O Penedo da Rainha - espaço mítico da minha Beirã natal |
a) Acácias
A zona das acácias
situava-se por detrás da escola, e estendia-se até ao Penedo da Rainha. Sendo
esta uma árvore que é considerada uma praga porque é resistente à seca, e se
multiplica a grande velocidade; criava ali um espaço místico que não era zona
de ninguém, altamente propícia para inúmeras brincadeiras e safadezas, onde
parecíamos que estávamos longe do mundo todo.
b) A murta
A murta estava
localizada a uns 550 metros, não muito mais, da passagem de nível que se
situava à entrada da aldeia, de quem vem do lado de Valência de Alcântara. Bem
antes dos tempos de hoje, era ali, naquela casa privada, que eu ia buscar leite
que me era encomendado pelas minhas tias.
c) Ribeiro
O ribeiro que atravessa
a Beirã, que nunca levou muita água, à exceção dos dias de grandes enxurradas,
quando transbordava para grande festa nossa; era um ponto estratégico para as
crianças da aldeia, por ser palco de inúmeras cenas e brincadeiras. Ali
(tentávamos!) apanhar rãs (porque eu nunca apanhei nenhuma! Dizem que aquilo
era muito bom mas…), fazíamos corridas de barquinhos (ou outra geringonça
qualquer que flutuasse), e era sempre um ponto de atração e encanto.
d) Penedo da Rainha
Grande bloco de granito que ficou famoso por D.ª Leonor de Áustria junto a ele se ter abrigado e
descansado durante a sua fadiga quando, integrada num enorme cortejo dos mais
distintos fidalgos e cavaleiros portugueses, partiu de Valência de Alcântara,
atravessou os ásperos caminhos do concelho, passou por Castelo de Vide, e se
dirigiu até à vila do Crato, onde era aguardada por D. Manuel, para o real
casamento.
A aura mística deste
espaço sempre foi enorme, tal como o fascínio que exercia junto das crianças da
aldeia, por ser inexpugnável (não tinha qualquer ponto por onde escalar), e
nele, as cegonhas habitualmente fazerem o seu ninho
e) Campo de futebol
Espaço com menor dimensão que a de um campo de futebol
real, mas que por ser direito e estar mais ou menos limpo, dava para jogarmos
futebol à vontade, sem o perigo dos carros, ou outras coisas quaisquer, como os
comboios, que eram sempre o maior medo de todos os pais. “Vê lá não fiques
debaixo dos comboios!!!!”, era sempre ouvido até à exaustão na nossa, e em
todas as casas, pelas quais passávamos perto.
Creio que era propriedade do Sr. João Forte, e hoje
presumo que já seja propriedade da junta, ou do município, por já lá ter
inclusivamente um balneário. Um dos problemas com que nos deparávamos de cada
vez que lá íamos, eram as enormes bostas de vaca que as ditas cujas por lá
deixavam quando passavam. Tinha sempre lacraus vivos debaixo das pedras que serviam
de baliza, antes destas existirem lá.
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