Na Grécia antiga, na Ilha de Creta, Dédalo foi um criador que projetou um labirinto onde vivia um Minotauro, um monstro mitológico composto por um corpo humano com cabeça de touro. Reza a lenda que o autor foi incauto, revelou os segredos da sua obra, e isso permitiu que detratores entrassem no labirinto, e matassem o minotauro.
Para que o segredo da obra nunca mais fosse revelado, o rei Minos
prendeu Dédalo, e seu filho Ícaro no próprio labirinto. Para fugir, Dédalo
projetou asas para a sua fuga e do primogénito, feitas com penas de gaivotas, coladas
com cera de abelha.
O plano de Dédalo deu certo, e os dois conseguiram sair voando da
ilha. Ícaro, contudo, não deu importância aos conselhos do seu pai, e resolveu
voar até ao sol. À medida que se aproximava, mais e mais do seu objetivo,
convencido que era um Deus todo poderoso… a cera de abelha derreteu, as penas desprenderam-se,
e Ícaro caiu no mar Egeu… tendo morrido afogado.
O assunto que me traz aqui hoje, 22 de junho de 2023, foi motivo de abertura, bem como de aprofundamento em peças específicas seguintes, no único jornal nacional que me merece crédito, o da SIC, que sigo por ser de longe o mais aceitável jornalisticamente, apesar da inexplicável lazeira pachorrenta de inundarem o noticiário do primeiro jornal do dia, com notícias que ocuparam a antena da hora nobre da noite anterior.
Foi motivo hoje, e assim tem sido desde segunda feira, quando o Titan, um submersível de grande capacidade e resistência, propriedade da empresa OceanGate, cujo principal objetivo foi o de permitir que turistas e especialistas explorassem os restos icónicos do Titanic, prometendo combinar alta tecnologia com segurança e conforto, em expedições de sete dias, com um preço fixado em cerca de 250.000 dólares, em viagens que duram cerca de oito horas (divididas em duas horas e meia para a descida, três horas de exploração no fundo do mar, e duas horas e meia para a subida de volta à superfície); tivesse sido dado como desparecido, o que desencadeou uma extensa operação de busca e salvamento para tentar localizar o submarino, e os seus passageiros.
O
capitão-de-fragata Baptista Pereira, novo comandante da Esquadrilha de
Subsuperfície, com a sua caraterística “barba de chibo”, e as suas largas
dezenas de quilinhos a mais, “desamontou” os já gastos Nuno Rogeiro e José Milhazes,
e com a ajuda dos inefáveis pivots, foi ajudando a tecer uma intriga de vida ou
morte, em que quem assistia ia também ficando sem oxigénio, e a sofrer por
osmose só de imaginar a agonia daqueles aventureiros que usando a sua enorme
riqueza, ousaram em conhecer de perto aquele navio cuja maldição continua, 111
anos depois do seu naufrágio, a fazer vítimas: um
bilionário britânico, presidente de uma empresa de aviação privada; um homem de
negócios paquistanês, e o seu filho; um explorador francês, e o próprio
diretor executivo e fundador da OceanGate, que pagaram caro, tal como
Ícaro, a sua ousadia de quererem estar perto do impossível, e chegarem onde a
tragédia traçou um limite com o entendimento.
Isto foi ultimamente o grande assunto noticioso apesar de, e para não falar já, naquela que é uma das maiores tragédias do nosso tempo, que já tornou o Mediterrâneo, no maior cemitério a céu aberto do planeta, onde tombaram mais de 25 mil pessoas nos últimos 10 anos…
É que comparando… é bem caso para se pensar assim:
Na
peça seguinte, isto:
E
eu, incrédulo comentava comigo mesmo: COMO?!?!? COMO NO MEU PAÍS, NESTE SÉCULO?!?!?!?,
como numa família de pessoas decentes, sem qualquer tipo de dependência ao
álcool ou a drogas, com filhos e… empregos que perderam, que se vêm assim despejados
na rua sem que ninguém, nem nenhuma organização humanitária lhe deite a mão?!?
COMO, MEU DEUS?!?!?
Nem
sempre pensei assim, mas não acredito na bondade intrínseca ao ser humano, e
estes últimos dados só adensam a minha convição. O homem não é naturalmente
bom. É mais fácil ouvir dizer mal, que elogiar; é mais fácil querer mal, que
amar, é mais fácil ser ruim e egoísta, que ser bom e partilhar.
O
homem é invejoso, é egoísta, é ambicioso, é avaro e regra geral, não olha aos meios
para atingir aquilo que quer. Não digo que não haja quem não seja assim, e só Deus
sabe como me esforço todos os dias para ser a antítese disto tudo, mas a
natureza generalizada… infelizmente é esta.
Quantos
botes para os refugiados que fogem da guerra, e da fome… poderiam ter sido
comprados por um daqueles ingressos no famigerado submarino Titan?
Quantas
bocas que vão morrer famintas nos próximos dias… poderiam ter sido saciadas?
Quantas
vidas poderiam ter sido salvas…. pelas vacinas que nunca irão chegar, porque
nunca irão ser compradas?
Como
seria tudo tão mais fácil se procurássemos ver no outro, a alegria que
gostaríamos de ter em nós.
De
todos, sempre e só um mandamento: amar o próximo como a nos próprios.
Pensem
nisto, fiquem bem, e se tiverem fé, como eu, rezem e peçam por quem acham que
merece mesmo.
Fiquem
bem.
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