terça-feira, 18 de março de 2014

Acreditar

 






























Este é um blogue bem disposto. É o blogue porque também assim sou. Como taberneiro desta tasca virtual, faço questão que o baile seja conforme a moda. A vida merece que nos riamos dela. Antes rir que chorar, de tão trágica, absurda e dramática que é. Por isso brinco quase sempre. Quase sempre e com tudo porque para o verdadeiro humorista não há limites. Até na doença tem de se fazer piada. Porque torna tudo mais fácil.

Mas hoje o que quero aqui partilhar é muito sério. Este é provavelmente um dos posts mais sérios e pensados que surge aqui. A ideia para o fazer nasceu no outro sábado de manhã, enquanto corria os 5 quilómetros que ligam a minha casa ao Valongo. A coisa foi maturando, ganhando forma e força nos 7 ou 8 quilómetros que fiz a pé de seguida.

O que eu vos quero deixar aqui é: acreditem sempre nas vossas capacidades. A esperança é mesmo a última coisa a morrer. Se há 1 ano, no início de 2013 quando ainda estava mergulhado num regresso titubeante à vida, me tivessem dito que numa manhã de sol de 2014, iria correr da minha casa ao Valongo, deixar-me-ia rir. Antes acreditaria mais que me sairia o euromilhões, mesmo sem jogar, que isto.

Depois do coma, tive de reaprender a andar. Como tive de reaprender a correr. Tantas vezes que tentei voltar a correr naquela mesma estrada mas eu, que antes fazia meias maratonas (21 km), parecia que tinha 2 pesos de toneladas agarrados aos pés e mal me conseguia mexer. Nem 50 metros conseguia fazer, quanto mais. O ouvido interno que gere o equilíbrio foi muito castigado no acidente e todas estas dinâmicas foram muito afectadas. Cheguei a pensar (muitas vezes e com grande angústia) que a bicicleta seria para vender e os ténis seriam deitados para o lixo. Tentava correr, tentava arrastar-me mas… cada reta parecia uma maratona. Lutava sofrendo. Reduzido à pequenez.

Mas uma força que explica tudo, como o bing bang de que tanto se fala nestes dias, soprou-me e empurrou-me. Fez-me voltar a sentir a glória da vitória num sábado de manhã em que triunfei quando já não acreditava em mim.

Seja qual for a dor, a doença, a pressão, o terror, o medo, acreditem sempre. O melhor pode estar sempre ao virar da esquina. Despedidos dos médicos, perdidos na dor, sozinhos no medo… agarrem-se sempre ao acreditar. Acreditem sempre… quanto mais não seja em vós.

Para além do que estava a ouvir nos headphones, dois temas não me largavam a cabeça. Duas canções importantes da banda sonora da minha vida. Dois temas épicos de duas fases diferentes mas que ajudaram a fazer-me a mesma pessoa. Os Silvas ensinavam que há uma luz que nunca se apaga (there´s a light that never goes out). Os Silvasaéreos avançando com a teoria que a luz no fundo do túnel, podes ser tu. (the light in the end of the tunnel may be you). 

So meaningful.


Acreditar.





1 comentário:

Helena Barreta disse...

Que saudades tenho dessas paisagens.

Um abraço