Reconheço
que esta carta, não só nunca será entendida por quem eu queria (bem sei que cão,
não percebe a estupidez do nosso linguajar), como o mais certo, é ser
considerada uma tonteria, pelos demais bípedes, colegas humanos. Contudo, a mim
apetece-me, dá-me gosto, prazer, e como estou certo que há quem me compreenda,
e goste também… cá vai:
A habitual cena de despedida de casa, antes de ir trabalhar... De plantão. Ao portão. |
Na caminhada do GDA, espalhando charme... |
Aprendendo a lavar o carro, à distância... |
Senhor Sizzle, meu
caro Senhor Sizzle,
Muitos parabéns
pelo teus três aninhos (contados a 3 de Maio).
Isto para te dizer
que é um prazer enorme poder partilhar a vida contigo. Sabes que eu sempre quis
ter um cão. Cães… o meu pai sempre teve mas… eram de caça. Bem sabes que
naquele então, cães de caça… não estavam em casa, como tu. Estavam no quintal
da minha avózinha Joaquina, ao pé das galinhas. Hoje, o que eu queria, era um
cãozinho amigo, ao qual pudesse fazer festinhas, sem estar com a fobia de ir
lavar as mãos a correr, por causa das doenças (sabes que o don.. não! Dono não!
Que eu não sou dono de nada, nem
ninguém. Sabes que o teu amigo Pedro, é um pouco hipocondríaco).
Já tinha tentado
muitas vezes namorar a minha Cris, para que me deixasse ter um cão. Ela, que
cresceu ao lado do Diguidog (aportuguesismo do nome Dinky Dog = cão pequeno),
na casa dos avós, nunca me deixou ter esse prazer.
Diversas
tentativas, fiz eu. Mais pequenos, mais tarecos, branquinhos… por todo lado eu
tentei, mas nada! Até que o meu amigo Bruno Fonseca (para sempre grato, irmão!),
do Porto da Espada, quando trabalhava n’ “O Castelo”, me prometeu um. Depois de
aceite, após as férias da praia, chegaste ao montado.
Recordo esses
tempos tão felizes, em que choravas de noite, e as mulheres faziam à vez para
não te deixarem sozinho na sala. Na sala! Porque tu nunca chegaste sequer a
pernoitar uma vez na casinha da lenha, onde te preparei uma caminha tão
jeitosa, com um estrado que me ofereceu o meu amigo Abílio Baldeiras.
No início, eras tão
aprendiz de vida, que roeste móveis, reviraste canteiros à patroa, chegaste ao
ponto de nos fazeres investir na proteção desse espaço, com redes apropriadas. Por
ti e para ti, tivemos de recorrer aos préstimos do meu amigo Alfredo Efe, o
Senhor “Faz tudo”, que colocou uma rede de metal, e enfiou na calçada, uns
pilares de ferro, para meter as grades.
Recordo-me tão bem,
quando íamos beber café lá abaixo, e tínhamos de te trazer ao colinho, meu
bebé.
Tu ganhaste um
espaço aqui em casa, que é teu, e de mais nada, nem ninguém. O mulherio
idolatra-te, e eu, algo afrontado por uma inveja de macho, não consigo evitar
deixar de me sentir. Mas foi a minha solidariedade de género, que foi algo
beliscada por essa diferença de tratamento para com os machos cá de casa, a que
te safou da castração imposta pelas ladies do montado, e me levou a levar-te a
visitar a cadelinha que a vizinha Tânia. A tal que ela comprou no mesmo tom
marron, e com a qual passaste uma tarde louca e febril de devaneios, que te
garantiu uma resma de filhotes, que estão por aí algures.
Estando os dois em
casa, quando as vejo entrar apressadas, de mochilas às costas, a desfazerem-se para
ti em… “então bebé!!”, “ó meu amor lindo, dá cá miminhos”, enquanto se viram
para mim, antes de subirem e largam um misericordioso ”então pai?”, percebo
que… “Já fui!”
Por ter querer
tanto, fiquei completamente arrasado quando, por displicência, deixei que
fosses atropelado por uma carrinha strakar, num dos tempos mais difíceis que me
lembro ultimamente.
Na mesma estrada,
ali ao Bolgão, quando se entra em Santo António, vindos da Ponte Velha, já os
dois íamos perdendo a vida, em acidentes ocorridos a escassos metros um do
outro, apenas a centenas de metros de casa, em momentos separados por 4 anos.
Mas quis Deus que
cá continuássemos, e nós agradecemos. Todos os dias, tu acordas a dona com os
teus suspiros, assim que a Leonor sai para apanhar o autocarro. Com ela dás as
primeiras caminhadas, tu para ires ao WC, ela para fazer desporto, e aspirar a
brisa da manhã, que tanto gosta, desde os tempos que o avó a levava para o
campo.
Passas o resto do dia
a guardar a casa, e ai de quem cá se chegue, sem tu nos veres por perto! A meio
da tarde, venho eu, ou a Cris, para o passeio da tarde, embora seja o meu preferido,
para a descompressão da pressão laboral, para a cerveja e o segundo cigarrinho
do dia.
Todo o ciclo não
termina, sem a voltinha após o jantar, para o último gosto às patas.
Eu percebo muito
bem aqueles que dizem, “EU VIVER COM UM ANIMAL?!?!?!? NEM PENSAR!!!!!, mas esses
esquecem-se que também são um, e garanto-lhes que não há companhia mais fiel,
sossegada, tranquila, enturmada, e amiga.
No últimos tempos,
já nos pregaste dois sustos, que fazem com que agora, andar à solta, seja só
dentro de muros, com os portões fechados. Há dias fugiste-me atrás de uma
cadela vadia, das muitas que foram abandonadas, e vivem ali para os
canchos/eucaliptos depois dos bombeiros. Ias tão tranquilo, mas deu-te o cheiro
a uma coisa que eu cá sei (também sou macho, compreendes?), e ó linhas que cá
vai ele. Eu feito tonto “Sr. Sizzle, Sr. Sizzle!!!!”, e tu… “está bem abelha!”
Duas horas por lá
andei, por entre as pedras, giestas e eucaliptos, e só o Sérgio, dos Bombeiros,
conseguiu dar contigo, sem se poder aproximar, porque tu rosnavas logo. Deve-te
ter valido o bem bom!
Dias depois, foi à
Cris que vendeste a manta, e nesse caso aí, foi um pouco mais grave, porque
chegaste a passar a noite fora. Para o mesmo sítio…
Acordei às 4h ds
manhã com uma angústia tão grande, por saber que faltava um elo cá em casa, que
não estávamos todos, que assim que se fez de dia, tirei bilhete para o mesmo
sítio, e com os pés ainda molhados pelo orvalho da manhã, de osso chamariz na
mão, lá te consegui resgatar. A entrada em casa foi triunfal! :D Agora, meu
amigo, tens de te adaptar às novas regras… da trela.
Tu fazes cá falta,
cão corredor! Quem é que dorme toda a noite, e não chateia ninguém? Quem é que
ajuda a Alice a acordar, e arma sempre uma grande rampolia com ela, de
brincadeira ao pequeno-almoço? Quem é que defende a casa? Quem é que corre com
o dono (10/12 KM)? Quem é eu passeia com a dona? Quem é que come as côdeas do
queijo, e os gomos de laranja, e se baba, só de os ver?
Nunca nos fujas!
Tem cuidado… Eu sonho que tu dures tanto quanto o Popov, passes dos 10, e
estejas sempre connosco… Mim já não sabe viver sem ti.
Sizzle… <3
Obrigado
No dia de anos... uma excentricidade... |
Andei a dar a volta ao álbum e... vi que a nossa vida já está cheia de ti!
Jogando às raquetes com a Alice, no quintal dos avós, com dias entre nós... |
Sim, Alice! Tem de ficar preso... |
BenfIca, Sizzle?!?!?!?!?!? BENFICA!!!!!! |
Do you like B-A-N-A-N-A? |
TÁTICAS SOBRE GATOS - Ditadas pela Alice, manuscritas pela mãe. Sempre oportunas... |
Ai jardinar, é assim?!?!? Também quero!!!! |
Vais-te embora, dono?!?!? |
Vou ladrar! Olhá aqui! |
A favorita da dona |
Tanto flash... nem sei para onde me hei-de virar |
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