Pressenti que vinha a subir as escadas e espreitei. “Então pequena? Tá tudo em ordem?”.
Subia passo a passo, cabisbaixa, impecável no impermeável cor-de-rosa, de botas pelos joelhos e com os cabelinhos molhados da piscina a dançarem na frente do rosto. Passou por mim sem uma palavra e vi logo que havia caso.
Sentou-se na cama e reparei que as lágrimas lhe caíam pela cara abaixo.
“Houve azar?...”
“Portei-me muito mal na escola… e fiquei de castigo”.
Subia passo a passo, cabisbaixa, impecável no impermeável cor-de-rosa, de botas pelos joelhos e com os cabelinhos molhados da piscina a dançarem na frente do rosto. Passou por mim sem uma palavra e vi logo que havia caso.
Sentou-se na cama e reparei que as lágrimas lhe caíam pela cara abaixo.
“Houve azar?...”
“Portei-me muito mal na escola… e fiquei de castigo”.
"Quanto mal?".
"Muito mal!".
Não parava de soluçar e dei-lhe um tempo. A mãe entrou em cena e apresentou o relatório preliminar do inquérito decorrido na viagem de regresso a casa : “Ficaram quase todos de castigo. Portaram-se todos muito mal à excepção de dois ou três”.
“Mas eu portei-me bem!”, disse com a convicção de quem sabe que não tem razão.
“Se te tivesses portado bem, a professora não te tinha castigado, de certeza!”
“Eu acho que me portei bem… eu acho…”.
“Achas mas achas mal! Já sabes o que te espera... Hoje não há Zig Zag, não há televisão, não há jantar que tu gostas, não há Disney Channel, não há Hannah Montana, não há computador, não há história nem mimos antes de dormir. Castigo é castigo!”, disparei.
Depois de lida a sentença, sem alegações finais, o caudal de choro, obviamente aumentou.
Minutos depois, virou-se e disse-me “ó pai… desculpa” e abraçou-me ainda meio a tremer.
Quando mais estabilizada, disse-lhe: “Espero que não se repita, Leonor, nunca mais!” e ela disse que sim com a cabeça, com um ar de quem está pouco convencida da sua capacidade de cumprir a promessa.
Nota do progenitor: Quando era mais pequena custava menos… Dá a sensação que quanto mais crescida e mais consciente dos seus erros, mais difícil é repreende-la embora saiba de antemão que tem de ser. Que duro é fazer cara de mau perante aquela miniatura de Madalena arrependida que só dá vontade de comer às dentadas. Isto de ser pai, não é de facto fácil e o processo tem algo de muito pouco lógico: quando os filhos se tornam adultos e os pais se graduam nessa condição, entregam-lhe a licença de avós e deixam de poder exercer. Estranho, não é?
Estes crescidos...
2 comentários:
não é de admirar, esse mundo mágico da Leonor. Conheci o pai com menos idade e já era assim...
Querido Pedro, tu no teu papel de pai xangado, nao me parece que sejas tu. Como disseram ha poco, tu debías ser un menino bastante mexido e daqueles que ficam pouco tempo sentadinhos no teu lugar... Eu era muito parecida, e entao comprendo muito bem estas crianças. Para mim era uma verdadera tortura ficar quieta, sem falar.... calcula, eu sem falar!!!!! durante uma hora, muito menos duas o três, o cuatro... sao crianças, têm de brincar e temos de parar un bocadinho de vez en cuando, nao podemos ser tao rígidos com eles!!!! ... brincar deve ser a sua principal ocupaçao, sem descuidar o estudo, é claro! ....significa que estao vivas e sao saudáveis...
Nao te chatees com a Leonor... essa carinha tao linda!!!... só é criaça uma vez na vida, e de aquí a pouco chegarao tantas chatices à sua vida!!!!!.
Pedrito, amanhá vamos fazer uma caminhada até Marvao, desde a Portagem, ( nao somos o ti Sabí, somos sedentários!!!) chegaremos lá por volta de meio dia, depois vamos almoçar a Santo Antonio... ficas convidado para um vinito e um aperitivo onde quiseres... ah!!!! e se querem almoçar connosco também estao convidados!!... Garraio, aparece!!!.... Beisinhos para vocês!!!... tambén as senhoras!!!.
PD- perdón por las faltas, entre el teclado y mi portuñol!!!!!
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