terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

O escrutínio do escrutínio (pelo escrutinador-mor)*

* (Ou, ao contrário da do Marques Mendes, esta é a opinião, que ninguém quer. Mas... apetece-me, prontos!)
 








Perante tão vasta oferta de comentadores políticos, nos mais diversos órgãos de comunicação social, certamente todos mais bem credenciados (talvez à exceção dos da CM TV), quase que aposto que, ninguém estará minimamente interessado naquilo que um bornal como eu pensa, e muitos poucos se darão ao trabalho de me lerem. No entanto, fá-lo-ei, para servir de trabalho de casa, a fim de enviar para os meus médicos da cabeça. Talvez me safe na autópsia!

 

Há dias, almoçava com um grande amigo, um bom par de anos mais velho, num espaço bastante agradável, de excelsa comida e preços muito em conta da nossa zona, a escassos metros do local onde trabalho, e a conversa puxou pear as eleições. Dizia-me ele que achava absurdo como é que um distrito como o nosso, com uma vastidão considerável, elegia apenas 2, dos 230 deputados da nação.

 

Que a razão estava fácil de ver, dizia-lhe eu, e estava relacionada com o facto de sermos poucos!!! Ao atendermos que o número de votos dependa do número de habitantes, estamos a restringir o sumo da questão, quanto a mim, a um critério que terá de ser, sem dúvida alguma, preponderante, mas que não pode ser exclusivo e fundamental, sob o risco de induzir em erro.

Perguntava-me então ele sobre qual a variável que poderia aqui “desempatar” a questão, e tornar o processo mais adequado à nossa realidade.

 

“Considerando o território, a vastidão, a extensão”, propus eu.

Uma das artimanhas mentais que tenho para tentar analisar um assunto vasto/abstrato, é tentando cingi-lo a um universo concreto, que seja mais fácil de analisar.

 

Um país, é… uma casa. Se habitualmente vivem 4 na sala, 2 na cozinha, 3 na casa de banho, 1 no quarto, e 2 no sótão, ao tentarmos eleger qual deles poderia mandar no edifício, se em vez de atentarmos apenas ao número de habitantes, tomássemos em conta, também a vastidão de cada divisão em relação à área global da casa, passaríamos a considerar a área que cada um administrava, e assim, o peso na infra-estrutura global.

 

De que forma isto pode ser concretizado, e se pode mesmo vir a acontecer, já é assunto que me extravasa, e deixo para os pensadores da matéria, mas que era uma alternativa, era.

Os resultados das eleições de ontem deixaram TODOS boquiabertos e estupefactos: do reeleito Costa, ao todo poderoso irmão (Ricardo), patrão do Expresso, que lhe já tinha cavado a tumba em direto, à mercê da forma desorientada como conduziu toda a campanha; passando pelo já cabisbaixo (que tinha vindo sempre a subir e já era idolatrado) Rui Rio; pela assombrada Catarina Martins; pelo (com ar cadavérico) camarada Jerónimo, pelo aguerrido (Chucky) Chicão. (Ai vais de vela, vais, vais!!!)

 

Quando afirmo que ninguém estava à espera, faço-o porque sei mesmo que ninguém o aguardava, à exceção dos que votaram no punho cerrado… e foram muitos!

 

O que o povo português, que é sobreano, disse nas urnas foi que quer estabilidade (ao centro). Os portugueses não perdoaram a sobranceria dos parceiros de geringonça, que roeram a corda e cuspiram na mão que lhe deu de comer nesta passarola de navegar à vista. As votações do BE e do PCP dizem tudo, e nem o desgraçado do apaga fogos do João Oliveira entrou, por Évora.

 

António Costa, como carreira política ativa desde 95, há 27 anos atrás (!!!!!!!!!!!) está de longe muito mais bem preparado do que outro adversário qualquer. Esta raposa velha, este lobo das neves, dá a garantia que sabe do que está a tratar. Quando deu a volta ao texto em 2015, e ouviu o camarada mais velho, ajudando a criar a geringonça de esquerda, com os seus parceiros dessa ala política, deu um nó cegou nos vencedores…, que haviam ganho tão à rasquinha, tão à rasquinha que não foram capazes de melhor que ficar bem na fotografia, para baterem de seguida em retirada, com o rabinho entre as pernas.


- 2- A?
Bolas! Um  tiro no porta-aviões
 
 

O resto? O resto deu nas notícias (que na relação com os média, o homem é mestre): as exportações aumentaram, o desemprego baixou para números surpreendentes como não se viam há muito, o défice baixou a níveis nunca antes vistos em democracia. Depois veio uma pandemia verdadeiramente apocalítica, daquelas que dizem que só se veêm de 100 em 100 anos, e Portugal, depois de uns avanços titubeantes, conseguiu uma prestação verdadeiramente louvável, que recebeu elogios vindos de todo o mundo moderno e civilizado.

 

Costa consegue com tudo isto, e aquele ar quase impoluto, bem disposto e sempre positivo, conquistar as grandes massa de apoiantes.

 

Costa conseguiu de uma forma absolutamente surpreendente, passar ao lado das fogueiras da inquisição onde ardia Sócrates, de quem foi ministro e compagnon de route; e passar ao lado dos outros escândalos todos. Mas depois de tantas horas de exposição, de tantos milhares de páginas, de infindáveis comentários… ONDE RAIO É QUE ESTEVE A MOSSA DO CASO DO ATROPELAMENTO DO MOTORISTA DO BRONCO DO CABRITA?!?!?!?!? ONDE É QUE ESTA MAIORIA ABSOLUTA FOI APALPADA PELO ESCANDALOSO CASO DOS PAIOIS GAMADOS DE TANCOS?!?!?!?!? ONDE?!?!?!?!?

 

Ópazinho!!!!!! Isso não interessa nada para ninguém!!!!!!!! Os portugueses querem é estar bem, os portugueses querem é colinho, como o Benfica, não é?!?!? Cabrões de vós (que assim pensam)!!!!!

 

Os portugueses ainda acordam de noite aos gritos, a terem pesadelos com a temível dupla Coelho / Portas, que teve aquela ideia louca e absolutamente estapafúrdia de reduzirem a dívida externa, de milhares de milhões de euros, quando a gente sabe que dessa ordem, embora mais pequena, foi aquela derretida no BPN, BPP e outros afins.

 

As dívidas, como dizia o senhor enginhairo Pinto de Souza, também conhecido por José Sócrates, para os amigos, não foram feitas para se pagarem, mas antes, para se irem mantendo.

 

Não há nada como ir empurrando com a barriga para a frente, porque a terem de ser pagas… alguém as há-de pagar.

 

Venha lá a governação, que afinal sempre vai ser para muito mais tempo que aqueles governos semi mortos assim que nasciam, e cá estaremos para ver, se o Rei Bocassa Zulu, consegue manobrar a coisa com a navegação à vista do Presi Marcelo, e levar o barco a bom porto. Cá estaremos para ver, não é?

 

PS: O Chega do Ventura?!?!? Isso incomoda mas jamais há-de ter força para assustar. Apagar-se-á a si próprio, e ademais, não há assim tantos acéfaos em Portugal, capazes de alimentarem a máquina racista, xenófoba, homofóbica. O bem tem de acabar sempre por vencer!

 

PS1: A Iniciativa Liberal sim tem gente que, apesar de algumas ideias estapafúrdias, é capaz de ter estrada para andar. Acoplagem ao PSD?

 

PS2: Seria importante conseguirem explicar às pessoas daqui, que não votam nas figuras candidatas a primeiros ministros. Não se trata do Costa e do Rio, mas naqueles que são candidatos a representarem-nos, daqui. Desta vez foi Ricardo Pinheiro [secretário de Estado do Planeamento na última legislatura], e o novo jurista Eduardo Alves, que substitui Luís Moreira Testa, o outro deputado socialista eleito por este distrito. Okay? É!



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