quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Caminhando...



Cá continuamos na luta… porque… acreditem! Nem só convalescença, nem só recuperação, é mesmo uma luta. É mesmo uma grande luta! Acreditem que eu compreendo quem ache isto estranho ou raro. É natural! Mas para quem passou por aquilo que eu passei, quem cruzou estes caminhos tão incertos e tão inóspitos, quem regressou… é tudo muito estranho. O quê é estranho? Tudo! Só o sorriso de uma das nossas filhas é suficiente para nos encher o dia de uma forma que passa de longe o admirável. Só isso… que é uma das muitas coisas de que é feito os nossos dias. Só isso dava para escrever um tratado. Tudo, tudo, tudo é motivo de admiração. Eu sinto-me como seu fosse um alien, como se fosse um ser raro que foi largado neste mundo que era o meu e ao qual falta tudo para se afirmar! Difícil… é tão difícil! Regressar à vida, fazer esta remontada é tudo menos fácil. Hoje consegui ir a pé à Beirã. Neste manhã de sol, decidi que não ia ficar em casa e fiz-me à estrada. As conversas que fui apanhando ao longo da estrada, os amigos (tudo malta mais idosa, de terceira idade) que fui encontrando até lá… era tudo material digno de ser contado em livro. Gosto particularmente de analisar a reacção deles quando me vêem e os comentários após a minha passagem. Por aí vou “tirando” muita coisa também e fazem a análise que eu gosto de ouvir porque fica para mim. Antes da Ranginha deparei-me com um grupo de senhores que estavam a fazer a matança de um porco.


“Viva, bom dia! Como é que se está a portar o animal?”, perguntei.


Eles, depois de me responderem em uníssono e me cumprimentarem, ficaram a comentar sobre quem eu era, sobre o acidente, aquelas coisas do costume, até que ouve um mais afoito que me perguntou: “então agora já não corre?”.


“Está de corridas, está… Agora só andando, só a caminho!”.


E ele, que estava habituado a ver-me por ali passar tanta vez naquele que era um dos meus circuitos de atletismo preferidos da zona, comentou com os amigos após eu passar… “Este era terrível para isso! Nem imaginam a quantidade de vezes que ele por aqui passava a correr nesta estrada…”.


Pois… pensei eu suspirando em silêncio, passava a correr mas agora é difícil e mesmo conseguir ir andando já é muito bom! Aliás, estar cá e ouvi-los já é óptimo, é um extraordinário sinal para mim! Embora reconheça que é muito difícil conseguir que a nossa vida entre nos carris e ganhe a velocidade que pretendemos para ela quando perdemos tempo e não sabemos dar prioridade aquilo que realmente merece o nosso apreço. E há tanta coisa que merece…

4 comentários:

Catarina disse...

Pois há, e há que lembrá-lo constantemente para não perdermos o norte! Beijinho

Fátinha disse...

Força Pedro!
O caminho faz-se caminhando.
Bjs!!!

André disse...

De vagar se vai ao longe. O ultimo tambem faz parte da corrida e se agora te sentes menos bem é com essa coragem que irás alcançar de novo os teus objectivos.

Força Pedro. Força Sabi. Força familia.

Abraço,
André

Helena Barreta disse...

É valorizando o que tem de melhor para continuar nessa sua caminhada. Parabéns por aquilo que já conquistou e força e perseverança para continuar nesse caminho até à reabilitação total.

Um abraço