terça-feira, 28 de abril de 2015

Reclamação dirigida ao presidente do Município de Marvão



Exmo. Sr. Presidente do Município de Marvão,
Eng.º Victor Frutuoso,

Serve a presente comunicação para lhe expressar o meu desagrado relativamente a uma situação que vivi no passado domingo de manhã, dia 26 de Abril. Acredito que a não repetição futura deste sucedido depende da atuação da autarquia que dirige e por isso a divulgo.

Tendo aproveitado a manhã aberta depois de uma noite muito chuvosa para praticar exercício físico, percorri correndo, como é de meu agrado, caminhos do nosso concelho, como de resto faço habitualmente. Saído da minha residência em Santo António das Areias, subi para a Abegoa e dali até à Fonte da Pipa. Na volta, quis aproveitar a descida cortando para o caminho da Vedeira para por ali chegar aos Cabeçudos, percorrendo um caminho muito antigo que segundo as últimas informações que me chegaram, fora dignificado e estaria apto inclusivamente para ser utilizado por viaturas automóveis.

Confiante nessas fontes, segui descansado até ser “barrado” por diversas grades vermelhas que ali foram postas para que o gado que por ali pastava pudesse passar de umas propriedades para outras. Pareceu-me então, para grande espanto meu, que a prevalência num caminho municipal e por isso público, cuja sinalização tinha sido efetuada pela autarquia, não tenha sido dada a quem circula mas a quem pretende assim usufruir da res publica para interesses privados, como se aquela fosse terra de ninguém. Um procedimento nada digno e aconselhável em tempos de democracia mas sintomático de uma terra sem rei nem roque. Eu, que fui escuteiro, conheço quase todo o concelho como a palma das minhas mãos e tenho sempre presente a noção dos pontos cardeais. Por isso não me intimidei, saltei a vedação e prossegui a minha marcha. Contudo, como as vacas eram muitas e a companhia nada agradável, continuei já a passo rápido pelo Cancho da Raposeira em direção a casa, esgueirando-me por entre as altíssimas giestas e as pedras escorregadias por força da chuva dessa última noite, tendo chegado a casa bem mais tarde que o estimado, mesmo em cima da hora para tomar duche e sair para buscar o almoço que estava encomendado no Snack-Bar “O Adro”.

Tudo teria sido muito mais simples e normal se a via tivesse estado livre como esperava, numa agradável e previsível corrida matinal.

Por acaso fui eu, que sou da terra mas este cenário, algo inesperado e até assustador para quem nos visita vindo de fora e descobre o concelho, ou para alguém que estivesse hospedado numa das nossas unidades hoteleiras não faz, de todo, que o bom nome de Marvão seja reconhecido.

Alerto vossa excelência para que, como entidade máxima da vida do concelho, pugne para que haja garantia de preservação daquilo que é nosso, também para quem nos visita e exerça os mecanismos que tem ao seu dispor para que isto não se volte a repetir.

Se porventura este assunto não for da incumbência do município que tão bem dirige, agradeço que me perdoe a ousadia e me indique a quem de direito devo interpelar.

Sem mais de momento,

Subscrevo-me



Pedro Alexandre Ereio Lopes Sobreiro 

Daqui vêem-se algumas mas... eram muitas mais

Raro Santo António visto do Cancho da Raposeira

domingo, 19 de abril de 2015

Que futuro?



Intróito: Não faço isto para que metam gostos (que podem sair caro, atenção! porque quem não está com o regime, tem de estar na fação inimiga. Sabem como é...) e se tiverem de criticar o que aqui escrevo, que o façam abertamente, sem medos, olhos nos olhos, à homem.


Eu sou de Marvão, eu gosto de Marvão, eu preocupo-me com Marvão e por isso, quando vi num cartaz que iria haver uma sessão pública de debate participativo organizado pelo Município de Mavão sobre que futuro haveria de ter o bairro da fronteira de Porto Roque, a acontecer na antiga instalação da alfândega, pensei logo que iria estar presente e se assim o pensei, melhor o fiz. À hora certa lá estava eu, como se tivesse esquecido (já larguei estas lides autárquicas há 6 anos) como em Portugal (não) se respeitam os horários. Com os tais 20/25 minutos de atraso, lá começou a sessão com uma intervenção do presidente da câmara. Pelo tom, pelo ritmo e pela abrangência recordei os tempos passados e senti-me feliz por ter de por minha única e espontânea vontade ter fechado a porta. Eu sei que sou o desalinhado, um crítico por natureza mas os erros ali foram tantos para quem estava com o sentido de sair dali mais esclarecido que seria algo notável se assim acontecesse. Desconhecia os intervenientes e não só não tinham uma placa identificativa na mesa como tampouco se deram ao trabalho de dizer quem eram, como se nós tivéssemos a obrigação de o saber.



Seguiu-se Roberto Grilo, vice-presidente da CCDR Alentejo que disse sim, que pode haver dinheiro mas que temos de ser nós (câmara/munícipes) a decidir e por isso é que estas sessões fazem falta
Tempo para uma abordagem histórica do local que servia de introdução ao debate e enquanto ouvia o prof. Jorge Oliveira, que certamente é uma sumidade em tudo o que diz, não conseguia parar de me perguntar porque motivo num debate que certamente seria longo para todos os intervenientes (público incluído) numa sala tão grande e fria, não se começou pelo que realmente interessava e nos tinha levado ali a todos. Fiquei feliz foi por não ter decidido ler as 15 páginas que disse ter escrito sobre o assunto. É que… não foi bem a história que nos levou ali, mas sim o que fazer no futuro ao sítio.
Tive que me ausentar por motivos pessoais por uns breves 20 minutos e quando regressei, pareceu-me que não tinha perdido grande coisa. 



Vi o Tiago Gaio, Diretor da Areana Tejo dar uma pequena palestra profícua e concreta sobre o objetivo de conseguir aplicar ali um conceito de eco village tenho em vista o respeito pelo meio ambiente e pelo desenvolvimento sustentável.



Apanhei ainda o consejal de Valência de Alcântara que estava em representação do município e do seu presidente, e apesar de parecer simpático e bem intencionado, não conseguiu esquecer o novo que é.



Seguiu-se outro senhor já mais rodado, com outro traquejo e abertura mas que se limitou a apresentar powerpoints? 



Reparei então que a tarde ia longa, o meu Benfica estava prestes a entrar em campo e na vida há que definir prioridades.



Saí como entrei. De fininho. Antes do tempo. Sem nada saber, ter ouvido ou discutido sobre o assunto que me levou ali. Sem timings, sem direções certas, sem grandes linhas mestras.



Sei que quem certamente saiu dali vitorioso foi o autarca que teve a iniciativa, quanto mais não fosse porque discutiu o futuro e segundo ele, certamente pensará que envolveu a população (que me surpreendeu até a mim por ser tanta) a tomar uma decisão, que sabemos nós, não foi decisão alguma.



O Benfica venceu por 2- 0. Menos mal.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

The force with us again







Se eu tivesse juízo, coisa que quem me conhece bem sabe que não gasto por aí além, em vez de estar aqui em casa feito parvo a ver as notícias que verdadeiramente interessam pela televisão, estava mas é em Los Angeles para celebrar e viver uma convenção que realmente interessa com a minha malta que já lá está. Valores no penhor, coração à larga e cá vai ele. Ou lá foi ele! Assim é que era.

Comandante Jedi Sabi (deve ler-se Jedaí Sabaí) nunca se deve ficar por se limitar a viver com exuberância a sua devoção à Guerra das Estrelas com um toque de telemóvel que imita o R2D2.



É uma devoção, diz esta mana? Ai é que podes mesmo crer! Para me vingar e compensar, mesmo amanhã cedinho vou ao salão da minha vizinha Rosa para que me faça uns totós enrolados iguais aos da princesa Leia. Olaré! E ai do primeiro parvo que se astreva a mandar uma boquinha que lhe corto a cabeça com o meu sabre de luz!!!!



Zzzzzzzzzzzttttttttttttttttttttttttteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeemmmmm




segunda-feira, 6 de abril de 2015

A menina (partiu...)


As notícias terríveis, porque súbitas e sempre inesperadas, voam mais rápido que o vento. Soube à porta do meu serviço assim que saí, pela Gracinha que passeava o seu Bóris, que um terrível acidente tinha vitimado a D.ª Glória. “Eu não sei se é verdade mas estavam a comentar e… quando é assim… não digas nada…“

A Dona Glória era a menina Glória, uma figura de sempre de Santo António das Areias. Sempre a conheci assim e sempre assim continuou ao longo dos anos em que a vida tanto foi mudando para mim e para todos os que estavam à volta, minha e sua. Sempre com o mesmo ar, a mesma forma de vestir, o mesmo comércio…

Nunca tivemos grande proximidade, apenas um tratamento circunstacial de quem vive na mesma terra e se conhece de sempre mas o acontecimento choca porque é o partir sem se estar à espera de alguém que não estava doente para partir. Ainda era uma senhora jovem. Para a sociedade moderna e a esperança média de vida ainda era expectável que tivesse mais vida pela frente, que não fosse ainda agora a altura de ir, ainda por cima, num trágico acidente.

É um choque que se estende a toda a aldeia porque um safanão destes da vida, que nos recorda a todos quanto tudo é súbito, assusta. Quando assim é, é natural que sintamos a nossa condição de mortais e vendo o fim assim agigantar-se à nossa frente, é provável que durmamos mais agarrados uns aos outros. É provável que falemos mais com a Força que regula tudo isto. É natural que aspiremos às rápidas melhoras dos familiares que seguiam no mesmo carro, seu marido e neta, que recuperam de ferimentos, ao que sei e oxalá, ligeiros. É natural que peçamos por ela, que partiu e rezemos por ela e por todos os que se viram assim, num terrível piscar de olhos, privados da sua companhia para sempre. Um abraço extensivo a todos na pessoa da filha mais velha Natália Batista.


Paz, à sua alma. Que esteja em descanso.