quinta-feira, 17 de maio de 2012

Bernardo (1970-2012)



Lamento profundamente a morte e o triste fim do Bernardo que era, afinal, um rapaz do meu tempo. Levava-me apenas 3 anos e era também nascido em Junho.
Uma vida inteira, cheia de sonhos e talento desapareceu assim num ápice, em condições e circunstâncias que vão sempre ficar por apurar.  Apaixonado pela fotografia, poderia estar à procura daquela “tal” imagem quando escorregou ou colocou um pé em falso e caiu assim à falésia que lhe roubou a vida. Tudo desapareceu num instante, tudo se esfumou num abrir e fechar de olhos. Tantas horas de trabalho e aprendizagem e criação ao piano não  lhe valeram de nada e desapareceram com ele.
Todas as imagens e entrevistas que têm passado recentemente na televisão revelam um artista calmo, um criador que amadurecia, um pai de família responsável que colocava a mulher e as filhas sempre em primeiro plano. Um génio humilde que sempre sabia estar no seu lugar e preferia passar despercebido em vez de correr atrás do brilho dos holofotes.
Realmente, a vida é trágica e prega-nos assim estas “peças” que tanto custam a digerir e nos deixam muito mais pobres enquanto país. Há coisas que por mais que se pensem e expliquem acabam sempre por ficar assim no ar, sem uma resposta ou justificação.
Claro que muita gente já conspira e tenta de alguma forma encontrar teorias que justifiquem o fim mas pode tudo mesmo ter sido um acaso, fortuito e infeliz.
A vida é mesmo assim e o show tem de continuar mesmo que falte uma das figuras principais  do cartaz.
A nós, restam-nos as gravações, os discos e os espetáculos para não deixarmos que tudo caía no esquecimento, para que tudo tenha e continue a ter um sentido.
A memória que acaba por ser maior que a vida. Uma pessoa nunca morre desde que haja alguém que a recorde com carinho e saudade. 

1 comentário:

João Escarameia disse...

Tenho o prazer de ter assistido a dois concertos seus, simplesmente genial!...tenho a tristeza de não poder assistir a mais!...fica a recordação e a eterna saudade!