Começou o Mundial. Dos 8 jogos já acontecidos apenas falhei um. Ando a papar 3 por dia.
Acho que não existe um outro evento que marque tanto o nosso tempo como um Mundial de futebol. Mais do que os Jogos Olímpicos, uma exposição mundial, as cerimónias dos Óscares, dos Grammies, dos Emmies ou dos Razzies, um Mundial espelha os tempos em que decorre.
Através dos Mundiais recontamos a nossa vida. Os Mundiais são marcos que nos ajudam a recuperar sentimentos e memórias de tudo o que estava à nossa volta então…
Argentina 78 e uma memória fugaz (concedo que pós-construída, afinal tinha 5 anitos) de um Maradona embalado em direcção às redes adversárias, num misto de Speedy González e bala de canhão…
A Espanha 82 do Naranjito e do meu Brasil de sempre com um elenco de luxo (Zico, Sócrates, Falcão…) a cair aos pés de um italiano anão (Paolo Rossi). Lembro-me de me ter trancado na casa-de-banho da minha avó a chorar convulsivamente, mas de tal maneira que ia morrendo engasgado com uma banana que ia mastigando para não desfalecer. A final já não interessou. O pior já tinha passado…
O México 86 de Saltillo e tudo à volta. Um motim na cabine e uma derrota com a Polónia que fez o favor de me estragar as vésperas da festinha dos 13 anos. ..
O Itália 90 e a sempre evitável festa alemã… de penálti, claro…
O Mundial dos States em 94 e o penálti falhado por Baggio. O Brasil de novo campeão. A alegria dos canarinhos e Taffarel rezando aos céus.
O França 98 em que a anfitriã se sagrou campeã e a euforia da consagração numa noite louca em que me encontrava em solo gaulês no regresso de uma visita ao Parlamento Europeu…
O Coreia/Japão de 2002 em que caímos de olhos em bico em homenagem aos da casa…
A Alemanha de todos os sonhos em 2006… quando cilindrámos holandeses e ingleses para nos prostrarmos de novo aos pés dos franceses, acabando por ser enxotados do 3º lugar pelos alemães. Saindo pela porta do cavalo…
Desta vez lá estamos de novo, dizem eles que dispostos a tudo mas o meu feeling… não é lá grande coisa. As dificuldades que tivemos em qualificar-nos, as mais que discutíveis opções de casting, a falta de chama e de poder de concretização, o poderio das selecções adversárias no nosso grupo… colocam-me no lado dos cépticos. Oxalá me engane, mas…
Aconteça o que acontecer, a verdade é que o Mundial não se esgota na nossa selecção. Se alguma coisa correr mal, a gente muda-se para outra selecção com que simpatizemos, seja porque tem jogadores do nosso clube ou pura e simplesmente porque delas sempre gostámos. Como digo, sejam canarinhos, argentinos ou ingleses, a malta quer é vibrar com o jogo porque é disso que se trata. Eu sou gajo até para torcer pelos espanhóis na final, se não tiver outro remédio…
O Mundial começou e eu vejo os jogos refastelado na minha sala, numa televisão que não é Full HD, nem tem 3D, nem nada dessas modernices mas dá para viver a coisa com paixão. Enquanto vejo os jogos vou-me entretendo com as minhas filhas, vou lendo, dando piscadelas ao computador, treinando violão sempre com os olhos no ecrã e fazendo muitas coisas boas mas o que eu gostava mesmo era de estar lá. Lá, na África do Sul, quase no fundo da terra onde os portugas dobraram o Cabo que todos temiam. Lá no meio da multidão, dançando com as pretas de fatos coloridos, fazendo macumbas, abraçando adeptos chegados de todas as partes do mundo, celebrando o futebol como fenómeno planetário que é muito mais que um jogo, muito mais que uma cultura, que é uma autêntica forma de vida.
E nem o barulho ensurdecedor dos milhões de abomináveis vuvuzelas me poderiam dali espantar. Eu gostava de correr de estádio em estádio, de ver os jogos todos, de estar na final e fazer uma festa independentemente do vencedor. Trocar camisolas e sorrisos, sentimentos e emoções, viver a magia de algo que é único e tremendamente belo.
A África do Sul pode estar longe demais para mim. Vale-me o consolo de saber que estou lá de cada vez que carrego no botãozinho do comando e à noite, quando fecho os olhos e faço por sonhar com estádios cheínhos de gente.
Acho que não existe um outro evento que marque tanto o nosso tempo como um Mundial de futebol. Mais do que os Jogos Olímpicos, uma exposição mundial, as cerimónias dos Óscares, dos Grammies, dos Emmies ou dos Razzies, um Mundial espelha os tempos em que decorre.
Através dos Mundiais recontamos a nossa vida. Os Mundiais são marcos que nos ajudam a recuperar sentimentos e memórias de tudo o que estava à nossa volta então…
Argentina 78 e uma memória fugaz (concedo que pós-construída, afinal tinha 5 anitos) de um Maradona embalado em direcção às redes adversárias, num misto de Speedy González e bala de canhão…
A Espanha 82 do Naranjito e do meu Brasil de sempre com um elenco de luxo (Zico, Sócrates, Falcão…) a cair aos pés de um italiano anão (Paolo Rossi). Lembro-me de me ter trancado na casa-de-banho da minha avó a chorar convulsivamente, mas de tal maneira que ia morrendo engasgado com uma banana que ia mastigando para não desfalecer. A final já não interessou. O pior já tinha passado…
O México 86 de Saltillo e tudo à volta. Um motim na cabine e uma derrota com a Polónia que fez o favor de me estragar as vésperas da festinha dos 13 anos. ..
O Itália 90 e a sempre evitável festa alemã… de penálti, claro…
O Mundial dos States em 94 e o penálti falhado por Baggio. O Brasil de novo campeão. A alegria dos canarinhos e Taffarel rezando aos céus.
O França 98 em que a anfitriã se sagrou campeã e a euforia da consagração numa noite louca em que me encontrava em solo gaulês no regresso de uma visita ao Parlamento Europeu…
O Coreia/Japão de 2002 em que caímos de olhos em bico em homenagem aos da casa…
A Alemanha de todos os sonhos em 2006… quando cilindrámos holandeses e ingleses para nos prostrarmos de novo aos pés dos franceses, acabando por ser enxotados do 3º lugar pelos alemães. Saindo pela porta do cavalo…
Desta vez lá estamos de novo, dizem eles que dispostos a tudo mas o meu feeling… não é lá grande coisa. As dificuldades que tivemos em qualificar-nos, as mais que discutíveis opções de casting, a falta de chama e de poder de concretização, o poderio das selecções adversárias no nosso grupo… colocam-me no lado dos cépticos. Oxalá me engane, mas…
Aconteça o que acontecer, a verdade é que o Mundial não se esgota na nossa selecção. Se alguma coisa correr mal, a gente muda-se para outra selecção com que simpatizemos, seja porque tem jogadores do nosso clube ou pura e simplesmente porque delas sempre gostámos. Como digo, sejam canarinhos, argentinos ou ingleses, a malta quer é vibrar com o jogo porque é disso que se trata. Eu sou gajo até para torcer pelos espanhóis na final, se não tiver outro remédio…
O Mundial começou e eu vejo os jogos refastelado na minha sala, numa televisão que não é Full HD, nem tem 3D, nem nada dessas modernices mas dá para viver a coisa com paixão. Enquanto vejo os jogos vou-me entretendo com as minhas filhas, vou lendo, dando piscadelas ao computador, treinando violão sempre com os olhos no ecrã e fazendo muitas coisas boas mas o que eu gostava mesmo era de estar lá. Lá, na África do Sul, quase no fundo da terra onde os portugas dobraram o Cabo que todos temiam. Lá no meio da multidão, dançando com as pretas de fatos coloridos, fazendo macumbas, abraçando adeptos chegados de todas as partes do mundo, celebrando o futebol como fenómeno planetário que é muito mais que um jogo, muito mais que uma cultura, que é uma autêntica forma de vida.
E nem o barulho ensurdecedor dos milhões de abomináveis vuvuzelas me poderiam dali espantar. Eu gostava de correr de estádio em estádio, de ver os jogos todos, de estar na final e fazer uma festa independentemente do vencedor. Trocar camisolas e sorrisos, sentimentos e emoções, viver a magia de algo que é único e tremendamente belo.
A África do Sul pode estar longe demais para mim. Vale-me o consolo de saber que estou lá de cada vez que carrego no botãozinho do comando e à noite, quando fecho os olhos e faço por sonhar com estádios cheínhos de gente.
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3 comentários:
Essa memória esta a pregar partidas! O D10S Maradona não jogou no Mundial de 78, porque o Menotti disse que era muito novo. Não será confusão com o Mexico 86? Abraço
Relativamente à foto: eu acho que a selecção fez um desvio, foi a Londres e parou no Madame Tussauds para tirar umas fotos!!
Há quatro anos, num quarto lugar mundial, saímos pela porta do cavalo. Foi um capítulo da nossa História.
A partir de agora voltaremos a sair por outra porta. A dos burros.
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