domingo, 16 de setembro de 2018

A Cristina a nú... aqui no Maral



De todos os animais que usam a razão, e assim se conseguem distinguir dos demais, o homem é, de longe, o mais complicado. Tem, ou consegue ter tanta absurdez nas relações que estabelece, que muitas vezes, tantas vezes, ou quase sempre, mais parece acéfalo.

Prova disso, é o facto de à 1ª instância, simpatizarmos, ou podermos mesmo gostar logo de alguém, só por olharmos para ela.
“Como assim?”, perguntam os neurónios mais despertos. A explicação, contudo, remete-nos para domínios que não dominamos, de todo, e podem ter a ver com aspetos que eu, por exemplo, que acredito que esta vida é curta demais para confinar a nossa existência, têm de ter a ver com aspetos transcendentais, que o nosso entendimento apenas suspeita, sem, no entanto, nada conseguir provar

Todo este intróito para vos explicar que desde a primeira vez que os vi, simpatizei desde logo com o Nuno e a Paula. Creio que das primeiras vezes que fortuitamente trocámos contatos, houve uma simpatia mútua. Não sei se foi a naturalidade dos sorrisos, a cordialidade do tacto, o nível de frequência mental (que tem a mesma frequência), ou o passado comum escu/otista que nos aproximou, a verdade é que eu, pelo menos por mim falo; me senti logo amigo deles.

A minha mãe gosta muito da revista da “CRISTINA”. Não sei se compra assiduamente, se a assina, apenas; mas a verdade é que lê que com regularidade. Desta vez, insistiu que a lesse, porque “vêm lá os teus amigos!”

- Desculpa?!?!?!?

Assim que dei de caras com a capa, percebi de imediato a sugestão!

Eu gosto muito do Nuno e da Paula (apesar de ele ser um portista daqueles ranhositos, que moem o aço) e eu queria mesmo que eles se fizessem milionários com este negócio aqui, mas… temo, sempre.

Família que ande na ordem de vencimento de mil euros por cabeça, com os encargos naturais da vida de hoje em dia, e que não conte com ajuda monetária dos pais para financiamento mensal, sabe bem que não pode levar uma vida à larga. E com “à larga” falo obviamente de poder viajar (mundo fora, ou mesmo cá dentro!), comer nos restaurantes com frequência, comprar roupinha a seu bel prazer para os progenitores (porque as criancinhas crescem todos os dias (um disparate!), e precisam mesmo).
Pagas a casinha (que só fizeste assim tão grande, porque os salafrários dos bancos te emprestaram), pagas o pópó, e se te der para ires fazendo uma ou outra extravagância (para além de fazeres uma alimentação de tudo o que é bom e essencial, do bom peixinho, à boa carnucha), já te podes ir dando por muito feliz! Isto para quem mete no pote cerca de 2.000 (100, para cima, ou 100 para baixo; 200 ou 300, para um lado ou outro, mas à volta de 2.000)!

Ora, analisando sinceramente, como amigo, que lhes quer bem, não condigo imaginar clientela suficiente para essas verbas, ali no Maral, de quem vai dos Cabeçudos para Marvão. Com dois pequenos à cavalitas, como se vê nas fotos, não sei. Mas preocupa-me.   
Agora, as pessoas inteligentes, como é o caso dos dois, terão certamente outras fontes de subsistência e financiamento que lhes permitem sorrir desta forma tão enternecedora e verdadeira como nas fotos.

Dizem-me que a maior parte dos frequentadores vem de fora, e são pessoas mais evoluídas, do norte da Europa, que procuram a natureza, e o estado selvagem de Marvão. Sim, porque, com tugas a serem os clientes mais assíduos… não estou a ver bem a coisa. Gajos de bigode e barriga a cair sobre o pélvis, a laurearem a saruga por entre os canchos… não me parece muito provável.

Eu imagino-me a entrar numa destas é no Brasil, ou noutro sítio da América latina, que em África… deve lá estar muito calor, e um gajo partilhar um espaço destes com africanos… era cenário para sair muito envergonhado. Toda a gente sabe o que se diz sobre o tamanho dos africanos, não sabe?!?!? E não é de estatura…
Agora aqui?!?!? No meio das giestas, das figueiras chumbas, e dos cactos?
Não me parece que fosse resultar.

Se me perguntassem, em abstrato: “ouve lá, ó drocas, eras gajo para criares e te meteres a gerir um parque naturista em Marvão?”
Resposta: Epá… acho que não.

Mas por isso é que o mundo não cai para o lado, e ainda bem que eles continuam entre nós.

Por este andar, já mereciam mas é uma medalha de mérito do Município de Marvão. Pelo empreendedorismo, pela intrepidez, pela ousadia, pelo espírito, pela boa educação e boa onda.

Deixo-vos com a leitura da reportagem, com as fotos, e com um lamiré sobre a revista da Cristina, que é assim uma espécie de mistura entre Máxima, Caras e Cosmopolitan, um produto híbrido que tenta chegar a diversos campos. Pelo vistos, é como a dona, que é bem sucedida.

Numa altura que tanta gente já a idolatra, a Cristina para mim não deixa de ser a ex-assistente esgalamida do Goucha, que sempre berrou este mundo e outro. Por vezes, ao final do dia, quando vou ao meu Choca (leia-se pastelaria Caldeira/o altar das babosas), para o relaxamento diário, depois de um dia inteiro, sempre intenso de trabalho, levo com ela no ecrã, geralmente a fazer perguntas de lana caprina, e a… berrar! Tanto, tanto, mas tanto, que até me esqueço que aquilo é melhor que o gordo anão dos preços certos, ou um programa qualquer daqueles que o meu amor costuma estar a ver, sobre a natureza, os animais, ou de motores.

Neste número temos o Miguel Sousa Tavares (mas quem é que fez esta perguntas?!?!? Foi mesmo ela?!?), temos o Gonçalo Cadillhe (o eterno viajante que me habituei a admirar nos seus relatos no Expresso), ou o inenarrável Bruno de Carvalho, numa entrevista… digna de si. Tem moda, tem saúde, tem conselhos, e o maluco do radialista Fernando Alvim, sempre a cavalo da sua indomável loucura.















É de verem, fregueses, é de lerem!







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