A minha Leonor
está cada vez mais engraçada, mais crescida, mais mulherzinha a cada dia que
passa e é um prazer enorme vê-la a crescer assim. O maior do mundo!
Esperta,
mete-se em tudo, ouve tudo, sabe opinar sobre tudo, não deixa nada em claro.
Nesta semana que passou, nestes últimos dias, passaram-se duas com ela que não
resisto a contar-vos. A primeira foi a publicação na “Visão Júnior” de um texto
seu sobre as bonecas preferidas, as “Monster High”, umas piquenas horripilantes
que são filhas de vampiros ou lobisomens e estudantes de um liceu dos Estados
Unidos. Ela lê a “Visão Júnior” desde que aprendeu e tem a sua sempre
encomendada no Rui Boto para quando acompanha o pai a buscar o “Expresso”,
trazer também o seu exemplar. Eu sabia que ela tinha escrito para lá mas fiquei
surpreendido por ver a publicação do seu comentário entre muitos outros,
dezenas deles que têm por lá certamente caído nos últimos tempos. Claro que
ficou radiante e guardou a edição que passou a engrossar o seu espólio
bibliográfico. Esta foi boa mas o melhor ainda estava para vir...
Ultimamente não se calava com o espetáculo do CSI (título da série americana “Crime sobre Investigação”) que iria acontecer no nosso país creio que no Pavilhão Atlântico e em Santa Maria da Feira. A ideia era recriar o ambiente que rodeia a investigação policial nos Estados Unidos e seguia as linhas orientadoras da série televisiva que ela costumava acompanhar com a mãe sempre que esta última a deixava assistir (porque o teor da série o permitia). O evento era um festim para os mais novos, para a malta jovem que segue com curiosidade estes eventos dos crescidos.
Fartou-se de nos pedir se podia concorrer aos bilhetes e nós, depois das habituais perguntas e cuidados sobre a privacidade, demos-lhe autorização para se “fazer” aos bilhetes, embora estando sempre cientes que era um concurso à escala nacional, que os concorrentes deviam ser mais que muitos, que as hipóteses de vitória eram muito escassas. Alimentámos-lhe assim as esperanças mas nunca pensamos que a história que redigiu fosse uma das escolhidas. Qual não foi o nosso espanto quando depois de me pedir para utilizar o computador, ouvimos um grito e a vimos numa felicidade estonteante que até dava direito a saltos e a uma coreografia. Ficou radiante, meu Deus, e eu vi logo o que vinha a seguir. Depois da alegria viria a desilusão quando se apercebesse das dificuldades em levantar o bilhete e estar presente. Era uma sexta-feira e a mãe trabalhava nesse fim-de-semana, eu teria a responsabilidade de tomar conta dela e da irmã nos dois dias que se seguiam, faltavam apenas horas para a abertura das portas e ir a Lisboa, por muito que lhe custasse perceber na euforia, não é propriamente como ir ali à Beirã. Há coisas que os adultos têm de levar em linha de conta, coisas triviais com o combustível, as portagens, os almoços, os passeios e as lembranças… que as crianças não pensam nelas mas que pesam nestes tempos modernos e à hora que era e perante o cenário que se adivinhava, ir a Lisboa de sobressalto não era certamente o nosso programa ideal para fim-de-semana. Posto isto, teria de se passar para a parte das negociações e eu aqui declaro publicamente que apesar do esforço por agradar ser enorme, não estava a conduzir nada bem as negociações. Só lhe dava os parabéns e pedia para não ficar triste, o que não lhe levantava o astral, nem fazia com que a barra ficasse menos pesada.
Eu aflito, a mãe cabisbaixa, a pequena a léguas de tudo o que se passava, e ela… na mesma. Eis que senão a Cris teve uma ideia realmente brilhante daquelas que desbloqueiam as situações de crise porque naquele momento prometeu que assim que visse uma, lhe comprava outra boneca “Monster High”(daquelas que a mãe não suporta), e fez-se luz: o pranto deu lugar a um sorriso, serenaram-se os ânimos e ficou tudo muito mais calmo.
Falou-se num bem maior, naqueles que ocupam os lugares cimeiros do gosto e após aquilo já nem ela, nem ninguém se recordava do que eram e para o que eram os ingressos. Tudo tinha passado e tudo fica bem quando acaba bem.
A boneca já cá dorme em casa há uns dias, instalada com as suas colegas no prédio residencial que possuem no quarto da Leonor e onde não faltam todas as comodidades do mundo moderno, jardins e jacuzzis incluídos. O CSI já foi à vida, ficou apenas uma memória que vai querer guardar, como nós com o episódio.
Só espero que quando crescer e se meter noutras paragens, tenha um pouco mais de cuidado e certeza quando se enfiar nestas embrulhadas e me pergunte antes se posso mesmo dirigir o iate que nos vai sair nesse cruzeiro que nos vai tocar pelo Mediterrâneo. Eh, Eh…
1 comentário:
Muitos parabéns à Leonor pelo concurso, por ser uma miúda com iniciativas e interventiva.
Foi pena realmente Lisboa ficar longe.
Um abraço
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