quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O espinho


Santo António das Areias. Dia 1 de Setembro. 13.25h


A minha pequenita Alice foi hoje pela primeira vez para o infantário e tenho aqui um raio de um nó na garganta que não desce, nem desaparece. E já vão 4 copos de água bem aviados.

Não pensem que o sintoma é exclusivo das mães porque não é, de todo.

Nós sabemos que está bem entregue. Sabemos que quem vai cuidar dela são profissionais esmeradas que tiveram gerações de marvanenses a crescerem-lhe nos braços. Sabemos que o ambiente é familiar (bem diferente da frieza e da distância de uma cidade). Sabemos que quem lá trabalha nos conhece praticamente desde que nascemos. Sabemos que está em boas mãos… mas essas mãos… não são as nossas.

E é aqui que o espinho crava mais fundo, porque se percebe então claramente que há algo de muito errado neste sistema que nos afasta desde tão cedo de quem devíamos estar tão próximos, durante as 24 horas do dia.

Eu preferia que ela fosse quando tivesse alguma autonomia. Quando soubesse expressar por palavras (ainda que balbuciadas) aquilo que pensa e sente, quando pudesse deslocar-se por si própria, quando sentisse necessidade de socializar com outras crianças da sua idade.

Mas não… Vai assim voluntariamente à força. E custa tanto…

Hoje de manhãzinha, antes de ir para a fisioterapia fui-lhe deixar um beijinho na testa enquanto dormia. Um beijinho como de costume nos outros dias mas que foi diferente de todos os que lhe dei antes. Fiquei ali a contemplá-la, descansadinha, toda esticada na caminha dela. Reparei com está grande e bem cuidada. Cumprem-se hoje precisamente 7 meses desde que a vimos pela primeira vez e esta bebé está bem diferente da recém-nascida que vimos apregoar a plenos pulmões a sua chegada a este mundo.

Reconforta-me pensar que fizemos (sobretudo a mãe, sem qualquer tipo de dúvida) um excelente trabalho.

Agora é esperar que passe este primeiro embate e tudo entre nos eixos. Mas eu sei que vai doer de cada vez...

É que a vontade de lhe pegar, de a cheirar, de a ver sorrir… já pesa e bem.

Nunca mais são 5 e meia…

1 comentário:

Helena Barreta disse...

A separação física dos filhos é difícil, mas vai-nos preparando para o inevitável, eles crescem, ficam mais autónomos e nós, por um lado, ficamos felizes por isso, por outro, tristes e preocupados com a "liberdade" deles.

Vai correr tudo bem.

Beijinhos