quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Laissez faire, laissez passer (que é como quem diz: "anda p'a frente e que se amole"!



"Yo bacanos! Tásse? Já mitraram a cena qu’a menistra dos setôres, aquela que escreve estórinhas pós queques, a que é parecida com a águia Vitória do Benfica… tão a ver? Sabem o que é que a gaja quer aplicar aí à chavalada? Quer ACABAR COM OS CHUMBOS! Man… Dasss! Show di bola! Não é uma invenção mêmo bué da tótil e do baril?!?!? Phónix! Não ma lixem! Demáis! Eu digo cá uma cena mesmo qu’eu próprio estive a mitrar, man: S’ eu votasse… punha a tia aquela a mandar nesta merda toda! Pensem cá com mangas: se não há chumbos, os nossos velhos não chateiam a gente com notas e outras cegadas e assim um gajo fica c’o dia todinho pa reinar… jogar playstation, sacar as pitinhas lá do liceu pa curtir atrás dos blocos e preocupar-se só com cenas que valem memo a pena como roupas, telemóveis, gajas, copos e outras cenas d’arraia. Esta super-setôra é a maior! Cá pra mim: A GAJA CHEGAVA A PAPA"!
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Pois é, meus amigos. Nestes tempos difíceis em que deveríamos todos primar pelo rigor e pela excelência, nada mais nos resta que assistir, incrédulos, aos planos cada vez mais mirabolantes dos nossos governantes. A palavra de ordem é só uma: facilitar.

No meu tempo, que não foi assim há tanto, nós tínhamos respeito aos professores, tínhamos mais medo de ir ao Conselho Directivo do que ir ao Posto da GNR e uma negativa era coisa a evitar a todo o custo, quanto mais um chumbo no final do ano.

Vejam bem a volta que a coisa levou... Salvo raras excepções, repito, salvo raras excepções…

Bastou década e meia para os professores perderem grande parte do estatuto que conquistaram a tanto custo. Hoje são mal pagos, estão reféns de concursos e horários diminutos que tantas vezes os obrigam a deixar para trás casa e família, enfim.. já não têm a autoridade, nem a posição de antigamente. Em vez de uma bofetada bem dada passaram a ter de saltar pela janela para não levarem com o apagador.

O ensino não se democratizou. Antes se banalizou. Hoje em dia só não tira um curso superior quem não quer. As escolhas e as opções estão ao alcance de todo e qualquer um, mesmo daqueles que têm uma média tão magra que não dá para a positiva. O resultado: uma legião de encanudados que mal sabem soletrar o nome. Desde que tenha o Dr. antes… siga!

A machadada final, digo eu, foi dada pelas Novas Oportunidades que permitiram equivalências ao desbarato e deram, literalmente, em meses e de mão beijada, aquilo que muitos antes conquistaram com esforço e sacrifício. Se foi um sistema justo em 5% dos casos, (digamos assim, vá!), que dizer dos restantes 95%? Eu até um curso de futebolista com equivalência ao 12º vi, quanto mais… Contem-me histórias.

E assim chegamos a este extraordinário ponto em que a ministra, certamente assessorada pelos consultores de topo e por estudos brilhantes que estão para lá do nosso entendimento, decide encartar a malta até ao ensino superior. Sempre a abrir!

Este país vale a pena! Ai vale, vale!

3 comentários:

gi disse...

Foi com enorme revolta, que li a noticia.Aquando da implementação das novas oportunidades achei que era só mais uma palhaçada, mas a ideia de acabar com as reprovações é mesmo a cereja no cimo do bolo.

Neste país prima-se pela mediucridade. Salvo raras excepções, (que ainda as há felizmente) tudo é facilitismos, o que antes pecava por falta agora peca por excesso.

Imaginemos aqueles alunos que terminam o ensino secundário sem nunca ter reprovado, saberão eles ler??

Actualmente, é frequente ver reportagens sobre esses mesmos alunos que se vao inscrever nas diversas faculdades e nao sabem responder as mais elementares perguntas. Tais como 4x9 ou quem foi o 1º rei de portugal.

A ser verdade, e a ministra conseguir fazer promulgar a lei vamos de mal a pior.

OBS. os meus filhos gostam da ideia.

Helena Barreta disse...

É lamentável que quem tem destas ideias esteja à frente de um ministério, neste caso da educação.

O facilitismo nunca pode dar bons resultados e acho muito injusto que se penalize sempre os bons alunos.

Este nosso país é uma anedota.

Felizardo Cartoon disse...

Brilhante, desnudante e assertiva esta refexão do Pedro, aliás como é seu timbre!

Abraço! Hermínio F.