Lamento
profundamente a morte e o triste fim do Bernardo que era, afinal, um rapaz do
meu tempo. Levava-me apenas 3 anos e era também nascido em Junho.
Uma vida
inteira, cheia de sonhos e talento desapareceu assim num ápice, em condições e
circunstâncias que vão sempre ficar por apurar. Apaixonado pela fotografia, poderia estar à
procura daquela “tal” imagem quando escorregou ou colocou um pé em falso e caiu
assim à falésia que lhe roubou a vida. Tudo desapareceu num instante, tudo se
esfumou num abrir e fechar de olhos. Tantas horas de trabalho e aprendizagem e
criação ao piano não lhe valeram de nada
e desapareceram com ele.
Todas as
imagens e entrevistas que têm passado recentemente na televisão revelam um artista
calmo, um criador que amadurecia, um pai de família responsável que colocava a mulher
e as filhas sempre em primeiro plano. Um génio humilde que sempre sabia estar
no seu lugar e preferia passar despercebido em vez de correr atrás do brilho dos
holofotes.
Realmente, a
vida é trágica e prega-nos assim estas “peças” que tanto custam a digerir e nos
deixam muito mais pobres enquanto país. Há coisas que por mais que se pensem e
expliquem acabam sempre por ficar assim no ar, sem uma resposta ou justificação.
Claro que
muita gente já conspira e tenta de alguma forma encontrar teorias que
justifiquem o fim mas pode tudo mesmo ter sido um acaso, fortuito e infeliz.
A vida é mesmo
assim e o show tem de continuar mesmo que falte uma das figuras principais do cartaz.
A nós,
restam-nos as gravações, os discos e os espetáculos para não deixarmos que tudo
caía no esquecimento, para que tudo tenha e continue a ter um sentido.
A memória que
acaba por ser maior que a vida. Uma pessoa nunca morre desde que haja alguém
que a recorde com carinho e saudade.
1 comentário:
Tenho o prazer de ter assistido a dois concertos seus, simplesmente genial!...tenho a tristeza de não poder assistir a mais!...fica a recordação e a eterna saudade!
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