domingo, 30 de agosto de 2009

Up (A vida por um fio… suspensa… em balões coloridos)


Fomos todos três, em família, ver a última coqueluche da Pixar, numa das moderníssimas salas UCI do gigante comercial Dolce Vita Tejo.

Vinte e tal euros por 3 bilhetes. É obra! Depois queixam-se da pirataria… A piquena da bilheteira deve ter notado o meu espanto (já não ia a salas grandes há algum tempo) e, sem eu o pedir, justificou-se com a cópia imaculada em Disney Digital a 3 dimensões e os óculos de oferta e…

Que se amole! Vamos a isso que o programinha há muito que estava planeado.
E que programa…

Devo começar por confessar que sou um fã devoto da Pixar, desde o primeiríssimo filme, quando ainda era uma pequena companhia independente, bem longe dos tempos actuais em que é a ponta-de-lança indiscutível e figura de proa do império Disney.

Tenho todos os filmes em dvd, religiosamente arquivados em minha casa, em edições de coleccionador.

De todos eles, a dupla “Toy Story 1 e 2” e o arrebatador “Monstros e Companhia” brilham desde o primeiro visionamento na minha lista de filmes favoritos, ao lado dos Tarantinescos “Pulp Fiction” e “Reservoir Dogs”, do “Drácula” do Coppola, do “Silêncio dos Inocentes”, do “Seven” do Fincher, de toda a galeria “Burtoniana” e “Kubrikana”, dos “Padrinhos”, do “Blade Runner” , do “Era uma vez na América”, do “Cinema Paraíso”, do “Apocalipse Now”, do “Taxi Driver”… enfim… dos 50 mais, chamemos-lhe assim.

Achei “Finding Nemo” um pouquinho forçado, “Os Incríveis” pouco imaginativos, o “Ratatouille” apenas interessante… mas ainda assim sei que quando tema é a Pixar, a fasquia é sempre altíssima e pode-se sempre esperar o melhor.

O que eu não sabia era que mesmo esperando o melhor, me poderia acontecer isto.

Uma amiga já me tinha falado no avassalamento que isto me podia causar e eu não quero levantar já as expectativas mas há uma coisa que eu tenho de dizer: este filme é a derradeira experiência cinematográfica. É, literalmente, O FILME.

E não me refiro ao cinema de animação. Refiro-me AO CINEMA, a maior de todas as artes, a que congrega todas as outras, a todos os milhares de horas de histórias que me passaram pela frente dos olhos.

Há géneros e estilos que não se podem comparar, eu sei, mas este tesouro com perto de duas horas é muito mais que um filme, é uma cápsula que concentra tudo o que é a vida. O amor, a amizade, a perda, o sofrimento, a alegria, a compaixão, a raiva, o medo, a glória… tudo aquilo que um ser vivo pode experimentar desde que enche pela primeira vez os pulmões de ar até ao último estertor, está aqui. E de uma forma tão inteligente, tão subtil, tão magistral que é de deixar qualquer um arrasado.

A mim arrebatou-me pelo coração e não mais me largou. Foi uma emoção… uma coisa tão grande e tão cheia do princípio ao fim que eu nem sei…

Já me tinha acontecido muita vez, mas desta maneira… não tem explicação possível.

Duas horas de lágrimas e gargalhadas e tanta, tanta, tanta, mas tanta coisa para pensar…

Toda a gente deveria de ver este filme. De preferência a sós, sem mais ninguém a ver e tentar aprender a verdadeira lição que nos quer ensinar.

Absolutamente genial e mais não digo.

Tem comédia, tem drama, tem acção vertiginosa (o miúdo ao meu lado dizia a certa altura ao pai: “agora já estou com medo…”), tem tudo! Este filme tem o cinema todo dentro.

Um assombro.

Uma relíquia do primeiro ao último segundo.

Poder ser contemporâneo da maior fábrica de sonhos do mundo e desfrutar da sua magia é algo único.

Façam-se um favor: “Não percam isto!”.

(De preferência numa sala como deve de ser, que suporte a tecnologia 3d, com som surround e todas as comodidades. Nada de sacar isto da net ou comprar cópias no mercado ou no chinês. As experiências religiosas só acontecem nas condições ideais).

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Johnny B Goode!


Eu tenho um amigo, um colega, um colaborador que me chama excêntrico e eu acho o máximo. O Vereador excêntrico...

Há dias disse-lhe que numa destas noites, acordei a pensar que no Al Mossassa deste ano vou decorar a parte alta de Marvão com muitas palmeiras alugadas. Só as palmeiras podem dar o ar exótico que há tanto procuro para este evento islâmico. E disse-me ele: “estás a brincar?!?!?”. E eu respondi: “claro que não! Nunca falei tão a sério”. E ele arrematou: “estão a ver? É excêntrico!”.

Pensando bem, é muito melhor tratarem-nos por excêntricos do que chamarem-nos malucos.
O excêntrico é o topo de gama dos malucos.

De todos os que têm a coragem de pensar pela sua cabeça e desafiar, na sua busca pela felicidade, aquilo que nos é tanta vezes irracionalmente imposto pela dita sociedade, o excêntrico destaca-se sempre pela lucidez no arrojo das suas propostas.

Para além disso, há nos saudáveis devaneios de um excêntrico, uma nobreza que não é extensível aos restantes.

Se realmente for caso disso… eu gosto de ser excêntrico.

As primeiras excêntricas que eu conheci foram as primas Rosadas. Nunca percebi porque é que lhes chamavam primas mas de tanto insistirem, acabei por assumir o parentesco nem que fosse pelo fascínio das suas figuras. As primas Rosadas eram três irmãs que viviam na minha Beirã natal quando eu era bem puto, numa casa nas traseiras da estação. Só as via quando iam à missa ao domingo. Vinham as primas Rosadas e lá ia eu dar o beijinho da praxe.

Nesse então, já deviam ter para aí uns trezentos anos cada uma mas vestiam-se sempre como se fossem ao último baile de gala antes do mundo acabar. Sempre com três camadas de maquilhagem, vestidos bem floridos de cores garridas, leques também às flores na proporção de um para cada uma, chapéus da melhor linhagem Ascot e sempre as três de braço dado… eram um fenómeno único naquela terra. Finíssimas! De uma linhagem que se via que era outra loiça… mas pareciam saídas do “Por favor não me mordam o pescoço” do Polanski, ou de um vídeo dos primeiros do Prince e eu adorava as figuras. Depois acho que uma faleceu e as outras pouco tempo mais duraram, o que acabou por adensar a sua aura mística.

Se eu pensar que o seu legado de excentricidade vive em mim, fico feliz.

Mas bem, perguntam vocês: “o que é que as primas Rosadas têm a ver com o Chuck Berry?”. E eu respondo: “Tudo!”.

Andava eu numas pesquisas na net acerca de uma das minhas próximas excentricidades, quando dei com uns vídeos que tenho de partilhar com vocês, pequenada, porque eu rebento se guardar isto só para mim.

Eu acho que a internet é uma das maiores, se não a maior invenção do homem. A internet fez o mundo pequeno. A internet faz-nos interagir em tempo real com um canguru do outro lado do planeta via Messenger. A internet aproxima as pessoas. A internet faz-nos encontrar os amigos, estar sempre próximos via mail. A internet suporta televisão, vídeo, imagens… A internet dá-nos a cultura, toda a música, todo o cinema com só um clique. A internet democratizou o conhecimento. Se McLuhan disse que “o conhecimento moderno não é o memorizado mas aquele a que podemos aceder”, com a internet todos nós podemos ser sábios.

Coisas que ela nos dá…

Voltando, andava eu há procura de um vídeo quando começaram a cair réplicas e réplicas e caminhos e uma coisa que não tem fim.

A saber…

O Chuck Berry é considerado um dos pais do “Rock’n’Roll”, estilo musical nascido nos inevitáveis Estados Unidos nos finais dos anos 50, de um cruzamento divino entre os blues, o rithm’n’blues e o country. Curiosamente, o homem ainda é vivo provando que Deus é grande e não dorme. A expressão faz alusão ao próprio acto sexual: duro como uma pedra (rock), rolando em busca do prazer (roll).

Dois hinos disputam entre si a génese do Rock’n’Roll: o “Johnny B Goode” do pai Berry e o “Rock Around the Clock” do Bill Halley and the Comets, que surgiu pela primeira vez no filme “Blackboard Jungle” em que o Glenn Ford faz de professor “à rasca” para dominar uma turma bem durinha.

E não pensem que eu li estas merdas agora. Sei isto tudo da minha cabecinha. São muitos anos no batente, bébés…

O “Johnny B Goode” deve ter dois títulos que jamais algum outro tema roubará: o riff de guitarra mais famoso do mundo e o ser a música que mais versões conheceu. Quem é que tem coragem de ter uma banda e nunca ter tentado tocar isto?

A letra conta: (a tradução é bem livre, ok? Nada de purismos…)

No Louisiana profundo, perto de Nova Orleães
Lá para os lados dos bosques e prados verdejantes
Existia uma cabana de madeira e chão de terra
Onde vivia um rapaz do campo chamado “Johnny B Good” (Joãozinho sê Bonzinho)
Que nunca aprendeu a ler ou a escrever
Mas que tocava a guitarra de olhos fechados
-
Vai vai, vai Joãozinho, vai
vai Joãozinho, vai
vai Joãozinho, vai
vai Joãozinho, vai
Joãozinho porta-te bem! (Johnny B Goode)
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Ele costumava trazer a guitarra no saco de uma arma
Ou sentar-se debaixo de uma árvore junto à linha do comboio
Oh, um engenheiro podia vê-lo sentado na sombra
Dedilhando com o ritmo que os maquinistas faziam
As pessoas que passavam, paravam e diziam:
“Meu Deus, este rapazinho sabe tocar!”
-
Vai vai, vai Joãozinho, vai
vai Joãozinho, vai
vai Joãozinho, vai
vai Joãozinho, vai
Joãozinho porta-te bem!
-
A sua mãe disse-lhe: “um dia vais ser um homem,
E vais ser o líder de uma grande banda,
Muita gente chegará de muito longe,
Para te ouvir tocar até que o sol se ponha,
Talvez um dia o teu nome brilhe num neón,
Dizendo “Johnny Be Good” ao vivo nesta noite.

Vai vai, vai Joãozinho, vai
vai Joãozinho, vai
vai Joãozinho, vai
vai Joãozinho, vai
Joãozinho porta-te bem!

E foi esta simplicidade, esta historia do rapazinho pobre que chegou a estrela, esta versão rock do “American Way of Life” que conquistou músicos de todo o mundo e de todas a gerações.

Pasmei-me com o vídeo original (que eu nunca tinha visto!) e as suas diferentes versões e, por favor, não se aborreçam… vejam isto que vale mesmo a pena. Afinal… deu trabalho a fazer…

Esta é a versão original. Agora imaginem os States nestes anos em que os negros ainda se montavam na parte de trás dos autocarros e tinham de comer nas mesinhas do canto dos restaurantes. Aparece um gajo destes, a fazer uma cena completamente nova, com este “à vontade”. Imaginem a irreverência, a excitação, o poder desta merda. A música é uma coisa muito séria, pá. Que feeling… E diz o Rei Richards: “tudo o que sei, veio deste gajo…”. É de meter qualquer um de joelhos.
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Aqui ao vivo com o “Boss” Springsteen. Atentem bem na cara de alegria do Bruce… Parece que está a pensar: “eu nem acredito que isto me está a acontecer”. O ídolo de milhões a admirar cada movimento do seu próprio ídolo… É que não lhe tira os olhos de cima... com aquela carinha de puto... "It was great", diz-lhe ele no final... E a "E Street Band" completa, com todinhos... o Steven Van Zandt (Dante nos Sopranos), o Max Weinberg do Conan O'brian... o Clarence Clemons no sax... Caraças, pá! Que turma... Ah! Reparem no passo clássico do “andar de pato” (duck walk). Não, não foi o Angus Young dos AC/DC que inventou… A patente é do velhinho este…



Esta é a versão com um Lennon já muito passado. Nos primeiros tempos dos Beatles, quando tocaram na Alemanha, em Hamburgo, ainda na formação inicial com Stu Sutcliffe, riparam montes de vezes estes temas clássicos. Covers de Buddy Holly (tragicamente falecido na queda do aeroplano onde também morreram Ritchie Valens e Big Bopper), Jerry Lee Lewis, Little Richard e afins eram o prato do dia. Compreende-se a veneração. Não percebo é o que é que a maluca da Yoko Ono ali está a fazer a tocar tambor. Mais valia estar a enrolar mais um… Ah! E agora, olhando para eles, já perceberam porque é que eu uso as patilhas assim... Obrigadinho!



Aqui a versão sónica, única e inimitável do GRANDE Jimmy Hendrix que personificou como ninguém, a magia e o virtuosismo do Johnny B Good. Tudo o que este homem tocava, virava ouro. Génio absoluto! Porra, pá! Ele há homens que nunca haviam de morrer! Uma autêntica locomotiva desgovernada. E sim... é com os dentes que ele toca no final. Aqui não há truques. Sem mãos!



Não podia faltar a versão de outro génio que nunca renegou as suas raízes, mesmo na fase pimba de Las Vegas, onde as drogas eram os cereais do pequeno-almoço. Nesta versão, até se esquece de uma estrofe mas que se amole! Versão up-tempo, speedada, mas muito bem esgalhada. Os coros partem-me todo. Dava o cú e 5 tostões para poder ter assistido a uma actuação deste homem. Eléctrico!



Para os mais novos, também os Green Day, que lançaram um monstruoso e genial disco neste ano, fizeram a sua própria versão. O “Johnny B Good” dá para tudo, até para hino punk!



E a lista, meus amigos, caso quisesse, poderia ter centenas, milhares de nomes, tal é a notoriedade deste tem e deste homem que teve uma vida conturbada, sempre à pala com a justiça.

Espero que tenham gostado do programa desta noite.

Agora, o que eu gostava mesmo era de ter uma aparelhagem gigantesca como aquelas que aparecem nos vídeos do Puff Daddy, ligava-a na rua, metia o”Johnny B Good” no máximo e obrigava os vizinhos todos a darem um salto da cama (já passa da 1 da manhã). Fazíamos uma festa!

Era uma bela homenagem!

Beijinhos!

Do vosso,

Tio Sabi

PS: Este é daqueles posts em que as minhas tias (quase na casa dos 80 mas ainda super-jovens)me dizem assim: “ai filho, não percebemos nada…”. Deixem lá meninas… eu também gosto de fazer estes… Ah! Este sempre tem a parte das primas Rosadas. Lembram-se?

sábado, 22 de agosto de 2009

Adufe


Chegou-me ontem a casa, a décima quinta edição da Adufe, a revista cultural de Idanha-a-Nova, referente ao semestre Julho/Dezembro de 2009.

Com uma tiragem de 15.000 exemplares, concebida com a “prata da casa” da Câmara Municipal e pontual recurso a algumas felizes colaborações, é um primor de bom gosto e qualidade.

Dá gosto poder folheá-la e desfrutar da sua leitura.

Apesar de ter uma identidade gráfica moderna e arrojada, sabe preservar o que de mais genuíno há nas gentes e nos territórios daquela região.

A linha editorial é muito completa e variada, as fotografias são sempre excelentes, os textos são oportunos e breves mas sempre incisivos e muito ricos, as ilustrações são de encantar… enfim…

Nestes 4 anos, tenho tido oportunidade de conhecer muitas das publicações portuguesas editadas com chancela das câmaras municipais. O nível geral é francamente baixo. Salvo honrosas excepções como as de Abrantes ou Óbidos, podemos afirmar com segurança que impera o “mais do mesmo”. Antevejo porém que este cenário mude. Com o aumento gradual dos licenciados nas artes da comunicação disponíveis para entrar no mercado de trabalho e com a percepção cada vez mais clara por parte dos autarcas que a imagem é quase tudo e que estas publicações são a melhor forma de contactarem os munícipes durante os períodos não eleitorais, muita coisa pode mudar para melhor.

A adufe é claramente um exemplo a seguir.

Das pistas que vos deixo abaixo em imagens, atente-se por exemplo, no nível do texto, na postura e na mensagem das páginas dedicadas ao Presidente Álvaro Rocha. Uma prova evidente de como se pode fazer política e comunicar com honestidade. Sem os fingimentos, as farsolices e as tentativas óbvias de manipulação que por aqui lamentavelmente tão bem conhecemos.

Da última vez que estivemos juntos, tratou-me sempre como “filho do Alzira” e não como um político qualquer. “Dá-lhe um beijinho meu”. “Será entregue”. Se ele soubesse o quanto ela fica feliz de cada vez que a Adufe lhe chega a casa…

E ao contrário do que possam pensar, eu acho que tudo isto não é a minha costela beirã, as minhas raízes idanhenses a falarem mais alto. As evidências não se contestam. Aceitam-se.

Como se não bastasse já o fascínio que em mim sempre desperta, neste número e em vésperas de Al Mossassa, presenteia-me com um artigo magnífico sobre o “nosso” Ibn Maruan, acompanhado de uma enigmática e poderosa ilustração. É demais…

A adufe é grande. Felizes os que a concretizam. Sortudos aqueles a quem ela diz respeito.

Que bom que era se fosse regra em vez de honrosa excepção.









Caso esteja interessado(a), é só imprimir e enviar para:
Câmara Municipal de Idanha-a-Nova
Paços do Município
6060-163 Idanha-a-Nova

Ainda a Finlândia…


Recebi nesta semana a apreciação técnica do relatório da visita de estudo à Finlândia, emitido pela Agência Nacional PROALV – Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida. Da mesma consta que: “o bolseiro apresenta um excelente relatório final e tem uma capacidade multiplicadora exemplar. Este relatório será sinalizado com uma exemplo de Boas Práticas”.

Quem é que não gosta de uma festinha na cabeça?

E muito provavelmente, no seguimento disto… recebi a notícia da aprovação da candidatura a uma Visita Preparatória, que decorrerá na Alemanha, Nuremberga, de 21 de Setembro a 23 de Setembro de 2009, relacionada com o projecto “Hand in Hand – Learning to work together” que focaliza as relações entre as autoridades locais, escolas e outras organizações, numa tentativa de implementar parcerias e juntos desenvolverem uma mais eficaz gestão educativa.
Ai eu...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Tu (agora e sempre... outra vez)


O meu irmão passou-se quando, ao folhear a revista do Correio da Manhã de domingo, deu com esta página. Tentou ligar-me, mandou-me um sms e depois enviou-me a cena digitalizada por e-mail. No texto dizia: “Meu, estava a ler a revista e até me passei quando vi esta foto. Uma cena do tipo Twilight Zone se me queres entender. A mãe já confirmou que o Pai nunca esteve na Guiné mas.... Abraço”.



Eu vi a foto e depois foi a minha vez de me passar. Para nós é inédita e o instinto confirmou-me de imediato as suspeições do Júnior. Não restavam dúvidas. Aquele era, the one and only, João Sobreiro.

Mas se esteve em Moçambique e a foto é da Guiné… como explicar? Será que havia aqui um mistério por detrás? Será que se enganou na guerra como o Solnado? Ou terá sido na foto?

Meti a funcionar os meus dotes de detective e enviei um e-mail para a redacção para que me dessem o contacto do autor. No dia seguinte tive a resposta e nessa mesma tarde falei com o senhor. Diz que não, que é um tal Teixeira “ e desculpe lá e mais não sei quê…”.

Pois para mim, até me podiam dizer que o gajo na foto é o Barak Obama porque eu tenho a CERTEZA ABSOLUTA que o homem da foto é o meu pai. E não me restam qualquer tipo de dúvidas. É impossível ter existido alguém assim tão parecido. Não falha nadinha! Conheço tudo aquilo de memória, os jeitos, os tiques, as poses, a aura. Não me amolem!

Se a foto fosse numa missa… ou numa formatura… ou numa outra merda qualquer ainda vá que não vá. Agora: com aquela cara, aquele bigode, aqueles Raybantes verdes que eram imagem de marca, com um lenço de velha na cabeça, a tocar guitarra (a mão, os dedos, os acordes), numa cena de alta paródia e ainda por cima.. com uma garrafa de Dimple de 15 anos aos pés?!?!?! Impossível falhar! (Só falta mesmo o cigarro preso nas cordas do braço da viola...)

Mesmo que me digam que não, cada vez que olho para ela digo sempre que sim. É um flash!

Andava eu envolvido nestas andanças quando me cai na caixa do correio um e-mail com um comentário a um dos artigos deste blogue. Dizia (na íntegra, com pontuações, tamanhos de letra e tudo):

jane deixou um novo comentário na sua mensagem "A tua Guerra (como nunca a vimos)":
Andava á procura de imagens de Moçambique quando vejo uma fotografia .Duas equipes de futebol e um árbirto, eu faço parte da equipe vestida de negro.depois chamou-me a atenção o nome do Autor do blogue,Pedro Sobreiro,disse para comigo,então mas este é o meu GRANDE AMIGO JOÃO SOBREIRO o Homem que sempre nos trazia uma certa alegria mais a sua viola.Tanta coisa passamos:da guerra não vale a pena falar pois a 2357 passou muito mas só quem o sentiu na pele é que sabe.mas ainda lembro com muita saudade uma coluna que fizemos a Tete estava lá o conjunto Oliveira Muge e o Amigo João já com umas cervejitas a gritar para eles (ó muge toca a dos elefantes )aquele pessoal todo a olhar, passado um dia ou dois tambem havia lá um baileco e no intervalo os musicos saiem do palco e o JOÃO não está com meias medidas salta para o palco senta-se á bateria e foi fantástico toda a gente o aplaudiu.Haveria muitas coisas para contar,umas alegres umas menos alegres e muitas muito triztes,mas a verdade é que sempre exitiu muita amizade entre todos que hoje se recorda com muita saudade.Mas foi com lágrimas nos olhos que no fim deste blog li :se o JOÃO estivesse presente:Será que o GRANDE em todos os aspectos JOÃO SOBREIRO já faleceu? Penso que Pedro Sobreiro seja filho, se é peço-lhe que sinta sempre muito orgulho no seu PAI. Joaquim Eliseu condutor da C.C. 2357.--j_eliseuu@hotmail.com

Respondi-lhe na volta. No dia. Na hora. Convidei-o para um café, um copo, um almoço… um pretexto qualquer que me ajudasse a saciar esta saudade vampírica de querer saber mais uma, de querer saber todas as histórias perdidas como se pudesse assim… tê-lo mais perto de mim.

Meia volta, volta e meia chegam episódios, amigos perdidos no tempo, recordações dele. Todas elas neste tom, com este calor humano, com este respeito e esta falta e eu, ainda hoje me pergunto… que homem foi este que sendo tão simples era tão grande ao ponto de tocar desta forma, para sempre, todos aqueles que tiveram a sorte de o conhecer?

Com um sentido de humor único e irrepetível, timing certeiro, piada inteligente e na hora, contagiava de boa disposição até o ar baço do fumo do cigarro que o rodeava. Ninguém podia estar triste à sua volta. Era o músico, o bom vivant, o sempre popular, era o companheirão, o Amigo do Amigo, o que nunca deixava ninguém para trás. E para além destas… tantas outras facetas da sua maneira de ser que só quem estava mais perto as pôde desfrutar. O meigo, o atencioso, o solidário, o leitor compulsivo, o amante das palavras cruzadas, o que se deixava dormir a rir (a ouvir os discos pedidos da Rádio Clube de Monsanto)…

Aquilo que é um lugar comum nas campas dos cemitérios deste país é mesmo verdade… são 15 anos de saudades por ser essa a unidade de medida que melhor se aplica a esta verdade. Estes anos não se medem em tempo, medem-se em saudades. Saudades sem lamechices, mas gravadas num suspiro que nos galga o peito de cada vez que percebemos que já não está cá.

Eu quero lá saber se o gajo do jornal me diz que não é ele. Para mim, é. E foi tão bom revê-lo… nem que fosse numa miragem…

Abração, meu querido!

PS: Há dias um outro amigo, com quem troquei e-mails, teve a cortesia de me enviar uma cópia do livro de caricaturas da sua turma da Escola Industrial. A imagem e os versos falam por si...


Sugestivo: ele a tocar bateria, a andar à pancada, barquinhos, o fantasma da sorna, uma barrica de Caldinho Verde, uma piscina, à boleia...


terça-feira, 18 de agosto de 2009

Jesus a 3 dimensões (cromos)

(Clica e amplia)


Eu sei que o campeonato não começou da melhor maneira.

Eu sei que a escorregadela em casa com o Marítimo não estava nas contas de ninguém.

Mas eu já tinha ideia de fazer isto há muito tempo.

E sendo assim, para comemorar a profética pré-temporada de Jesus à frente do Glorioso, eis que o vosso blogue amigo de sempre vos oferece, totalmente grátis, três bonitas imagens para lhe darem o uso que melhor entenderem.

Giras para imprimir e meter na carteira, impecáveis para oferecer a alguém amigo, actuais para desktop do pc lá de casa.

Mais um mimo original (que deu muito trabalhinho…) do vosso Tio Sabi.


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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O Dia do Jovens! (Táss bem!)

(Ficou giro, não ficou? Eu que fiz. Olaré!)


Eina pá, maaaan! (como a malta agora diz…). Foi uma festança do caraças!

Grande, grande malha! Como eu nunca pensei… a sério!

Apesar de ser o vereador com a responsabilidade do Pelouro da Juventude, ainda nunca me tinha aventurado numa comemoração do Dia Internacional com este balanço todo e isso tem uma explicação. Sempre defendi que quando existe iniciativa privado ou associativa, a missão da autarquia deve de ser estimular, apoiar e não “meter o carro à frente dos bois”.

Assim, no primeiro 12 de Agosto em que estive no executivo, incentivei a Maruam, a única associação de jovens do concelho com actividade regular, a organizar um dia dedicado à juventude. Recordo-me que com o apoio decisivo do IPJ, na pessoa do seu director Crastes, organizámos um dia bem divertido e intenso que começou com uma caminhada entre a Beirã e a Portagem passando por Marvão e se prolongou com um almoço, um dia na piscina e com concertos de uma bandas que ensaiavam no edifício do IPJ.

Nos dois anos seguintes, o Jorge Rosado, então Presidente da Maruam, soube ser inteligente e conseguiu que o IPJ continuasse a apoiar a iniciativa (chegámos a ser anfitriões do Dia da Juventude do distrito!), dando primazia a Marvão e estendendo as actividades a áreas bem interessantes como os desportos radicais. É óbvio que a autarquia sempre esteve por trás e apoiou em tudo mas assumiu aqui claramente um papel secundário.

Neste ano, pelos vistos, a actual direcção não tinha intenção de fazer nada e eu decidi meter mãos à obra. Comecei a puxar pela cabeça, a pensar no que é que tinha para oferecer, no que podia arranjar, lembrei-me do pedido que o Vaz Guedes, jovem guitarrista de Marvão me fez em tempos (de poder tocar com a sua banda na terra e no concelho onde vive) e… fez-se um programinha que me pareceu bem… curtido.

Dia na piscina à borlix, um churrasco no final da tarde com Dj de fundo, duas bandas em concerto e música noite fora. Bem mais interessante do que o que nos propunham para este ano os responsáveis pelo IPJ num ofício muito formal. Queriam debates sobre o desenvolvimento sustentável… Em Agosto? Está bem, abelha! Estes gajos não devem se saber para quem é que estão a trabalhar… é de loucos!

Juventude é liberdade, é curtição, é viver a vida a 100% e foi isso que eu lhes quis proporcionar que preocupações já têm eles bastantes com SIDAs, drogas, o desemprego e a falta de oportunidades a toldarem-lhes o horizonte.

Esgalhei o cartaz que me pareceu que ficou porreiro, divulgámos por todos os estabelecimentos comerciais do concelho, na página e no blogue oficiais da câmara, por mais de 2.000 e-mails e através de 1.500 postais que seguiram por correio com o programa em miniatura. Com tanta divulgação, deixou de ser válida a desculpa do “não sabia de nada” e fez-se justiça porque a malta deu uma resposta irrepreensível.

Para começar, a piscina esteve composta durante toda a tarde com muitos grupinhos a circular e o andamento fazia prever uma boa casa mas quando nos aproximámos das 8h da noite, foi um autêntico corrupio. A pé, à boleia ou transportados pelos pais, eram mais que muitos e tivemos de pedalar para estar à altura.

Os dois mestres de culinária destacados para os assadores, Manuel Filipe e Benvindo, por muito boa vontade que tivessem, não davam para as encomendas e valeram-nos os amigos Sabino e Vítor Conchinha que ao verem-nos em apuros, se bateram como uns valentes de volta das brasas para que não faltasse nada a ninguém.

Foi de tal maneira que os 20 Kg. de carne encomendada só deram para abrir as hostilidades e os 350 papossecos desapareceram num abrir e fechar de olhos. Programar um evento destes de raiz é um verdadeiro tiro no escuro e por mais prognósticos que se fizessem, ninguém poderia adivinhar uma afluência daquelas, chegada de todos os pontos do concelho, da Beirã à Escusa, de Santo António a Marvão e até de Valência e Castelo de Vide.

Valeu-nos o Don António que estava de sobreaviso ao talho para caso de enchente e o pãozinho recém-tirado do forno do nosso amigo João Gordo para desenrascar a coisa e de certeza que ninguém ficou com fome porque deu para todos e ainda sobrou um pouco.

Depois de um aquecimento com os temas do momento pelo habituée Dj Reis, o Dj oficial do meu mandato, seguiram-se as bandas que estiveram a bom nível.

Os Mad Goblin supreenderam-me pela qualidade e pela originalidade. Fazem um som muito na linha dos Metallica, com uma grande similitude sonora e a denotarem uma clara influência. Cedo se afirmaram pela coragem e arrojo (só tocaram originais!) e conseguiram prender a assistência do primeiro ao último minuto da sua actuação. O nosso conterrâneo brilhou na guitarra solo, gostei da voz/baixo e o baterista também esteve em bom plano. Falta-lhes rodar e apurar o som mas têm tudo para dar nas vistas. A margem de progressão é enorme.

Seguiram-se os Jukebox que tocam pelo prazer de tocar e isso nota-se de imediato. Oriundos de Peniche e especializados em covers, abrangem um universo musical que anda pelo grunge, pelo hard rock e por algumas linhagens mais alternativas que foram do agrado dos presentes. O baixista é o elemento mais discreto mas o baterista é de muita qualidade, gostei também da guitarra e gostei muito do vocalista que tem um vozeirão e presença em palco. Standarts punk, hinos fm, enfim… de tudo um pouco ali se podem encontrar em cópias quase fiéis mas sem deixarem de ter um cunho próprio. Na minha opinião, faltam-lhe as teclas para encher o som e umas vozes para os coros. A versão do “Wasted Years” dos Iron Maiden já com a ajuda no backing vocals do nosso amigo do bar de Peniche transformaram por completo a versão, elevando-a a um outro patamar.

Já na fase dos discos pedidos, lembrei-me do “Evenflow” dos Pearl Jam, já não faço a mínima ideia porquê. “Essa não sei a letra” disse-me o gajo. “Quem é que sabe?” perguntou o do lado. Como ninguém se atrevia, pedi o micro e olha… foi o que Deus quisesse e eu acho que ele quis porque mesmo não tendo certeza da lírica toda, pelo menos diverti-me a bom valer e eles, pelos abraços que me deram depois, acho que também. Foi do camandro!

Depois… depois mandaram-nos calar porque já eram horas e tivemos de acabar com as cantorias e meter só um somzinho mais baixo para não incomodar as vizinhanças. Eu respeito mas custa-me…

Tenho o maior respeito pelas pessoas de idade. Reconheço que têm direito ao seu descanso mas amola-me que o meu concelho seja assim. Marvão é um concelho lixado para se ser jovem. Nem uma simples festa se pode fazer. Eu gostava de saber se em Paredes de Coura ou em Vilar de Mouros ou na Zambujeira do Mar também é assim… Nem um dia nos dão… Está de Rockfests, está… A tolerância é zero e eu também já vou perdendo a minha às vezes. Uns só querem os velhos que vão na conversa fiada e se manuseiam com admirável facilidade. Eu que só quero é novos e por isso hei-de sempre estar orgulhosamente do lado errado.

Mas enfim… não falemos de coisas tristes

O que importa é que para a posteridade há-de ficar uma tarde / noite memorável que não iremos esquecer.

As fotos falam por si…

A todos, todos os envolvidos que estiveram ligados e tornaram possível esta emissão…

O MEU BEM HAJAM!

Valeu!

A representação de Areias e Beirã
- Porto da Espada, Alvarrões, Marvão, Galegos...
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Parecia um casting para os Morangos com Açúcar

O homem estava contente, pois claro.
Por falar em casting... Eu concorri para ser o Setôr de Física



Aquilo era abrir as carcacinhas e "cá vai disto!"

Estas eram de Valência de Alcântara. Les encantó!

O Tarouco... José Guilhermino, técnico exímio e paciente... este homem já nos aturou tanto que já ganhou o céu...

Dj Reis em plena actuação. Agora faz tudo por computador... Muito à frente!

Este jovem, ou melhor, esta promessa de juventude não deixou o crédito por mãos alheias... Vejam só como se bate com o courato! De nível!

Um pouquinho mais de sal e... voilá! Estão no ponto!

Tantos! Faziam fila! Bicha pirilau!

Ai, señor António... muchíssimas gracias... ui... que rico está todo...

Mad Goblin no arraso inicial

Esta vai para a revista "Caras Decoração" de Verão

Sabino explica a Manuel Filipe como é que conseguiu o milagre da multiplicação da bifana enquanto Benvindo, recém-convertido ao hinduísmo, se ri da táctica alheia

O jovem Conchinha posa com duas modelos desconhecidas que estavam de passagem para um desfile em Milão e pararam a pensar que ali era uma estação de serviço

A Jukebox estava a bombar!


Panorâmica do 3º anel do anfiteatro


I know... it's only rock'n'roll but I like it!

O final em apoteose

A foto final, derradeira, decisiva e oficial com elementos das duas bandas e demais pessoal amigo. Tudo 5 estrelas! Também apareço eu e o Paulo David com um indesmentível ar de felicidade. Estes miúdos era tudo pessoal do melhor!








quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Sem ti... (fica tudo tão sem graça)


A minha filha não está em casa.

A minha afilhada Maria sentiu tanto a falta dela nas férias do Verão que por força que a prima tinha de ir lá para casa.

A minha ficou logo em pulgas, aos gritos, a dizer que ia lá ficar uma semana.

É claro que eu adoro que elas sejam amigas e brinquem e não tenho dúvida nenhuma que ao longo da vida vão ser como irmãs e isso é precioso.

Mas desta vez, atendendo às idades e conhecendo-as como as conheço, pensei logo para comigo… “uma semana? Sim, sim. Às tantas, nem um dia, quanto mais…”.

Fomos lá levá-la. Na primeira noite acho que andou tudo de rebuliço, com a excitação da nova hóspede, esta incluída. Pensei, “prontos… já está!”.

Falámos ao telefone e a primeira coisa que a bicha esta disse foi: “hoje durmo cá outra vez!”.

“Ai sim?......... Está bem”.

E eu pensei… “é bom… está-se a adaptar… é porque não têm brigado…”.

Mas depois cheguei a casa e encontrei-a imensa como nunca a tinha perspectivado antes. O espaço físico é o mesmo, eu sei, eu fiz a 4º classe, mas as divisões parecem-me armazéns… vazios… sem vida…

Pus-me a olhar para as coisas feito parvo.

Já houve vezes em que ela não dormiu em casa, mas foi porque nós tínhamos de ir aqui, ou ali e ela preferiu ficar com os avós. Mas nós lá e ela não… ainda não tinha acontecido.

E eu pensava… “E agora? Com quem é que eu ralho porque não responde quando a gente chama? Com quem é que eu brigo para comer a sopa? Com quem é que eu tenho a discussão diária da praxe sobre em que canal deve de estar a televisão, Disney Channel ou nas notícias?”.

Eu sei que tudo isto é estupidez… está a apenas 20 quilómetros, meia hora de distância… mas é que é tão estranho. Eu já sabia que ela um dia tinha de ir mas sempre pensei que só fosse daqui a uns 10 ou 11 anos. Assim tão depressa…

Esta estranha sensação de abandono, de “fica lá com a taça que eu já venho”… está-me a amolar.

À noite, sentados no sofá, eu e a minha velha, eu no computador, ela a devorar “House”s e “CSI”s… ficámos assim. E eu disse-lhe “já viste como deve ser não ter filhos? Eu já nem me lembrava de como isto era… É tão aborrecido… Para quê uma casa tão grande? Tomara que ela venha logo…”.

O poder que esta criatura tem nas nossas vidas é demolidor. Eu imaginava. Agora já sei.

Minutos depois, ao telefone, disse-me: “Bichaninho… tenho saudades tuas… mas ainda quero aqui ficar…” e eu tive de morder o lábio. Só me apeteceu gritar-lhe: “FILHA! DEIXA-TE DE MERDAS! VOLTA PARA CASA JÁ!”.

E mudei mesmo a televisão para o Disney Channel. Só para fazer companhia… Assim, sempre podia pensar, enquanto via mais um episódio do Zack e Brody daqueles que ela sabe de cor e salteado, que me podia entrar pela sala a qualquer minuto, com aquele sorriso desdentado, a desafiar-me para mais uma das nossas batalhas de Wrestling…
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PS: Isto não é nenhuma cerimónia dos Óscares para estar aqui com parvoeiras, mas eu gostava de dedicar este post a todos os casais, de sexos diferentes ou do mesmo, não importa, que sonham ter um filho e não conseguem. Compreendo a vossa dor e lamento e desejo sinceramente que consigam aquilo que pretendem. Mas se a natureza vos for madrasta, nunca baixem os braços e nunca deixem de considerar a adopção. Pode ser difícil a princípio mas eu não tenho dúvidas que os benefícios compensarão. Quem tem amor para dar não o deve guardar para si. Dar é sempre muito mais bonito que receber. Um grande abraço!
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Há dias...nos baloiços de Castelo de Vide, cantou-me esta da sua estrela favorita, a Hannah Montana. Digam lá que não é de partir o côco. O original vem logo a seguir... e não é que está parecido?
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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Benfiquismos (O Baptismo da Era de Jesus)

Cantem todos: "Sou... sou... sou... sou.. Benfiiiiiiiiica!"
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O meu sogro é o maior benfiquista que eu conheço.

Não quer isto dizer que eu não seja. Toda a gente que me conhece sabe que sou um benfiquista ferrenho, que vibra de emoção sempre que o gloriosos joga. Uma vez, quando ainda morava em Marvão, cheguei a partir um vidro de uma mesa com um soco de raiva e nem sequer foi por um golo sofrido. Acho que foi por um falhanço do Nuno Gomes (de quem é que havia de ser…).
Mas por muito benfiquista que seja (e é aqui que eu quero chegar), não chego aos calcanhares do meu sogro.

Mas e isto porquê?, perguntam vocês. Isto porque o meu sogro sabe tudo e domina tudo do Benfica. Conhece as modalidades amadores em que participamos, sabe em que posição vamos no diferentes campeonatos, sabe golos e resultados mesmo de épocas anteriores de memória, lembra-se dos jogos que jogámos em datas importantes da sua vida (quantas vezes já o ouvi eu dizer: “no dia em que nasceu “tal”, ganhámos “não sei quantos” ao “não sei quê” e ainda por cima jogávamos fora de casa)… Enfim… este é o campeonato deste homem.

O meu sogro, quando vem ver jogos à minha casa e se senta no meu confortável sofá preto da sala de estar numa posição em que mal chega com os pés ao chão, sempre que há um cruzamento para a área, seja do Benfica, seja adversária… estica-se todo para ver se chega à bola. Às vezes até faz o jeito de cabeça como se tivesse a salvar o clube para canto. E ainda bem que isto é escrito e não é contado porque se ele estivesse a ouvir, às tantas dizia que era mentira e eu posso provar quando quiserem que é mesmo verdade, verdadinha, verdadeira.

E agora desde que inventaram o canal do Benfica então, é uma coisa que não tem explicação. Devora os jogos dos júniores, devora as entrevistas, devora os programas de informação, devora as reportagens e acho que alguns destes programas até pápa as repetições. É uma coisa que não tem explicação. Até os treinos dos infantis eu acho que ele vê. E depois surpreende-nos (a mim e ao meu cunhado) com perguntas do género: “Viste a roubalheira ontem naquele jogo de andebol?”. E eu respondo sempre “xiiiiiiii” para ver se ganho tempo de reacção e espero que ele conte o que se passou antes de responder errado. É que eu acho que ele faz estas perguntas só para nós testar, mas também… agora que já casámos com as filhas e já lhe demos netas… o mais que nos pode fazer é dizer mal de nós no café e toda a gente que o conhece sabe que ele é incapaz de fazer isso seja de quem for e muito menos dos seus guarda-costas de estimação.

Maneira que depois de muitos anos de sofrimento, o homem agora, como devem calcular, anda radiante com o reinado do Jesus "Nosso-Senhor". De tal maneira que meteu na cabeça que tínhamos de ir ver o jogo contra o Milan para a Taça do Grande Eusébio. E disse que tratava de tudo!

É claro que fez questão de arranjar uma companhia de que gostasse (genros e o afilhado Barradinhas) e depois foi um mãos largas… Tratou de comprar os bilhetes via internet, disponibilizou a sua viatura, bem… foi demais.

Quando ganhámos ao Manchester na Luz há uns anos para a Liga dos Campeões, depois de estarmos a perder 1 a Zero, com golos do Soneca e daquele pretinho com cabelo amarelo que veio do Beira-Mar e eu agora não me lembro mas… (acertaram… o meu sogro sabe de certeza) fomos para a Portugália original da Praça do Chile comemorar. A proeza foi memorável, a noite inesquecível e a festa foi de nível, passada entre sapateiras recheadas, camarões e canecas geladinhas. Só nos esquecemos foi que tínhamos de regressar de carro. Assim, combinámos, num pacto de cavalheiros, que ninguém podia dormir para que os condutores que estiveram de prevenção ao álcool, não adormecessem. Pois ainda não tínhamos passado a Ponte Vasco da Gama e já o meu sogro ressonava a plenos pulmões, dormindo como uma criança. De tal maneira que até nos envergonhamos de o acordar. Esta é a sua disponibilidade habitual pelo que quando a esmola é grande, como desta vez, o santo desconfia.

E o homem foi mesmo inexcedível. Não se calava com o jogo do Milan e a minha sogra uma vez até lhe disse: “Já estás pior que eles”, quando a gente sabe de ginjeira que nestas coisas, ele nos ganha aos pontos.

E que feliz que ele estava e eu adoro ver quando uma pessoa fica verdadeiramente feliz assim com pouco, como uma viagem e um jogo de futebol.

E há pessoas que nos dizem: “Vão daqui vocês feitos parvos e o mais certo é chegarem lá e mamarem obra e vêem aí com as orelhas baixas o caminho todo”.

Como é óbvio, estes anormais não sabem que quando a gente entra em solo sagrado já temos o dia mais que ganho.

Saímos sempre cedo e antes de chegarmos ao primeiro destino já nos fartámos de conversar, de rir e de dizer mal de algumas pessoas que a gente tem a certeza que ou têm inveja de nós ou também dizem mal da gente pelo que estamos perdoados.

Chegados a Setúbal, verificámos de imediato se as minis religiosamente armazenadas no frio da minha geleira ainda estavam dentro da validade. Como a tara perdida é, na minha modesta opinião, uma das invenções do século, fomos bebericando o precioso néctar de cevada enquanto admirávamos o estuário do Sado, numa manhã/tarde linda de Agosto, com Tróia ao fundo no horizonte, os ferry boats transportando turistas e viaturas ao longo do Rio e um estúpido que pescava junto ao Cais os peixes que o Luís me explicou que comem cocós (cheirava mal ali!).

Arriavados (perdoem-me o francesismo, mas pareceu-me francamente bem encaixado…) ao Restaurante do Clube Naval, que serve por 10 euros o mais excelso rodízio de peixe da região, sentimo-nos imediatamente em casa. Como íamos fardados a rigor, todos de camisola vermelha envergada, cedo os benfiquistas que já batiam com as orelhas na gamela nos começaram a fazer sinais de fixe e a sorrir como se nos quisessem desejar boa sorte. O senhor detrás do balcão com ar de dono disse-me que nos queria oferecer um xarope para benfiquistas no final e sorriu com um ar que eu não percebi e me pareceu sinistro. Por segundos ainda imaginei que fosse um lagarto encoberto mas não… afinal era de verdade e o xarope era um licor de canela poderosíssimo que nos fez deitar fumo pelas orelhas. Foi bom!

Os peixinhos, que pudemos apreciar antes de serem magistralmente cremados na grelha eram de mais de 9 qualidades e aquilo parecia um festim medieval. É comer até não poder mais e a estratégia da casa favorece assim maduros de calibre. À terceira sardinha, o meu sogro já impava e revirava os olhos a dizer que estava cheio e satisfeito. O meu cunhado durou pouco mais (sempre escapaste ao carapau, bandido!) e eu e o Barradinhas cortámos 3 orelhas e um rabo cada um. Demos-lhe a bom dar, ao ponto do meu colega de mesa já me confidenciar ao fim que estava a ficar agoniado com as quantidades impressionantes de peixinho fresco que nos aspirámos pela goela. Tempo para uma das deixas clássicas do meu sogro: “Porra que estes gajos têm um comer enganoso… parece que comem muito mas comem muito mais!”. A ponta final que fizemos de choco frito, com 3 servidas seguidas, pareceu uma final ao sprint do Tour de France em plenos Champs Elisées. Categórico!

“Já não comeram mais nada em todo o dia”, disparam agora os mais incautos. Negativo, respondemos nós em coro. Dali fomos direitinhos a terras de Lisboa e aterrámos em plena Zona de Benfica, idos por Odivelas para fugir à segunda circular. Assim que pusemos os pés no chão, as pernas começam a fugir-nos sem controlo e só pararam quando chegaram ao pé das roulotes. Ah… o cheiro do courato acabadinho de fritar, ou grelhar, ou assar ou lá o que for.

Como ainda estávamos algo empanturrados, metemo-nos só nas imperiais para desenjoar. Toda a gente que lê jornais sabe que a cerveja, para além de fins diuréticos, também ajuda a digestão.

Ainda tivemos tempo para conviver com o nosso ilustre Presidente da Assembleia Municipal, o Grande Doutor (com todas as letras) e precioso amigo Carlos Sequeira, outro grande benfiquista. Por acaso até é sócio há mais tempo que o meu sogro mas isso não muda nada do que já escrevi. O meu sogro é mais!

O estádio é uma visão e assim cheio como um ovo, é de entrar em delírio. O Barradas fez um cartaz com uma quadra do nosso poeta Máximo alusiva ao clube e à SIC e eu gritei ao gajo da Câmara. Diz que aparecemos no televisão e eu senti que vivi dos momentos mais importantes da minha curta mas intensa vida.

Quanto ao jogo, na televisão pode-se ver com mais detalhe mas ali é outra loiça. Vê-se tudo… adivinham-se as conversas… imaginam-se os lances… sente-se o estádio… vibra-se com a magia.

A diferença, para mim, explica-se de forma muito simples: uma coisa é ver um filme pornográfico. Outra é participar da acção…

E eu adorei. E eu fui tão feliz também… Jogámos bem… tivemos sorte… ganhámos a taça. A quarta taça nesta pré-temporada e apesar de não valerem nada, para mim o campeonato já podia acabar… (o que eu imagino para não me enervar com o jogo como Marítimo já no próximo domingo).

Saímos extasiados. Comemos o lanche ao chegar ao carro e não viemos para casa sem outra paragem obrigatória: as bifanas de Vendas Novas. Magníficas!

Na viagem, o meu sogro fez questão de trazer o carro?!?!?!? E viemos por aí fora ouvindo o Oceano Pacífico e pensando que não é preciso muito para poder sorrir. Apenas ter algum dinheiro no bolso, vontade e amigos.

O meu sogro, para quem não sabe (pode haver gente de fora a ler isto…), é o João Manuel Lança e eu gosto muito dele.

Dos outros companheiros também, óbvio, mas este texto é para o meu sogro em especial.

Vai por si, ó chefe!

A bomba-relógio

Parecem os Irmãos Dalton. O verso está digno de um Óscar... ai perdão, de um Nobel


Alguém disse templo gastronómico?

Sim

Também

Pode atestar!

Ah! Eu vi logo que havia mão de mestre!

Foi ali que o Sócrates andou a brincar aos terroristas? A mandar prédios abaixo?

Lindo, lindo!

Olé!

Choque frrite é du milhó qui há


A poção mágica benfiquista... Fortinha, a gaja!


Sempre lindo que cada vez que se avista de novo

Se eu mandasse, de cada vez que um Papa passasse por aqui, tinha de beijar o chão

O magnífico courato! A extraordinária barbela (sempre clássica e com pintelho!)

Eu gostava de mandar ampliar uma foto destas na Fábrica Real de Imagens e meter numa parede do meu quarto mas... não sei porquê, acho que a minha mulher não ia achar piada



É isto, pá... Eu sempre disse que o mal é as roulotes serem sítios tão mal frequentados...

Os copos são mesmo daquele tamanho, não é realidade virtual. Uma sede...

Esta vai direitinha para de cima da televisão lá de casa, numa moldura que eu tenho de Fátima

Por falar em Fátima... só lá e aqui é que há enchentes destas

Para mim, as portas do céu devem de ser assim. Depois a águia ganha vida, abraça-nos e a gente entra.

Cliquem para ampliar e vejam-me a cara de alegria deste homem. Chega a ser comovente, pá!

Ohhhhhhhhhh... Tão lindo!

Ali no meio da mochada também havia eu de gostar de estar

Vejam-me só a saúde destas cachopas. Vê-se logo que são Benfica

Somos muitos, não somos?

O line-up inicial

O pontapé de saída pelo mítico Eusébio. Uma lenda viva, este homem.



Não é todos os dias que se fotografa o Ronaldinho a falhar um penálti

Jesus salva! Jesus disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Quem crê em mim jamais verá o Glorioso fazer jogos de merda!".

Mais uma que já cá canta!


Tivemos direito a canhões de papelinhos e tudo!

Aaaaahhhhhhhhhh

Piquenicão à portuga! Só faltou o frango com esparguete e o palhinhas de 5 litros! Mas a tortilha estava de estalo, os pães com chóriço também e as minis? Geladas!
Bem hajam, ó rapaziada! Quando é que disseram que é o próximo!