quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

2008 soou assim



Não querendo deixar passar Janeiro sem o balanço musical de 2008, abro os portões da discoteca digital para memória futura e para, como nunca fui de fazer caixinhas, espalhar a boa nova a alguns mais desapercebidos.

Sendo assim:

Da produção de além-fronteiras, destaco, por ordem de importância:

1) Glasvegas – Glasvegas
Fenómeno escocês já aqui disseminado quando por eles me apaixonei, abriram um capítulo negro e belíssimo na história do rock com acento. Atitude, honestidade e uma musicalidade que nos dobra por dentro. 2008 é deles, todos de preto clássico, caminhando num cais qualquer debaixo da chuva miudinha. Um vocalista icónico, misto de James Dean e Joe Strummer e uma mulher na bateria, fazendo jus ao legado de Moe Tucker nos Velvet. Letras que são murros no estômago. Melodias que já são intemporais. O brilhante EP de Natal abre as janelas para 2009.




2) Vampire Weekend – Vampire Weekend
Um punhado de betinhos de Brooklyn dispostos a tomar o mundo de assalto com o seu som fresco e irreverente ou a prova evidente de como a nível das influências, o todo é muito mais que a soma das partes: junte-se o Paul Simon, o Peter Gabriel, guitarras africanas, órgãos flutuantes e uma atitude punk e “do it yourself” e obtemos a grande revelação do ano. A brincar, a brincar, gozando a sua própria despreocupação, quase atingem o Olimpo.




3) MGMT – Oracular Spectacular
Mais uma banda improvável e criada com um horizonte temporal definido que acaba por se tornar maior do que aquilo que alguma vez os seus criadores almejaram. Uma verdadeira neo-trip psicadélica onde ácidos se cruzam com guitarras acústicas e sons tribais que resulta num todo tão coerente quanto fascinante e diversificado. Alguns dos hinos de 2008 estão aqui. Time to pretend é para mim a canção e o vídeo do ano. Quando em 2050 se referirem a este ano, esta vai ser a banda sonora: Let's make some music, make some money, find some models for wives. I'll move to Paris, shoot some heroin, and fuck with the stars. You man the island and the cocaine and the elegant cars. This is our decision, to live fast and die young.We've got the vision, now let's have some fun.




4) The Last Shadow Puppets – The age of Understatement
O talento de Alex Turner vai muito para além das barreiras da sua banda raiz, os Arctic Monkeys. Disso sabíamos nós há muito mas ninguém certamente esperava que este dueto com Miles Kane dos Rascals pudesse dar origem a esta pérola absoluta. Duetos à guitarra ao melhor estilo Lennon/McCartney, vídeos com a artilharia russa e épicos “a la Morricone” com o amplificador ao rubro. O mistério da música destes jovens é para mim tão deslumbrante quanto são os maiores avanços tecnológicos ou os últimos gritos da ciência. Incompreensíveis de tão bons.




5) Lightspeed Champion – Falling of the Lavender Bridge
Devonte Haynes é a estrela improvável. Parece saído de um episódio especial dos Marretas sobre extraterrestres e é um exemplo claríssimo de que nunca se deve julgar as pessoas pela aparência. Quem ouvisse a pureza pop da música que produz sem ter tido contacto visual, jamais esperaria uma destas. Em 2008, este homem fez-me sorrir muito para as estrelas, enquanto corria sozinho no escuro com ele a cantar-me nos ouvidos.




6) Adele – 19
Durante muito tempo quis que fosse só minha. Temi que o mainstreama engolisse e ela se deixasse deslumbrar. Por momentos andou por lá mas acho que não quis ficar. Adele é muito mais que uma grande voz, é uma enorme intérprete e uma compositora virtuosa que me conquistou desde o primeiro acorde.




7) Metallica – Death Magnetic
Os verdadeiros fãs esperaram durante anos por este regresso e eu, embora não seja um purista, rendi-me à evidência de um disco que é uma autêntica martelada na cabeça. Muita raça, muita atitude, muito virtuosismo e sobretudo, o regresso ao prazer da velocidade e ao pó da estrada. Se a música algum dia foi poder, então o poder está todo aqui.




8) Crystal Castles – Crystal Castles
Um ovni maravilhoso, um arco-irís de cores berrantes. Uma dupla de terroristas sónicos que ressuscitou o som das velhas consolas Atari e as recrutou para todo sempre ao serviço do punk.




9) Oasis – Dig Out Your Soul
A minha dupla de eleição num registo que calou todos os detractores. De volta aos velhos tempos, assinam um lote de canções irrepreensível, mais uma colheita magistral para a sua já extensa galeria dourada. Para quem os acompanha desde o primeiríssimo momento, para quem segue todos os seus passos, single a single, este regresso é uma emoção. Depois da Praça Sony em 2000, vemo-nos daqui a 15 dias rapazes!




10) Santogold – Santogold
Um caldeirão mágico de sons e referências. E um marco incontornável que sintetiza como nunca aquilo que é o som dos nossos tempos.



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E a nível nacional...

1) Buraka Som Sistema – Black Diamond
Uma autêntica bomba que vai contagiar pistas do mundo inteiro. São grandes!




2) Deolinda – Canção ao lado
Já aqui revistos. Um disco para colocar ao lado do Variações, do Palma, do Godinho, dos Heróis do Mar, dos Madredeus, um clássico absoluto.




3) Rita Redshoes – Golden Era
Um cisne deslumbrante num disco irrepreensível. Apadrinhada pelo David Fonseca, outra coisa não seria, de resto, de esperar.




4) NBC – Maturidade
Um rapper de vistas largas que sabe o que diz e como diz. Muito feeling, muito funk, muito soul e um disco de âmbito internacional.




5) Mesa – Para todo o mal
Os Mesa são a nata da pop nacional e continuam, ainda assim, injustamente esquecidos. Mais um grande disco. Será por serem do Norte?



3 comentários:

Sandra Bugalhão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sandra Bugalhão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sandra Bugalhão disse...

Olá Pedro
Tenho uma sugestão de um grupo aqui de Beja os Virgem Suta, que eu conheci no ano 2008 e gostei...Se tiveres oportunidade ouve
Beijinhos á Cristina e Leonor.
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendID=33795238