terça-feira, 25 de novembro de 2008

Dar


Sábado foi dia de dar sangue e há muito poucas coisas na vida que me façam sentir tão bem como dar sangue.

Depois de dar sangue, sinto sempre uma estranha sensação de alívio, de bem-estar, de ter cedido um pouco de mim que pode significar mesmo muito para alguém e isso tranquiliza-me.

Ao contrário do que muitos pensam, dar sangue não custa nada. É certo que há uma pica para analisar a qualidade do produto, é certo que há que medir tensões, ver umas batas brancas que assustam sempre o pessoal (a equipa é ultra-simpática e uma autêntica família), mas isso passa num instante e depois, o acto em si, é extremamente simples. Passa por mais uma pica e em poucos minutos, está o serviço feito. Depois, o nosso fabuloso organismo encarrega-se de em cerca de 4 horas repor o que faltam para os 5 litros que a máquina gasta aos 100.

Esta perspectiva descentralizadora da Associação de Dadores do Distrito de Portalegre, numa de “se o Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé”, é de louvar e ajuda a bater recordes. Fico sempre muito satisfeito por saber que o concelho de Marvão é, com as suas 4 recolhas (duas de cada lado da encosta por ano), aquele que em proporção, mais dádivas regista no distrito.

Apesar disso, podíamos sempre ser muitos mais e é precisamente aí que faço o meu apelo: para a próxima vez, para a próxima colheita na nossa terra, façam um esforço para vencer o imobilismo e o egoísmo, e ajudem. Isto dito por quem já sentiu na pele a dura realidade de ter alguém nosso que tanto precisou e nesse então, como é bom poder receber… Acreditem que vale mesmo muito a pena.
Para já não falar de recompensas que às vezes não se esperam... Conheço mais do que um caso de pessoas que hoje estão saudáveis e entre nós porque tiveram problemas que foram diagnosticados atempadamente neste gesto tão nobre...

Uma última palavra de agradecimento ao Senhor Eustáquio, um homem que dedicou uma vida a esta causa, num espírito abnegado e de missão. Um homem que é muito maior que a estatura que apresenta, um homem cujo esforço e cujo prestígio se estendem muito para além das fronteiras do distrito e alcançam uma dimensão tão extraordinária quanto merecida.

Se ele compreendeu e deu tanto de si, o que representam umas gotas para nós?



1 comentário:

Robson Lima disse...

Fico muito feliz em saber que você, assim como eu, dá a devida importância a este sublime ato de amor ao próximo e a nós mesmos. Aqui no Brasil, faço parte do cadastro nacional de doadores de medula óssea, além disso sou doador de sangue e futuramente quando eu fizer a grande passagem, quero que todos os meus órgãos sejam destinados a outras pessoas.