quarta-feira, 30 de junho de 2010

Flamenco e fado

O vosso salero, a nossa desgraça

Eu sei que dói, mas a verdade é que perdemos bem.

A Espanha mereceu ganhar e seguir em frente na competição. Foram mais ousados, mais convincentes, mais “raçudos”. Arriscaram mais, jogaram melhor, deixaram tudo em campo e a sorte sorriu-lhes até mesmo quando o joelho de Puyol quase nos deu a todos mais uma prova inequívoca do brilhantismo da inteligência do Professor Queiroz.

Tiveram engenho, tiveram paciência, tiveram arte e saber. Foram lestos, foram manhosos, foram uns justos vencedores.

Apesar de poder ser acusado de estar armado em Zandinga depois do desfecho dos acontecimentos, não posso deixar de dizer que assim que vi as caras dos jogadores no túnel antes da entrada em campo, pensei logo que a coisa ia correr mal. Os espanhóis de rostos cerrados, expressão dura, concentração máxima. Os portugueses (sobretudo Ronaldo) sorridentes, descontraídos com a confiança no nível máximo. Pastilha elástica, portanto.

O sentimento repetiu-se no momento da saudação após os hinos. Os nossos sempre sorrir, a desfazerem-se em abraço e amabilidades, inclinados sobre o corpo dos colegas de equipas e amigos de outras andanças. Os outros firmes e hirtos na formatura.

Nos primeiros 6 minutos, os espanhóis já tinham rematado à baliza por 3 vezes, sempre com perigo. Não tivéssemos nós Eduardo e a pintura tinha borrado logo ali. Depois foram gerindo a partida sem nunca deixar de nos terem dominados. Por vezes davam-nos terreno para poderem “jogar nas costas”, doutras vezes apertavam até à área, sobretudo pelo flanco esquerdo, para tentar dar a estocada final numa das diagonais de Xavi ou Iniesta teleguiadas para os pés do mortífero Villa. Quem acompanha o futebol espanhol sabia que mais cedo ou mais tarde, uma delas haveria de resultar. Tantas vezes a bilha (Villa?) vai à fonte…

Tinha de ser ele! Pode haver no mundo espanhol mais espanholorro que este? É a pinta… o cabelo, a fisionomia, a forma de correr, a “mosca” tareca no queixo, a maneira como comemora os golos. Este não engana…

Dos “navegantes”, para além de Coentrão e de Eduardo, pouco ou nada se aproveitou.

Coentrão esteve uma vez mais magistral, ao seu melhor nível. Adeus e boa sorte, rapaz! Já sei que te vou perder... Bem podes mandar fazer um altar na tua nova mansão de Munique ao Jorge Jesus. Foi mais que teu pai. Fez de ti um Senhor jogador, e dele um vidente ao vaticinar que haverias de ser um dos melhores da Europa.

As lágrimas de Eduardo hão-de ficar para a história como as do rei Eusébio ou as de Rui Costa. Foi ele quem mais fez por defender a honra das redes e do orgulho nacional. O que eu dava para ver este homem vestido de vermelho… Sempre seguro, sempre confiante, sempre altivo e disponível. Uma classe! Deu-me vontade de o abraçar e de lhe dizer que pena terem sido em vão, essas lágrimas que deixou cair na camisola das quinas. Que lhe reste a consolação de ter sido o melhor. Como disse o grande Pessoa: “vale sempre a pena, quando a alma não é pequena”. A dele, transmontana, é do tamanho do nosso país. És grande!

Os centrais também não foram dos que saíram pior na fotografia. Carvalho e Alves cumpriram. Não com distinção mas safaram-se na oral.

De resto, como digo, nada de nada. Assim de cabeça e sem ordem que não a da lembrança… Simão zero à esquerda desde o primeiríssimo segundo de jogo, Liedson e Danny zero (excelentes substituições) e o resto tudo a tremer, com Ricardo Costa na frente, todo rebentado.
De Ronaldo nem uma palavra. Uma puta histérica e mimada. Melhor do Mundo? Só se for na Playstation. Devia pedir desculpa pela triste figura que exibiu. Ketchup fora da validade...

De nada valeu a Pepe cantar o hino com tanta emoção. O sorriso displicente com que se despediu dos seus colegas do Madrid no final do jogo disse tudo. Para mim foi uma revelação. Mudei de opinião. Prontos! Nunca mais digo a quem me diz que não gosta dos brasileiros naturalizados que são cidadãos de pleno direito e por isso mesmo podem fazer parte da selecção nacional. Tornei-me politicamente incorrecto. Eles não sentem o país, logo, se tiverem que jogar, que joguem nos deles. Boleias, não! Nunca mais! Mude-se então a constituição e onde diz que só não podem ser Presidentes da República, coloque-se uma adenda dizendo que jogar à bola em representação do país também não. E eu quero lá saber se os alemães têm um Cacau que é escurinho e tudo! Mudei e acabou! Mudei para melhor.

Portugal caiu perante a Espanha. Não com estrondo mas com desilusão. Portugal caiu mais uma vez. Nada de novo. Nada que a história não nos tivesse também já ensinado.

Vai um homem a correr para o Campo Pequeno quase esgotado à procura de um ecrã gigante, cerveja fresca e um portuga para dar um abraço e gritar golo em uníssono e sai-lhe uma merda destas…

Não pode haver ironia maior que perder com os espanhóis numa Praça de touros. Pois eu, fiquem sabendo, estive lá.

Hoje de manhã ouvi nas notícias que o Queiroz disse que tem mais dois anos de contrato com a selecção. MEDO! Já ias bem à merda. Não se enxerga… Não há quem meta o homem numa avião para Manchestar com um selo na testa a dizer: “ENTREGAR AO AVÔ FERGUSSON”? Que leve o Madaíl, também. Mal por mal...

Não se poderá fazer uma lei a cancelar a selecção até o Mourinho estar farto de ganhar campeonatos nacionais, taças e ligas dos campeões por clubes?

Vou ali à Sportzone ver se as camisolas já estão em saldo. As brancas não são feias.

sábado, 26 de junho de 2010

Perguntinha de algibeira

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Qual é a pior coisa que uma bebé pode fazer quando está a comer a papa?
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Resposta: Espirrar.


PS: Sobretudo quando está sozinha em casa com o pai, ambos já vestidos para irem jantar fora. Desastre! Quando seca aquilo parece argamassa… por Deus!

A por ellos!


E depois de voar sobre a “canarinha” (com grande rigor táctico, muita concentração mas pouco arrojo) teremos de vencer a Espanha para poder continuar a sonhar.

Na próxima terça-feira espera-nos muito mais que um mero jogo de futebol.

Oxalá saibamos estar à altura da irreverência da nossa história.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

E Santo António marchou (foi preciso força mas marchou!)

Eh... o cartaz não ficou mal...
Se não fosse a crise, ainda montava uma barraquinha destas cenas... Sempre dava mais algum...
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Numa família rancheira nem a mais pequena escapa...















Actuação dos Artistas Unidos a favor do Tibete.
Mr. Sobreiro (Lead vocals, rhythm guitar); Mr. Filipe (Solo guitar); Mr. Gonçalo and Mr. Caldeira ( Rhythm Guitars); Mr. Lança, Mr. Sequeira, Mr. Costa and Mr. Rui (Choirs)



PS: Um bem haja por algumas (quase todas) fotos (cada vez melhores!) do Sr. Barradas, artista multifacetado do Município de Marvão
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segunda-feira, 21 de junho de 2010

De olhitos em bico (Portugal 7 - Coreia do Norte 0)



Costuma-se dizer que não há coisa mais bonita que um gajo saber dar o braço a torcer quando é caso disso.

Eu também era dos cépticos, dos que diziam que não íamos a lado nenhum, que jamais passaríamos a fase de grupos… e com o futebol demonstrado até hoje certamente não erraria muito no prognóstico…

Se ontem houvesse quem defendesse que íamos ganhar aos temíveis coreanos por 7 “secos” não se arriscaria a outra coisa que ser alvo de chacota geral.

É por estas e por outras que eu digo tanta vez que não há coisa mais bela e trágica que o futebol.

E assim, de um dia para o outro… os putos começaram a jogar, os golos começaram a entrar, o Queiroz a saber orientar… tudo a bater certo!

7 a 0 é obra! Chegou uma altura em que pensei que cada bola que lá fosse era golo e era mesmo! Maravilha! Futebol no pé, jogo rápido e entrosado em todo o campo, sem hesitações nem passes falhados, jogadores próximos e apoiados sempre à procura do golo, com alegria e muita vontade… mas quem é que esperava por uma destas?

Bem podia saltar o pãozinho sem sal do nosso Mister. Pudera! Assim… quem é que se atreve agora a piar? Críticos para a toca… Brasil à vista!

E até nisso estamos bem! Apanhamos a “canarinha” folgada, sem precisar de ganhar, a poder descansar os titulares, sem mestre Káká (injustamente expulso) no comando da tripulação… Tudo a favor! Mas mais vale que não descansemos na formatura! Nossos irmãos só não nos “fazem a folha” se não puderem. Quem é que não adoraria enxovalhar os tugas, agora detentores da maior goleada de sempre em fases finais da Copa do Mundo?

Há que lhes dar e com força! Agora é de manter a mesma toada. Se fosse eu que mandasse, havia de lhes passar em vídeo até à exaustão as declarações do bronco do Dunga a dizer que Portugal não passa de um Brasil B. Fosse eu jogador ou treinador e não haveria de descansar enquanto não o fizesse engolir cada sílaba deste abuso. Popeye de meia tijela! Grosseiro! Se eu estivesse lá, havia de tudo fazer para lhe repetir a dose dada aos coreanos e celebrar de joelhos à frente do seu banco, o sétimo golo da cabazada!

Vamos a eles caraças!

Quem é que me tirou daqui a vuvuzela?!?!?

Bbbbbbbbbbbbbrrrrrrrrrrrrrrrrrrruuuuuuuuuuuuuuuuuáááááááááááááááááááááááá!



PS: Tiago sim! Coentrão sim! Miguel não! Deco não! Simão eh!... Estou a ir bem, Professor?

domingo, 20 de junho de 2010

Páscoa em Agosto, Carnaval em Maio

"Caríssimos deputados, a minha proposta de apoio ao carteirismo é coisa séria e merece a vossa superior e particular atenção porque me parece ser da maior justeza que apoiemos uma tradição tão nossa e secular... que a mim pela boca ninguém me leva preso..."

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Enfim, podia ter-lhes dado para pior.

Que por estes dias, o Partido Socialista não passa de uma barcaça desgovernada destinada a ir ao fundo em alto mar já todos nós sabíamos.

Não esperava eu era por um rasgo de génio deste calibre.

Parece que duas deputadas da dita falange engendraram agora um ardiloso mecanismo para acabar com as “pontes”, essa tradição tão portuga que liga os feriados aos fins-de-semana quando há apenas um ou mesmo dois diazinhos pelo meio. As senhoras estas não querem cá mini-férias e “nacionais espertismos” e propondo colar os feriados aos fins-de-semana pretendem salvar a economia portuguesa colocando de novo o nosso país no rumo certo do desenvolvimento.

Não se comemora o dia no dia? Não há problema! Poupa-se, que é o que interessa!

Há cérebros que deveriam ser criopreservados para a posteridade. De certeza que não há máquinas capazes de os estudar actualmente. Hão-de ser inventadas um dia...

Vejo na televisão o deputado Ricardo Rodrigues, carteirista encartado e larápio de serviço do PS (o meu segundo favorito no hemiciclo logo a seguir ao inenarrável Bernardino Soares), a defender a justeza da medida com uma argumentação sólida e bem urdida: “Por exemplo, se o 25 de Abril é o dia da liberdade, não há problema nenhum se o recordarmos a 26”. Brilhante!

Logo a seguir, num outro canal, vejo um jovem entrevistado com uma clarividência fora do normal para a rapaziada da idade, a dizer que discorda completamente da medida precisamente pelo mesmo motivo que eu: “não concordo nada porque se é no dia, é no dia. Se eu faço anos a 12, não os comemoro a 13. Deve ser quando é!”.

Voilá! Nada mais certo! Eu quero lá saber das "pontes"! O que interessa é a data! Se se cumpre um ano, 365 dias de uma data histórica, faz todo o sentido que se existe um feriado para a recordar aconteça nesse dia e não noutro. Elementar, não concordam?

Há coisas que fazem toda a diferença. Quando eu era puto, era comum ver os homens jogarem às cartas à bebida na taberna. Quem perdia, pagava. Nós, que fazíamos tudo para sermos depressa grandes como eles, fazíamos igual e quando eles não estavam, jogávamos também. A bebida paga por quem perdia ia sendo consumida durante a partida seguinte. Na altura era mais Sumóis e Coca-colas mas era assim que se fazia. Havia então um certo individuo que, não lhe apetecendo consumir de imediato, acumulava a verba no balcão e quando chegava à quantia necessária, levava um sumo de litro para casa. Olha porra! Não era a mesma coisa! Que chulice! Aquilo indignava-me mas eu… de bico caladinho que o gajo fazia dois de mim e podia leva a mal, coisa que eu obviamente não queria.

A história esta das meninas do PS é da mesma cepa desta. “Ah, não dá jeito no dia, passamos para um que dê mais!”. É o maior absurdo que eu já ouvi na minha vida mas enfim, parece que o PSD e o CDS têm a mesma opinião. Algo está podre no reino da Dinamarca. Mas esta gentuça não tem mais com que se preocupar?!?!?!?!?!?!

Mais interessante ainda é o requinte selectivo da manobra. Mudam uns mas noutros não dá. É melhor ficarem como estão. Esses têm mesmo que ser nessa data.

“Ai sim? Pergunto eu. Engraçado… Então se é para uns porque é que não é para todos? É que deveria ter muita graça um gajo fazer o jantar de Natal no dia 21 ou comemorar o ano novo no dia 3 de Janeiro. Foda-se que há cá com cada palerma!”.

Mas bem, se estão todos de acordo, à excepção dos comunistas e dos bloquistas, nada mais me resta que alinhar e entrar “à jarda”. Este país é realmente um lugar muito estranho…

Como diria o meu caro gaulês: “Por Toutatis! Estes portugas estão loucos!”.

Eu gosto é do Verão...

Very pleasant... Isn't it?
It's so nice in the Alentejo
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Começa o calor a sério e eu e a minha Leonor estamos sempre onde haja uma pouca de água e uma sombra.
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Tão bom...
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Adivinhem quem ganhou o prémio para a toalha com mais nível?
Tcharaaaaammm! Magnifique!
Adoro a cara de inveja dos putos quando passam por mim.
Isto não é para quem quer, meus! É para quem consegue!
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Informação de nível para o miolo não esturricar...

Ah... pois é! Não há bar? Vai-se ao quiosque que o Sr. Joaquim vende-as tããão fresquinhas...
Chhhhhhhhhhhhhhhh...
Qualidade!

Claro que a minha pequena, que já é a maiorzinha, exigiu que registasse para a posteridade um mergulho como deve de ser




Manel Vaz Guedes. O vigilante, salva-vidas, anfitrião mais cool de todó Portugal. Muito nível. Este rapaz merecia entrar no Baywatch. Aposto que derretia as camones todas. 5 estrelas!

Está a ver, Sr. Professor Aníbal? Eu faço o que o senhor diz. Férias cá dentro são um espectáculo. Então não é bom? É bom dimais!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Saudade

(clicar para aumentar)

Fico sempre arrepiado quando isto me acontece... quando alguém consegue exprimir por palavras algo que também sinto mas nunca fui capaz de expressar assim de forma tão descarnada, de peito aberto.

Teria apenas de mudar a pessoa, a idade e as circunstâncias.

O sentimento, esse, é tão duro e real quanto este.

Eu (por João Pedro Serra Sobreiro)


Uma das coisas que mais me dói é não poder conviver diariamente com pessoas que amo. Passam os dias, os anos e a vida, o trabalho, os afazeres afastam-nos sem que possamos desfrutar uns dos outros.

A digressão da Tertúlia ao Algarve permitiu-me uns minutos deliciosos com o meu afilhado João Pedro que é o pai em ponto pequeno, como eu me lembro dele de sempre. Não me largou um segundo. Brincámos e rimos e a dada altura, entregou-me uma folhinha com um desenho que ele fez de mim.

Derreto-me nos olhos, no sorriso, nos braços abertos e até no cabelo foi generoso.

Chorou agarrado à mãe quando eu saí porque queria vir também.

Já falta pouco para o Verão, amigo. A praia e os gelados prometidos estão quase a chegar.

Quase, quase…

terça-feira, 15 de junho de 2010

Isto está a ficar preto... (Portugal - 0 x Costa do Marfim - 0)

Ó Ronaldo... olha aqui como é que se faz! Deixem passar esta linda brincadeira...

Relatório do jogo: Não jogámos uma beata. Tirando um remate supersónico do Ronaldo ao poste (que só por desgraça não entrou mas já passou a figurar nas imagens de marca deste Mundial), não fizemos ponta.

Belo!

Sugestão aprés match: meter uma vuvuzela gigante nas nalgas do Prof. Queiróz e obrigá-lo a dar voltas ao estádio todo nú a assobiar o “I got a feeling”.
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Já vi palhaços mais engraçados...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

África minha (sonhando contigo...)



Começou o Mundial. Dos 8 jogos já acontecidos apenas falhei um. Ando a papar 3 por dia.

Acho que não existe um outro evento que marque tanto o nosso tempo como um Mundial de futebol. Mais do que os Jogos Olímpicos, uma exposição mundial, as cerimónias dos Óscares, dos Grammies, dos Emmies ou dos Razzies, um Mundial espelha os tempos em que decorre.

Através dos Mundiais recontamos a nossa vida. Os Mundiais são marcos que nos ajudam a recuperar sentimentos e memórias de tudo o que estava à nossa volta então…

Argentina 78 e uma memória fugaz (concedo que pós-construída, afinal tinha 5 anitos) de um Maradona embalado em direcção às redes adversárias, num misto de Speedy González e bala de canhão…

A Espanha 82 do Naranjito e do meu Brasil de sempre com um elenco de luxo (Zico, Sócrates, Falcão…) a cair aos pés de um italiano anão (Paolo Rossi). Lembro-me de me ter trancado na casa-de-banho da minha avó a chorar convulsivamente, mas de tal maneira que ia morrendo engasgado com uma banana que ia mastigando para não desfalecer. A final já não interessou. O pior já tinha passado…

O México 86 de Saltillo e tudo à volta. Um motim na cabine e uma derrota com a Polónia que fez o favor de me estragar as vésperas da festinha dos 13 anos. ..

O Itália 90 e a sempre evitável festa alemã… de penálti, claro…

O Mundial dos States em 94 e o penálti falhado por Baggio. O Brasil de novo campeão. A alegria dos canarinhos e Taffarel rezando aos céus.

O França 98 em que a anfitriã se sagrou campeã e a euforia da consagração numa noite louca em que me encontrava em solo gaulês no regresso de uma visita ao Parlamento Europeu…

O Coreia/Japão de 2002 em que caímos de olhos em bico em homenagem aos da casa…

A Alemanha de todos os sonhos em 2006… quando cilindrámos holandeses e ingleses para nos prostrarmos de novo aos pés dos franceses, acabando por ser enxotados do 3º lugar pelos alemães. Saindo pela porta do cavalo…

Desta vez lá estamos de novo, dizem eles que dispostos a tudo mas o meu feeling… não é lá grande coisa. As dificuldades que tivemos em qualificar-nos, as mais que discutíveis opções de casting, a falta de chama e de poder de concretização, o poderio das selecções adversárias no nosso grupo… colocam-me no lado dos cépticos. Oxalá me engane, mas…

Aconteça o que acontecer, a verdade é que o Mundial não se esgota na nossa selecção. Se alguma coisa correr mal, a gente muda-se para outra selecção com que simpatizemos, seja porque tem jogadores do nosso clube ou pura e simplesmente porque delas sempre gostámos. Como digo, sejam canarinhos, argentinos ou ingleses, a malta quer é vibrar com o jogo porque é disso que se trata. Eu sou gajo até para torcer pelos espanhóis na final, se não tiver outro remédio…

O Mundial começou e eu vejo os jogos refastelado na minha sala, numa televisão que não é Full HD, nem tem 3D, nem nada dessas modernices mas dá para viver a coisa com paixão. Enquanto vejo os jogos vou-me entretendo com as minhas filhas, vou lendo, dando piscadelas ao computador, treinando violão sempre com os olhos no ecrã e fazendo muitas coisas boas mas o que eu gostava mesmo era de estar lá. Lá, na África do Sul, quase no fundo da terra onde os portugas dobraram o Cabo que todos temiam. Lá no meio da multidão, dançando com as pretas de fatos coloridos, fazendo macumbas, abraçando adeptos chegados de todas as partes do mundo, celebrando o futebol como fenómeno planetário que é muito mais que um jogo, muito mais que uma cultura, que é uma autêntica forma de vida.

E nem o barulho ensurdecedor dos milhões de abomináveis vuvuzelas me poderiam dali espantar. Eu gostava de correr de estádio em estádio, de ver os jogos todos, de estar na final e fazer uma festa independentemente do vencedor. Trocar camisolas e sorrisos, sentimentos e emoções, viver a magia de algo que é único e tremendamente belo.

A África do Sul pode estar longe demais para mim. Vale-me o consolo de saber que estou lá de cada vez que carrego no botãozinho do comando e à noite, quando fecho os olhos e faço por sonhar com estádios cheínhos de gente.
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Já agora… não havia necessidade. Olha a foto que me foram tirar com o homem, o pobre, que está quase letárgico. Parecem putos do liceu no zoológico junto ao panda. Valha-me Deus...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Desvia-te! Olhó Buraco!


Todos concordarão comigo quando digo que o Turismo é um sector estratégico para o desenvolvimento de Marvão.

É isso que me leva a ver com os melhores olhos toda e qualquer iniciativa que vise a promoção turística do concelho.

E é também por isso que me choca que haja quem não compreenda que o estado de desleixo em que se encontra a Estrada Nacional 359 (sobretudo o troço entre o Jardim e a vila) é todo propositado. Ora digam cá, o que é que tem mais piada? Trazer os miúdos para visitar um castelo de verdade chegando por uma estrada toda lisinha ou viajar por sua conta e risco, rumo ao desconhecido, numa toda esburacada, sabendo que se caírem num desses muitos buracos estrategicamente colocados correm o risco de morrer à fome no fundo de um sem que ninguém dê por nada? Pelo amor de Deus… Turismo de Aventura, rapaziada! Abram a pestana!

Se o tapete estivesse em condições e o asfalto fosse compacto, as crias adormeciam no banco de trás, aborreciam-se, pediam acção! Assim… é um gosto vê-los subir a encosta de olhitos arregalados, aos gritos de alegria de cada vez que o papá foge ao destino e finta mais um de boca escancarada.

Depois, há sempre a possibilidade da viatura sofrer um amasso… rebentar um pneu, lixar uma jante, fornicar um amortecedor… o que pode parecer algo aborrecido e dispendioso, sobretudo nestes tempos de crise, mas que depois causa grande frisson no regresso à urbe e ajuda a criar a aura de aventureiro à volta de todo e qualquer membro do agregado... dos mais piquenos no pátio da escola, dos papás no bar da empresa durante o coffee break, ou até mesmo do avôzinho durante os jogos de sueca na Alameda com os coleguinhas reformados. Coisa de VIP!

É certo que os indígenas, digo, os habitantes, nem sempre compreendem a eficácia da coisa mas esses também não têm que saber tudo. Olha… que vejam televisão e se entretenham com outras coisas.

Eu, que nem sou grande adepto de desportos motorizados, já dou por mim a sonhar acordado com uma etapa do Dakar com escala na Fonte da Pipa!

VVVVVVVVVvruuuuuuuuuuuuuuuummmmmmmmmmmmm!

Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!

Saiam da freeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeennnnnnnteeeeeeeeeeeeeee!



Zona de espectáculo 1

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Este desnívelzinho fica um pouco mais abaixo, junto ao Lagar da Abegoa, mas já é outra grande promessa do automobilismo radical do concelho. Está em testes há meses e já se pode dizer que funciona na perfeição, sobretudo quando se cruzam dois bólides ao mesmo tempo e o que vem subindo a encosta tem de abrandar bruscamente ou corre o risco de levantar voo. Espectáculo! Está genial! Muito bom! Requer grande perícia e vale 100 pontos caso a prova seja superada. Um must!