quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Benfiquismos (O Baptismo da Era de Jesus)

Cantem todos: "Sou... sou... sou... sou.. Benfiiiiiiiiica!"
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O meu sogro é o maior benfiquista que eu conheço.

Não quer isto dizer que eu não seja. Toda a gente que me conhece sabe que sou um benfiquista ferrenho, que vibra de emoção sempre que o gloriosos joga. Uma vez, quando ainda morava em Marvão, cheguei a partir um vidro de uma mesa com um soco de raiva e nem sequer foi por um golo sofrido. Acho que foi por um falhanço do Nuno Gomes (de quem é que havia de ser…).
Mas por muito benfiquista que seja (e é aqui que eu quero chegar), não chego aos calcanhares do meu sogro.

Mas e isto porquê?, perguntam vocês. Isto porque o meu sogro sabe tudo e domina tudo do Benfica. Conhece as modalidades amadores em que participamos, sabe em que posição vamos no diferentes campeonatos, sabe golos e resultados mesmo de épocas anteriores de memória, lembra-se dos jogos que jogámos em datas importantes da sua vida (quantas vezes já o ouvi eu dizer: “no dia em que nasceu “tal”, ganhámos “não sei quantos” ao “não sei quê” e ainda por cima jogávamos fora de casa)… Enfim… este é o campeonato deste homem.

O meu sogro, quando vem ver jogos à minha casa e se senta no meu confortável sofá preto da sala de estar numa posição em que mal chega com os pés ao chão, sempre que há um cruzamento para a área, seja do Benfica, seja adversária… estica-se todo para ver se chega à bola. Às vezes até faz o jeito de cabeça como se tivesse a salvar o clube para canto. E ainda bem que isto é escrito e não é contado porque se ele estivesse a ouvir, às tantas dizia que era mentira e eu posso provar quando quiserem que é mesmo verdade, verdadinha, verdadeira.

E agora desde que inventaram o canal do Benfica então, é uma coisa que não tem explicação. Devora os jogos dos júniores, devora as entrevistas, devora os programas de informação, devora as reportagens e acho que alguns destes programas até pápa as repetições. É uma coisa que não tem explicação. Até os treinos dos infantis eu acho que ele vê. E depois surpreende-nos (a mim e ao meu cunhado) com perguntas do género: “Viste a roubalheira ontem naquele jogo de andebol?”. E eu respondo sempre “xiiiiiiii” para ver se ganho tempo de reacção e espero que ele conte o que se passou antes de responder errado. É que eu acho que ele faz estas perguntas só para nós testar, mas também… agora que já casámos com as filhas e já lhe demos netas… o mais que nos pode fazer é dizer mal de nós no café e toda a gente que o conhece sabe que ele é incapaz de fazer isso seja de quem for e muito menos dos seus guarda-costas de estimação.

Maneira que depois de muitos anos de sofrimento, o homem agora, como devem calcular, anda radiante com o reinado do Jesus "Nosso-Senhor". De tal maneira que meteu na cabeça que tínhamos de ir ver o jogo contra o Milan para a Taça do Grande Eusébio. E disse que tratava de tudo!

É claro que fez questão de arranjar uma companhia de que gostasse (genros e o afilhado Barradinhas) e depois foi um mãos largas… Tratou de comprar os bilhetes via internet, disponibilizou a sua viatura, bem… foi demais.

Quando ganhámos ao Manchester na Luz há uns anos para a Liga dos Campeões, depois de estarmos a perder 1 a Zero, com golos do Soneca e daquele pretinho com cabelo amarelo que veio do Beira-Mar e eu agora não me lembro mas… (acertaram… o meu sogro sabe de certeza) fomos para a Portugália original da Praça do Chile comemorar. A proeza foi memorável, a noite inesquecível e a festa foi de nível, passada entre sapateiras recheadas, camarões e canecas geladinhas. Só nos esquecemos foi que tínhamos de regressar de carro. Assim, combinámos, num pacto de cavalheiros, que ninguém podia dormir para que os condutores que estiveram de prevenção ao álcool, não adormecessem. Pois ainda não tínhamos passado a Ponte Vasco da Gama e já o meu sogro ressonava a plenos pulmões, dormindo como uma criança. De tal maneira que até nos envergonhamos de o acordar. Esta é a sua disponibilidade habitual pelo que quando a esmola é grande, como desta vez, o santo desconfia.

E o homem foi mesmo inexcedível. Não se calava com o jogo do Milan e a minha sogra uma vez até lhe disse: “Já estás pior que eles”, quando a gente sabe de ginjeira que nestas coisas, ele nos ganha aos pontos.

E que feliz que ele estava e eu adoro ver quando uma pessoa fica verdadeiramente feliz assim com pouco, como uma viagem e um jogo de futebol.

E há pessoas que nos dizem: “Vão daqui vocês feitos parvos e o mais certo é chegarem lá e mamarem obra e vêem aí com as orelhas baixas o caminho todo”.

Como é óbvio, estes anormais não sabem que quando a gente entra em solo sagrado já temos o dia mais que ganho.

Saímos sempre cedo e antes de chegarmos ao primeiro destino já nos fartámos de conversar, de rir e de dizer mal de algumas pessoas que a gente tem a certeza que ou têm inveja de nós ou também dizem mal da gente pelo que estamos perdoados.

Chegados a Setúbal, verificámos de imediato se as minis religiosamente armazenadas no frio da minha geleira ainda estavam dentro da validade. Como a tara perdida é, na minha modesta opinião, uma das invenções do século, fomos bebericando o precioso néctar de cevada enquanto admirávamos o estuário do Sado, numa manhã/tarde linda de Agosto, com Tróia ao fundo no horizonte, os ferry boats transportando turistas e viaturas ao longo do Rio e um estúpido que pescava junto ao Cais os peixes que o Luís me explicou que comem cocós (cheirava mal ali!).

Arriavados (perdoem-me o francesismo, mas pareceu-me francamente bem encaixado…) ao Restaurante do Clube Naval, que serve por 10 euros o mais excelso rodízio de peixe da região, sentimo-nos imediatamente em casa. Como íamos fardados a rigor, todos de camisola vermelha envergada, cedo os benfiquistas que já batiam com as orelhas na gamela nos começaram a fazer sinais de fixe e a sorrir como se nos quisessem desejar boa sorte. O senhor detrás do balcão com ar de dono disse-me que nos queria oferecer um xarope para benfiquistas no final e sorriu com um ar que eu não percebi e me pareceu sinistro. Por segundos ainda imaginei que fosse um lagarto encoberto mas não… afinal era de verdade e o xarope era um licor de canela poderosíssimo que nos fez deitar fumo pelas orelhas. Foi bom!

Os peixinhos, que pudemos apreciar antes de serem magistralmente cremados na grelha eram de mais de 9 qualidades e aquilo parecia um festim medieval. É comer até não poder mais e a estratégia da casa favorece assim maduros de calibre. À terceira sardinha, o meu sogro já impava e revirava os olhos a dizer que estava cheio e satisfeito. O meu cunhado durou pouco mais (sempre escapaste ao carapau, bandido!) e eu e o Barradinhas cortámos 3 orelhas e um rabo cada um. Demos-lhe a bom dar, ao ponto do meu colega de mesa já me confidenciar ao fim que estava a ficar agoniado com as quantidades impressionantes de peixinho fresco que nos aspirámos pela goela. Tempo para uma das deixas clássicas do meu sogro: “Porra que estes gajos têm um comer enganoso… parece que comem muito mas comem muito mais!”. A ponta final que fizemos de choco frito, com 3 servidas seguidas, pareceu uma final ao sprint do Tour de France em plenos Champs Elisées. Categórico!

“Já não comeram mais nada em todo o dia”, disparam agora os mais incautos. Negativo, respondemos nós em coro. Dali fomos direitinhos a terras de Lisboa e aterrámos em plena Zona de Benfica, idos por Odivelas para fugir à segunda circular. Assim que pusemos os pés no chão, as pernas começam a fugir-nos sem controlo e só pararam quando chegaram ao pé das roulotes. Ah… o cheiro do courato acabadinho de fritar, ou grelhar, ou assar ou lá o que for.

Como ainda estávamos algo empanturrados, metemo-nos só nas imperiais para desenjoar. Toda a gente que lê jornais sabe que a cerveja, para além de fins diuréticos, também ajuda a digestão.

Ainda tivemos tempo para conviver com o nosso ilustre Presidente da Assembleia Municipal, o Grande Doutor (com todas as letras) e precioso amigo Carlos Sequeira, outro grande benfiquista. Por acaso até é sócio há mais tempo que o meu sogro mas isso não muda nada do que já escrevi. O meu sogro é mais!

O estádio é uma visão e assim cheio como um ovo, é de entrar em delírio. O Barradas fez um cartaz com uma quadra do nosso poeta Máximo alusiva ao clube e à SIC e eu gritei ao gajo da Câmara. Diz que aparecemos no televisão e eu senti que vivi dos momentos mais importantes da minha curta mas intensa vida.

Quanto ao jogo, na televisão pode-se ver com mais detalhe mas ali é outra loiça. Vê-se tudo… adivinham-se as conversas… imaginam-se os lances… sente-se o estádio… vibra-se com a magia.

A diferença, para mim, explica-se de forma muito simples: uma coisa é ver um filme pornográfico. Outra é participar da acção…

E eu adorei. E eu fui tão feliz também… Jogámos bem… tivemos sorte… ganhámos a taça. A quarta taça nesta pré-temporada e apesar de não valerem nada, para mim o campeonato já podia acabar… (o que eu imagino para não me enervar com o jogo como Marítimo já no próximo domingo).

Saímos extasiados. Comemos o lanche ao chegar ao carro e não viemos para casa sem outra paragem obrigatória: as bifanas de Vendas Novas. Magníficas!

Na viagem, o meu sogro fez questão de trazer o carro?!?!?!? E viemos por aí fora ouvindo o Oceano Pacífico e pensando que não é preciso muito para poder sorrir. Apenas ter algum dinheiro no bolso, vontade e amigos.

O meu sogro, para quem não sabe (pode haver gente de fora a ler isto…), é o João Manuel Lança e eu gosto muito dele.

Dos outros companheiros também, óbvio, mas este texto é para o meu sogro em especial.

Vai por si, ó chefe!

A bomba-relógio

Parecem os Irmãos Dalton. O verso está digno de um Óscar... ai perdão, de um Nobel


Alguém disse templo gastronómico?

Sim

Também

Pode atestar!

Ah! Eu vi logo que havia mão de mestre!

Foi ali que o Sócrates andou a brincar aos terroristas? A mandar prédios abaixo?

Lindo, lindo!

Olé!

Choque frrite é du milhó qui há


A poção mágica benfiquista... Fortinha, a gaja!


Sempre lindo que cada vez que se avista de novo

Se eu mandasse, de cada vez que um Papa passasse por aqui, tinha de beijar o chão

O magnífico courato! A extraordinária barbela (sempre clássica e com pintelho!)

Eu gostava de mandar ampliar uma foto destas na Fábrica Real de Imagens e meter numa parede do meu quarto mas... não sei porquê, acho que a minha mulher não ia achar piada



É isto, pá... Eu sempre disse que o mal é as roulotes serem sítios tão mal frequentados...

Os copos são mesmo daquele tamanho, não é realidade virtual. Uma sede...

Esta vai direitinha para de cima da televisão lá de casa, numa moldura que eu tenho de Fátima

Por falar em Fátima... só lá e aqui é que há enchentes destas

Para mim, as portas do céu devem de ser assim. Depois a águia ganha vida, abraça-nos e a gente entra.

Cliquem para ampliar e vejam-me a cara de alegria deste homem. Chega a ser comovente, pá!

Ohhhhhhhhhh... Tão lindo!

Ali no meio da mochada também havia eu de gostar de estar

Vejam-me só a saúde destas cachopas. Vê-se logo que são Benfica

Somos muitos, não somos?

O line-up inicial

O pontapé de saída pelo mítico Eusébio. Uma lenda viva, este homem.



Não é todos os dias que se fotografa o Ronaldinho a falhar um penálti

Jesus salva! Jesus disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Quem crê em mim jamais verá o Glorioso fazer jogos de merda!".

Mais uma que já cá canta!


Tivemos direito a canhões de papelinhos e tudo!

Aaaaahhhhhhhhhh

Piquenicão à portuga! Só faltou o frango com esparguete e o palhinhas de 5 litros! Mas a tortilha estava de estalo, os pães com chóriço também e as minis? Geladas!
Bem hajam, ó rapaziada! Quando é que disseram que é o próximo!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Nas terras do Católico

Sos del rey Católico. Magnífica e perfeitamente encaixada na paisagem
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O último fim-de-semana foi passado em Sos del Rey Católico, vila que também faz parte da Rede de Vilas Medievais a que aderimos recentemente (saiba mais aqui) e foi seleccionada para a primeira reunião entre autarcas dos municípios que as integram e para a apresentação oficial à comunicação social.

Se há uma coisa que eu aprendi na Câmara é que a este nível, as coisas demoram sempre muito mais tempo do que aquele que nós pensamos. A gente quando está de fora é só “Eu chego, eu faço, eu digo, eu aconteço” mas depois… esbarramos com burocracias, com faltas de vontades, com múltiplos entraves com os quais não contávamos e nos atrasam as intenções.

Veja-se o caso do relvado sintético, uma verdadeira novela mexicana que felizmente terminou ontem (eu nem acredito), com a aprovação final da candidatura, depois de quase 3 anos de trabalho e inúmeras mudanças de figurino por parte do nosso governo.

No que diz respeito à Rede de Vilas Medievais, que também conheceu o “preto-no-branco” há relativamente bem pouco tempo, muito houve que pedalar desde essa reunião em Olivença, numa manhã fria de Inverno, há quase 2 anos.

Assim que soube da ideia, fiquei logo com a”pulga de trás da orelha” e não descansei enquanto não me “montei nesse comboio”. Guillermo explicou e o projecto pareceu-me brilhante. Já existiam um conjunto de vilas medievais espanholas (todas elas com características desse período e com menos de 5.000 habitantes) decididas a unirem-se em termos de promoção turística e procuravam agora parceiros portugueses. Estávamos nós, Estremoz, Campo Maior e Castelo de Vide. Na altura, havendo intenção de haver continuidade também para França, propus uma linha de continuidade em território português até Lisboa. Nasceram assim as hipóteses de Belver (Gavião) e de Óbidos (numa cartada de luxo…). Perto de Lisboa, perto do aeroporto… abrindo mais uma porta de entrada no circuito. O nosso amigo espanhol ficou encantado mas infelizmente e apesar de todos os esforços, os outros parceiros foram-se desinteressando e deixaram cair o sonho. Dos 6 portugueses, apenas nós e o Gavião não baixámos os braços e ainda bem. A candidatura foi aprovada, estão aí a achegar 100.000 euros para promoção e ¼ deles será exclusivo para a Al Mossassa que ganha assim um importante balão de oxigénio nesta última edição sob minha tutela.

Para já, a possibilidade de patrocínio da rede por parte de uma grande construtora de automóveis fica ainda adiada mas quem sabe… no futuro...

Porém, há já muitas vantagens a enaltecer e para além das mencionadas, só o facto de levar Marvão tão longe e poder incluir a minha terra neste cartaz de luxo já é uma enorme vitória.

E eu, de cada vez que vou representar o Município ao mais alto nível, sinto-me investido de uma força qualquer que não sei explicar, como se as boas vontades de todos se apoderassem de mim. È um orgulho enorme e só me apetece meter toda a comunidade a que pertenço na mala do carro e levá-la comigo.

Não podendo, esforço-me por fazer a melhor figura possível nunca deixando de ser eu próprio e dando, como sempre, o melhor de mim.

Foram 3 dias duríssimos com 900 quilómetros para cada lado e ainda por cima partindo com apenas 1 hora de sono (depois do concerto do Senhor Cohen) e com 500 quilómetros de ida e volta a Lisboa por minha conta. Essa manhã de sexta-feira, com o sol a dar-me de frente, parecia que estava no Twilight Zone… Vá lá que depois de chegado e de um duche gelado tudo se recompôs. O corpo humano é uma grande máquina…

Foram 3 dias ao mais alto nível vividos com competência, profissionalismo, mas também com cultura, com gastronomia, com vivência e divertimento que não somos nenhuns bichos e toda a gente sabe que também nos divertimos nestas coisas, como é óbvio. Mentir é feio e eu não estou para isso.

Não sei se os meus companheiros desses dias por aqui passarão, mas ainda assim faço questão de deixar alguns agradecimentos.

Em primeiro lugar, aos anfitriões e aos nossos parceiros que nos trataram de uma forma… ternurenta. É a palavra que melhor me ocorre. Sempre atenciosos, afáveis, simpáticos, cordatos, preocupados com o nosso bem-estar, foram, de facto, incansáveis. Do melhor, mesmo!

Depois queria agradecer aos meus dois companheiros de viagem:

Ao meu amigo e motorista Manuel Filipe pelo seu extraordinário profissionalismo (este homem dura… dura… dura… sempre agarrado à roda… sem pestanejar… ele já nasceu a conduzir!) e pela sua tão bem conhecida boa disposição.

E ao meu amigo Ricardo, responsável pelo projecto no Município do Gavião que foi uma agradabilíssima surpresa. Sempre animado, sempre conversador, sempre disposto a andar para a frente… Uma máquina e um grande recurso a preservar!

Foi muito bom, foi fenomenal e passou num instante, o que é sintomático.

Queria ainda agradecer a hospitalidade do hotel "El Peirón" que tem muito mais do que as 3 estrelas da fachada. Um bom gosto incrível em tudo, muita simpatia e muito saber receber. Oxalá este negócio de família floresça porque têm tudo para vencer. Classe e humildade que encantam e deveriam de ser uma lição para muita gente que eu conheço no negócio... e mais não digo. Podem visitar as instalações aqui.

Chegámos exaustos, chegámos com saudades, mas ainda com vontade de rir e de nos sentarmos na esplanada do Xalipas a matar saudades da cerveja portuguesa, sinal de que gostámos de estar juntos.

No balanço final de tudo o que vivi, digo aquilo que tanto defendo e em que tanto acredito: gente boa há em toda a parte. É preciso é saber encontrá-la!

Grande abraço! Bem hajam!

Ruas sinuosoas, estreitas... labirínticas

O Ayuntamiento local

De conto de fadas...




Na reunião com os alcaldes responsáveis pelos ayuntamientos parceiros

Um pôr-do-sol único visto da varanda do Parador (Pousada) local

Há 9 anos que a autarquia local organiza um festival de música que já é uma referência em termos nacionais. Muitos dos espectáculos são trasmitidos pela TVE e ali não faltam artistas de renome. A edição deste ano contou com o Bunbury dos "Heroes del Silêncio", o Manolo Garcia dos "Último de la Fila" e a Amaia dos "La Oreja de Van Gogh". Mas esteve também a Luz Casal, o projecto paralelo de alguns membros dos REM e a cantora country Lucinda Williams. (Saiba tudo clicando aqui)
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O espaço onde decorre o festival foi literalmente "inventado" num pequeno átrio situado no coração da vila. Uma estrutura complexa e gigantesca de andaimes possibilitou os cerca de 500 lugares sentados. Para tal teve de se cortar uma rua e tapar por completo a fachada de diversas habitações. Notável! E o maluco sou eu...



Os arcos do pátio de uma habitação servem de palco, acolhedor e intimista

Nessa noite tivemos a sorte de poder assistir ao concerto de Joan Manuel Serrat, uma espécie de Jorge Palma em versão espanhola, mais sóbrio mas não tão genial, no meu modesto entender. A assistência estava estarrecida a assistir à actuação de alguém que é considerado "um mito vivo da música espanhola". Bilhetes a 80 euros cada, que isto de ter as estrelas tão perto custa dinheiro. É outro andamento...

Pequeno almoço servido na garagem do nosso amigo consejal Javier Machín, uma figura encantadora. Sócio e amante do Saraçoça que brindou com champanhe a descida do Sevilha. Quem faz uma confissão destas tem de ser boa pessoa. Migas com carne de porco com ovo a cavalo, acompanhadas por tinto da região. Saber viver é uma arte...


E comentei com o alcalde: "Isto não há dúvida que é brilhante. Só é pena é não dar para levar mais gente...". E ele respondeu-me "Sabes... se o proprrietário da casa que fica do outro lado da rua me deixasse meter um pilar no meio do telhado, eu fazia mais uma fiada de cadeiras e sempre entravam mais uns 100...". Vendo a minha cara de parvo, apressou-se a dizer que "claro que se isso acontecesse, eu lhe garantia uns bilhetes grátis...". Ai eu...

A Casa-Palácio da Família Sada, onde a 10 de Março de 1452 nasceu o Rei Fernando II de Aragão. Hoje funciona como Posto de Turismo

Tinha uma pinta fantástica, o tipo este. Também... naquela altura em que não existiam máquinas fotográficas, quem é que se arriscava a fazer um boneco menos feliz? De resto, deveria ser um ser humano incrível. Foi um dos grandes impulsionadores da criação da Inquisição e o responsável, juntamente com a sua extremada esposa Isabelinha, pelo édito de expulsão dos Judeus em 1492. O papa espanhol Alexandre VI, emocionadíssimo com o gesto, deu-lhes o título de Reis Católicos. Os judeus que passaram pela Portagem fugidos desta gente só nos contaram coisas boas do casal...
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Facsimile do testamento da Sabelinha, a Católica. Inexplicavelmente, não me deixou nadinha. Ele há coisas...

Com esta fiquei eu de boca aberta: trata-se da capela interior do Palácio dos Sada, a capela de San Martín de Tours que funciona como Centro de Interpetação. Simples, barato e altamente funcional. Depois de devidamente sentados (a capacidade deve dar para 100 almas), um sistema de video som e luz explica o fresco que foi recentemente recuperado. Depois, desce uma cortina electrónica que serve de ecrã e em 10 minutos conta-se, em traços largos, a história de Sos do Rey Católico. Que linda que havia de ficar uma coisa destas na Torre de Menagem do Castelo de Marvão. Se eu mandasse de verdade, chegava cá e dizia: "Quero uma coisa destas!".


Estes são os Lurte que faziam a animação da feira medieval que ali decorria nesse fim-de-semana. Muito bons tecnicamente, com grande impacto visual mas ficam muito longe, logo são muito caros, logo não vai dar para trabalhar em conjunto. Mas que são bons... são. (E o site está aqui)

Um momento de descontracção. Ao fundo estou eu, todo contente. Do meu lado esquerdo está Ignácio Alegre, Alcalde de Sos. Do lado direito, Guillermo Echenique González, o homem que me apresentou a rede e um dos responsáveis pela nossa integração. Recentemente teve a honra de ser convidado para ser o Secretário Geral dos Assuntos Exteriores do Governo Basco, uma espécie de ministro dos negócios estrangeiros lá do sítio, cargo que desempenha há semanas. Ele é realmente um diplomata notável e um ser humano extraordinário como tive oportunidade de lhe transmitir pessoalmente. Certamente que será mais do que merecedor desta honra. Ao seu lado está Fernando González Olveira, o actual cérebro da rede que também adorei conhecer pessoalmente.
Só uma nota acerca do Guillermo, para que notem a coragem desta gente. Como membro do Governo Basco tem direito a duas escoltas permanentes, noite e dia. A sua esposa, que também é deputada, tem direito às suas duas. O que significa que estando em solo basco, as lindíssimas filhas gémeas do casal têm a companhia permanante de 4 pessoas encarregues de zelar pela sua segurança. E ainda assim... sorriem despreocupados. Chega a ser tocante...

A notável rede de paradores espanhola

Aqui o rapaz Fernando com a mamã, quando ainda se portava bem (0 filho)

De tarde, a inevitável passagem por Pamplona, cidade mítica de Navarra que todos conhecemos pela sua aficción e ancestrais largadas. Na imagem, o seu padroeiro, San Fermín, que tivemos a sorte de apanhar na sua guarita

Quantas vezes vi eu pela televisão a rapaziada a fugir esgalgada para esta porta que dá para a Praça de Touros, todos vestidinhos de branco, com a cintinha vermelha e cara de medo, correndo à frente dos maduros? A origem do "Encierro" (é assim que chama) remonta à Época Medieval. Os touros para a lide eram conduzidos pelas ruas ao amanhecer, desde extramuros até à Praça que servia de curral. Muitos dos habitantes de Pamplona habituaram-se a correr à frente dos animais (aposto que a ideia partiu de alguns que ainda não se tinham deitado e ainda estavam em "vinha d'alho"). A prática foi proibida pelas autoridades mas eles cada vez eram mais (logo, o vinho cada vez melhor!). Fazendo justiça à máxima "se não os consegues vencer... junta-te a eles", este exercício passou a ser permitido e foi transformado em tradição. Hoje, o "Encierro" é considerado o momento alto dos San Fermines e realiza-se de 7 a 14 de Julho, sempre pelas 8 da manhã.

Ernest Hemingway, escritor americano, prémio Nobel da literatura, um amigo da cidade, das gentes e das suas tradições é uma figura omnipresente. Aqui a estátua que perpetua a sua memória.

Pela cidade estão colocados estrategicamente diversos painéis informativos que traçam a "Rota Hemingway", os sítios por onde costumava passar e que marcou com a sua presença. Muitos são bares e botequins e com isto digo tudo. Gostavas pouco, gostavas...

A porta de entrada da 3ª maior praça de touros do mundo em termos de assistência, depois de uma no México e de Las Ventas, em Madrid. 19 mil e tal lugares sentados. É obra!

Nós também fizemos o percurso do "Encierro" (cerca de 1 Km) só que foi ao contrário e claro... sem touros!

Entrei numa lojinha de souvenirs e fiquei banzado com isto! Se é a cabeça de touro que eu sempre sonhei para a tourada do Dia da Criança... Perfeita! Parecia de verdade! Ainda avancei para o balcão, decidido a arrematá-la... mas o meu companheiro do lado foi mais realista: "vais comprar isso para quê? Para o ano não estás lá... Quem é que vai andar com ela?"...

Eu suspirei, respirei fundo para que não me faltasse o ar (sim, sou asmático) e saí porta fora porque, de repente, a sala ficou apertada demais para mim...

Ahhh. É bom...

A terra em que os touros vêem quem passa à varanda. E podem ser azuis e ter um par de tomates enorme que ninguém se zanga. Se fosse em Portugal, vinham logo os gajos que proibiram as tipas em topless no ecrã do Magalhães no corso carnavalesco... Ai eu...

"Bar Txoko. Hemingway foi cliente antes e depois das corridas de touros (vejam bem o nível! Antes e depois...). Aqui saboreava o seu cognac preferido".
Eu, para conhaques não dou muito, mas uns tintinhos em copos de papo alto com umas tapazinhas à maneira já ninguém me tira! Olé!

Vejam-me estas! Vjam-me isto e digam-me se não é arte! Pão integral, pimentos, chouriço frito e ovos de codorniz! Que coisa... É de fazer crescer água na boquita!


O Ayuntamiento que vigia a praça onde se iniciam os festejos. Neste ano, a metros dali, perdeu a vida um inglês, o pobre, em plena largada

Hasta Siempre!
Que bien fue todo!

Cruzamento para Tordesilhas. Aqui dividimos nós o mundo ao meio.
Nos dias de hoje... dá para acreditar?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A caminho



Agora parece que é oficial...

Diz quem sabe… que vem uma vida a caminho.

E eu sinto-me… abençoado.



PS: E a banda sonora do momento na minha cabeça é só uma...

Prodígios

A música deixa-me louco e a pensar (arrepiado!):

Como é que é possível que uma jovem de 21 anos (La Roux) consiga meter num cd recheado de hits instantâneos (e candidato imediato a disco do ano) toda a magia dos anos 80 (que terminaram dois anos após ter nascido…). É que está lá tudo: os ritmos, os sintetizadores, as vozes, os coros, o imaginário lírico, os neons fluorescentes... Nasceu uma estrela! E que deslumbrante ela é!



E como é que um outro jovem, português apesar do pseudónimo, me lança um disco em 2009 capaz de pertencer à melhor linhagem de cantautores americanos, de Dylan a Young… Um clássico instantâneo!



Epá… isto é do caraças!