quinta-feira, 31 de julho de 2008

À descoberta do Brasil (em busca do irmão perdido na história)

Pescador ao pôr-do-sol quando os rios Parnaíba e Poty se abraçam

Palácio Karnak - sede do governador do Estado do Piauí

Reunião com os responsáveis do SETUR / PIEMTUR

Banca de venda de fruta numa rua da capital do estado, Teresina

Lançando as redes ao anoitecer

Cachoeira no Parque Natural das Sete Cidades

Atravessando o Brasil profundo

Sol mergulhando no Oceano. Uma bola de fogo que se apaga lentamente...

Praia virginal em Parnaíba. Sem mancha de pecado.

Um sósia do Cantiflas com a t-shirt de uma festa nos Barretos brasileiros

Ao encontro do Delta do Parnaíba, um dos três do mundo a encontrarem o Oceano

Praia deserta num dos locais mais belos do planeta

O nosso era particular e bem mais pequeno, eheh. Noblesse oblige!

O amor e uma cabana. Deve ser a isto que o José Cid se referia.

Uma venda tradicional. Tem chinelo, tem picolé...

Vai um chopp, sinhó?

Negociante de opalas em Pedro II

No palco do Cachaçafest com todas as autoridades locais

Momento de assinatura do acordo

Irmandade oficializada!

Uma bandeira que a 7.000 quilómetros de distância pesa toneladas

Assistência no momento protocolar. Um silêncio e um respeito notáveis.

Eu a fazer o papel de Cristiano Ronaldo, tirando fotos com os jovens que me abordavam na rua.

De visita à Casa-Museu do Tito. A experiência de viver entre memórias.

Moagem artesanal da cana-do-açúcar na fábrica da Mangueira, a cachaça líder do mercado

Com o meu querido amigo motorista, montado na bomba da Mangueira e rodeado de belezas locais

Com o Sr. Prefeito, Dr. José Ismar, e os autores do 1º livro sobre a história de Castelo do Piauí

Com toda a equipa, junto à Pedra do Castelo, um lugar muito especial

Com Rubens Luna, o grande responsável brasileiro pela geminação, que nos visitou no início deste ano. Para mim, o "professsor", um cara especial que vive num estágio acima dos comuns mortais. A serenidade encarnada num homem. Um místico.

Avistando o Rio Poty

Tomando banho numa lagoa natural no meio da vegetação.

Beleza de cortar a respiração

Descendo em rappel

Com um pessoal de Castelo que ouvia música e bebia numa esplanada na rua. Cheeese!
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Bem certo estava quem disse que só há duas verdadeiras formas de aprender: lendo ou viajando.

Ainda mal refeito do jet lag (que sova!) e não recuperado das apenas duas horas de sono nas 48 em que percorri quase 7.00 quilómetros, não resisto à tentação de registar em traços muito largos aquilo que vivi nesta inesquecível viagem à terra de Vera Cruz. Sei que daqui a muito tempo vou gostar de aqui regressar para ler e recordar mas evito a todo o custo entrar na minúcia, porque isto bem espremido dava quase para um livro.

Perguntava-me um jornalista lá de uma das rádios locais, o que é que eu iria trazer de melhor na bagagem e eu respondi-lhe: as pessoas e os lugares.

Nestas funções que agora desempenho, como em muitas outras profissões, há coisas muito boas e outras nem por isso. A saber: não é nada bom ir comer um gelado com a minha filha num domingo qualquer e vir alguém tirar-me sarro dizendo que tem um cano roto à porta de casa; como não é nada bom as pessoas entrarem pela minha casa adentro quase que a exigirem um emprego só porque votaram em mim; como não é mesmo nada bom eu ir a uma festa ou um baile e correr o risco de apanhar algum otário já cacimbado que decide dizer mal só porque sim; como não é nada bom sabermos que na maior parte das vezes muito poucos dão valor pelo trabalho e pela dedicação que não poucas vezes me tira o sono.

Tudo isto para dizer que obviamente, a viagem ao Brasil para assinar o acordo de geminação, o primeiro da história dos dois municípios, foi das missões que menos me chateei de fazer e dizer o contrário era mentir com todos os dentes que tenho na boca ( que não são poucos!) e isso eu não gosto de fazer.

Mas o que eu gostava mesmo era, como disse também à comunicação social que nos esperava na entrada de Castelo do Piauí, de poder levar todos os marvanenses para que pudessem ver toda aquela alegria e a magnífica recepção que nos prepararam, onde fomos tratados como verdadeiras estrelas de cinema. Nem faltaram as faixas e as targas, o cocktail de boas vindas, a banda a tocar forró e todas as entidades civis e militares locais para nos receberem de braços abertos.

A viagem teve duas componentes que não podem ser dissociadas: uma claramente diplomática e institucional; e uma de reconhecimento das mais-valias turísticas, económicas e culturais desta terra com quem fomos casar do outro lado do Atlântico.

Na vertente protocolar, integram-se as reuniões com as instituições governamentais relacionadas com o artesanato e o turismo; bem como toda a dinâmica processual de formalização da geminação. A apresentação sobre Marvão aos castelenses; o acompanhamento das autoridades locais; as reuniões com os empresários e todo o contacto com as forças vivas da terra são aqui contextualizadas.

Na parte de reconhecimento integram-se todas as visitas e as actividades em que nos convidaram a conhecer as mais-valias daquela região incluindo o património natural, as praias, os museus, os sítios de interesse arqueológico, a gastronomia e as tradições.

Uma e outra foram fundamentais mas foi obviamente nesta parte de missão que vivi os momentos mais lindos e interessantes ao conhecer as pinturas rupestres e os singulares afloramentos rochosos do Parque Natural das Sete Cidades, ao descobrir num bote o delta do Rio Parnaíba, ao explorar o canyon do Rio Poty, a Pedra do Castelo e as quedas de água naturais; ou ao poder contactar com um litoral que foi conseguido através da troca de uma serra com um estado vizinho e que revela 66 quilómetros de uma costa quase virgem onde ainda tudo está a tempo de ser bem feito.

Depois trago comigo as pessoas e a sua forma de singular de verem a vida e de se entregarem aos outros sem concessões. Nestes dias conheci extraordinários profissionais, gente culta, boa e dedicada e toda, toda ela, com uma enorme ilusão neste projecto. Gostava sinceramente que todos aqueles que não conseguiram evitar a mesquinhez e a tacanhez de se oporem em Portugal a este passo histórico do nosso município, pudessem ali estar para sentirem a vergonha de verem o quanto estavam errados. Pensei então que seria bom se os pudesse ver ali no palco à frente dos muitos milhares de presentes que assistiram à assinatura do acordo, acompanhado por 5 ou 6 televisões (entre as quais a Rede Globo) e as outras tantas rádios e jornais.

Alguém me confidenciou então que em vésperas de eleições, a vinda dos portugueses para selar esta união constituía um trunfo sem par para a comunidade local e eu acredito porque só assim se explica a maneira ternurenta como todos nos trataram, pedindo constantemente para tirar fotos connosco e inclusive autógrafos!

Estamos já a trabalhar na organização da vinda da comitiva brasileira em Novembro para conhecer o nosso concelho e dentro em breve concluiremos o relatório que nos comprometemos a elaborar, para que fique registado para a posteridade o nosso diário de bordo.

De uma forma genérica, estou convicto que atingimos os objectivos propostos naquelas que defini como sendo os eixos prioritários de actuação:

- No eixo do Turismo acredito que teremos a muito breve trecho, duas propostas concretas para apresentar aos marvaneneses para que possam conhecer o Marvão brasileiro e toda a região a preços muito aliciantes e abaixo dos praticados no mercado;

- No eixo empresarial trazemos connosco intenções muito claras e precisas de empresários locais que querem colocar os seus produtos no mercado nacional através de parcerias com os empresários da nossa região;

- No eixo da cultura assistimos a diversas apresentações e inaugurações que nos aproximam, incluindo uma mostra de teatro lusófono e o lançamento do primeiro livro que conta a história do Castelo do Piauí onde se podem contemplar o escudo e o brasão do nosso concelho. Novas pesquisas estão já também a ser analisadas.

Boas perspectivas e a tranquilidade do sentido do dever cumprido.

Como dizia o pequeno grande Pessoa; “vale sempre a pena, quando a alma não é pequena”.

No álbum ficam muitas, muitas fotos e no coração já muitas saudades de todo aquele calorzinho humano e de todo aquele afecto.

Quando me perguntaram até onde poderia ir esta geminação, eu respondi que este acto é como um casamento e tal como os casamentos, requer companheirismo, respeito mútuo, trabalho e boa vontade. Oxalá o futuro da geminação corresponda às promissoras expectativas e possa ir mais longe do que eu alguma vez o fui capaz de sonhar.

Para já valeu a pena acreditar e ter sido responsável por mais um passo em frente no registo da vida da Câmara que as gerações futuras irão certamente recordar.

Mesmo que nada do resto de bom tivesse acontecido, só por isso…
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Com os meus amigos que pediam um real para "comprá bola di fitxibóu" mas que o esturravam na primeira esquina em cachaça e eu fingia que não via. O de azul perguntou-me: "escuta daí cara, purque é qui você fala inrolado?"

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Discurso da assinatura do Protocolo de Geminação com o Castelo do Piaui
25 de Julho de 2007

Há mais de 5 séculos atrás, Pedro Álvares Cabral deu novos mundos ao mundo, ao descobrir o Brasil. A partir de então e até aos nossos dias, o percurso dos nossos dois países não mais deixou de coincidir.

Quando há 4 anos atrás, descobrimos através de uma pesquisa na internet que existia um Marvão no Brasil e encetámos os primeiros esforços para estabelecermos contacto, estávamos longe de acreditar que os nossos melhores prognósticos se haveriam de tornar realidade e nos conduziriam ao tão desejado dia de hoje.

Para além das óbvias semelhanças de toponímia, há todo um rol de coincidências que nos unem ao nível das festividades, da gastronomia, dos usos e costumes, bem como da própria história que nos aproximam e passam oficialmente a unir depois da celebração deste acto solene.

Marvão é um pequeno município situado no centro de Portugal, junto à fronteira com a Espanha, que conta com cerca de 5.000 habitantes e que aqui se encontra representado por uma comitiva composta pela Dr.ª Catarina Machado (técnica superior de história que tem acompanhado o processo pela primeira hora); pela Dr.ª Madalena Tavares (vereadora em exercício à data dos primeiros contactos); pelo Dr. Carlos Sequeira (actual Presidente da Assembleia Municipal) e por mim próprio, Pedro Sobreiro que exerço actualmente as funções de Vice-Presidente; que irá assinar este acordo de geminação, este pacto de irmandade com o nosso elo perdido brasileiro.

Fizemos um longo caminho para aqui chegar: por carro e avião, atravessámos vales e planícies, serras, rios e todo um imenso oceano que nos une e nos separa, numa odisseia de mais de 20 horas de viagem para podermos ter a alegria de estar aqui junto a vós.

Nesta nossa estadia, não podíamos ter sido melhor recebidos por todos. Na realidade, quando se visita o Brasil, é fácil compreender porque razão o seu povo é mundialmente conhecido por ser tão simpático, generoso, caloroso e hospitaleiro.

Para municípios como os de Marvão e o do Castelo do Piauí que têm grandes aspirações turísticas e que apostam sempre e cada vez mais neste sector estratégico das nossas economias, esta geminação constitui a criação de uma ponte, de uma plataforma de união que nos irá desenvolver a ambos no âmbito cultural, empresarial e turístico.

É pois com enorme ilusão e com uma esperança redobrada que aqui assinamos o casamento entre os nossos municípios irmãos, abrindo uma nova página de cooperação na nossa história que nos trará um futuro certamente mais promissor.

O nosso muito obrigado a todos vós, em especial à equipa que está envolvida neste projecto desde a primeira hora, bem como a todos aqueles que tão bem nos têm acompanhado durante a nossa estada. Bem hajam pelo vosso esforço, pelo vosso trabalho e pela dedicação a esta causa tão nobre.

Lá vos esperaremos em Marvão, em Novembro deste ano, durante a XXV Feira da Castanha, para selarmos com a vossa visita este acordo de geminação e para daí em diante, trabalharmos em conjunto e crescermos de mãos dadas, sempre em prol do bem das nossas comunidades.

Viva o Castelo do Piaui. Viva o Brasil.
Viva Marvão. Viva Portugal.
Longa e próspera vida à nossa união!

Pedro Alexandre Ereio Lopes Sobreiro

Vice-Presidente do Município de Marvão

domingo, 20 de julho de 2008

A emissão segue dentro de momentos...


A gerência informa os estimados clientes que este estabelecimento comercial se encontrará meio encerrado nos próximos 7 dias, por motivo de deslocação profissional do proprietário ao estrangeiro.

Se as condições locais forem propícias, prometo dar novidades.

Um abraço aos que entram por bem e aos outros… até breve. O pai já vem.

Virtualidades

(clique para ampliar. Dá para ler!)
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Como não pude assistir em directo à estreia televisiva deste Benfica renovado e espero eu que criado à imagem do “nosso” salvador Rui Costa (que esperanças tenho em ti, rapaz!), apressei-me a comprar “A Bola” para os relatórios mais ou menos oficiais.

Quando me aproximava já do final, depois de saltar as páginas da lagartada e do porto (com letra minúscula), dou de caras com isto.

O Correia da Luz, ilustre presidente do Crato, a revelar nas parangonas que dá sovas ao Milan na Playstation com uma equipa local que ele próprio editou, exclusivamente composta por jogadores que são réplicas fiéis dos de carne e osso e onde não faltam os cabelos, os tiques e as fintas originais dos atletas da terra.

Duas páginas inteirinhas do diário nacional dedicados a esta história de sucesso de um concelho que há dois anos nem sequer tinha futebol sénior e hoje tem tudo incluindo um estádio novinho em folha e um clube renovado cuja equipa do maior escalão acabou de vencer o distrital e aponta agora baterias para a IIIª Divisão Nacional.

Quando quase todas as outras câmaras esbracejam para se manter à superfície num mar de tormentas e dificuldades, a bonança no oásis do Crato é quase asfixiante com 8 milhões de euros enterrados só num complexo desportivo que inclui um parque aquático digno de deixar boquiabertas muitas cidades até do litoral.

Goste-se ou não do estilo, a verdade é que Correia da Luz é o presidente que todos os munícipes gostariam, no fundo, de ter. Ele é festas de Verão à grande e à francesa com a nata da nata do showbizz nacional e até internacional, ele é grandes passagens de ano, ele é grandes Carnavais e grande tudo porque ali a escala é sempre macro. Fosse assim em todas as áreas (o que me parece, pelo que me chega, que não é bem verdade…) e teríamos um sério candidato a autarca do ano.

Costuma ser o tempo a encarregar-se de tirar a limpo as verdades que muitas vezes não discernimos à vista desarmada.

Veremos com o passar dos anos, se este faustoso viver é legítimo ou se a dura realidade porque passam actualmente muitas famílias portuguesas que pagam com lágrimas os luxos vãos de outrora, também se aplica aos municípios.

É que parece tudo bom demais para ser verdade.

De volta...

A vinda da RTP não me trouxe somente a alegria da exposição mediática de Marvão.

A RTP trouxe-me o Xico de volta e eu nem queria acreditar.

O Xico foi um dos meus grandes amigos de Liceu, um dos melhores, na verdade, e do qual eu já tinha falado aqui.

Quando partiu não havia telemóveis, nem internet, nem messengers, nem e-mails, nem quase computadores e eu pensava que nunca mais nos íamos reencontrar.

Acho que da última vez que nos vimos foi no concerto dos Pixies, no Coliseu, e depois disso nada.

Estava eu ao telefone com uma das produtoras da RTP com a qual fiz amizade numa vinda da Antena 1, quando ela me diz que “sabe, tenho aqui um amigo seu a trabalhar comigo… uma pessoa que você conheceu em Évora…”.

“Em Évora? Deve de estar a fazer confusão, de certeza”.

“Sim, sim” dizia ela, “o Francisco Serôdio”.

E eu, “NÃO! Não pode!”.

Passou-lhe o telefone e ele chamou-me, “Sabi!” e todas as minhas dúvidas se desvaneceram. Já quase ninguém me chama Sabi hoje em dia e eu reconheci-lhe a voz de imediato.

Foi uma cena… que emoção! Começámos logo a falar de tudo e do que tínhamos vivido até agora e ele resumiu a cena na perfeição quando me disse que estes 20 anos (sim, quase 20 anos!!!) sem nos vermos pareceram minutos porque retomámos tudo como se tivéssemos acabado de sair de uma sala de aulas.

O seu jeito e a sua forma desarmante, por ser tão sincera e directa, de conversar mantiveram-se inalteradas. Tal e qual como então.

Falou-me da família e do que tem sido dele, trocámos fotos dos filhos e de como somos agora e ficou para breve um encontro e o abraço que eu disse em Dezembro que lhe gostava de dar.

Muito se passou desde aquele ido ano de 89 no liceu de Portalegre mas acho que a química que cimentou a nossa amizade continua, por cada vez existirem menos pessoas boas no mundo e eu ter a certeza de que o Xico é uma delas.

A ver se é para breve, ó companheiro, que desta vez já nunca mais te hei-de perder o rasto.

Costumo dizer que um dos grandes ensinamentos que o meu pai me deixou foi o do valor precioso da amizade. Ele gostava de luzir os amigos com gala, como se fossem parte de uma riqueza incalculável que tinha semeado por onde quer que passava e que tanto orgulho lhe dava ao reencontrar. Tinha razão porque ainda hoje o choram, mesmo os de barba rija, quando a sua memória os trespassa.

O Xico foi uma das pepitas douradas que eu garimpei e a correnteza da vida me levou rio abaixo.

Desta vez já não me foges, meu velho!

Grande, grande abraço!

Um dia de Verão perfeito

Para atenuar as agruras da vida, nada como um dia de Verão perfeito.

O programa ideal começa bem cedo, por volta das 7 e meia, com uma hora de jogging pelos caminhos de terra batida das redondezas. Depois do duche e do pequeno-almoço frugal, o resto da manhã é passado no Centro de Lazer da Portagem entre jornais, mergulhos e banhos de sol. É um lugar paradisíaco com umas vistas sem igual e só é pena que seja tão pouco aproveitado pelas gentes de Marvão (somos sempre pouquíssimos!).


Quando o calor aperta e o sol começa a queimar a sério, é hora de recolher aos aposentos para o almoço, de preferência, um peixinho grelhado e muita salada. A acompanhar, umas Sagres Zero bem geladas e a rematar, uma fruta da época comprada no mercado local.


A tarde é passada entre filmes, discos, jornais outra vez, a escrita e a net. No final, um mergulho na piscina do quintal, recém-adquirida no Leclerc, muito maior e muito menos resistente do que parecia nas fotos, mas enfim… não se pode ter tudo.

O jantar pode ser numa romaria qualquer das redondezas ou em casa, mas sempre, sempre, com carvão à mistura. Se meter bailarico ou futebol, é “show di bola” como dizem os brazucas!

Se for em família e com amigos, então temos um jackpot que recarrega as baterias e afasta os maus-olhados.

Sempre é verdade que as coisas mesmo boas da vida são de borla e não é preciso grandes fortunas para se ser feliz.


quarta-feira, 16 de julho de 2008

Verão Total 2008











Hoje o Verão em Marvão, foi mesmo total.

Depois do parecer negativo do ICOMOS que comprometeu seriamente o sucesso da candidatura a Património Mundial e da não eleição como uma das 7 maravilhas de Portugal, dois verdadeiros tiros nas asas, tão certeiros quanto injustos; a vinda da RTP para um directo de quase 6 horas, foi um verdadeiro elixir para auto-estima de todo o concelho.

O “Verão Total”, um novo formato que substitui na RTP1 durante o período estival, a “Praça da Alegria” nas manhãs e o “Portugal no Coração” nas tardes, propôs-nos aquilo que eu chamo de verdadeiro serviço público ao disponibilizar-se a sair do conforto instalado na sede no Parque das Nações para percorrer os sítios mais belos de Portugal, mostrando ao país aquilo que o país realmente é.

Tive conhecimento do interesse da produção através de um fax e para ser sincero, pensei que era bom demais para ser verdade. Imaginei que pediriam mundos e fundos mas afinal a única contrapartida da autarquia seriam as refeições e os alojamentos da equipa para além do óbvio apoio logístico com trânsito, equipamentos e afins, coisa pouca se pensarmos que uma exposição mediática desta dimensão é pura e simplesmente inquantificável nos tempos que correm.

Fizemos o trabalho de casa, cumprimos à risca o guião que nos enviaram, indicámos os interlocutores que nos pareciam indicados para cada tema (embora a escolha e o critério final fosse da produção) e penso que o resultado final foi francamente positivo. Traçou-se assim um quadro exaustivo e colorido quanto baste daquilo que é o concelho neste momento, não esquecendo o património edificado e ambiental; as lendas, usos e costumes; os grupos musicais; as associações e instituições; a economia na vertente industrial e agrícola; a cultura nas suas mais diversas extensões; o turismo, englobando a oferta hoteleira local e o artesanato; os produtores e comerciantes, enfim…

È óbvio que houve quem ficasse triste, ou mesmo zangado por não ter sido incluído, mas é importante reforçar que o critério final foi definido por terceiros e aí nada mais nos resta que lamentar. Num programa de televisão não pode caber o mundo inteiro. Não faltarão outras oportunidades.

Pode que agora não tenhamos capacidade para avaliar a extensão deste testemunho mas estou certo que quando uma boa centena de anos lhe passar por cima, é capaz de ter a sua piada.

O público, sobretudo o de fora das muralhas, acorreu em bom número e teve oportunidade de assistir a um programa em directo, o que tem sempre o seu “quê” de aliciante. As crianças das nossas ludotecas participaram em animadas coreografias, o pessoal da CERCI não falhou uma pezinho de dança na Kizomba e a assistência desmultiplicou-se em beijinhos para a família.

O pessoal técnico e da produção não podiam ser mais simpáticos e afáveis. A Tânia (que já tinha estado connosco em Novembro e que tinha sido nomeada madrinha dos “castanhitos”) e o Francisco, desses então, nem se fala: muito humildes, simples e disponíveis, cativaram todos os presentes e certamente os espectadores, fazendo mesmo esquecer as muitas fãs que estranharam a falta do ídolo Baião. São queridos, não são? E fazem um belo parzinho ao estilo de “namoradinhos de Portugal”.

Os artistas convidados pela produção animaram, e só faltou mesmo um nome assim sonante, ao estilo do filho do Tony Carreira, para gáudio das fãs. Se me permitem, eu preferi os UHF e as dançarinas do Rui Bandeira que pareciam saídas da capa de uma FHM ou de uma Maxmen. Beleza!

Quanto aos nossos representantes mediáticos, penso que estiveram todos bem, uns mais desenvoltos que outros, mas com um nível muito bom, deixando uma imagem mais do que positiva.

Na minha curta intervenção, não pude evitar espetar uma alfinetada no poder central e nessa autêntica vergonha que têm sido as apostas do Turismo de Portugal, que se esquece por exemplo que há mais locais de destaque no Alentejo para além da Costa Vicentina e do Alqueva; ou investindo milhões numa programação acima das nossas capacidades para um ALLgarve que vale por si próprio e não precisa de mais engodo para rebentar pelas costuras nos meses de Maio a Setembro. Estes meninos devem pensar que por aqui a malta não lê jornais e não pensa pela sua cabeça!

E assim voltámos às bocas do mundo, dando mais uma pedrada no charco da indiferença e semeando algo cujo retorno dificilmente seremos capazes de quantificar mas cujo efeito só pode ser mais do que benéfico.

Meus amigos, podemos não ter tanto emprego quanto gostaríamos, tantas habitações quanto poderíamos, tantos jovens e crianças quanto sonhamos… mas temos esta beleza que faz de nós um dos ex-libris de Portugal e isso, ninguém nos há-de tirar.

No final, toda a equipa agradeceu o beberete informal que preparámos com algumas iguarias locais para retemperar forças antes de se fazerem de novo à estrada e pudemos ver gratidão nos seus olhares e nos sorrisos de despedida.

Muitos deles asseguraram-me que ficaram fãs de Marvão e que vão regressar com a família.

Será que se pode pedir mais?

(Cortesia de um amigo via sms. Para o álbum. Merci!)