Foi com um grande estupefação, porque não o imaginava doente, e sempre que com ele privava, me parecia relativamente bem de saúde (embora descaísse de dia para dia, sobretudo desde que perdeu a sua esposa, a companheira de toda a vida); que tomei conhecimento do óbito do meu Amigo, que muito estimava, Manuel Pires da Encarnação Dias.
Pelo que consegui saber, ter-se-á sentido mal no domingo, e depois de ter sido conduzido para o hospital, acabou por perder a vida devido às complicações que se foram avolumando.
Um estudioso da terra, e das suas gentes, o detentor de um manancial multimédia verdadeiramente impressionante, segundo informações do meu sogro, João Manuel Lança, outro nome incontornável na história desta aldeia; desaparece assim subitamente, sem conseguir garantir a passagem do seu património para uma estrutura pública onde todos o possam admirar. ☹️ É mesmo muito de lamentar.
O facebook foi uma estrutura dos tempos modernos à qual se adaptou com facilidade, e tendo eu tido o prazer de contar entre os seus 265 amigos (apesar de ser seguido por quase o dobro das pessoas), pude aperceber-me da sua profusa produção que ia desde a publicação de gravações de teatros de outrora, a músicas interpretadas pelos artistas da terra, poemas e textos de que gostava muito, gravações do amanhecer / entardecer em diversos pontos da sua/nossa terra, ou momentos mais íntimos, em que se prestava a auxiliar a esposa, a caminhar e recuperar.
Lembro-me dele desde sempre, atrás do balcão do seu comércio no cimo da avenida 25 de Abril, frente ao seu familiar João do Bento, outro incontornável do lugar, mas tínhamos pouco relacionamento, pela enorme diferença de idades. Quando ele já tinha alguma, eu ainda era garoto.
O movimento político independente "Marvão para Todos", ao qual ambos aderimos nas autárquicas de 2017, por defendermos uma visão diferente das orientações em prática, aproximou -nos, e uniu-nos ainda mais, tendo a partir de então ficado muito mais próximo de si.
Sempre que fazia falta, como aliás faço questão de fazer com todos os que a mim se aproximam pedindo auxílio; apoiei-o sempre que era necessário realizar alguma diligência nas finanças onde trabalho, e sei que me estava grato por isso. Considerava-me, e isso era muito bom para mim.
Sendo eu um admirador confesso da obra do seu neto Vhils (de quem ele falava com tanto carinho) sempre lhe pedi que se, e quando, fosse possível, muito gostaria de o conhecer e lhe apertar a mão, para o poder felicitar pela grandiosidade da alma artística que vive dentro de si, e nos oferta obras tão notáveis.
Contra tudo o que esperava, já não fui a tempo.
Quando todos diabolizam o Facebook, e criticam o mundo que ali é promovido, como se fosse uma feira demoníaca das vaidades, o seu mural é já uma memória viva onde todos os que o prezávamos, o poderemos recordar... para sempre.
Oxalá a família, e o município, ou outra organização da terra, embora eu entenda que nenhuma outra tem arcaboiço para se substituir a câmara, pelo que me dizem ser a dimensão desse legado, saibam preservar e honrar o colecionismo e a paixão ao lugar de toda uma vida. E que vida... (de comunidade, teatros locais, variedades, diversões! Cultura!!!)
E depois dizem que há, e eu Acredito mesmo que existam, aqueles Amores assim...
em que um parte... sem querer... deixando o outro dilacerado... ao ponto de não conseguir viver mais... e a cada dia se vai apagando... apagando... com uma vela ao vento... até que se encontram.
Eu, que faço parte daqueles parvos, ou loucos, que acham que isto que nos é dado sem sabermos como não acaba assim, aqui... podemos não ganhar nada, mas pelo menos vivemos na ilusão. E isso é tão reconfortante...
Mesmo que seja mentira... Sabe tão bem...
Foi um Prazer, Amigo Manuel. Até...
Este vai por si!!!! (que se o pudesse ler, me diria, como sempre: Doutor, (😁 ninguém me chama Dr. 😁😂) gostei muito de como me abordou! ☺️
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