quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

E 2015 foi assim...




E 2015 foi assim…

Quando teclo estas linhas, já os fogos de artifício a anunciar 2016 no outro lado do mundo encheram de cor os céus da Austrália e os noticiários televisivos.
Sentado no sofá, gozo refastelado a tolerância de ponto em frente à lareira com a minha Alice ao lado a desenhar no tablet; a Cris na voltinha com o Sizzle para o xixi pós almoço; e a Leonor a preparar a indumentária para a passagem de ano com os amigos na garagem dos avós.

No ecrã somam-se as propostas ainda disponíveis para os que não quiserem ficar em casa… mas essa é mesmo a minha equipa. Eu quero ficar em casa! No meu reduto mais íntimo, mais pessoal e mais meu.

Pensei muito, tenho refletido muito na minha postura virtual perante o blogue e o facebook. O ano novo vai trazer novidades que divulgarei em breve em sede própria, na minha taberna virtual que tem sido algo(mal) relegada para segundo plano, vítima do crash no meu pc e do imediatismo, facilitismo do facebook que mora logo aqui no telemóvel que está no bolso.
Teclo com alguma dificuldade, diga-se de passagem, porque o dedo gordo da mão esquerda não ajuda as palavras a nascerem e dorme, inerte e todo envolvido em gaze como se fosse uma múmia desde a tarde de ontem. Um golpe profundíssimo com um xizato, que falhou uma caixa de suportes para alguns quadros que estava a colocar na sala, foi o motivo que me alterou os planos para toda a tarde mas essa é uma aventura que contarei depois.

Pensei se… e como… e se queria fazer mesmo isto, analisar o ano, despir-me na rede, tornar-me transparente para tanta gente que não gosta, que inveja, que não merece e concluí que… não podem ser os atentados terroristas a condicionarem a nossa vida. O mal e a inveja sempre existiram e sempre existirão e nós, pessoas esclarecidas, informadas, que gostam de estar vida e chegar aos outros, não nos podemos deixar limitar,

Todos os dias faço o balanço do dia à noite antes de me deitar. Faço-o de joelhos porque assim, tenho mais e melhor consciência da minha condição de humano, finito, limitado, que reconhece a sua inferioridade a tanto que existe no mundo e nos outros, e me ajuda a pensar. Ali a humildade sente-se. Não se provoca. Sente-se.

Da mesma forma quero aqui fazer o meu balanço do ano. Em público. Porque eu sou público. Poderia faze-lo numa folha A4 que guardaria num sítio qualquer mas isso não teria o mesmo efeito em mim. Escrever para mim é uma catarse. É algo que sai, regenera, limpa, clarifica, ajuda a resolver. É uma ida ao psicólogo. Mas tem de ser aqui. Para TU poderes ler. Se fosse só para mim, seria fazer como os judeus fazem no muro das lamentações que resta do antigo palácio de Herodes: às cabeçadas ao vento.

Eu preciso disto. Assim…

2015 foi um ano bom. Foi um ano com saúde, para mim e para os meus que é o que mais me preocupa e importa. Não desapareceu nenhum de nós, como no terrível ano de 2014. Ninguém ficou desprotegido de emprego, o Benfica sagrou-se bicampeão nacional, as mazelas foram coisas fortuitas, passageiras, que passaram. Menos mal.

Sem ter a sempre habitual revisão anual do Expresso que coleciono há décadas; com a Sábado e a Visão a fazerem prognósticos futuristas à Relatório minoritário, farei da minha lavra, com os erros e falhanços segundo o próprio, sem rede, nem cábula.
Este ano ficará inexoravelmente marcado com a entrada de duas novas vidas na minha vida (por ordem de chegada): o meu Chefe e o meu cão. Esta poderá ser uma afirmação que poderá ser absurda para quem não conheça o Tio Sabi, ou o Drocas (como ele por vezes me chama). Mas garanto-vos e explico que não é.

O meu Chefe é um homem chamado Nuno, apenas 3 anos mais velho que eu, mas com uma forma de ser e estar que contagia. Cristão verdadeiro, daqueles que até dá gosto de ver, pratica o bem e não olha a quem. Se a minha anterior chefia, quando me via ajudar os nossos “clientes”, idosos, sem escolaridade, me dizia de soslaio que “isto aqui não é a Santa Casa. Aqui cobramos impostos.”; este Homem mete sempre uma caixinha de bombons, paga pelo seu bolso, para os contribuintes adoçarem a boca na Páscoa ou no Natal. Entrou na mesma fornada que eu entrei para a casa dos impostos, uma geração de funcionários prestáveis, esclarecidos, que querem fazer o que tem de ser feito mas que olham mais para o cidadão que para o pagador. Tem a mesma categoria que eu mas apenas no papel. O homem domina. Se eu jogo, porque sempre joguei e muito lutei para aqui estar, na 2ª Liga Distrital; assim que ele pisa o edifício da casa do brasão, ouve-se o hino da Liga do Campeões. Mesmo que ele deteste que eu o idolatre, isso é mais forte que eu. É um homem bom, o que me chefia. É por ele e graças a ele que vou trabalhar todos os dias com alegria, para passar o dia junto a quem me quer bem e com quem mais tempo passo do que junto a quem mais amo.
Reabilitou-me, quando eu só tinha serviços considerados secundários e por isso me eram entregues. Deu-me pela primeira vez na vida a possibilidade de assumir a secção de cobrança, dando hipótese de aplicar os conhecimentos que tinha adquirido em Lisboa quando aprovei no curso de tesourarias que fiz para tal. Com ele, pela primeira vez na minha vida, senti-me um verdadeiro funcionário de finanças, respeitado para tal.
Ajuda-me diariamente para que consiga crescer e sinto-o todos os dias que passo com ele.
Por uma vez ou outra já me fez ver que quem manda ali é ele, com lisura, com elegância, sem peixeradas, como eu gosto. E eu faço.
Ele é o senhor “bem haja”, expressão e hábito que herdei da minha mãe e que sempre tanta agrado despertou a quem a ouvia. Mas uma vez que ele é um albicastrense encartado, assenta-lhe muito melhor a ele, e até soa melhor.

Outra vida que se juntou à minha, à nossa, é a do cãozinho tão sonhado que finalmente acampou junto a nós: Sizzle, ou Suíço, como o batizou o meu sogro e eu prefiro ao original. O Suíço tem uma longa história já connosco, apesar de nem há um ano estar entre nós. É um sobrevivente, tal como eu, e ia perdendo a vida na mesma reta, a 100 metros de distância, a menos de 1 quilómetro de casa. Por duas vezes a minha displicência, uma vez com um copo a mais depois de uma noite de farra; da outra vez, numa manhã em que a trela me pareceu que estava a mais; nos ia sendo fatal. Mas Deus, que não dorme e ajuda sempre aqueles que nele acreditam, deu-nos uma segunda hipótese. A mim depois de mês e meio em coma em São José; a ele, quatro dias e quatro noites chuvosas depois, quando já o dávamos cadáver, depois de buscas incessantes com ajuda de vizinhos e amigos por toda a área onde desapareceu. A nossa história está aqui contada neste blogue, minha casa virtual, e na minha página do facebook. É só uma questão de andar para trás.

A Cristina foi sempre a grande encarregada de educação das nossas filhas. Eu sempre ajudei mas só isso. Ajudo. É ela que se levanta de madrugada para acompanhar a Leonor a estudar quando precisa de apoio. Eu, como nunca tive ninguém que me ajudasse a estudar (a fazer trabalhos manuais, sim. Mas para estudar história ou geografia… não.), e sei que aquela é a sua profissão, que ou é bem sucedida nestes tremendamente importantes dez anos que se seguem, ou acabará assalariada de uma gigante nacional ou multinacional e mesmo assim… é menos provável! J

Ela achou que mudá-la já para o 9º ano em Portalegre seria a melhor forma de precaver a sua ida (obrigatória) para o secundário, naquela cidade e eu, concordei, claro. Acorda muito cedo, ainda de madrugada e quando acorda, acorda-nos a todos com portas e gavetas e sacos a arrastarem e a rugirem e a mandarem-me direto para o passeio matinal do Sizzle.

Da sua história na cidade grande, darei conta noutros capítulos mas por agora o que quero mesmo relatar, é a minha dificuldade em chegar a esta criatura que amo mas que agora está a anos luz de mim, como a cara que faz de frete de cada vez que tento chegar até ela.

A minha Cris continua, a cada dia que passa, a ser a mulher da minha vida que amo cada vez mais. Eu sei que tem os seus defeitos, como sei que tenho os meus e a vida não é um conto de fadas. Mas o mais importante é que sempre que nos zangamos, o que acontece com alguma frequência porque são dois feitios muito fortes, damos por nós a rirmo-nos quando nos cruzamos. A Cristina é por tudo e mais alguma coisa, a mulher da minha vida. A que me deu quase tudo, a que esteve comigo sempre em todos os passos importantes, mesmo quando eu parecia que estava a dormir e não estava cá. De mão dada. A dar-me a cheirar o meu perfume que meteu as máquinas loucas e a fez ir assustada a chamar os enfermeiros a correr.

A minha Alice… é a minha Alice. Por vezes vou relatando via facebook uma ínfima parte do quanto nos alegra os nossos dias e sou muito feliz quando um amigo que não vejo assim tanto mas que estimo muito me diz baixinho: “aquela tua Alice… é cá um prato! E uma delícia…”. Grande Abraço, Altino! Bom ano!!

A minha querida Amiga Susana Teixeira, colega temporária dos tempos modernos de quem gosto muito e me sinto muito próximo, minha colega camarada do Marvão para Todos sobre quem escreverei em breve, disse-me há dias no meio de uma conversa e em jeito de desabafo, não sei se meu, se dela: Tu tens uma vida boa, Pedro.

Pois tenho, minha querida. Tenho os meus problemas, as minhas crises existenciais, os meus medos e as minha falhas; não sou rico mas sou um rico homem que vive na casa que sempre sonhou, com a família que sempre sonhou, num emprego na terra que nunca sonhou mas adora porque é de sonho.

Desejo a quem quero bem um feliz ano novo e muita saúde que é o fundamental.

Peço a Deus… que esteja sempre comigo, connosco e o aconchego que representa o sentir desta mão quente nas costas, na cabeça, mesmo e sobretudo nos momentos mais difíceis não se explica. Sente-se.

Feliz ano novo! Feliz 2006!
(eu não gostava muito do 5 porque é o número que sei desenhar menos bem… J)  


PS : E não falei do país, nem do mundo mas… eu começo a escrever e esqueço-me. Já vou longo, 3 horas e 4 páginas. Depois…


1 comentário:

Helena Barreta disse...

Desejo-lhe as maiores felicidades e que o ano que agora começou seja bom, tenha saúde, amor e família.

Um abraço