terça-feira, 15 de abril de 2014

Run(ning) (again...)

Press play for ambience sound




Ontem acordei com vontade de concretizar uma aspiração já antiga e fiz-me à estrada (por e com muitos caminhos velhos) para conseguir retomar um dos meus percursos antigos de corrida antes do acidente. Um daqueles que cheguei a pensar muitas vezes que nunca iria a ele regressar. Consistia em ir dar a volta pelos Barretos, cortando pelos Vales em terra batida. Um total de 8 quilómetros, numa duração de 1 hora e 10 minutos até ao regresso a casa sem nunca parar apesar das (duras) subidas. Muito lento, dirão alguns. Lento, certamente diria eu, antes disto acontecer. Para quem, há 4 anos e com apenas pouco mais que meia-hora para além deste tempo fazia 21 quilómetros (1h 48m)… é assim um retrocesso considerável. 8 minutos e 75 segundos ao km numa distância de 8; quando em 2010 fazia em média 5 minutos em cada um dos 21… Pois sim, mas pelo meio houve o que já sabem e a coisa esteve grave. Nisso ia eu pensando enquanto corria e tentava perceber o meu desânimo quando voltei a tentar correr por diversas vezes até desistir. Desistir até (ter força para) recomeçar.



Quando quis recomeçar a correr há ano e meio/dois anos atrás, o processo era penoso. A sensação era que tinha dois pesos de toneladas presos às pernas. Um peso horrível que impossibilitava a marcha rápida. Correr é impossível quando um se sente colado ao chão. Sentia-me como o Pinóquio, a afundar-me com as pernas de madeira sem articulação, como se estivessem presas com Supercola. Peso agora 12 quilos a mais que nessa altura e o peso aqui já se nota bem.



Mas como eu de Pinóquio nunca tive nada e o meu herói sempre foi aquele que nunca deixou de sonhar, a Sininho soprou, sonhei e voltei a correr. Agora, é difícil quando um gajo que corria como se fosse o vento, se vê assim desamparado, por sua própria conta e risco, a começar do nada, como se voltasse aprender a correr outra vez, como teve de aprender a andar neste regresso à vida. Mas a força de vontade, esse bicho…


Dantes era:
- Olha, lá ao fundo vem o Pedro a correr.
- Onde?
- Já passou!



Eu era o símbolo da Nike, o swosh, a correr. Agora é devagar, não tão devagarinho assim, mas mais devagar. E não me venham cá com merdas que aquilo não é correr porque eu sei que é. A distância e o tempo provam-no. E eu vou sempre a pensar que se estivesse a participar numa prova de marcha olímpica era desclassificado pelos júris porque os pés não estão sempre os dois em contato com o chão como mandam as regras. O que significa que o que faço é correr.

Hoje assim. Amanhã, assim e assado. Sempre mais. Sempre sem baixar a guarda. Nunca satisfeito. Sem limites.


Dantes eram 21 km sempre a bombar. Depois foi (fui) reduzido a zero. 50 metros pareciam impossíveis. Agora já vou nos 10 quilómetros. Metro a metro... grão a grão... Mas sei que nunca serei capaz de “limpar” maratonas como os meus amigos Domingos Bucho e o André Costa, este último, um craque que tive de puxar anímicamente para cruzar a sua primeira meia de braço dado comigo (ver foto de chegada porque Pinóquio não). Mas maratonas (daquelas de 42 quilómetros) nunca seria capaz de fazer (porque exige muito treino incompatível com a minha vida atual), quanto mais depois da arraia. Agora, mais uma meia a saber à glória do Carlos Lopes na maratona de Los Angeles… (já não me parece tão louca)...




2 comentários:

zira disse...

gosto taaaaaaaanto de ti...

Helena Barreta disse...

Sei bem o que sente. Também eu regressei às corridas mais de um ano depois de ter feito a última ao lado do meu marido, na Meia-Praia. Mas agora a motivação é zero e faço-as só com um propósito, como se de um medicamento imprescindível se tratasse. Ainda me falta conquistar a vontade.

Boas corridas, boa Páscoa.

Um abraço