domingo, 20 de julho de 2008

De volta...

A vinda da RTP não me trouxe somente a alegria da exposição mediática de Marvão.

A RTP trouxe-me o Xico de volta e eu nem queria acreditar.

O Xico foi um dos meus grandes amigos de Liceu, um dos melhores, na verdade, e do qual eu já tinha falado aqui.

Quando partiu não havia telemóveis, nem internet, nem messengers, nem e-mails, nem quase computadores e eu pensava que nunca mais nos íamos reencontrar.

Acho que da última vez que nos vimos foi no concerto dos Pixies, no Coliseu, e depois disso nada.

Estava eu ao telefone com uma das produtoras da RTP com a qual fiz amizade numa vinda da Antena 1, quando ela me diz que “sabe, tenho aqui um amigo seu a trabalhar comigo… uma pessoa que você conheceu em Évora…”.

“Em Évora? Deve de estar a fazer confusão, de certeza”.

“Sim, sim” dizia ela, “o Francisco Serôdio”.

E eu, “NÃO! Não pode!”.

Passou-lhe o telefone e ele chamou-me, “Sabi!” e todas as minhas dúvidas se desvaneceram. Já quase ninguém me chama Sabi hoje em dia e eu reconheci-lhe a voz de imediato.

Foi uma cena… que emoção! Começámos logo a falar de tudo e do que tínhamos vivido até agora e ele resumiu a cena na perfeição quando me disse que estes 20 anos (sim, quase 20 anos!!!) sem nos vermos pareceram minutos porque retomámos tudo como se tivéssemos acabado de sair de uma sala de aulas.

O seu jeito e a sua forma desarmante, por ser tão sincera e directa, de conversar mantiveram-se inalteradas. Tal e qual como então.

Falou-me da família e do que tem sido dele, trocámos fotos dos filhos e de como somos agora e ficou para breve um encontro e o abraço que eu disse em Dezembro que lhe gostava de dar.

Muito se passou desde aquele ido ano de 89 no liceu de Portalegre mas acho que a química que cimentou a nossa amizade continua, por cada vez existirem menos pessoas boas no mundo e eu ter a certeza de que o Xico é uma delas.

A ver se é para breve, ó companheiro, que desta vez já nunca mais te hei-de perder o rasto.

Costumo dizer que um dos grandes ensinamentos que o meu pai me deixou foi o do valor precioso da amizade. Ele gostava de luzir os amigos com gala, como se fossem parte de uma riqueza incalculável que tinha semeado por onde quer que passava e que tanto orgulho lhe dava ao reencontrar. Tinha razão porque ainda hoje o choram, mesmo os de barba rija, quando a sua memória os trespassa.

O Xico foi uma das pepitas douradas que eu garimpei e a correnteza da vida me levou rio abaixo.

Desta vez já não me foges, meu velho!

Grande, grande abraço!

1 comentário:

adayinthelife disse...

Sabi,
meu grande amigo... só agora li este teu post que me deixa meio atrapalhado num blog de tão grande nível... foi tb para mim uma coisa "do outro mundo" reencontrar o puto mais maluco dos meus dois anos em Portalegre, com quem partilhei tanta coisa, mesmo aquelas merdices pequeninas da vida que na altura não reparamos e mais tarde nos fazem pensar...

E é mesmo isso... estou a ver-te num blazer preto e numas botas típicas alentejanas a sair em correria da aula, com os teus óculos pretos, para mais uma patifaria qualquer no recreio. Puro, espontâneo, com uma graça do caraças, que me encantava...

ÉRAMOS PUTOS, SIM, MAS ACHO QUE NA ESSÊNCIA NOS MANTEMOS IGUAIS. NO QUE REALMENTE IMPORTA.

E eu, que te fiz uma grande maldade na altura, quero voltar a estar contigo e pôr a conversa em dia...

Afinal, ainda ontem estávamos no Liceu, não foi?

Abr enorme

Xico McGowan Gallagher