terça-feira, 2 de agosto de 2022

FIMMarvão 2022... Sonhando clássico sob as ruínas seculares da civilização romana

 


Na vida, não há senão benesses, bênçãos, sopros de divindade, aos quais, os menos esclarecidos, chamam de... "sorte".

 

Cá para mim, acontece sempre o que tem de ser! Ou seja, acontece o que alguns tontos, como eu, que  pensam que acham que sabem, dizem que é por intervenção divina, por algo muito maior que a sorte.

 

Nascemos, com todo o nosso potencial, porque o nosso espermatozóide (nome estranhíssimo para semente de vida), venceu a corrida contra muitos milhões de adversários, e furou o óvulo materno... para dar origem ao que haveremos de ser nós. (Benesse 1, primeira de todas.)

 

Não tive a sorte (cá está ela, de novo), de nascer junto ao mar (o que eu queria, e sonhava tanto), mas tenho próxima essa benção dos céus, sonhada pelo Sr. António Andrade e sua equipa (como o nosso Antonio Garraio recordou), mas creio que inaugurada pelo Dr. Manuel Bugalho, chamada o Centro de Lazer da Portagem, junto à praia fluvial que é o mar, sem areia, mas com a mesma frescura, e agradabilidade. (Benesse 2, que me lembrei agora, acerca da manhã de hoje.)

 

Outra benção chegou ontem, através de uma amiga muito próxima, que me permitiu assistir ao concerto noturno ocorrido mas ruínas da Cidade Romana de Ammaia, onde a "Orquestra XXI", patrocinada pelo "BPI" e pela "Fundação La Caixa", orientada pelo jovem maestro Dinis Sousa, que interpretou 3 peças belíssimas:

 

- A abertura de "Inês de Castro", a ópera perdida (e que agora, após recuperada, nunca mais será esquecida, segundo as palavras proferidas ontem, pelo maestro), do pianista, compositor, maestro e musicógrafo português, Vianna da Motta, nascido nos finais do Séc. XIX;

 

- Um "Concerto para violino e orquestra em Ré Maior" de Tchaikovsky, interpretado por uma violinista asiática absolutamente deslumbrante, que o executou na P E R F E I Ç Ã O (sem recurso a partituras!!!! De memória!!!), que prendeu, e calou qualquer esboço de reação da assistência (para além de uma torrente de aplausos) pejada de figuras de Estado, e de connaisseurs;

 

- Um "Concerto para orquestra" de Béla Bartók, compositor húngaro dos finais do Séc. XIX, princípio do XX, ideal, como disse o maestro, para ser tocado naquela ambiência, com o coro de grilos e outros animais noturnos de fundo, e um sem fim de insetos esvoaçantes em volta, correndo para a luz que rompia a escuridão.

 

Para quem, como eu, olha para uma partitura como um boi para um palácio, um concerto de música clássica providenciando por jovens artistas desta categoria, exímios executantes daquela linguagem, é muito agradável porque: é incrivelmente belo, é agradabilíssimo e prazeroso, é muito interessante por se poder assistir à forma como executam as notas musicais, e depende muito da performance do maestro, que os conduz.

 

Quando lá cheguei, com tempo para conseguir lugar para estacionar, cadeira para nos sentarmos, tempo para desfrutarmos da envolvência, vi um maestro muito jovem, de Hawaianas, como eu, quando vou à piscina, e... lá que estranhei 😧 estranhei. Contudo, depois de todos terem trajado à altura, e do mestre ter envergado o hábito negro, tudo foi tão diferente, seleto, e tão melhor...

 

Aprende-se nos livros que um maestro é um treinador de futebol, um realizador de cinema, um encenador de teatro, o que faz acontecer.

 

Ali, frente a uma orquestra, marca compasso, agita e apazigua as diferentes secções (cordas, metais, percussões...), orienta e anima o seu "exército", e para nós, assistência, traduz o sentimento e a alegria, a zanga, a confusão, a alma do som.

 

Não lhe tirei os olhos de cima.





Foi mágico!

 

Sempre agradecido,  a quem sabe quem é!

 

Longa vida ao FIIM, a todos os músicos, colaboradores, pessoal técnico, assistentes e envolvidos, e claro, ao Mágico Maestro Christoph Poppen , esse anjo na terra que um dia sonhou que Marvão merecia sonhar tão alto! Sempre agradecido! 


Sem comentários: