quinta-feira, 27 de junho de 2019

Em que nos estamos a tornar?




Eu tenho de começar por pedir desculpa aos meus leitores, e aqui faço o mea culpa, mas o tempo não tem estado para grandes escritas no meu blogue. As solicitações têm sido mais que muitas, graças a Deus, e entre exigências laborais que me consomem grande parte do tempo livre após o horário normal de trabalho; dedicação e entrega a causas cívicas, e comunitárias no restante tempo livre (leia-se Associação de Moradores dos Outeiros, que tive o prazer de ajudar a fundar, e aposta num Junho sempre em festa, relembrando a tertúlia do querido amigo Carlos Sequeira, ilustre presidente da Assembleia Municipal, com a celebração do Santo António, do São João, e já neste fim de semana, a festa dos Outeiros, ocupando-me em 3 fins de semanas seguidos de entrega total), não me tem sobrado grande tempo livre para me dedicar àquilo que realmente gosto de fazer, porque estas coisas das festas... também gosto mesmo de fazer!

Assim, tirando os habituais apontamentos no meu mural de facebook, quase diariamente, mais que uma vez; mais rápidos, bem à mão, bastando puxar do telemóvel; não me tem dado para muito mais.

Mas esta imagem de hoje… manda mais, e tem de ficar aqui registada, com a pergunta: em que nos estamos nós, humanos, a tornar-nos?

A notícia está toda aqui:






e dá que pensar... Que um pai é capaz de fazer tudo ao ver os filhos sofrer, para evitar a continuidade dessa dor, sempre eu soube e senti, embora peça a Deus que nunca me faça vivenciar esse drama na pele.

Que é capaz, numa situação limite, de desafiar as leis da natureza, a prudência, e tudo o que seria expectável, também sempre soube. Por isso esta desgraça, que emerge das muitas situações extremas que ocorrem no nosso planeta, é mais uma.

O que muda é esta imagem, a dureza dos corpos inertes tombados sob as águas, o choque brutal que representa para nós, seus pares, e nos faz sentir tão incómodos connosco mesmos.

O homem que tolera isto, o meu igual, o meu contemporâneo, o meu irmão, é o mesmo que apenas apareceria apenas nos instantes finais de um filme de duração média de pouco mais de duas horas, dedicado à vida na terra, mas que já a conseguiu poluir tanto que não consegue mais reconhecer as diferenças entre o que eram as estações do ano; que já deixou o plástico que inventou chegar às zonas mais recônditas das profundezas dos oceanos, ao ponto deste integrar a morfologia dos animais, e provocar metamorfoses na sua cartilagem; é o mesmo que ainda sonha com a lua, e com as explorações espaciais, mas assobia para o lado com a destruição do pulmão da terra na Amazónia; é o mesmo que mata o seu igual sem pestanejar por um reles metal que inventou para conseguir diferenciar-se entre si.

Um pai na casa dos 20 anos de El Salvador, morreu afogado com a sua filha da sua filha de 23 meses, quando tentavam atravessar clandestinamente a fronteira México-Estados Unidos (EUA), no rio Bravo.

Deram tudo de si na busca de um sonho, como milhares de seus semelhantes, e caíram para sempre.

Há notícias que não deveriam apenas de passar na televisão. Deveriam ficar dentro de nós, nas nossas orações, e para sabermos agradecer tudo aquilo que é tanto, que temos.


Paz à sua alma...

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