivo pelo qual não avançámos mais não teve nada a ver com a minha falta de jeito ou motivação. Não avançámos porque sendo ele um autodidata, tudo o que tocava era de ouvido e ninguém, por muito boa vontade que tenha, é capaz de ensinar aquilo que não sabe.

E se há coisa que eu venero de paixão é a música. Não concebo a minha vida sem ela. Não imagino um dia que seja sem ela e habituei-me a viver com esta mágoa de não compreender melhor algo que adoro tanto. A dada altura da aula de ontem, o professor perguntou que motivos tinham precedido a nossa inscrição. Uns por isto, outros por aquilo e eu… para perceber. Sim… para poder apreciar melhor, para saborear melhor, para poder admirar melhor os sons que fazem a banda sonora da minha vida.

No último feriado municipal, no dia 8 de Setembro, quando assistia ao concerto da Filarmónica do Crato, no largo em frente à Santa Casa da Misericórdia, tive uma espécie de epifania. Encostado a um dos carros ali estacionados, debaixo das sombras das árvores envolventes, posicionei-me, quase sem querer, detrás de alguns dos jovens músicos. Ali pude apreciar com um grau de proximidade nunca antes por mim experimentado, a forma como liam as notas que estavam a executar. Surpreendeu-me a facilidade com que todos eles, exímios executantes apesar de bastante jovens, interpretavam os símbolos impressos nas folhas em miniatura presas às estantes com molas de roupa coloridas. Disse para comigo: “Se eles tão novos conseguem, eu também terei de conseguir! Estou quase a terminar o mandato. Tempo não me há-de faltar e a música pode ser o território, que tem tanto de imenso como de maravilhoso, a desbravar em seguida. Decidi ali mesmo, naquele momento, que quando estivesse liberto de tudo, haveria de me inscrever na música, para aprender o instrumento de sempre: a viola, isso sim, como meio caminho andado para a guitarra eléctrica. Sim!

Quem me havia de dizer a mim que isso haveria de se concretizar por influência da Associação de Pais, em parceria com a ACASM, da qual eu era presidente cessante? Seja como for, aconteceu e eu já lá estou. Não há volta atrás!

E foi bom ouvir dizer que aquela velha história da seca do solfejo antes de aprender o instrumento, foi chão que já deu uvas. No primeiríssimo dia, meteram-nos logo o guitarrão nas unhas e ala que se faz tarde. É óbvio que a grande maioria de nós, agarrou-se à viola com a mesma destreza de uma criança que pega pela primeira vez num talher mas isso não interessa nada. Eu já aprendi na minha vida que para se aprender, há uma condição indispensável para além de muitas outras: é preciso humildade. Quem tem coragem de reconhecer que não sabe e tem vontade de mudar isso, consegue certamente o seu propósito. Tenho estudado toda a minha vida: 16 anos até ao curso, 9 anos nas Finanças, a Pós-Graduação do ano passado e já vai sendo tempo de acreditar que não há tempo para não acreditar.

Tranquilizou-nos a todos saber que hoje em dia os métodos estão muito avançados e que a música é uma linguagem como outra qualquer. Disseram-nos que haveríamos de aprender a música como aprendemos a ler textos e que vamos todos aprovar.

Sempre aparecemos seis ou sete adultos e parece que vão ser mais. Para a guitarra somos quatro ou cinco. A malta puxa muito para o acordeão e prova-se assim que não há fome que não dê em fartura. Em breve não vão faltar acordeonistas para animar os bailes de arrasta-pé do concelho e para acompanhar o Rancho Folclórico local, tudo isto para grande azar do meu vizinho Manel Alpina que, estoicamente entregue à sua vontade, continua a desbravar com bravura e a seu único custo, os misteriosos caminhos que o hão-de levar a descobrir o caminho da harmonia do seu acordeão. Nas noites de Verão, é um gosto ouvir as suas notas trazidas pela brisa nocturna que embala o bairro, avançando titubeantes à procura de acertar na próxima, repetindo as anteriores a cada falhanço, como se tivessem medo de se esquecer do caminho que as leva de volta ao princípio da melodia. Se a virtude premiasse o esforço, este homem já tinha um Grammy de World Music. O que ele tem lutado para conseguir…

Maneiras que é assim. Temos tudo a nosso favor. Ainda hoje me lembrei do meu amigo Nuno Mota, Grande Músico e Artista do nosso concelho (hoje os elogios são meus), cujo talento compositor há-de ser reconhecido e justamente apreciado por muitas gerações de marvaneneses (Só “o Alentejo tão lindo” chegava e sobrava para provar isso mesmo. Nunca te esqueças que o Pessoa, considerado o maior poeta português, só publicou uma obra em vida e que o Van Gogh nunca vendeu um quadro enquanto respirou… Hoje valem o que valem! O tempo nisto é o melhor e sábio Juíz! Lá virá o tempo…) Mas dizia eu que o bom do Nuno me contou uma vez que quando à frente dos já míticos “Part-Time”, passava dias e noites de volta da aparelhagem, a sacar as letras e os acordes dos hits do momento que haveria depois de interpretar nas magníficas performances que levavam a banda pelos palcos da região e do país. “Hoje vai-se à net e tem-se tudo!”, exclamava ele. Tudo isso é verdade, meu caro, mas nem por isso há hoje mais grupos musicais e a visão romântica desses tempos de glória, essa sim é irrecuperável. Mas esta é uma história muito longa que só por si dava pano para mangas pelo que a deixo para outras calendas.

O que eu vos digo é que se agora quero saber mais sobre uma nova música que adoro, vou à net e tenho a poesia, tenho as pautas e já sei o que querem dizer os números e as letras e a que notas correspondem. Olaré!

Cheguei a casa arrepiadinho e com os pés gelados. O salão nobre dos Bombeiros sem aquecimento é coisa fresca nesta altura do ano, antes digno de um treino do GOE ou dos Comandos. E a piscina ali ao lado tão quentinha, com tantas salas disponíveis… mas enfim… se calhar não se pode sujar o chão. Dizia eu que cheguei arreganhado mas tão, tão “sastesfeto” como dizia quando era pequeno...

Sentei-me à braseira a aquecer os pés e vi deslumbrado ao magnífico “Tropa de Elite” que gravei do Telecine. Com a excitação toda do serão, escusado será dizer que levei a noite inteira a sonhar com metralhadoras AK-47, tiroteios nas favelas, “bailes funk”, e claro, pautas e muitas notas musicais. Quando o despertador tocou, estava a entrar com o recém-falecido amigo Sr. Tó Zé Correia de Nisa numa marisqueira para almoçarmos os dois. Ele todo contente, claro! Deu-me logo um grande abraço… Os meus sonhos parecem filmes do Fellini. São de ir à loucura! Se o Tio Freud me apanhasse lá esticado no tal sofá… tinha metido os papéis para os Caminhos-de-Ferro.

A verdade é que amanhã já chega a bichinha (leia-se viola) nova, directamente para mim, escolhida pelo Professor Veiga, com direito a uma sacola para a transportar e tudo. Estou capaz de ir beber café à pastelaria com ela às costas, assim numa de quem não quer a coisa.

Calma… por agora é aprender e progredir.

A seguir… hei-de fundar a minha “Grupa” e aí… o céu será o limite. Darei notícias. Até lá, fiquem em paz e que o Rock vos acompanhe!

-

-

E temos também a ajuda das aulas do You Tube! Outra novidade! Esta é uma das minhas favoritas de sempre dos Stones. No cd "Stripped", o Pai Richards engana-se a tocar isto e pede desculpa ao Jagger. Tirada mítica! "I'm sorry! I missed the last tone...". Ai eu amo! Digam lá se não é assombrosamente belo? No dia em que eu conseguir tocar isto... bem... fujo para a Índia!

-

-

Pois... podes explicar muito bem mas falta-te o feeling e não cantas uma beata. It takes a lot more, son... Ora mete aqui os olhos... Como diz o meu amigo Garraio: "Isto é que é tabaquinho!". Hell Yeah!

-

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Chuva e saudade

-

Não poderia haver coisa no mundo que me apetecesse mais hoje do que uma corrida de noite à chuva.

Sem música de fundo, sem companhia, a sós comigo.

Sentir o coração a bombar-me nos ouvidos, o sangue a percorrer-me o corpo em vertigem, os pulmões arfando por mais ar, as pernas arreando ao peso e à velocidade.

Hoje olhei de frente essa chuva que me tem aprisionado em casa nos últimos dias e desafiei-a, desejando que caísse com força sobre mim e me lavasse a alma.

Calcei as sapatilhas e saí.

Há algo de profundamente redentor na experiência de correr assim no escuro, debaixo de uma carga de água.

As crianças (que a sabem sempre toda…) adoram andar à chuva, saltar nas poças, molhar os pés nas valetas. Mas depois os crescidos dizem-lhe que não podem, que isso faz mal, que ficam doentes se continuarem e assim acabam por domesticá-los, por amordaçá-los, por agrilhoá-los. E os pequenos esquecem-se do feliz que se é quando se corre com a chuva gelada a bater-nos de frente, de como é bom senti-la cair quando temos a língua de fora.

Quase que aposto que não houve quem passasse de carro por mim e não pensasse ou comentasse com a companhia ao lado que “este gajo deve estar louco de vez”.

Há experiências na vida que não têm preço e apesar de serem de borla, são desprezadas por quase todos.

E eu estou grato por não as perder.

-

António José Correia

No último dia em que nos vimos, no casamento do seu filho Paulo
-

Este vai pelo Amigo que nos deixou hoje (mais um que partiu cedo demais…) derrotado depois de muito lutar, por essa gripe do nosso tempo que vai drasticamente provando ser mais letal do que poderia parecer.

Com um abraço de saudade, agradecimento por tudo o que me ensinou nas Finanças e muita amizade, este vai pelo Sr. Tó Zé.

Já não daremos mais abraços apertados como de cada vez que nos revíamos. Perdeu-se o sorriso franco e aberto… as longas tertúlias à roda da mesa, os repastos
na Taberna do Porto da Espada e no Sever, os lanches no seu Café… Já não faremos o almoço que vínhamos adiando na esperança de que já faltasse pouco.
-
Partiu o Pai, o Marido, o Colega, o Nisense benemérito que era tão popular entre novos e velhos.
-
Connosco ficam todas as boas recordações e a sua memória, para sempre nos provar que enquanto o evocarmos, esteja ele onde estiver… estará sempre connosco.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Pessoal, eu já venho… reparei agora que se me acabaram as bananas….

Todos ao Lidl de Portalegre!


Espanha: 100 quilos de cocaína escondidos nas caixas de bananas do Lidl
Ionline. Publicado em 03 de Janeiro de 2010

A polícia espanhola está a investigar a origem e o destino de cerca de 100 quilos de cocaína encontrados ontem dentro de várias caixas de bananas que estavam a ser vendidas em vários supermercados da cadeia Lidl em Madrid, Cáceres e Plasencia.

A descoberta foi feita por um funcionário de um supermercado, que ao vazar uma caixa de bananas na banca, encontrou um pacote de droga no meio da fruta. Os responsáveis da loja chamaram de imediato a polícia.

As autoridades encontraram vários volumes de droga, que veio a comprovar-se ser cocaína, em diferentes caixas de bananas que tinham chegado do supermercado Mercamadrid e descobriu que havia mais em outras lojas do Lidl em Madrid, Cáceres e Plasencia.

De acordo com a agência Efe, as primeiras investigações indicam que o Lidl não tem nada a ver com a droga encontrada. Poderá antes tratar-se de um erro de um gang de distribuição da droga, que não terá tido tempo de retirar a droga escondida em caixas bananas antes de estas serem distribuídas na rede de supermercados.

Ganhámos mas…

Taça de Liga
(3.ª fase - 1.ª jornada)
BENFICA 1 – NACIONAL 0
Estádio da Luz, Lisboa



Não jogámos uma beata e só assim por alto contei um golo limpo mal anulado ao Nacional, um penálti claríssimo por apitar ao David Luiz e uma expulsão perdoada ao Luisão (que deveria ter ido mais cedo tomar banhinho de mão dada com o Amuneke… isso sim!).

Esta é uma daquelas que me dá azia.

Nós, Benfiquistas, temos princípios.

Jukebox 2009

Eu sei que há clientes que não ligam a estas coisas, mas a publicação da minha listinha de discos favoritos do ano já é uma praxe da qual não abdico. Sabe-me bem, sei lá explicar…

E atentai, caríssimos, em verdade vos digo, se uma alminha houver que me dê ouvidos e descubra aqui um prazer proibido que até agora lhe tinha passado ao lado… só isso… já faria tudo valer a pena.

Sendo assim…

1) La Roux – La Roux

Quis o destino que a bomba de 2009 fosse detonada por esta jovem que editou um disco de estreia homónimo a roçar a perfeição. Como tive oportunidade de aqui escrever aquando das primeiras 20 audições… este é um trabalho que tem o melhor dos anos 80 dentro. Uma jóia onde cada tema é um potencial single nº 1. Imperdível!



2) Green day – 21st Century Breakdown

E ao segundo álbum conceptual, voltaram a acertar na mouche! Eu sou fã do punk melódico dos Green Day há muitos anos, há mais de 15, desde que o fabuloso “Dookie” me caiu nas mãos. Depois perderam-se, eu larguei-os e fizemos as pazes no grandioso “American Idiot”. Desta vez voltam a sonhar em grande e fazem a banda sonora do virar de século para uma geração de desalinhados. Rock Mariachi e hinos speedados convivem em harmonia com baladas orelhudas com refrões pop. O vídeo é um mimo visual.



3) Lilly Allen – The Fear

A Lolita drunfada, starlete pop da nação indie regressou em grande em 2009 com melodias catchy, letras cáusticas e grandes vídeos, como este, num cenário retro-country que tem tanto de chugoso como de irresistível. Bem bom!



4) Mando Diao – Give me Fire

Estes suecos sabem-na toda e voltaram a editar mais um compêndio de “Como fazer grande Rock’n’Roll”. Um disco que é uma locomotiva desgovernada disposta a rebentar com plateias em todo o mundo. Um manifesto de subversão.



5) Arctic Monkeys – Humbug

Quando se tem uma banda de estimação, tudo se lhe perdoa. Os Arctic Monkeys meteram-se com o Josh Home e aprenderam a custo próprio que as drogas duras têm consequências por vezes inesperadas. Uma coisa é ser-se jovem e rebelde no Reino Unido e outra bem diferente é aceitar o convite de uma das mentes mais perversas e talentosas do Rock e ir tripar para um estúdio em pleno deserto americano. Digam o que disserem, para mim é bom, muito bom, um dos marcos indiscutíveis do ano que passou. Bastava este “Crying Lightning” para fazer com que tudo fizesse sentido. Mas o disco tem muito mais… Denso e hipnótico, perdê-lo é passar ao lado de algo… deliciosamente perturbador.



6) Prodigy – Invaders must die

Estes anti-heróis dos 90 voltaram pela porta grande com estardalhaço frenético e demolidor. Mestre Flint foi resgatado de uma vivência de drogas duras/álcool e violência e voltou a catapultar a energia subversiva desta banda para o altar que lhe pertence por direito: o palco frente a milhares de ravers e pecadores.



7) Julian Casablanca – Phrazes for the Young

E que fazer quando outros dos nossos heróis regressa a solo? Ouvi-lo até à exaustão! Podemos não ter Os Strokes, cujo já mítico trabalho de estreia “Is this it?” (2001) encabeça agora muitas listas dos discos da década, mas temos a sorte de poder contar com o cérebro do seu frontman, o que já não é pouco! É de aproveitar!



8) Girls - Album

Os Girls são a grande revelação indie de 2009, os MGMT deste ano. Despretenciosos, talentosos e hedonistas, assinaram um dos trabalhos maiores do ano que passou. 2009 também foi deles.



9) The Pains of being pure at heart

Podem não merecer a nota máxima que muitos críticos especializados lhes deram mas a verdade é que quem os ouve, testemunha através deles um legado precioso que tem muito de Smiths, de Wedding Present, de Shop Assistants e outras bandas que assinaram a banda sonora das nossas vidas. Eu adoro!



10) Yeah, Yeah, Yeahs – It’s Blitz

São uma banda incontornável no cenário indie internacional e cada novo disco é sempre uma boa nova. Desta vez, tiveram a bravura de trocar as guitarras pelos sintetizadores, apostaram numa sonoridade electrónica e arrojada, evoluíram sem nunca perderem a identidade. Não há muitas bandas capazes de se poderem gabar de tanto arrojo.



Em em Portugal?

1) Legendary Tiger Man – Femina


O Grande Paulo Furtado pariu mais um disco do ano e já ninguém lhe tira o estatuto mais que garantido de figura de proa da Música que se faz em Portugal. Desta vez mergulhou aos confins do Inferno e seduziu um lote de divas para dar voz a 15 pérolas, umas resgatadas do passado, outras originais de alta categoria. Um disco irrepreensível, feito com muito amor, muita inteligência, e uma dedicação única à causa do Rock. Não é só um dos melhores do ano no nosso país. É um dos melhores em qualquer parte de mundo! 5 estrelas!



2) David Fonseca – Between Waves

O David também dispensa apresentações e está de pedra e cal. Ele sabe o quanto vale o seu talento, sabe o que representa para uma enorme legião de fãs e sabe que à medida que os anos passam, está cada vez melhor. Enquanto tivermos gente desta para nos cantar aos ouvidos… estamos safos!



3) Sean Riley and the Slowriders – Only Time Will Tell

O Sean Riley fez mais um disco clássico de Rock’n’Roll e que bem que lhe saiu. Continua a ser um mistério como é que um puto de Coimbra faz músicas intemporais que podiam ter sido escritas por qualquer um dos grandes mestres americanos, com décadas de experiência à sua frente. Um prodígio!



4) Os Tornados – Twist do Contrabando

Os Tornados são uma das agradabilíssimas surpresas do ano que passou. Recuperando o imaginário das bandas nascidas nos anos 60 que incendiaram os salões de baile por esse país fora e deixaram os corações adolescentes a bater a mil, conseguiram criar um boneco irresistível. Poderiam perfeitamente ter partilhado o cartaz com os Cometas Negros. De cada vez que os ouço só penso no que o meu pai iria gostar disto…



5) Amália Hoje

Digam o que disserem… a verdade é que o conceito é muito conseguido, os arranjos belíssimos e a missão de evangelizar as gerações mais novas com o Universo Amália… mais do que válida. Eu gostei imenso de ouvir apesar da massificação que nestes casos, quase sempre leva à exaustão. O vídeo este é que é do piorzinho mas prontos… achei que levar com o outro mais uma vez seria demais…



6) New Max – Phala Solo

Se eu mandasse… este miúdo ganhava um prémio dos grandes. Porque é ultra-talentoso e porque provou estar à frente de todos os seus pares na compreensão da actual situação da indústria discográfica, ao disponibilizar on line, de forma totalmente gratuita o seu novo trabalho. Quando os artistas reconhecerem que a sua salvação não está nos discos mas nos espectáculos e que os primeiros devem sobretudo servir como pretexto e chamariz para os segundos, passarão a falar a mesma língua que os fãs e darão a estocada mortal numa indústria obsoleta que nos chulou a todos durante décadas. O New Max pode ter uma certeza… se vier a Portalegre ao nosso CAEP, pode contar comigo a curtir numa das filas da frente, mesmo que me peça 30 euros pelo bilhete!




Nota: É óbvio que a um melómano não escapam as muitas outras listas das revistas da especialidade, mas essas, só serviram para me fazer perceber que muitos daqueles gajos e eu não acertamos agulhas. Eu tentei mas os Animal Collective, os Grizzle Bear, os XX, os Fever Ray… nem a cacete. Definitivamente não. Mas música é música e há tanto por onde escolher… O fantástico é que cada um faça a sua própria lista e que mais dá se conta com os Il Divo ou o Tony Carreira? Desde que seja a Vossa música, o resto que se amole! Metam alto!

sábado, 2 de janeiro de 2010

Jib Jab 2009

O video do site Jib Jab sobre 2009 é... genial e imperdível!