quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Devaneios tecnológicos

(Ora experimenta lá, pequenita: control + alt + del. Giro, não é? Foi o Mariano que me ensinou.)


Nas notícias, para além dos já habituais tiroteios num liceu qualquer e das inevitáveis touradas à vara larga envolvendo assaltos a bombas de gasolina e máquinas multibanco, desfilam, agora mais do que nunca, os casos de famílias endividadas até ao pescoço que vêem o futuro por um canudo ao serem incapazes de cumprir as obrigações e os empréstimos que contraíram.

O caso é tanto mais gravoso se atendermos que muitas delas até fizeram quase tudo bem e não deram o passo maior que a perna, antes foram ultrapassados pelas… contingências e incongruências e variações das leis que regem a economia no mundo moderno e agora agonizam nessa sala de pânico chamada euribor, onde asfixiam à medida que as paredes se encurtam e esmagam o que resta da sua felicidade.

Olhar para os filhos, para os familiares, para os amigos, para si próprios e para o seu banco e dizer que não dá mais, que aquela casa não pode mais ser dele, ser dela, ser deles… que o sonho ruiu…

Há derrotas que são duras demais para serem aceites…

Entretanto, obviamente e no seguimento, aumenta o consumo de antidepressivos (6 milhões de embalagens) e ansiolíticos (20,3 milhões de embalagens). Actualmente, os portugueses enterram 240 milhões de euros só neste tipo de fármacos.

Quando falta a coragem para enfrentar a realidade, o pessoal atrofia e busca a salvação química em cocktails explosivos de compostos com nomes de planetas de livros de ficção científica do estilo Lorenin, Xanax ou Lexotan. (Este último, quando misturado com vodka resulta num composto bem ao estilo “gasolina de avião”. Potente!).

Bem dizia o Tio Variações, “toma o comprimido que isso passa”…

Quem parece que passa ao lado da crise ou a crise não passa por ele é o nosso Sócrates que apareceu todo desenxovalhado a dar os célebres computadores Magalhães à pequenada do 1º ciclo. É sempre um prazer poder observar este rapaz, está fantástico! Gostei de o ver numa escola qualquer de uma câmara socialista, no seu impecável estilo chique moderno, a perguntar aos catraios: “então meninos? Acham que há aqui computadores que cheguem?”.

“Nãããããããão!”, responderam os delfins com ar semi-domesticado.

Nisto, o homem mete as mãos nas ancas com ar “cowboy”, sorri de soslaio para os “yes man” que o acompanham e diz, convencido: “nós vamos tratar disso!”.

E eu grito no sofá de casa: “PORREIRO, PÁ!”.

Não restem dúvidas, Portugal precisa de um homem assim. Todo ele irradia classe e confiança. Qual Sarkozy, qual camandro, pá! Este gajo é que é letra!

Eu gostava era de ver se ele conseguia dar a volta assim tão facilmente ao resto do pessoal que há por aí… aos desempregados, aos que têm a carreira congelada, aos professores, aos que foram recentemente assaltados, aos que apertam o cinto e passam fome…

Cuidado aí, Zé! Prudência, rapaz! Olha que esses são capazes de dar mais trabalho…

Sabes o que te digo? Pelo sim, pelo não, conta comigo no domingo lá na Ponte Vasco da Gama. Os meus cambas aqui não acreditam que sou capaz mas eu não descanso se não te for dar um bacalhau, um abraço apertado e tirar uma foto contigo. Entretanto aproveito para desacelerar o ritmo (para acompanhar o teu) e vou tentar fintar a segurança para te dar uma belinha ou um belisco na barriga das pernas.

Eu sei que não vais levar a mal. Afinal, não é só o Soares que era fixe. Tu és muito mais!

Beijinhos,

Pedro

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