sábado, 22 de fevereiro de 2025

Os Compadres em Marvão

 A minha Amiga Mila Lena, publicou no seu mural do Facebook, este texto delicioso:


O DIA DOS COMPADRES EM MARVÃO – Memórias e tradições.


Já se perdeu praticamente toda a essência destes dias no concelho de Marvão, que comemorava com fervor e muita alegria, quer o dia dos compadres, quer o dia das comadres, com partidas de carnaval, muita sátira e, claro está, no fim do dia, uma grande jantarada na qual reinava sempre a boa disposição.


E o primeiro destes dias era o Dia dos Compadres, que eram gozados pelas comadres (mulheres), com partidas e brincadeiras de carnaval e se nesse dia chovesse todas diziam que os compadres eram mijões.


Digna de registo, uma brincadeira original na Relva da Asseiceira, que era o “Afogar os Compadres”, que consistia no seguinte: no dia dos compadres, as mulheres, raparigas e crianças da Relva, juntamente com a Srª Júlia do Zé Afonso (mulher mais velha) faziam um boneco de trapos, que prendiam a uma vara que a Srª Júlia punha à janela mais alta da sua casa, de maneira a que os homens e os rapazes não lhe chegassem para o tirar. Junto ao boneco que satirizava os compadres, eram postos uns versos feitos pela mesma senhora, que descreviam a sina do pobre compadre:


“Todos passam e me vêem


E eu a todos os vejo ir


Senhores leiam a minha sina


Mas por favor não se deixem rir.”


Ao final da tarde dirigiam-se todas as pessoas da Relva (homens e mulheres) a pé para o Rio Sever, no sítio do Moinho da Negra, para afogar os compadres. Como os homens tentavam sempre roubar o boneco às mulheres para não serem gozados, a Srª Júlia ia mais cedo para o Rio, onde enchia o boneco de pedras, para que, quando o deitassem à água ele não “viesse ao de cima”.


Lá chegados era deitado à água o boneco que imediatamente se afogava, tendo-se assim cumprido o desejo das comadres. Lá ficavam os compadres revoltados porque as senhoras comadres tinham conseguido alcançar o seu objetivo.


Em Marvão, é ainda tradição fazer-se o Jantar dos Compadres, ao qual assistem só homens, e se há muitos anos atrás era mais vocacionado para os homens do concelho de Marvão e para aqueles que trabalhavam nos serviços públicos da Vila, na atualidade podem participar todos quantos assim o desejarem, independentemente se serem, ou não, naturais de Marvão. A ementa é sempre a mesma: miolada de porco e feijão branco “com a cabeça do animal”, acompanhado sempre com bom vinho de produtores do concelho. Cada participante deve trazer de casa pratos e talheres. Para animar, e como não pode deixar de ser, arranja-se sempre um tocador de concertina.


(nota: as fotografias são do arquivo fotográfico pessoal da MilaMena e reportam o dia dos compadres em Marvão em 1982)


Com diversas ilustrações, entre as quais contavam estas,  que eu não conhecia, e comentei...

O meu querido e tão saudoso Pai, João Sobreiro (aqui com 37 aninhos s, apenas), abraçado ao seu enorme Amigo Calcinha, da Alfândega; com o seu colega e quase irmão Lourenço Costa, na frente; e o Sr. António Lourenço (creio eu...), rindo das conversas, como não?!?

Antes deles, de óculos, estava o Sr. Cardoso, outra figura da Beirã, lembrou-me o amigo António Andrade.


Outra trempe de luxo: João Sobreiro, já na fase do café; João Forte da Broca, Beirã, no bagacinho; e o tão jovem Padre Fernando Farinha, saboreando o seu belo cigarrinho, dentro de casa! 🫣😁, no Café da Casa do Povo, onde os posters da Coca-Cola encobriam as humidades... 

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