O último fim-de-semana foi passado em Sos del Rey Católico, vila que também faz parte da Rede de Vilas Medievais a que aderimos recentemente (saiba mais aqui) e foi seleccionada para a primeira reunião entre autarcas dos municípios que as integram e para a apresentação oficial à comunicação social.
Se há uma coisa que eu aprendi na Câmara é que a este nível, as coisas demoram sempre muito mais tempo do que aquele que nós pensamos. A gente quando está de fora é só “Eu chego, eu faço, eu digo, eu aconteço” mas depois… esbarramos com burocracias, com faltas de vontades, com múltiplos entraves com os quais não contávamos e nos atrasam as intenções.
Veja-se o caso do relvado sintético, uma verdadeira novela mexicana que felizmente terminou ontem (eu nem acredito), com a aprovação final da candidatura, depois de quase 3 anos de trabalho e inúmeras mudanças de figurino por parte do nosso governo.
No que diz respeito à Rede de Vilas Medievais, que também conheceu o “preto-no-branco” há relativamente bem pouco tempo, muito houve que pedalar desde essa reunião em Olivença, numa manhã fria de Inverno, há quase 2 anos.
Assim que soube da ideia, fiquei logo com a”pulga de trás da orelha” e não descansei enquanto não me “montei nesse comboio”. Guillermo explicou e o projecto pareceu-me brilhante. Já existiam um conjunto de vilas medievais espanholas (todas elas com características desse período e com menos de 5.000 habitantes) decididas a unirem-se em termos de promoção turística e procuravam agora parceiros portugueses. Estávamos nós, Estremoz, Campo Maior e Castelo de Vide. Na altura, havendo intenção de haver continuidade também para França, propus uma linha de continuidade em território português até Lisboa. Nasceram assim as hipóteses de Belver (Gavião) e de Óbidos (numa cartada de luxo…). Perto de Lisboa, perto do aeroporto… abrindo mais uma porta de entrada no circuito. O nosso amigo espanhol ficou encantado mas infelizmente e apesar de todos os esforços, os outros parceiros foram-se desinteressando e deixaram cair o sonho. Dos 6 portugueses, apenas nós e o Gavião não baixámos os braços e ainda bem. A candidatura foi aprovada, estão aí a achegar 100.000 euros para promoção e ¼ deles será exclusivo para a Al Mossassa que ganha assim um importante balão de oxigénio nesta última edição sob minha tutela.
Para já, a possibilidade de patrocínio da rede por parte de uma grande construtora de automóveis fica ainda adiada mas quem sabe… no futuro...
Porém, há já muitas vantagens a enaltecer e para além das mencionadas, só o facto de levar Marvão tão longe e poder incluir a minha terra neste cartaz de luxo já é uma enorme vitória.
E eu, de cada vez que vou representar o Município ao mais alto nível, sinto-me investido de uma força qualquer que não sei explicar, como se as boas vontades de todos se apoderassem de mim. È um orgulho enorme e só me apetece meter toda a comunidade a que pertenço na mala do carro e levá-la comigo.
Não podendo, esforço-me por fazer a melhor figura possível nunca deixando de ser eu próprio e dando, como sempre, o melhor de mim.
Foram 3 dias duríssimos com 900 quilómetros para cada lado e ainda por cima partindo com apenas 1 hora de sono (depois do concerto do Senhor Cohen) e com 500 quilómetros de ida e volta a Lisboa por minha conta. Essa manhã de sexta-feira, com o sol a dar-me de frente, parecia que estava no Twilight Zone… Vá lá que depois de chegado e de um duche gelado tudo se recompôs. O corpo humano é uma grande máquina…
Foram 3 dias ao mais alto nível vividos com competência, profissionalismo, mas também com cultura, com gastronomia, com vivência e divertimento que não somos nenhuns bichos e toda a gente sabe que também nos divertimos nestas coisas, como é óbvio. Mentir é feio e eu não estou para isso.
Não sei se os meus companheiros desses dias por aqui passarão, mas ainda assim faço questão de deixar alguns agradecimentos.
Em primeiro lugar, aos anfitriões e aos nossos parceiros que nos trataram de uma forma… ternurenta. É a palavra que melhor me ocorre. Sempre atenciosos, afáveis, simpáticos, cordatos, preocupados com o nosso bem-estar, foram, de facto, incansáveis. Do melhor, mesmo!
Depois queria agradecer aos meus dois companheiros de viagem:
Ao meu amigo e motorista Manuel Filipe pelo seu extraordinário profissionalismo (este homem dura… dura… dura… sempre agarrado à roda… sem pestanejar… ele já nasceu a conduzir!) e pela sua tão bem conhecida boa disposição.
E ao meu amigo Ricardo, responsável pelo projecto no Município do Gavião que foi uma agradabilíssima surpresa. Sempre animado, sempre conversador, sempre disposto a andar para a frente… Uma máquina e um grande recurso a preservar!
Foi muito bom, foi fenomenal e passou num instante, o que é sintomático.
Queria ainda agradecer a hospitalidade do hotel "El Peirón" que tem muito mais do que as 3 estrelas da fachada. Um bom gosto incrível em tudo, muita simpatia e muito saber receber. Oxalá este negócio de família floresça porque têm tudo para vencer. Classe e humildade que encantam e deveriam de ser uma lição para muita gente que eu conheço no negócio... e mais não digo. Podem visitar as instalações aqui.
Chegámos exaustos, chegámos com saudades, mas ainda com vontade de rir e de nos sentarmos na esplanada do Xalipas a matar saudades da cerveja portuguesa, sinal de que gostámos de estar juntos.
No balanço final de tudo o que vivi, digo aquilo que tanto defendo e em que tanto acredito: gente boa há em toda a parte. É preciso é saber encontrá-la!
Grande abraço! Bem hajam!
Ruas sinuosoas, estreitas... labirínticas
Há 9 anos que a autarquia local organiza um festival de música que já é uma referência em termos nacionais. Muitos dos espectáculos são trasmitidos pela TVE e ali não faltam artistas de renome. A edição deste ano contou com o Bunbury dos "Heroes del Silêncio", o Manolo Garcia dos "Último de la Fila" e a Amaia dos "La Oreja de Van Gogh". Mas esteve também a Luz Casal, o projecto paralelo de alguns membros dos REM e a cantora country Lucinda Williams. (Saiba tudo clicando aqui)
Pequeno almoço servido na garagem do nosso amigo consejal Javier Machín, uma figura encantadora. Sócio e amante do Saraçoça que brindou com champanhe a descida do Sevilha. Quem faz uma confissão destas tem de ser boa pessoa. Migas com carne de porco com ovo a cavalo, acompanhadas por tinto da região. Saber viver é uma arte...
Entrei numa lojinha de souvenirs e fiquei banzado com isto! Se é a cabeça de touro que eu sempre sonhei para a tourada do Dia da Criança... Perfeita! Parecia de verdade! Ainda avancei para o balcão, decidido a arrematá-la... mas o meu companheiro do lado foi mais realista: "vais comprar isso para quê? Para o ano não estás lá... Quem é que vai andar com ela?"...
Ahhh. É bom...
"Bar Txoko. Hemingway foi cliente antes e depois das corridas de touros (vejam bem o nível! Antes e depois...). Aqui saboreava o seu cognac preferido".


2 comentários:
ao ler e apreciar o texto e as fotografias dei comigo a pensar que um dia, quando largares as "lides politicas" as coisas continuar-se-ão a fazer ( será ?? ) mas às escondidas, como era e é vulgar fazer-se e como estavamos acostumados antes da tua chegada e isso se´rá também para nós seguramente uma enorme perda, pois por norma ninguem nos mostrava as coisas tãso por dentro como tu o fazes, ou por desinteresse em partilhar ( e partilhar é tão belo !!! ) ou possivelmente o que ainda me doi mais, talvez para encobrir algumas coisas que não se faziam ou deveriam fazer e que por vezes transformava por completo o conteudo e a razão de ser da viagem e do motivo da deslocação. Faço-me entender ??? Será que quando deixares a politica ( que pena, será que as pessoas do nosso concelho andam CEGAS ??? ) continuaremos a ter quem partilhe connosco, como autarca, as viagens e os trabalhos em prol do desenvolvimento do nosso concelho???
Já te sinto a falta, companheiro !!!
Um abraço do tamanho do mundo e mais uma vez, obrigado por existires !!!!
Muito bem "cantado". Subscrevo as palavras do Nuno. Acho que todos os marvaneneses te devem dois reconhecimentos - o primeiro pelo extraordinário empenho em fazer um bom trabalho; o segundo por tornares acessível e transparente o exercício das tuas funções, partilhando sucessos e angústias numa atitude generosa e livre. Abraços.
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