segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Por Maruán


Sexta-feira foi dia de conferência de imprensa de apresentação do festival Al Mossassa em Badajoz. Como sempre, uma grande azáfama e uma sala cheia de jornalistas e câmaras de televisão, com as rádios e os jornais espanhóis em peso, a provarem-me mais uma vez a importância de estarmos juntos neste projecto maravilhoso. Marvão, um concelho de menos de 4 mil habitantes, de mãos dadas com uma cidade de 150 mil…

Dois filhos do mesmo pai, dois elos perdidos na história, agora unidos pela memória e pela cultura.

Como nuestros hermanos madrugam, como as 10h deles são as 9h nossas e estava disposto a fazer tudo para não chegar atrasado ao compromisso, levantei-me às 6 da matina e fiz parte da viagem antes de amanhecer por completo.

Quando atravessava as vastas planícies que se seguem a San Vicente, com o ar fresco da madrugada a entrar pelo vidro aberto, pensei na origem de toda esta aventura e imaginei-me num corcel veloz, seguindo o meu próprio Senhor Maruán, sendo mais um cavaleiro do seu séquito fervoroso numa movimentação estratégica às terras de Batalyaws para afrontar e travar as perspectivas expansionistas do todo-poderoso Emir de Córdoba, fazendo da defesa o melhor ataque, mostrando toda a garra para encobrir as dificuldades de manter o último reduto marvanense.

Que espécie de homem seria este que renegou a estirpe e a cruz para se converter ao Islão e se afirmar como dono e senhor incontestável dos seus territórios?

Pensei na falta que nos faz hoje, como então, um líder assim, capaz de se rebelar contra tudo e contra todos para defender os seus, não temendo os poderes instituídos e as pressões externas, dando a vida a qualquer hora para o bem da sua comunidade.

Pensei como deve de ser fácil de acreditar como fervor em alguém assim, com o carisma necessário para nos dar certezas mesmo quando ele próprio não está certo do que se avizinha, ao mesmo tempo duro como granito e frágil como qualquer um dos demais.

Mas hoje… já não há heróis e é por isso que devemos, por todas as razões e sobretudo por esta, celebrar, de 3 a 5 de Outubro, a nossa fundação com a dignidade que a sua coragem nos merece.


Durante o curto período em que aguardei pela minha congénere, a minha muito estimada amiga D.ª Consuelo Piris, tive oportunidade de admirar na sala de espera, os maravilhosos frescos da autoria de J. M. Collado que nos transportam para os tempos da chegada dos espanhóis a terras das Américas. Notáveis ao ponto de não resistir partilhá-los convosco…








1 comentário:

Garraio disse...

Cuadros elucidativos do espanhol-descobridor-guerreiro.

Eles desembarcavam de espada na mão, nós de punhal erguido... debaixo do calção.