quarta-feira, 27 de junho de 2007

A gala... que não é!


O 7 do 7 de 2007 já se aproxima a passos largos e eu a ver a coisa ao longe. Sei que não me vou enganar. Às vezes, sinto-me como um garoto que já sabe que vai ter a prenda que não quer nos anos e finge que não sabe de nada. Bastaram 2 ou 3 cavadelas para perceber que esta cegada toda das maravilhas de Portugal era uma enorme negociata onde os dados estão mais que viciados.

E dá-me pena.

Dá-me pena porque ainda há quem acredite.

Dá-me pena porque a ferida do Património Mundial ainda não sarou no orgulho marvanense de muitas consciências locais. (nas quais me incluo).

Dá-me pena porque Marvão não merece.

Mesmo!

E o sabor da derrota sabe desta vez ainda mais amargo que o fel.

O meu amigo e agora colega Garraio, trouxe dobradinho, o orgulho embalado com um sorriso cúmplice.

Era uma página inteirinha do nacional “El País”, que está para os do lado como o “Público” para nós, fazendo propaganda à Lusitânia, obra do Turismo Nacional, ou seja, pago por todos.

Ali, numa só foto, numa soberba e majestosa foto, que vimos nós para nos representar, para representar todo um país? Um Marvão esplendoroso que mais parecia um navio encalhado num monte, quando as águas do dilúvio bíblico se esvaíram terra dentro, imponente e altaneiro, numa perspectiva rasante, quase inédita.

A mim, perdoem-me o bairrismo, só me deu vontade de fazer mil cópias para esfregar na fúcia de todos aqueles que escolheram votar noutros, naqueles que promoveram o negócio em vez da qualidade, naqueles que se hão-de rir a pensar que o seu é melhor que o nosso.

À fava! Que se amolem!

Porque nós meus amigos, nós que tivemos a bênção suprema de ter nascido destas pedras cinzentas, nós que ostentamos no B.I. o orgulho da origem neste concelho, sabemos cá dentro que não há jóia como a nossa. Mesmo!

Podem escolher as maravilhas que quiserem e que o dinheiro quer, que nós não vamos em carneiradas.

Podem eleger os outros. Nós por cá, sabemos que há-de ser sempre o nosso Marvão, quando tiverem que escolher a pedra mais preciosa para levarem ao pescoço nas galas internacionais.

Que lhes faça bom proveito!

7 comentários:

João, disse...

Ás vezes não te compreendo amigo…

Lembro-me, que acerca de 10 anos, quando decidiste a tua radicação na terra que nos viu nascer, te ter tentado dissuadir da tua intenção, em vão.
Estavas decidido, e perante os meus argumentos de quem tinha feito um percurso idêntico, resolveste dar o “passo”.

Hoje, após uma década, faço uma dupla avaliação dessa tua decisão. Por um lado, sinto um certo orgulho por Marvão ter pessoas como tu, inteligentes, lutadoras, inconformadas, com potencialidades de projecção extra muros, etc, etc…; mas, por outro lado, parece-me que se começa a instalar em ti um “sindroma de isolamento”, de uma certa “pequenez”, típicas de quem vive “atrás das serras”… Ou talvez, o mais certo, algum erro de estratégia, ou de avaliação da realidade, típica de quem”não quer ver” e aceitar o “mundo”…
Andamos a comparar e escolher o quê? Se a minha filha é mais bonita que a tua? Se a tua mãe te educou melhor que a minha? E perguntam-me a mim ou a ti!...pois as respostas são óbvias.
Marvão é bonito? É…
Marvão é diferente? É…
Marvão merecia ser Património Mundial? Talvez…
Marvão é a “maior maravilha” de Portugal? Penso que não…
Marvão tem mais e melhores características que os outros que vão ficar á sua frente? Para mim e para ti sim, para os outros não…
Numa “sociedade” em que se pretende comparar tudo, mesmo o incomparável, concursos como este e dos “pequenos portugueses” têm, em minha opinião, a finalidade do “papel higiénico”.Pois, mais não pretendem do que desviar atenções do essencial e nós, feitos bacocos, ainda perdemos energias a dar-lhes importância.
Em contrapartida afastam-nos dos temas que nos deveriam preocupar, sobre os quais talvez devêssemos promover concursos e comparações, nomeadamente:
- Quanto usufruiu cada marvanense de Fundos Comunitários e quanto usufruiu cada vimaranense? E qual será esse valor nos próximos 10 anos?
- Quanto paga um marvanense (do seu bolso) para ter um filho no ensino superior público ou mesmo no secundário, e quanto gasta um sintrense?
- Quantos quilómetros terá de percorrer, daqui a dias, um “humilde contribuinte de impostos marvanense” para cumprir o seu dever de pagador, quando lhe encerrarem a sua Repartição de Finanças de Marvão e onde irá um congénere “alfacinha”?
- O que é que acontece a um jovem marvanense quando chega aos 20 anos e o que é que acontece aos jovens conimbricenses que residam nos arredores das “ruínas”?
- Quantos pequenos empresários marvanenses, e não só, quiseram montar um negócio e tiveram que rumar para outras paragens?
- O que acontece a qualquer habitante de Marvão que adoeça, com uma banal maleita ao fim-de-semana, e o que é que acontece a um castelovidense, a um nisense, a um arronchense, a um monfortense, etc., etc.?
- Quanto tem de pagar por uma simples habitação, para morar com alguma decência um marvanense e quanto paga, em igualdade de circunstancias, um alterense, um sousalense, um fronteirense, etc., etc.?
- Quantas infra-estruturas faltam aos marvanenses e que quase todos os nossos vizinhos já possuem “ácanos” (Pavilhões, campos de futebol relvados, bibliotecas públicas, saneamento básico, Centros Culturais, Cinemas, etc., etc.)?

Na minha modesta opinião, isto é que deveríamos comparar. Façamos concursos sobre estes Indicadores e saibamos qual a nossa classificação e deixemo-nos de olhar constantemente apenas para o nosso”umbigo”.
Subamos ás muralhas de Marvão e olhemos para os marvanenses, não para saber que “grande é o mundo”, porque grande ele é, mas para “o olharmos, vermos e repararmos”, mas para isso, será fundamental conhecermos os outros e viajar por aí.
Bem, mas isso “não se vê” das muralhas de Marvão…

Um abraço
João Bugalhão

Anónimo disse...

Aproveito esta passagem pelo Blog do Dr. Pedro para o cumprimentar a ele e ao Sr. João Bugalhão, duas pessoas de bem que tanto têm contribuído para o desenvolvimento do nosso concelho.
Um grande abraço e continuem o vosso trabalho com saúde e paz.

John The Revelator disse...

Percebo o que sentes meu irmão. Não restam duvidas que este é um concurso desleal por razões óbvias, basta comparar o numero de votantes de Marvão com o de qualquer outro monumento em concurso. Percebo que o teu comentário esteja escrito numa perspectiva de autarca, algo sobre o qual eu não me posso pronunciar, mas posso falar na minha qualidade de filho de Marvão. Na verdade este concurso a mim não me diz absolutamente nada. É claro que gostava que Marvão fosse um dos eleitos, e que isso fosse um caminho para aumento de turismo e reconhecimento, e consequentemente de desenvolvimento. Mas o que me interessa é aquilo que sinto de cada vez que regresso ao meu Marvão. Depois de quase 3 horas e 350 km de viagem, chegar ao São Salvador e ver Marvão coberta de luz sobre um fundo preto, que mais parece uma marioneta presa nas nuvens é imponente. Sinto-me às portas do paraíso. Esse é o meu Marvão, e essa é uma das imagens que disparam no meu cérebro cada vez que a saudade me aperta o coração. Se Deus quiser um dia vou regressar, para voltar a viver ai,onde sinto que pertenço, com ou sem reconhecimento dos portugueses e da comunicação social. Porque o meu Marvão é só meu...

Bonito disse...

Boas,

Acabei de chegar a minha casa após um fim de semana de "Festa da Relva", a minha terra (lugar) por sinal. Festa esta que é, sem sombra dúvidas, o acontecimeto social anual mais marcante do concelho. Neste fim de semana, e neste lugar, "respiram-se" relações humanas. Não é uma festa secular, não tem a ver com uma qualquer "entidade" religiosa mais ou menos marcante, é apenas a consequência do saber receber...com afectividade. Com uma organização exemplar, a qual não é alheia o cunho pessoal de alguém que do cimo de uma simples bicicleta (pedalando 48 Kms semanais) "conquistou" Portalegre, esta pequena e humilde comunidade já "todos" conquistou ao longo destes 17 anos.

Mas, isto é apenas um pequeno "aparte". Apesar de sentir que este teu espaço é muito mais restrito, é muito mais teu, não podia deixar de reagir a esta palavras do Sabi "pequeno":

...Mas o que me interessa é aquilo que sinto de cada vez que regresso ao meu Marvão. Depois de quase 3 horas e 350 km de viagem, chegar ao São Salvador e ver Marvão coberta de luz sobre um fundo preto, que mais parece uma marioneta presa nas nuvens é imponente. Sinto-me às portas do paraíso. Esse é o meu Marvão, e essa é uma das imagens que disparam no meu cérebro cada vez que a saudade me aperta o coração. Se Deus quiser um dia vou regressar, para voltar a viver ai...

Só quem já esteve nesta situação... e eu já estive... comprende estas palavras na sua plenitude.

Espero, amigo Sabi que, tal como eu, um dia tenhas oportunidade de voltar. Entretando aproveita a apendizagem e lição de vida que estás a viver é muito, muito importante.

Já agora... sublinhar também as palavras do Buga no seu comentário... Sábias...

Grande Abraço
Bonito Dias

Catarina disse...

Engraçado encontrar aqui esta foto. Há umas semanas atrás vi esta foto no Expresso, e depois na net andei a tentar encontra-la sempre sem sucesso. Queria com ela fazer um post sobre as opções do Instituto de Turismo de Portugal na promoção de Portugal no estrangeiro e bem como sobre o PIT - Programa de Intervenção do Turismo (2007-2009). Bem, só me resta vir aqui "rouba-la"!

Garraio disse...

Amigo Pedro:

Quando for grande quero escrever como tu. Talvez assim consiga evitar os comentários maçadores e obtusos que, às vezes, me toca escrever.(ou ler...)

Sinto Marvão como tu. Orgulho-me de Marvão como tu. E como poucos mais.

Esta história das diversas Candidaturas de Marvão estão todas envoltas num nevoeiro de "mafiosice" que não "pega" com aquele sentimento nobre que fluimos sobre a terra que nos viu parir.

Por isso, amigo meu, não te preocupes... nós estamos em ondas diferentes.

Até podes comparar esta tua paixão com outra (tão nobre como esta) que também te conheço... a do Glorioso.


Enquanto tu sofres com os falhanços do Nuno Gomes e deliras com o génio do Simão de forma incondicional... os mafiosecos que compram e vendem jogos e jogadores andam lá só para se servirem do poder que momentaneamente detentam.


Com Marvão aconteceu o mesmo. Fui testemunha disso. A hipotética candidatura em que muitos acreditaram e outros não (nestes últimos incluem-se alguns promotores) foi sempre uma miragem e nunca passou disso.

Mas, se tu sofres com a nossa derrota, também é verdade que alguns se aproveitaram politicamente (e não só...) desta nossa "miragem". E aproveitaram-se enquanto "a vaca foi dando leite".

Depois, partiram na sucapa, numa noite de nevoeiro.

Abraços e façam o favor se ser felizes.

Anónimo disse...

Subscrevo o comentário anterior(garraio)inteiramente.Honra aos Marvanenses que vivem a Vila e aos poucos bravos resistentes que nela habitam permanentemente!É tempo de olhar e valorizar o que existe dentro de Marvão,as Pessoas,o património humano tantas vezes esquecido...Viva Marvão!Património vivo!