Perante
tão vasta oferta de comentadores políticos, nos mais diversos órgãos de
comunicação social, certamente todos mais bem credenciados (talvez à exceção dos
da CM TV), quase que aposto que, ninguém estará minimamente interessado naquilo
que um bornal como eu pensa, e muitos poucos se darão ao trabalho de me lerem.
No entanto, fá-lo-ei, para servir de trabalho de casa, a fim de enviar para os meus
médicos da cabeça. Talvez me safe na autópsia!
Há
dias, almoçava com um grande amigo, um bom par de anos mais velho, num espaço
bastante agradável, de excelsa comida e preços muito em conta da nossa zona, a
escassos metros do local onde trabalho, e a conversa puxou pear as eleições.
Dizia-me ele que achava absurdo como é que um distrito como o nosso, com uma
vastidão considerável, elegia apenas 2, dos 230 deputados da nação.
Que
a razão estava fácil de ver, dizia-lhe eu, e estava relacionada com o facto de
sermos poucos!!! Ao atendermos que o número de votos dependa do número de
habitantes, estamos a restringir o sumo da questão, quanto a mim, a um critério
que terá de ser, sem dúvida alguma, preponderante, mas que não pode ser exclusivo
e fundamental, sob o risco de induzir em erro.
Perguntava-me
então ele sobre qual a variável que poderia aqui “desempatar” a questão, e
tornar o processo mais adequado à nossa realidade.
“Considerando
o território, a vastidão, a extensão”, propus eu.
Uma
das artimanhas mentais que tenho para tentar analisar um assunto vasto/abstrato,
é tentando cingi-lo a um universo concreto, que seja mais fácil de analisar.
Um
país, é… uma casa. Se habitualmente vivem 4 na sala, 2 na cozinha, 3 na casa de
banho, 1 no quarto, e 2 no sótão, ao tentarmos eleger qual deles poderia mandar
no edifício, se em vez de atentarmos apenas ao número de habitantes, tomássemos
em conta, também a vastidão de cada divisão em relação à área global da casa,
passaríamos a considerar a área que cada um administrava, e assim, o peso na
infra-estrutura global.
De
que forma isto pode ser concretizado, e se pode mesmo vir a acontecer, já é
assunto que me extravasa, e deixo para os pensadores da matéria, mas que era
uma alternativa, era.
Os
resultados das eleições de ontem deixaram TODOS boquiabertos e estupefactos: do
reeleito Costa, ao todo poderoso irmão (Ricardo), patrão do Expresso, que lhe já
tinha cavado a tumba em direto, à mercê da forma desorientada como conduziu toda
a campanha; passando pelo já cabisbaixo (que tinha vindo sempre a subir e já
era idolatrado) Rui Rio; pela assombrada Catarina Martins; pelo (com ar
cadavérico) camarada Jerónimo, pelo aguerrido (Chucky) Chicão. (Ai vais de
vela, vais, vais!!!)
Quando
afirmo que ninguém estava à espera, faço-o porque sei mesmo que ninguém o
aguardava, à exceção dos que votaram no punho cerrado… e foram muitos!
O que o povo português, que é sobreano, disse nas urnas foi que quer estabilidade (ao
centro). Os portugueses não perdoaram a sobranceria dos parceiros de
geringonça, que roeram a corda e cuspiram na mão que lhe deu de comer nesta
passarola de navegar à vista. As votações do BE e do PCP dizem tudo, e nem o
desgraçado do apaga fogos do João Oliveira entrou, por Évora.
António
Costa, como carreira política ativa desde 95, há 27 anos atrás (!!!!!!!!!!!) está
de longe muito mais bem preparado do que outro adversário qualquer. Esta raposa
velha, este lobo das neves, dá a garantia que sabe do que está a tratar. Quando
deu a volta ao texto em 2015, e ouviu o camarada mais velho, ajudando a criar a
geringonça de esquerda, com os seus parceiros dessa ala política, deu um nó
cegou nos vencedores…, que haviam ganho tão à rasquinha, tão à rasquinha que
não foram capazes de melhor que ficar bem na fotografia, para baterem de
seguida em retirada, com o rabinho entre as pernas.
- 2- A? Bolas! Um tiro no porta-aviões |
O
resto? O resto deu nas notícias (que na relação com os média, o homem é mestre):
as exportações aumentaram, o desemprego baixou
para números surpreendentes como não se viam há muito, o défice baixou a níveis
nunca antes vistos em democracia. Depois veio uma pandemia verdadeiramente
apocalítica, daquelas que dizem que só se veêm de 100 em 100 anos, e Portugal,
depois de uns avanços titubeantes, conseguiu uma prestação verdadeiramente
louvável, que recebeu elogios vindos de todo o mundo moderno e civilizado.
Costa consegue
com tudo isto, e aquele ar quase impoluto, bem disposto e sempre positivo,
conquistar as grandes massa de apoiantes.
Costa conseguiu
de uma forma absolutamente surpreendente, passar ao lado das fogueiras da
inquisição onde ardia Sócrates, de quem foi ministro e compagnon de route; e
passar ao lado dos outros escândalos todos. Mas depois de tantas horas de
exposição, de tantos milhares de páginas, de infindáveis comentários… ONDE RAIO
É QUE ESTEVE A MOSSA DO CASO DO ATROPELAMENTO DO MOTORISTA DO BRONCO DO
CABRITA?!?!?!?!? ONDE É QUE ESTA MAIORIA ABSOLUTA FOI APALPADA PELO ESCANDALOSO
CASO DOS PAIOIS GAMADOS DE TANCOS?!?!?!?!? ONDE?!?!?!?!?
Ópazinho!!!!!!
Isso não interessa nada para ninguém!!!!!!!! Os portugueses querem é estar bem,
os portugueses querem é colinho, como o Benfica, não é?!?!? Cabrões de vós (que
assim pensam)!!!!!
Os portugueses
ainda acordam de noite aos gritos, a terem pesadelos com a temível dupla Coelho
/ Portas, que teve aquela ideia louca e absolutamente estapafúrdia de reduzirem
a dívida externa, de milhares de milhões de euros, quando a gente sabe que
dessa ordem, embora mais pequena, foi aquela derretida no BPN, BPP e outros
afins.
As dívidas, como
dizia o senhor enginhairo Pinto de Souza, também conhecido por José Sócrates,
para os amigos, não foram feitas para se pagarem, mas antes, para se irem
mantendo.
Não há nada como
ir empurrando com a barriga para a frente, porque a terem de ser pagas… alguém
as há-de pagar.
Venha lá a
governação, que afinal sempre vai ser para muito mais tempo que aqueles
governos semi mortos assim que nasciam, e cá estaremos para ver, se o Rei
Bocassa Zulu, consegue manobrar a coisa com a navegação à vista do Presi
Marcelo, e levar o barco a bom porto. Cá estaremos para ver, não é?
PS: O Chega do
Ventura?!?!? Isso incomoda mas jamais há-de ter força para assustar. Apagar-se-á
a si próprio, e ademais, não há assim tantos acéfaos em Portugal, capazes de
alimentarem a máquina racista, xenófoba, homofóbica. O bem tem de acabar sempre
por vencer!
PS1: A Iniciativa
Liberal sim tem gente que, apesar de algumas ideias estapafúrdias, é capaz de
ter estrada para andar. Acoplagem ao PSD?
PS2: Seria importante
conseguirem explicar às pessoas daqui, que não votam nas figuras candidatas a
primeiros ministros. Não se trata do Costa e do Rio, mas naqueles que são
candidatos a representarem-nos, daqui. Desta vez foi Ricardo
Pinheiro [secretário de Estado do Planeamento na última legislatura], e o novo
jurista Eduardo Alves, que substitui Luís Moreira Testa, o outro deputado
socialista eleito por este distrito. Okay? É!
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