quinta-feira, 16 de junho de 2011

É feio e é mau


Bem curiosa, esta carta ao director do jornal Alto Alentejo assinada por um enigmático “PSD dos Velhos”. Louvo a iniciativa mas não posso deixar de lamentar que não tenha tido o arrojo para dar publicamente a cara e a audácia de chamar “os bois pelos nomes”.


O que podia ter sido uma declaração de princípios não passou assim de um descargo de consciência. Foi pena…


Eu acho engraçado porque o episódio pode ter sido novidade para quase toda a gente mas não foi para mim apesar de estar bem afastado da política e muito mais ainda das arruadas do meu partido.


Ao que parece, o dia (de manipulação) de campanha passado em Marvão, e esta cena em particular, gerou um mal estar tão grande, não só neste “PSD da Velha Guarda” mas em muitos outros que faziam parte da equipa, que logo na manhã seguinte me chegou aos ouvidos, via telefone, notícia deste relato expresso na carta redigida em tão aprovável português.


Segundo consta, a frase “aquela também ainda há-de ser nossa” foi preferida por uma determinada senhora que dispensa apresentações, que não se limitou a este elogio público à ganância, como se “estendeu ao comprido” na forma como falou da Presidente da Casa do Povo, Cristina Novo Almeida, destilando tanto veneno e má-língua que o discurso se acabou por virar contra si própria. Falando mal de uma pessoa tão digna que tanto tem trabalhado por aquela instituição e que tão meritórios feitos tem alcançado… só se podia dar mal mas como não é de cá…


“É feio e é mau” como diz o cabeçalho, de facto, não só este revelador acontecimento, mas a forma como tem sido conduzido no nosso concelho o Partido Social que se esperava Democrático. Esta táctica de guerrilha de controlar respeitáveis instituições (Anta, Bombeiros e agora ao que parece… Lar de São Salvador) não com o intuito de servir os seus propósitos e fins estatutários mas antes para assim poder exercer influência e manipular à vontade, é uma afronta para todos aqueles que vêem a política como uma actividade nobre e necessária para as populações.


A manobra de influência não se fica por aqui e tem sido estrategicamente delineada e cirúrgica, estendendo-se praticamente a todas as esferas da vida local.


A concelhia de Marvão que foi ao tempo da sua fundação uma manifestação de independência, de força e de valor dos militantes locais que exigiram ter a sua voz e vontade; é hoje uma sombra de si mesma e quase a antítese da que foi sonhada pelos seus pilares fundadores. Claustrofóbica, manietada, controlada ao milímetro, só respeita, por medo ou necessidade, a vontade única de quem comanda, por muito mal que o faça. E assim vamos andando.


Ora, o meu PSD tem de ser livre e aberto; franco e plural; não só permitindo, mas antes vivendo do confronto de ideias e opiniões. Nada disso eu vislumbro por aqui. Renegado continuarei.


Pois eu sei que há muita gente que vota laranja e está descontente. Como sei que há muita gente nas cúpulas do partido que sabe o que por cá vai. Mas enquanto se vão ganhando eleições, “é ver deixar andar o barco” mesmo que todos nós saibamos que mais cedo ou mais tarde vai esbarrar no molhe. E eu tenho pena. Sinceramente pena. Porque tenho saudades dos tempos em que os políticos eram cavalheiros e colocavam a integridade acima da usura. Tenho saudades de homens correctos, educados, selectos que podiam disputar o poder mas sabiam fazê-lo com nobreza de carácter e com respeito mútuo não só pelos seus adversários da oposição mas por todos aqueles que por aqui respiravam, por aqui andavam com a cabeça entre as orelhas e por aqui votavam. Eu tenho saudades, e falo de tempo de que me lembro, de homens da estatura moral de um António Andrade, um José Murta, um João Lança, um José Manuel Machado, um Carlos Sequeira… figuras da nossa terra que impressionaram pela forma como elevaram a actividade autárquica a um nível qualitativo que eu tenho como insuperável.


Nesse tempo podia-se perder, mas não se passavam cartas por debaixo da mesa. Jogava-se limpo, às claras e sem manigâncias de bastidores.


Eu sei que esses tempos não voltam mas tenho esperança que as pessoas que almejam a representar o povo no futuro percebam de vez que a lisura de procedimentos, a transparência e a boa fé serão condições sine qua non para se pode ser eleito.


Portugal, farto de mentiras e tramóias, mandou há dias o nosso Sócrates filosofar para Paris. Cansado de ser embalado pela canção bandido, depositou, convicto mas receoso, as suas esperanças numa jovem promessa que parece, pelo menos até ver, recuperar a categoria dos clássicos. Eu também embarquei nessa e torço para que dê certo.


Não faço ideia quando é que Marvão poderá também sair da penumbra mas faço votos sinceros que nesse momento ainda haja gente à altura para assumir um cargo que outrora foi tão digno e hoje está tão maltratado.


Eu tenho consciência que aquilo que defendo está longe de ser unânime e as últimas eleições foram claras quanto a esse respeito. Temos o concelho que temos e eu conheço-o bem. Mas não deixa de ser importante que algumas pessoas percebam que podem enganar um muitas vezes mas não vão conseguir enganar todos as vezes todas.


Esta pode ser a taça da consolação mas acreditem que é valiosa quanto baste. Pelo menos para mim. E eu sei que não estou sozinho...

2 comentários:

Helena Barreta disse...

Por vezes, quem muito fala pouco acerta.

Bom fim de semana

Um abraço

luis disse...

lembro o sr.pedro que elogia tanto a equipa da casa do povo de santo antonio das areias mas a grande maioria fez parte de umas das listas ao municipio de marvao inclusive o marido da presidente era o numero dois dessa lista tantos elogios cheira me que tas aqui tas la........