quinta-feira, 15 de março de 2012

Os resistentes!









Pois é claro que comprei a Visão desta semana! Assim que soube que era dado o destaque, corri logo para o quiosque e fui o primeiro a comprá-la. Ainda as revistas estavam todas arrumadinhas e embrulhadas num pacote e já eu estava na fila da frente para ter direito ao meu exemplar. Gostei da reportagem. Acho que estava jornalisticamente bem feita e traçava bem o quadro.


Se fosse eu a fazê-la (lembrem-se que a minha formação é jornalística, eu estudei para isso e terminei o curso muito bem classificado, só não cheguei foi a exercer), só mudava o título e passaria a chama-la de “Os resistentes” porque é sobre eles que trata. Esta geração que é também a minha, é feita de homens e mulheres que apesar de tudo não desistem dos seus ideais e resistem contra tudo e todos para terem o seu cantinho e serem felizes. Sou fã, fã de todos eles porque merecem o meu elogio e toda a minha consideração. Muitos deles têm estudos superiores, querendo isto dizer que estudaram grande parte da sua vida esperando um mercado de trabalho que os integrasse mas isso nunca chegou a acontecer. Por revezes do destino, pelas mais variadas razões acabaram por ver-se assim por sua conta própria e das duas, uma: ou pegavam nas rédeas e começavam a controlar o seu futuro ou deixavam-se ir abaixo e passavam a ser apenas mais um número! (nas filas do desemprego, nas estatísticas…). E eles (e ainda bem!) não ficaram quietos e parados. Criaram o seu próprio emprego e assim conseguiram o seu espaço numa revista nacional que (atenta!) lhes soube dar valor e tempo para os ouvir.


Gostei imenso de ler e de saber melhor a sua história. Conheço muito bem a Paula e o Nuno que conheci no Serviço de Finanças em Marvão, cujo sonho de criar um parque de campismo naturista entre nós acompanhei sempre; conheço muito bem o meu primo Jorge Rosado e aplaudo o seu regresso à terra; sou cliente e adoro a mercearia da Catarina e do Nuno, loja da qual tenho o enorme prazer de ser cliente sempre que posso, apenas não conheço o Márcio e a Mónica mas uma vez que vamos ser aqui vizinhos em Santo António, assim que puder passo por lá para lhes dar um abraço e uma força. Quero que eles saibam que eu sinto que são heróis e torço por tudo para que o negócio lhes corra bem. Ter vizinhos do seu lado só pode ajudar e já que tudo estava contra eles todos, deve ser reconfortante saber que têm na vizinhança quem os admire e queira bem.


Os tempos são duros! Em termos económicos, o que nós assistimos todos os dias é que estamos a ser engolidos. Na Europa, pelos alemães e pelos franceses, mas para mim, o grande problema vai vir da China porque os chineses que já estão a comprar e já se estão a meter em Portugal, são mesmo muitos e gajos que se multiplicam onde quer que haja um bocadinho de humidade, qual erva daninha que se alimenta de tudo o que apanha à volta.


Tempos difíceis! O interior não interessa a ninguém. Os grandes centros de decisão só se preocupam com cidades e os enormes agregados populacionais. Com as fronteiras assim desamparadas, qualquer dia, os espanhóis entram pelo país adentro e só reparam que estão no nosso país quando chegarem às portagens e lhe queiram cobrar o ticket.



Que desgosto, meu Deus! Que desgosto… Um país tão bonito, tão bem localizado à entrada da Europa, com solos de uma qualidade excecional (que agora não leva “p”, diz-me o computador! Modernices!) com um clima bestial, com uma relação privilegiada com a água (com o mar e os rios que o banham), vê-se assim reduzido a nada! Nós já dividimos o mundo ao meio, caraças! Pode haver gajos que hoje jogam forte a nível internacional mas nós nunca nos podemos esquecer da nossa história e temos de ser orgulhosos do nosso passado e daquilo que fomos! Eu com a extrema direita não quero nada, mas há coisas que o velhinho Salazar dizia que não eram descabidas de todo e se ele falhou muito nas políticas que tinha, de parvo não tinha nada. Pelo menos via o país como um todo e não apenas as cidades onde estão os votos e o poder. Não cabe na cabeça de ninguém ter uma casa onde a sala é faustosa e do mais requintada que há e depois ter as outras divisões todas por mobilar. Ou há meio termo e cuidado em tratar tudo por igual ou não vale de nada ter dois pesos e duas medidas.


E é por não concordar com as regras do jogo, por verem que quem dita as leis, o faz muitas vezes sem pensar no que deve ser pensado, que estes “resistentes” decidiram meter mãos à obra e terem uma palavra a dizer quando alguém está a decidir o seu futuro. Nem toda a gente tem de ser cinzenta, a vestir fatos cinzentos, a viver em casas cinzentas, a correr para um trabalho cinzento, a viver uma vida cinzenta. Há pessoas, há jovens como estes que estão entre nós e ganham direito a destaque numa revista nacional que ainda têm uma palavra a dizer e não querem deixar o seu futuro ser decidido por quem não merece sem os ouvir.


Sorte da terra que pode ter gente assim desta categoria que apesar de ter que contar só consigo, faz-se ouvir muito alto e muito longe.


Palmas, muitas palmas a todos e força!

5 comentários:

Péricles disse...

É com imensa emoção que leio um comentário do Pedro sobre este artigo da Visão.
Este Blogue ainda Marvão era uma miragem longínqua por detrás das filas intermináveis do IC19, já nós o acompanhávamos para nos ligarmos mais a esta terra, para prepararmos o nosso caminho.
Sentimos com uma preocupação genuína o infortúnio que o afectou, e admiramos muito o também resistente Pedro Sobreiro.
Aliás o chamar-nos resistentes e creio que neste caso posso falar em nome dos 8, da parte de quem resistiu da forma que resistiu... é um forte incentivo para não pararmos.
Acredite que a reportagem da Visão foi importante para nós, mas aqui em casa este post do Pedro valeu muito mais!
Obrigado

Nuno Frade

Catarina disse...

♥♥♥♥

Helena Barreta disse...

Ainda não tive oportunidade de ir a Marvão e conhecer estes espaços novos que foram criados. Na Mercearia de Marvão vou entrando, embora virtualmente, todos os dias e gosto muito. Com toda a certeza que vou apreciar os restantes investimentos feitos por estes casais.

Desejo-vos, a todos, os maiores sucessos e que consigam realizar aquilo a que se propõem. Muitas felicidades e sorte.

Um beijinho

Isabel I disse...

Concordo consigo em tudo menos no Salazar: ele nunca teve razão! De resto, tiro o meu chapéu a todos os resistentes a si também que mais que resistente é um vencedor.

Pedro Sobreiro (Tio Sabi) disse...

Bem hajam todos pelo vosso comentário mas um especial para a Paula e o Nuno que aqui vejo comentar pela primeira vez: são de tão boa “cepa” que se não tivessem sido vocês a dar com Marvão, éramos nós que tínhamos ido ver de vocês. Bela contratação! Gente do melhor, com um grande carácter e daquelas mesmo que nos precisamos. Bem hajam pelas vossas palavras e um beijo!