quarta-feira, 29 de maio de 2013

O novo castelo de Marvão

Há dias, porque a vida e os compromissos assim o propiciaram, almocei em Marvão. Comi no café lounge do meu primo amigo Jorge e despachei-me rápido. Como tive tempo livre de sobra nessa hora de almoço, decidi dar um passeio pelo castelo para descobrir as novidades. Sabia que o castelo estava com utilização remodelada e já se pagava na entrada. Quis saber mais. Pagava-se mas fui logo informado que os naturais ou residentes do concelho entram de borla. Melhor.


O jovem Américo que estava de plantão, recebia as pessoas numa estrutura moderna do tipo aquário que tem todas as condições (para quem está e para quem chega). Tem umas linhas arrojadas que não chocam com o que já existia ali. O que é antigo, deve-se preservar mas o que é novo, novo deve ser. Deve parecer recente com linhas modernas sem imitações do que estava. Aqui, apenas o bom gosto deve reinar. Respeitar mas não imitar.


A minha ideia revelou-se muito positiva e constituiu uma excelente surpresa para mim. Sempre defendi o pagamento de entrada no castelo. Quando era vice-presidente da câmara e vereador responsável pelo turismo, sempre me bati para que isso fosse feito. A maior fonte de receitas de Marvão não era aproveitada e esse sentimento derrotava-me. Sempre defendi o pagamento da entrada no castelo.

Como sempre defendi que a maior parte dos visitantes que vinham a Marvão nunca entravam no posto de turismo. O posto de turismo era deslocado do principal percurso: entrada – castelo - saída. Ficava situado nos baixos do edifício da câmara e muitos turistas iam direitos ao castelo e nem se davam ao trabalho de o procurar. Entravam, viam o que há para ver e saiam. Sempre defendi que o posto de turismo deveria ser na entrada da vila, onde está hoje. Eu já não estava no executivo quando o inauguraram mas quem sabe a verdade do assunto, sabe que o grande responsável pela localização do posto de turismo ali fui eu. Eu. Sozinho fui a inúmeras reuniões com os mesários da Santa Casa da Misericórdia. Reuni com os proprietários das duas garagens que ali estavam onde hoje está o posto de turismo e convenci-os a aceitarem os espaços alternativos que lhes propus. Consegui o triunfo mas foram outros, os que estão hoje lá em cima que colheram os louros. Quando passo a deixar a minha mulher nesse posto de turismo da entrada da vila onde trabalha e trabalhava já antes de ser vereador (muitos anos antes!), sorrio sozinho. Um sorriso de vitória que ninguém me tira. E olhem que vai de orelha a orelha.


Deu-se um passo grande e agora deu-se outro com o começo da cobrança da entrada no castelo. A cobrança da maior receita da vila que foi entregue… ao Centro Cultural. A câmara entregou a maior receita ao centro cultural de Marvão!

Entregou e o Centro Cultural tem aproveitado bem a oportunidade explorando aquilo que os outros não têm capacidade para perceber. Realizou um folheto primoroso que é entregue na entrada aos visitantes aquando cobram a entrada. O projeto de folheto que conheci em embrião não mencionava quem são os obreiros da sua feitura. Nem os autores dos textos,  nem os autores do design. Como isso não se pode admitir e é um trabalho que se não foi gracioso, andou por lá perto, propus que seja o que for deve sempre conter o nome do autor. Propus isso ao presidente do Centro Cultural de Marvão, o meu primo Jorge Rosado que é um rapaz inteligente e desenrascado. Ele aceitou a proposta e agiu em conformidade.



 Quem dantes vinha ao castelo ficava com a sensação que era bonito mas era terra de ninguém. Era como se não tivesse dono. O desassombro era total. Reinava o abandono.

Desta última visita, fiquei agradavelmente surpreendido com o meu passeio. O castelo está bonito, está bem recuperado e o dinheirinho que se paga, como refere no folheto “reverte na totalidade para a conservação e manutenção do monumento. O património é de todos, ajude-nos a conserva-lo.” Centro cultural de Marvão: mais 1 ponto. Câmara Municipal de Marvão : 0. Bem… zero mais meio ponto. E meio ponto porquê? Porque quando a gente não é capaz, dar lugar e dar oportunidade a quem sabe e prova que é capaz tem de valer alguma coisa. Não chega a 1 ponto. Mas vale meio ponto.


O espaço está do mais aprazível possível. Bonito mesmo. Vi visitantes a pintarem nos locais que foram criados para contemplar a paisagem. Vi turistas a admirarem os espaços envolventes e a vegetação. Vi fotógrafos a desfrutarem o monumento muito bonito e bem cuidado. Tudo muito bom. Isto nem parece Marvão! Parece que estamos no estrangeiro. (Onde o respeito pelo património de todos é por demais evidente).

Eu quero lá saber se essa estupidez que foi a eleição das 7 maravilhas de Portugal não distinguiu Marvão. Essa história das 7 maravilhas não foi mais que a ideia duns meninos espertos para ganharem muita massa. Como era votado por telefone ou internet ou lá o que era, claro que os grandes centros populacionais elegeram logo os que queriam e eram localizados na área. Os grandes centros votaram. Nós, os pequeninos, os do interior, ficámos a perder. Agora os meninos das “7 qualquer coisa” viraram-se para as 7 praias de Portugal. É um filão que não tem fim. Só quando os bornais das televisões perceberem que o rei vai nú é que abrem os olhos. Um filão construído com muito merchandising, muita t-shirt, muita caneca, muito autocolante, muito telefonema e as contas bancárias deles a aumentarem muito.


Bom, voltando ao castelo. Está bonito, está bom. Para utilizar a linguagem da minha filha Alice, “dá orgulho a mim”.



Dá orgulho e enfeirei logo num íman de uma rua para o frigorífico a dizer Marvão na loja do meu amigo Garraio.






Dá orgulho e quando estiver aberto o café na antiga casa do forno, com esplanada e sombras que já está concessionado, creio que às Pousadas de Portugal, ainda deve dar mais orgulho a mim.

Aceitem o convite do meu blogue e venham conhecer melhor o novo castelo de Marvão. Não é por 1 euro e pouco que ficam mais pobres. E garanto-vos que vão ficar mais ricos. E de certeza mais felizes!




Olhando o trabalho que fez o Jorge Rosado e o Centro Cultural de Marvão que deram uns bigodes a quem de direito, lembro-me das palavras do presidente John Fitzgerald Kennedy que já lá está na terra da verdade e não deve ter facebook. Ele disse uma frase lapidar que adoro e pode ser aplicada a muita coisa na vida: “não perguntes o que é que o teu país pode fazer por ti. Pergunta o que é que tu podes fazer pelo teu país.” Centro Cultural de Marvão: “não perguntes o que é que a câmara municipal de Marvão pode fazer pela tua terra, pelo teu concelho e pelo teu castelo. Pergunta-te como te perguntaste e bem, o que é que o Centro Cultural pode fazer pela sua terra, pelo seu concelho e pelo castelo de Marvão.” 



No facebook vou referenciar os visados no texto e vou colocar um texto a dizer:

Estas palavras que devem agradar a:
Jorge Rosado, presidente do Centro Cultural de Marvão; ao marvanense Jorge Alberto cujo nome foi bem referenciado mas deveria conter uma nota de rodapé dizendo que é um rapaz de Marvão licenciado em história que escreveu o texto; ao João Bucho que tem um talento imenso e desenha primorosamente; aos Buchos todos (Isabel Bucho e Domingos Bucho porque devem gostar de ler bem sobre a família), ao Posto de turismo de Marvão que sei que tem facebook; ao meu amigo António Garraio, proprietário da loja “Cá de Marvão” e à Mercearia de Marvão que é da minha amiga Catarina Bucho. Estes Buchos metem-se em todas e isso é bom porque fazem tudo bem. Desta gente é que a gente precisa. O patriarca Domingos Bucho foi chutado para fora da candidatura a património mundial pelas eminências da câmara e esteve por trás da candidatura de Elvas que foi considerada património mundial. Ele há bofetadas que devem doer menos!

Palavras que devem agradar a pessoas que não devem ter facebook: as jardineiras da câmara: Maria do Céu, Maria João e Ana. Não devem ter facebook mas surgem na fotografia que fecha este texto e eu fiz questão de lhes dar os parabéns pelo excelente trabalho em voz alta no jardim. Claro que ficaram todas babadas porque devem mais levar pontapés que elogios. Como o facebook pode não chegar lá, cheguei eu!


As palavras não devem agradar lá muito porque são verdadeiras e isso é sempre inconveniente: à Câmara Municipal de Marvão e ao Posto de Turismo de Marvão que têm facebook.   


terça-feira, 28 de maio de 2013

Então... mas onde é que fica ser grande? E o crescer?

(Com a amiga Eva no escorrega do infantário, há dias)


O carro ia cheio. Íamos no caminho para Portalegre, para almoçarmos a convite da madrinha Paula que nesse dia fazia anos. Sem mais, na boa, a minha Alice começou a fazer uma das birras já típicas que hão-de ficar conhecidas como as birras da sua chancela. Uma cena de antologia ao nível da que quando queria à força ser loira.

Sem nada o fazer prever e quando íamos todos bem na viagem, começa-me a chorar e a falar alto, do nada. Desta vez a bom som, sem mais, teimava… “eu quero crescer. Eu quero ser grande”.

Silêncio e admiração geral.

“Mas porque é que eu não sou grande? EU QUERO SER GRANDE! EU QUERO CRESCER. MAS QUANTO É QUE FALTA PARA EU SER GRANDE?!?!? EU QUERO CRESCER!!!! EU QUERO SER GRANDE!!!!”.

Eu, impávido, sereno, continuei a conduzir, a agir com a naturalidade que podia. As mães, a dela e a minha, desdobravam-se em justificações, em argumentos, em baldes de água para apagar o incêndio que ardia bravo e já queimava as redondezas. “Mas querida, tu já és grande e cresces todos os dias” avançava uma, “Não vês que as calças te vão ficando cada vez mais pequenas? É sinal que estás a crescer!” retorquia a outra, E ela, nada! Fechada em si. A resmungar já assim a atirar para o desespero e a olhar de soslaio para o vidro.

“Temos o baile armado!” pensei eu…“Não se vai calar tão cedo…”

Mas depois, vinda do nada, a solução instalou-se e a birra apagou-se de vez. Sozinha, sem argumentação contra. A crise morreu como nasceu: do nada. Ela esqueceu-se, ou então distraiu-se. Nunca a paisagem da serra meu pareceu tão bela. Nunca as curvas se revelaram tão desconcertantes.

Afinal foi como veio. Sem deixar rasto. Tanto barulho para nada.

O veto é o melhor bloqueio.


Mas para alguma coisa serviu e eu quis plastificar esta polaroid em palavras porque sei que a Alice vai gostar de se descobrir quando já não se recordar de nada disto. Vale por isso. Quanto mais não seja. E acreditem que é muito. 

domingo, 26 de maio de 2013

Parabéns mana!




Querida mana, muitos parabéns pelo teu quadragésimo aniversário. Possa, isto dito assim parece que já são muitos anos! Mas o teu aniversário antecede o meu apenas em alguns dias, menos de um mês, por isso... estamos no mesmo barco. Barco já quarentão! Agora deixamos os “inta” e entramos nos “enta”.

Chamo-te mana porque me sinto assim próximo de ti, por ser teu irmão pelo meu casamento com a tua irmã e porque é desta forma que a nossa “pequena” Cristina te trata de cada vez que se refere a ti.

Sei que nasceste apenas às 5 da tarde mas quero ser dos primeiros a dar-te as felicitações aqui no facebook. Virtualmente quero ser dos primeiros porque fisicamente hei-de ter oportunidade de te dar um grande abraço quando estivermos todos juntos em tua casa, onde iremos almoçar e passar este dia tão feliz que ainda pode ser mais se o Benfica ganhar a taça de Portugal. Bem, caso isso aconteça, o teu pai rebenta de alegria! ;)

Tenho pensado muito no que te vou dizer e como o mais certo era chegar junto a ti e não ser capaz de dizer nada porque há muita gente e muito reboliço à volta, pensei em dizer-te aqui na internet palavras que transmitam realmente o que sinto por ti. Para que tu possas ler com calma e todos possam saber.

As palavras são a minha primeira prenda porque a prenda material dar-ta-ei com a Cris e as pequenas. Verás que vais adorar. :) As minhas palavras são ilustradas com uma foto que deve ser inédita para ti. Tirei-a numa reunião familiar em minha casa, penso que na última páscoa e capta o momento em que a tua afilhada Alice (que te adora!), te tira uma fotografia com a Leonor na Playstation da irmã. Esta é a segunda prenda.

Quanto à primeira, o que te queria mesmo dizer se tivesse oportunidade e todos estivessem em silêncio era: “Parabéns por estes 40 anos. São anos vencedores, repletos de vitórias, minha querida porque sempre conseguiste aquilo que querias. Algumas vitórias foram sofridas e esforçadas, mas as dificuldades só dão mais valor às vitórias. Como por exemplo a vitória em descobrires a tua vocação, aquilo para que nasceste e fazes tão bem: ensinar os pequenitos. Primeiro entraste para a Escola Superior de Portalegre para tirar “Português-Francês” e andaste perdida. Até que foste atrás do teu sonho e ele revelou-se. Vitória esforçada, como têm sido outras na tua vida. Vitórias ainda mais saborosas por isso.

Hoje podes olhar do alto dos teus 40 anos e orgulhar-te de ti, dos teus e do percurso que tens feito ao longo desta vida. És uma pessoa boa, afável, inteligente, metódica, dedicada mãe, dedicada esposa, dedicada filha e deves orgulhar-te disso. Pelo menos, nós, que estaremos sempre junto a ti, a apoiar-te, é assim que nos sentimos: orgulhosos por te termos, por seres quem és.

Muitos parabéns, princesa Paula. Que contes muitos, com muita saúde e muita paz interior.

Espero que gostes destas minhas prendas, do texto e da foto. Da outra me dirás em presença com um forte abraço que te hei-de dar.

40 anos não é uma idade qualquer. Fazer 40 é tempo de fazer um balanço da existência. Por isso tanta e tão merecida prenda.

MUITOS PARABÉNS, PAULA!  :)

sábado, 25 de maio de 2013

The final ende




Bayern de Munique e Borussia de Dortmund jogam daqui a poucas horas (às 19.45h) a final da Liga dos Campeões, no estádio de Wembley.

Trata-se de uma final inédita entre duas equipas alemãs. Duas equipas que pelo seu mérito conseguiram chegar ao último jogo de uma competição entre os clubes campeões da europa.

Duas equipas do mesmo país, duas equipas da Alemanha que disputarão o troféu em Inglaterra. Estes são dois países que foram inimigos na 2ª guerra mundial e se encontram assim unidos  por uma prova desportiva.

Adolf Hitler e Winston Churchill, dois líderes dos dois países no confronto devem estar a dar voltas na campa. O do bigodinho deve estar a exultar por te sido não pela força mas pela justiça que os alemães provaram que são superiores às demais nações. Deve estar a brindar por isso, ainda por a final ser num país contra o qual combateu.

Mas o Churchill também deve estar a gozar o momento, a fumar um dos seus charutos e a beber um gin tónico porque o Hitler não teve a sorte grande mas apenas a terminação: ambas equipas contam com grandes jogadores de cor, de vários países e diversos são descendentes de judeus. Mesmo arianos, daqueles que me metem até medo só de olhar para eles, há poucos.

A cereja no cimo do bolo seria se um desses, judeu ou de cor, marcasse os golos. Vamos torcer? 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Daft Punk – Get Lucky

Esta música tem um balanço incrível. Há anos que adoro tudo o que é Daft Punk. Creio que esta dupla de DJs sem cara, quase sempre de capacete ou máscara é, há muito tempo, o melhor que vem de França. Desta vez juntaram-se com o mago Pharrel Williams que transforma em êxito tudo o que toca e já por aqui andou pelo blogue há dias. O Pharrel que é aqui o cantor e tanto de puto como de gingão, está em todas!

Ouvir isto é um convite à mexida. Não digo à dança, mas um convite a não estar parado.

Ouvimos muita vez na rádio como hoje de manhã e a minha Leonor que também a adora, meteu-me na cabeça que o que o coro robotizado canta “mexican monkey”. Ela disse e... prontos: ficou. Agora é a música do mexican monkey que ambos adoramos.

METE MAIS ALTO!!!!!!!!!




terça-feira, 21 de maio de 2013

Os pastorinhos do novo milénio




A ligação espiritual que o nosso presidente da república estabeleceu entre a sétima avaliação da Troika (que por acaso acabou por nos ser favorável) e a aparição de nossa senhora de Fátima, porque ambas aconteceram a 13 de Maio, foi algo extraordinária, nada populista e ao contrário do que ouvi hoje de madrugada ao constitucionalista Jorge Miranda, até foi bem católica. Abençoada, quase arrisco.

É que não teve mesmo nada de populista ou proveitosa e de certeza que não se quis colar a um fenómeno de massas, do Portugal mais profundo, analfabeto e rural. Só um louco é que poderia comparar esta visão e a linha do tio Salazar que sempre quis que Portugal fosse o país caracterizado pelos 3 “f”: futebol, fado e Fátima.

Ora o Cavaco, cuja popularidade anda tão em baixo, é capaz de se ter valido de uma muleta para chegar aos velhinhos, aos analfabetos e aos pobres. Nesse momento de fraqueza, teve de se apoiar da pobre da sua Maria, alegando que foi ela que comentou e fez a ligação. Sim porque ele, um professor catedrático de economia não faria a baixaria de ter semelhante ideia.

Ontem encontrei esta imagem no facebook, já não sei bem onde e achei um regalo, uma delícia Photoshop! Pensei que a divulgação era a melhor forma de brindar aos meus leitores com duas orelhas e um rabo sobre este deslize do nosso presidente. Nosso presidente, quer dizer… presidente dos portugueses, esse povo tão estranho e louco! Por toutatis!


Associação de Caçadores da Fonte da Viola comemora o dia do sócio




Já se passou há alguns dias, há mais de 1 semana. Mas prometi que escrevia o artigo e o publicava no jornal Alto Alentejo como de facto saiu no último número. Também prometi que divulgava no blogue e ainda não tive oportunidade porque o tempo é sempre pouco.  Mas o prometido é devido e assim sendo, como o jornal ainda está actual e a notícia nas bancas, cá vai o anúncio no blogue para culminar a reportagem, com as fotos em grande e a cores.


Marvão
Associação de Caçadores da Fonte da Viola comemora o dia do sócio

Sempre no primeiro sábado seguinte ao feriado do dia do trabalhador, a associação de caçadores da fonte da viola festeja o dia da associação desde 2004. Na sede, antiga escola primária do lugar de Cabeçudos, freguesia de Santo António das Areias, estiveram cerca de uma centena de presentes, na sua maioria proprietários que cederam os seus terrenos gratuitamente. O almoço, confecionado pela própria associação, prolongou-se pela tarde fora. Luís Andrade, presidente da associação que tem sido sempre reeleito desde a fundação e continuou a ser o escolhido em 2011 para o triénio, estava visivelmente satisfeito pela afluência. Foi um dia grande e lindo.






domingo, 19 de maio de 2013

A anedota que vai ficar como a anedota do Benfica (esperemos…)



Não sei o que vai acontecer hoje daqui a momentos. Só Deus já sabe mas o mais natural é que os dois vençam, o Porto e o Benfica, sagrando-se o FCP campeão nacional. Mas… muita coisa pode acontecer. O Paços de Ferreira, cujo treinador já aqui admirei no blogue, pode fazer um brilharete mesmo sem necessitar dos pontos. Caso isso (que eu desejo tanto!) possa acontecer, caso o Benfica vença e se torne campeão nacional, há uma anedota que me vem de imediato à cabeça. Uma anedota que me contou já há uns anos, uma amiga muito querida que respeito muitíssimo e tem idade para ser minha mãe e até avó! A anedota é tão boa e foi contada com tanta piada que nunca mais me esqueci dela.

Não sou o Cantinflas mas a ver se me ajeito: conta a história de um jovem que foi tirar as sortes a Coimbra para saber para que tropa ia. O pobre era muita labrego e nunca tinha saído da aldeia. Não quis ir com os outros jovens para a bubadeira e estando só, não tinha onde dormir. Lembrou-se então de ir visitar a tia, uma senhora que tinha casado com o irmão da sua mãe. Esse tio que já tinha morrido, tinha criado fortuna por sorte na lotaria. O povo dizia que a senhora que é hoje sua tia, se tinha casado com o velhote por interesse e cá para nós, é capaz de o povo ter razão porque não se explica como é que uma moçoila jovem e de porte avantajado, na casa dos quarenta, sem nunca ter tido um namorado fixo, se quis casar com um velhinho todo encarquilhado de uma assentada só.

O sobrinho bateu à porta muito envergonhado e a tia veio saber quem era em robe apesar de a hora não ser tardia, já que pouco passava das 9h da noite. O rapaz que sempre trabalhara no campo, tinha uma grande musculatura, mal sabia falar e era muito embrutecido.

A tia viúva abriu-lhe logo a porta. Quando soube quem era o rapaz e lhe meteu a vista em cima do porte, foi muito simpática. Mandou-o logo entrar e convidou-o a instalar-se. Quis logo saber a razão da sua visita, uma vez que o tio já tinha morrido mas ele, saloio como era, disse que estava só, com pouco dinheiro e se tinha lembrado de passar pela casa que era a maior do centro para saber notícias da tia. A tia disse logo que não o podia deixar de forma nenhuma na rua e encarregou-se logo que ele dormisse lá em casa. Cheia de manigâncias, disse-lhe que os quartos estavam todos desarrumados e por limpar com tralha velha. Disse que só poderia permitir que ele dormisse lá se dormissem os dois na mesma cama, como todo o respeito! Ele de um lado da cama e a tia do outro! está-se mesmo a ver. Antes de dormir, o gaiatão que era embrutecido mas de parvo não tinha nada e já era homem feito, despiu-se de costas e ficou a ver pelo cantinho do olho como a tia vestia uma camisa de dormir pequenina e justa. Com ligas! Ligas que ela apertou e afagou às pernas.

Como o rapagão não conseguia dormir sem antes rezar, meteu-se de joelhos e disse com voz grossa e bem alto, já entusiasmado: “Santa Virgem Maria, vou fazer aquilo que o meu tio fazia!” Ao que ela, já cheia de calores, respondeu em voz alta, pondo-se de pé e saltando de voo: “Santa virgem sagrada: Que coisa tão boa sem ser esperada!”

Se a coisa correr bem hoje e o Benfica for campeão nacional, também eu digo: que coisa tão boa sem ser esperada!

sábado, 18 de maio de 2013

Altas Represas. (Represas em Alta Definição)

Não vejo sempre o programa Alta Definição. Não sou daqueles indefetíveis que nunca perde uma edição. Mas quando posso, o que é pouco comum (um pai que tem a seu cargo duas filhas pequenas quando a mãe trabalha aos fins de semana, raramente tem as tardes de sábado livres para si), espreito para descobrir se a pessoa à qual estão a perguntar o que dizem os seus olhos me agrada. Foi o caso hoje: ter vagar e querer ouvir os pensamentos do Luís Represas. Foi importante ter passado esta última hora a “falar” com ele, sobretudo a ouvi-lo. Nunca fui seu fã mas gosto de muitas das suas músicas, sobretudo das suas palavras, da poesia. A conversa de hoje foi com um homem maduro, realizado consigo e com a vida. Tivemos oportunidade de conhecer melhor um homem bom com o qual pude aprender.


A conversa teve momentos altos que foram muito bonitos como quando comparou a vida a um edifício, sendo que estamos sempre a viver a fase da construção do último andar, o mais recente. Apesar da importância das últimas fases em construção, importam sobremaneira as fundações, as bases que aprendemos dos nossos pais. Esta é uma ideia sábia, enternecedora e inédita para mim. Gostei.

Como foi novidade a comparação entre a relação de duas pessoas e um serviço de mesa. Para funcionarem, têm ambos de serem usados, de se desgastarem, de arriscarem a que se partam. Um serviço que seja precioso, muito bonito e se use muito raramente, não tem valor prático. Agora substituam a palavra “serviço” por “relação a dois” e verão como tem razão. Verão como é verdade.   

Verdade e bonito. Como bonito foi o momento em que disse que gosta de pensar nos erros que comete, em vez de os tentar esquecer. Ao contrário do esquecimento, diz que tenta sempre minorar o impacto de negativo de um que aconteça, tentando percebê-lo e corrigindo os seus danos.

Ter visto o programa permitiu-nos aprender a lição que aprendeu dos seus pais e eu também aprendi dos meus. Uma importante máxima de vida: “seja o que fizeres, tens de fazer bem. Não interessa o que seja. Mas seja o que for: fá-lo bem. Esforça-te por fazê-lo melhor todos os dias”.

Também sou assim. Se esta máxima fosse comum a mais pessoas e se aplicasse não apenas à profissão mas a mais áreas da vida, às relações, a nós próprios, o mundo certamente seria um sítio bem melhor para se viver.

Alta Definição é, por vezes (quando o entrevistado tem qualidade para isso), o programa de uma televisão privada a prestar serviço público: ensinar os espectadores, ensinar quem vê, ensinar as massas. Bom.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Esperança contra a maldição




Algumas boas horas depois… depois de muita quebra de luz, muita falha de internet, muito frio e quando já é noite (sem nada! Não temos nada. Parece que estamos na sibéria!), acho que já quero escrever sobre a bola de ontem. Eu quero falar e quem vem aqui à minha tasca virtual quer ler. Quem quer um carapulo tinto cheio até ao cimo aprochegue-se. Enquanto sirvo o copo, vou metendo os couratos e falando. Hoje acordei bem cedo e vi os telejornais de abertura nos canais gerais. As imagens mostravam as centenas de adeptos que esperavam a equipa do Benfica e fizeram a festa como se tivessem ganho a taça. A minha primeira palavra, o meu primeiro sentimento foi orgulho. Orgulho de pertencer a esta família benfiquista, a este clube. Não é do Benfica quem quer. É do Benfica quem merece!

Gravei três palavras no telemóvel que me serve de bloco de notas para descrever o jogo de ontem: cruel, trágico, impressionante. Creio que não preciso dizer mais nada.

Toda a equipa esteve muito bem. O Artur esteve um monstro ao parar um remate do Lampard que tinha o selo de golo. O Cardozo foi de gelo ao não falhar o penálti. A equipa falhou pouco e quando falhou…. pagou caro. Ao se esquecerem de duas pedras importantes, deixaram a baliza disponível para o cheque mate. Mas estiveram muito bem. Isso foi reconhecido por jogadores do Chelsea e até pelo próprio Platini que confidenciou ao Jesus que tinham perdido os melhores. Mas o futebol é assim mesmo e quando a França nos ganhou num europeu com o próprio Platini quando eu era puto, já assim era.

O Jesus esteve em grande e como defendeu o David Luiz do Chelsea que há-de sempre ser o nosso David “é um grande treinador que devolveu a mística ao clube”. Concordo totalmente com o Vieira quando defende que ele é o treinador certo. Tem erros mas os erros são humanos. Há que segurá-lo. Aprenderá com o tempo. A merda é que desde sábado, as tragédias têm-se sucedido em catadupa. Há que ter coragem, há que ter garra, fé e força.

E ainda falam na maldição do Bela Gutman! O raio desse judeu húngaro foi apenas um treinador que vociferou uma ameaça. Palavras. Palavras leva-as o vento. Nos últimos dias, a maldição pode ser é a dos últimos minutos dos descontos. Mas as maldições matam-se com êxitos.

A diferença entre a família benfiquista e as outras é que esta a escolhemos! Somos nós que queremos pertencer a esta. Somos por vontade, por querer. O que nos distingue de todos os outros adeptos é que nós nunca desistimos. Acreditamos sempre até ao fim. Ainda acredito no campeonato. Posso ser louco que sou, mas acredito. Como acredito muito na taça de Portugal. Sonho muito com esse troféu por ser aquele que é mais alcançável. Queremos muito a taça e iremos saboreá-la como o JJ que sonha ganhá-la por ter memória de a ir ver com o avô quando era miúdo. Queremos ganha-la e nós, que somos Benfica, não estamos tristes, não estamos abatidos, estamos sim esperançados e convictos de que podemos. Caso não a ganhemos não é o fim mas antes a esperança renovada em que poderemos alcança-la no futuro. O Benfiquista nunca desiste.

Como disse um adepto à reportagem: “é nas derrotas que podemos ver quem é verdadeiramente benfiquista”. Nas vitórias é fácil. Os verdadeiros, os bons estão cá nos maus momentos a acalentar, a dar aconchego e esperança como os que esperaram ontem a equipa no aeroporto.

BENFICA SEMPRE! BENFICA ATÉ MORRER!


Uma nota final para felicitar o Grupo Desportivo Arenense pela iniciativa de colocar uma tela gratuita na sua sala principal para que os sócios e interessados pudessem ver este jogo. Uma iniciativa que se vai repetir na final da liga dos campeões e na taça de Portugal. Uma tela gigante que que não é mais que um tecido esticado que recebe as imagens de um projetor emprestado. Uma medida económica mas muito inteligente. Parabéns ao nosso presidente Luís Barradas e a toda a sua direcção, da qual também faço parte! Falar verdade não é puxar pelos galões. Mas como não me envergonho de nada do que faço, aqui até me orgulho. Sou um 2º secretário, um cargo pequenino, mas sou! Também trabalhei para a legalização da sede e também apareço nas fotos do jornal Alto Alentejo, no artigo que escrevi para que a memória futura não esqueça quem esteve por trás deste importante acto. Vê-se pouco e mal porque a fotografia foi tirada pelo meu telemóvel, pela minha querida cunhada Paula Lança mas eu sei que lá estou e isso é que interessa. Viva o Grupo Desportivo Arenense! Já agora e porque vem a talho de foice: Viva o Benfica!

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Depois do fim. Renascer. Outra vez.




Tenho de vos reconhecer que apesar das minhas quarenta primaveras, ainda há coisas que não consegui aprender na vida. Há coisas para as quais eu sou burro. Mesmo burro! Uma delas é que não poderei dizer nunca. Não é seguro dizer que desta água não beberei.

Isso aconteceu quando quis matar o blogue.

Voltou a acontecer no último texto que publiquei quando disse que nunca mais sofreria pelo Benfica. Que a partir da última derrota seria apenas simpatizante. Mentiroso. Falso. Charlatão. Louco a enganar-se a si próprio. Meu Deus… estava tão louco que até disse bem do Pinto da Costa, esse malvado. Estava louco e senil mas tudo se explica porque estava mesmo muito sofrido. Aquela derrota por 2-1 marcada por um golo nos descontos finais, doeu demais. Foi a derrota mais dura em toda a minha vida. Estava muito magoado. Estava destroçado.

Naquela noite não fui capaz de falar mais nada com ninguém. Nem opinar, nem comentar, nem sequer ouvir. O Jesus ficou de joelhos. Eu fiquei pior. Eu fiquei de rastos. Não me enfiei pela terra adentro porque não consegui mas bem tentei. Foi terrível. Mesmo muito terrível. Uma catástrofe pretinha de cabelo rapado e crista, a grande filha da puta da catástrofe! Uma desgraça como o pangaião do Roderick Miranda (que tem um nome tão foleiro como o jogador que é) que nem sequer foi capaz de esticar a merda da perna. Por mais anos que viva, nunca se há-de apagar da memória.

Mas… o Benfica é mais forte que eu! Não consigo deixar de gostar. Não consigo deixar de amar o Benfica! Sou como aqueles alcoólicos que estão muito certinhos, muito bem, muito regenerados mas assim que chegam a um balcão… pedem uma mini em vez de um sumo ou uma água. O amor explica-se. O amor percebe-se. O amor é racional. A paixão não. A paixão é loucura. Nós sabemos que pode não ser correcta. Nós sabemos que pode fazer mal. A gente sabe mas gosta e isso é bom. MMuuuuuuiiiiiito bom. 

O que vale é que há pessoas que me conhecem melhor que eu próprio. Como é o caso do meu irmão (pelo casamento) Bonito Dias ou o meu grande amigo Francisco Serôdio ou o meu grande amigo Pedro Silvério que comentaram o texto no facebook e minimizaram o meu sentir exacerbado. Conhecem-me melhor que eu próprio. Ontem já comentei o caso com o meu amigo e primo João Bengala quando fui buscar a minha Alice ao infantário: “ai primo, se ainda não leste vai ler que vais ver que a dor foi tanta…”

Agora que penso nisso nem consigo acreditar no que escrevi. Então não é que eu me meti para aqui a dizer que nunca mais vou sofrer pelo Benfica? Que estou curado? Meu Deus… Que tonto e inconsciente fui. Ontem ainda pensei: “tanta picuinhice e às tantas escrevo já na 5ª feira, se ganharmos a liga Europa...”

Na quinta-feira?!?!?!?!? Penso agora?!?!?!?!? Eu não sou capaz de aguentar tanto tempo! Eu escrevo é já hoje e agora!


Há pessoas que me conhecem melhor que eu a mim próprio que são boas. Há outras que me conhecem melhor que a mim próprio e que nisto do futebol são más como o velhaco do meu irmão Miguel que é velhaco como o diabo de tão lagarto que é. O meu irmão que haveria sempre de querer o meu bem e me amar como o estimo a ele, aproveitou logo a minha fraqueza e respondeu-me no facebook da seguinte forma:


Eu sei que é duro. Aliás, se o golo do Kelvin fosse ilegal tinha sido em tudo como este campeonato.  
http://www.youtube.com/watch?v=QBPYcZ57KkY


com a devida explicação .




Ora eu, Pedro Sobreiro sei que esta derrota lhe há-de estar atravessada toda a vida e reconheço que tem razão. Passados estes anos todos, tenho de lha dar se é que não lha dei logo naquela altura, coisa que eu duvido muito (dito assim baixinho e à voz pequenina. Pchiiuuu...)


Já que falamos nisso, na minha humilde opinião, os portistas são de dois tipos:

Portista do tipo 1 –raríssimo no sul do país, abaixo do rio Douro, ou seja Marrocos como lhe chama o bronco do Pinto da Costa que nos considera a todos os que vivemos a sul dessa linha do Douro como sendo de outro país. Este tipo 1 é daqueles que são do Futebol Clube do Porto desde sempre porque têm ali as suas origens ou família. Esses portistas merecem o meu respeito porque são autênticos. O Miguel Sousa Tavares que respeito e admiro muitíssimo é assim: nasceu no Porto, a 25 de Junho de 1952. O Rui Moreira, candidato independente à câmara do Porto que eu muito admiro e que nasceu no Porto quatro anos depois é outro. Mas há mais nomes de portistas que aprendi a admirar: o Fernando Gomes que foi presidente da câmara e fez frente ao facínora do papa do norte, o Jaime Pacheco que não é nascido no Porto mas é lá do norte e muitos mais nomes. Gosto. Admiro. Grau de respeito meu pelo tipo 1 de portista: muito elevado.  

Portista do tipo 2 - muito frequente aqui pelas nossas paragens e geral em quase todos os portistas que conheço: pessoas que são do Futebol Clube do Porto por interesse, porque o Porto vencia muitas vezes. É o tipo mais comum e o mais grave. Pessoas que são do Futebol Clube do Porto porque são vira-casacas. Eram do Benfica, do Sporting ou doutro qualquer e mudaram-se para o que ganhava mais. Adoro vê-los a gabarem-se. Todos os que conheço são deste tipo. Se houver algum que consiga provar que esteja enganado, que me diga e eu peço desculpa. Sem problemas. Saber pedir desculpa não é vergonha nenhuma. Agora já sabem a minha posição e porque é que eu vos trato assim: com alguma GRANDE INDIFERENÇA. Grau de veracidade: ZERO. Mudar por interesse não é coisa que me agrade nada. Uma coisa é ser-se de um clube porque ganha. Tudo certo aí. Outra é mudar-se para o que ganha. Não tem nível.

Pois eu, meus amigos, reconheço-vos que sou um benfiquista um pouco estranho: simpatizo imenso com o Sporting. Tem razão de ser. O meu pai era grande sportinguista, o meu irmão é sócio do Sporting de tão sportinguista que é, a minha madrinha é do Sporting, a minha tia paterna de quem sou muito próximo é do Sporting, os meus sobrinhos são do Sporting e é uma delícia ver o mais pequenito Afonso de apenas 1 ano a trautear e a dançar as músicas da Juve Leo que o maluco do meu irmão lhe canta, como vi há dias. A minha família era quase toda do Sporting mas numa família assim alguém tinha de ver a Luz, alguém tinha de estar certo e não ser a ovelha negra mas antes a ovelha vermelhinha, tão linda! Dinheiro que me quiseram dar… Tanto que eles me tentaram comprar para ser do Sporting. Quando nos deslocávamos à Covilhã visitar a minha família, onde todos eram do Sporting (primos, tios e tudo) era um verdadeiro massacre de influência leolina. Mas eu já era vermelho como o sangue. Já era do clube que era também o clube de muitos dos meus amigos de então. Já era do Benfica do magnífico Chalana, do Humberto Coelho, do Alves, do Pietra, do Carlos Manuel, do Shéu, do Toni, do Néné, meu Deus, do Néné! Sempre fui do Benfica!

Realmente, como me disseram no facebook em relação ao meu último texto, o Benfica é para mim uma paixão. As paixões não se apagam assim como eu quis no último texto. As paixões não são tão fortes como o amor que é puro e verdadeiro. O amor é cerebral. Eu sou da opinião que o amor é mais cerebral que emocional. A paixão é que é completamente do domínio emocional. As paixões são uma variante da loucura. As paixões são de um território onde a razão manda pouco. O fusível da paixão apaga o sensor da razão. Nós sabemos que está errado, nós sabemos que não está correto, sabemos que nos entregamos demais, que não é racional… mas é bom. È tãããão bom. E não é proibido. Se nos faz felizes e não magoa quem amamos, é bom.

Como diz o íman que tenho sempre no frigorífico: “Um homem troca de coração, muda de médico, troca de partido, muda de nome, troca de carro, muda de casa, mude de religião, troca de mulher, muda até de sexo… mas não troca nem muda de clube. Um homem e vive e morre BENFIQUISTA”. Mai nada! é mesmo assim que eu sou. Este íman é mesmo com’a mim!

Por isso, amanhã lá estarei no meu Grupo Desportivo Arenense, clube da minha terra, a torcer e a vibrar com o meu Benfica em tela gigante. Com a minha camisola do Benfica vestida. Com a camisola mais valiosa das várias que tenho do glorioso, com a que me foi oferecida pelos meus queridos amigos quando estava internado no hospital de Portalegre. Visto-a com mais orgulho que se me tivesse sido oferecida pelo próprio Eusébio.

Amanhã, pelas razões que aqui deixei da última vez, não peço a Deus que ganhe o Benfica. Amanhã peço aos donos do jogo, à sorte do jogo que ganhe o melhor e que esse melhor seja o Benfica. Oxalá vos escreva outra vez sobre isto!

domingo, 12 de maio de 2013

O meu adeus ao futebol


Na universidade, quando nos querem ensinar a ser jornalistas, ensinam-nos que uma imagem nunca pode significar mais de mil palavras. Nesta discordo em absoluto. Por mais que se diga, não se conta.


Passadas algumas horas, depois de uma noite tranquila de sono, parece-me que já sou capaz de pensar, de raciocinar, de meter os neurónios a funcionar. Porra, aquilo ontem foi duro demais! Foi um golpe tremendo… Foi trágico e repentino. Depois de sofrer um autogolo (marcado por um dos nossos na própria baliza), perder com um golo no último minuto, na última jogada do jogo, já nos descontos, foi duro demais! Pior ainda do que as minhas piores previsões que imaginavam um Porto avassalador, com um futebol estonteante. Duro demais para ser verdade! Impossível de acreditar. Quando o apitou final soou, eu perdi o pio. Literalmente.


Perdi o pio mas ainda tive o pio suficiente para dar os parabéns aos dois portistas de quem sou amigo há muitos anos e estavam a assistir ao jogo em silêncio no mesmo restaurante. Tive o pio para dar os parabéns a um outro portista de quem sou muito amigo e encontrei no caminho para casa. Ele queria mais conversa mas essa não lha dei. Dei-lhe os cumprimentos, fui educado e ponto. Tive ainda o pio para dar os parabéns pela vitória e pelo campeonato via sms a um outro amigo de infância que me enviou uma mensagem para o telemóvel nessa noite. A vingança é um prato que se come frio e eu, como todos os benfiquistas, falei cedo demais. Foi uma bofetada muito bem dada. A sorte premiou quem quis mais vencer o jogo. A sorte esteve do seu lado porque quiseram sempre vencer, tiveram sempre os olhos na baliza, nunca desistiram, conseguiram desmontar a estratégia de quem pensava ter tudo controlado. Nem foi o árbitro, nem foram as artimanhas que eram o que eu temia. Foram melhores. Mesmo que isso fosse apenas visível em dois lances: um por culpa deles e outro por acaso. Mas foram melhores e mereceram!


Fui ver o jogo com uns amigos benfiquistas no restaurante do amigo e grande benfiquista JJ Videira. Quando aquilo chegou ao fim não fui capaz de ouvir comentários, nem análises, nem nada! Pedi desculpa por me retirar, meti-me no carro e vim em silêncio até casa e no mesmo silêncio me enfiei na cama. Eles ficaram todos muito preocupados comigo, que viríamos todos juntos, quem me viriam cá trazer. Eu percebi a sua preocupação pelo meu passado naquela estrada, naquele trajeto. Tranquilizei-os, garanti-lhes que viria nas calmas e lhes mandaria uma mensagem quando chegasse ao destino, como aconteceu. Eu estava como o Jorge Jesus ficou, quando viu a bola entrar e tinha o jogo, o resultado e o campeonato na mão, fiquei de joelhos. Esperemos que perca também o lugar de treinador porque mais um ano a ver o campeonato voar é demais. Vim tranquilo e fiquei tranquilo. Doído mas inteiro. Aquilo é apenas um clube de futebol. Por mais que me custe: é apenas um clube de futebol.


Com esta idade toda, com 40 anos que vou fazer já em Junho, ainda aprendo. Hei-de aprender sempre, até ao dia em que deixar de respirar. Ontem aprendi duas lições importantes. Duras de aprender mas importantes.


A primeira lição é que a fé é como a liberdade. Mais ou menos. Com uma ligeira variação. Da liberdade aprendi, sei e defendo que a nossa liberdade acaba onde começa a dos outros. Respeito é a palavra de ordem. A fé é mais ou menos assim. Pode juntar-se à dos outros (que faz uma força poderosa como acontece em Fátima) mas a fé pode não funcionar quando choca com a fé dos outros. A ver se me consigo explicar: quando estive em coma, sei que a fé da minha família e dos meus amigos, em que viria a recuperar foi determinante. Foi importante também porque numa noite em que muitas pessoas encheram a igreja de Nossa Senhora do Carmo da Beirã para rezarem o terço por mim, eu acordei do sono da coma. Coincidência, poderão pensar os mais cépticos. Eu defendo que foi algo mais. Mas a fé dessas pessoas não iria chocar com a fé de ninguém que pudesse ter fé que eu ficasse mal ou não recuperasse! Outra coisa já é quando a nossa fé quer coisas que a fé dos outros também quer. Um dos amigos que estava ontem a jantar comigo levou o filho, um miúdo pequenito que deverá ter uns 7 anitos ou por aí. Nos minutos finais, o pequeno, muito engraçado, fartava-se de rezar com as mãos em prece e tudo. Rezava para que o Benfica não sofresse um golo e não perdesse. Pensando nisso, perguntei-me: quantas crianças do FCP estariam a fazer o mesmo para que o seu clube marcasse um golo? E quantos adultos? As fés podem competir? E quem ganha aí? Quem tem mais fé?


Mas quererei eu dizer com isto que não vale a pena ter fé? Que já não acredito em nada? Não! Eu chamo-lhe Deus mas é o nome que eu dou ao capataz do mundo, ao chefão disto tudo. Alguém que não tem cara, nem corpo, mas é uma força que tudo regulamenta e domina. O mundo é tão complexo, tem tanta coisa que certamente haverá uma força que regula tudo. O tempo, os elementos… tudo! Eu acredito nisso e é a essa força que rezo, que peço aquilo em que acredito e quero. A saúde dos meus, o bem estar dos meus, a felicidade dos meus sendo os meus: a família e os amigos. Peço por isso com convicção do bem. Pelo Benfica, como pedi anteontem, não irei pedir nunca mais na vida pelas razões que aqui descrevo, disso vos garanto. Essa foi a primeira lição.


A segunda lição é que posso continuar a ser do Benfica. Simpatizante do Benfica. Mas sócio capaz de mandar para lá dinheiro para aquela corja nunca mais! Doente como fui até ontem, nunca mais! Ontem foi um dia para mim decisivo. Já tive outros dias de resoluções assim importantes: deixei de fumar de um dia para o outro, numa resolução de ano novo, quando em 31 de Dezembro de 2001 tinha nascido a minha primeira filha Leonor há dias. Essa data ficou. Esta também vai ficar: 11 de Maio, dois dias antes do 13 de Maio Da outra vez larguei os cigarros. Ontem larguei o Benfica. A ligação não era cerebral. Antes era emocional e tem de acabar. Sofrer pelo clube nunca mais! Pela família e pelos amigos sim. Pelo clube não! Ontem já muitos avançavam em conversa para outros campos mas: EU QUERO LÁ SABER SE O BENFICA GANHA A LIGA EUROPA! QUERO LÁ SABER! Posso ver o jogo mas não vibro. Isso era dantes! Agora, se até o Pinto da Costa desejou que o Benfica conquistasse esse troféu nas declarações que fez ontem à noite e bem, muito bem da parte dele (e agora que não sou tão cego do Benfica tiro-lhe o chapéu e até já simpatizo com o homem, coisa que era impossível acontecer no passado!), eu também gostava que a taça da liga europa viesse para Portugal. Mas não vou sofrer por isso! E caravanas pela bola nunca mais! Eu sou mesmo é da minha família e dos meus amigos, dos que me são queridos. Do resto, ninguém mete em mim o ferro da marca. Nem o futebol, nem a política. Eu sou daquilo que quero ser e da forma que eu quero ser. Quando fui eleito vereador pelo PSD decidi, após ter ganho as eleições, tornar-me militante. Era uma forma de agradecer aquilo que o partido tinha feito por mim e como sempre gostei do Sá Carneiro e da sua visão, achei por bem. Achei por bem mas já nem pago as quotas, já nem voto no partido. Raio que os parta! Eu sou dono de mim e quem tem o prazer de ter a anilha em mim é só a minha Cristina. Quanto ao resto, continuo rebelde e selvagem. Livre! Eu sou livre! A liberdade que é o maior valor de todos, maior que o amor até, reina em mim. Viva a liberdade!


Eu sei que neste blogue o “nunca mais!” à luz dos últimos acontecimentos tem pouco valor para os leitores. Mas é pouco provável, digamos assim, que vejam aqui mais textos sobre o Benfica. Podem surgir sobre futebol mas com fervor de doença benfiquista, não esperem mais. Estou vacinado. Fiquei ontem. E olhem que a pica doeu! J