terça-feira, 10 de maio de 2016

Os sons... do silêncio


Nem sempre uma versão é pior que o original. Pode nem sempre ser uma cópia, um derivado, algo que bebe e tem de prestar vassalagem à primeira leitura. Muitas vezes, uma versão quando consegue captar a verdadeira alma e o sentido do original, consegue aportar algo mais ao espírito que iluminou o artista, enquanto o compôs.

Desde que este sopro divino que nos chegou pela primeira vez pela voz de Meste Cohen.... 



foi interpretado de uma forma que o transcendeu só com a voz e a guitarra do menino Buckley  (cujo fim trágico na flor da idade o envolveu numa aura mística), a história de versões virou uma página que nunca mais a deixou como antes.




Habituei-me a ouvir este hino de que vos quero falar na cassete que reproduzia o concerto no Central Park, de Nova Iorque do duo (Paul) Simon e (Art) Garfunkel; deitado no banco de trás do Fiat 127 branco da minha madrinha Fatinha, a caminho do Algarve, naqueles idos anos 80 em que as férias eram sempre em Setembro e duravam 1 mês inteiro.

Reouvi-o depois.

Dissequei-o mais tarde e percebi o hino à música e à inteligência.

Ficou armazenado no meu baú.



Isto até que a rádio nacional mais ouvida, a que acompanho todo o dia desde que acordo porque me identifico com as playlists e sobretudo com os animadores, (extraordinários, todos eles, sobretudo os das manhãs) começaram a passar esta versão.

Os Disturbed são rapaziada do hard rock e fazem, por isso, uma leitura diferente do mesmo sentido. Mas que toca. Porque o poder da música, em vez de acariciado pelas vozes angelicais originais, faz pensar ainda mais.

Muito bom.





Traduzido como eu sei traduzir. Sempre pelo sentido. Para que quem não compreenda, o apanhe.

Os sons do Silêncio

Olá tristeza, minha velha amiga,
Vim falar contigo outra vez,
Porque uma visão se apoderou de mim,
Tranquilamente enquanto dormia,
E essa imagem que ficou plantada no meu cérebro,
Ainda permanece,
Entre os sons do silêncio.

Nesses sonhos desassossegados eu andava só,
Em ruas estreitas de carvão,
Debaixo do halo de um candeeiro,
Virei-me para o ar frio e húmido,
Quando os meus olhos foram esfaqueados por um flash de uma luz de néon
Que cortou a noite,
E tocou o som do silêncio.

E na luz fria eu vi,
10 mil pessoas, talvez mais,
Pessoas que falavam sem conversar,
Pessoas que ouviam sem escutar,
Pessoas que escreviam canções que vozes nunca partilharam,
Ninguém ousa,
Perturbar o som do silêncio.

“Tontos”, disse eu, “Vocês não sabem”
O silêncio é como um cancro que cresce,
Escutem as minhas palavras que eu vos posso ensinar,
Tomem os meus braços para que vos possa alcançar,
Mas as minhas palavras são como gotas de chuva que caem,
E ecoam nos poços de silêncios.

E as pessoas curvaram-se e rezaram,
Ao Deus de néon que fizeram,
E os sinal faiscou o seu aviso,
Nas palavras que se formavam,
E o sinal disse “as palavras dos profetas,
estão escritas nos muros do metropolitano,
e nos bairros habitacionais,

E Sussuraram… os sons do silêncio.

1 comentário:

nuno mota disse...

Efectivamente , Paul Simon e Art Garfunkel deram-nos hipótese de ouvir e sentir esta melodia de uma forma pacata .... Os Disturbed , como o próprio nome indica, fizeram disturbios com o som do silêncio .... Mas estes disturbios sabem bem de qulquer maneira e desta forma , a meu ver, deram-lhe outro tipo de beleza ... Resumindo e concluindo : Duas maravilhas : A original e a versão !!! Um abraço, Pedro !!!!!