domingo, 26 de dezembro de 2010

O fenómeno (Tony Carreira)



Por estranho que (me e vos) pareça, eu vi o concerto do Tony Carreira no Pavilhão Atlântico que a RTP transmitiu neste domingo de Natal. Eu tinha de ver. Tinha mesmo de saber como era.

Conhecer, para poder opinar.

E o que vos posso dizer é que o que vi explica o fenómeno e me deixou deveras impressionado.

Em primeiro lugar, fiquei impressionado com a devoção das fãs que lotaram o espaço por completo. Fãs de todas as idades e de todos os extractos sociais que cantaram cada um dos temas em uníssono e sempre com igual fervor. Havia ali mulherio para todos os gostos e mais algum… Altas, baixas, gordas, magras, novas, velhas, havia-as bonitas e feias, mais expansivas ou sofisticadas… mas todas elas em delírio e total entrega e é por isso que eu não compreendo o que é que tanto homem (até de bigode!) lá estava a fazer, Deus meu… Vamos lá ver se eu me consigo explicar…

Eu não via tanta mulher ao rubro desde que vi um dos últimos concertos do Elvis em Las Vegas, já na derradeira fase “barbitúricos /cabedal branco com lantejoulas”. Nesses tempos, o Rei já passava os dias drogadíssimo, bebedíssimo e “completamente fora” mas continuava a ser um músico e um performer absolutamente genial, capaz de comandar músicos e espectadoras com a destreza de um domador numa jaula gigante pejada de leões famintos. No final do show, o Elvis saltou-me do palco e começou a distribuir “beijo na boca” e até alguns “linguados” às meninas e senhoras da plateia que se levantavam religiosamente para o saudar à sua passagem, como que hipnotizadas pelo carisma incontestável. Ao seu lado estavam os namorados/maridos que ou sorriam ou davam umas “passas” no charuto para dissimular o embaraço mas ficavam quedos e mudos. E porquê? Porque um homem sabe reconhecer que perante uma força da natureza daquela ordem, não havia nada a fazer. Qualquer um se rendia e eu, que já pensei no caso, juro-vos que no seu lugar, reagiria tal e qual como eles e até seria capaz de fazer muita força para não cair de joelhos, adorando logo ali o mito. Ora, o Tony Carreira não tem nada disto.

O Tony Carreira não é um homem bonito como era o Elvis e olhem que eu sei apreciar homens! O Tony tem um rosto simpático mas tem um penteado pindérico, umas “entradas” no cabelo que lhe chegam às orelhas, um nariz adunco (ao estilo do meu), uma dentição muito mal “encavada” e depois… não é fisicamente “mal apessoado” para um homem da sua idade mas aquele crucifixo de ouro a reluzir entre os pêlos do peito… a camisa aberta até ao umbigo… as fatiocas… Enfim… Já o seu filho Mickael e até o mais novito são bonitos dentro do género “carinha laroca”.

O Tony Carreira não tem uma grande voz como tinha o Elvis, ou o Sinatra, ou como tem o Marco Paulo, por exemplo. Tem um espectro vocal muito limitado (a distância entre o grave mais baixo e o agudo mais alto que alcança é curtíssima) e o seu repertório nunca sai dessas balizas castradoras.

O Tony Carreira não é um grande músico/compositor. O Tony sabe que deve 90% (ou mais!) dos seus êxitos ao Ricardo Landum, o verdadeiro Rei Midas da música ligeira portuguesa que, esse sim!, cria êxitos garantidos em tudo o que toca. Os pimbas de sucesso deste país devem-lhe quase tudo. O Tony não é excepção.

É impressão minha ou as músicas do Tony são sempre “mais do mesmo” limitadas à fórmula do “deixaste-me-e-nunca-mais-fui-o-mesmo-e-estou-aqui-a-sofrer-tanto-ai-coitadinho-de-mim”? Atentem nos títulos… “Ai destino”, “Se acordo e tu não estás”, “ Esta falta de ti”, “Depois de mim”, “Sabes onde estou”, “Vagabundo por amor”, “É melhor dizer adeus”, “O que vai ser de mim quando fores embora”, “Tu levaste a minha vida”, “Quem esqueceu não chora”… Se tiverem dúvidas consultem as letras ou ouçam as músicas. De certo que ficarão esclarecidos.

E é este o preciso ponto do texto em que a leitora que é fã pergunta para os seus botões (já irritada…): Mas… se tem tanta coisa má… que raio tem então o Tony Carreira (e já nem falo na piroseira do nome artístico) para triunfar desta forma faraónica?

O Tony é humilde e generoso
. Durante a actuação, rendeu homenagem ao tal Landum, o génio por trás da “máquina”, quando o chamou ao palco e pediu uma ovação para o, cito, “maior compositor da música portuguesa”. Aquela dos “Sonhos de Menino” é de conquistar até as pedras da calçada.

O Tony é sensível e sincero e só Deus (e todas as mulheres do mundo) sabem o fascínio que um homem com estas características pode ter no universo feminino (desde que não seja gay. Se for, jamais passará de amigo).

O Tony sabe estar. Foi notável a forma como evitou a lamechice ao cantar com os dois filhos em palco. Seria fácil agradar por aí mas ele evitou o simples e o óbvio. Ponto a favor. Vantagem e set.

O Tony sabe-se rodear dos melhores. Tinha atrás de si uma “super-banda” repleta de super-músicos capazes de “segurar” até uma marioneta em palco. Das guitarras aos metais, da percussão aos coros, ali ninguém brinca em serviço. Na segunda parte do espectáculo nem sequer faltou uma secção de cordas ao jeito orquestra de suporte. Muito bom.

O Tony tem uma noção perfeita de espectáculo. O tema “Obrigado”, que dedica às fãs, foi o penúltimo do espectáculo e nem sequer faltou uma lágrima que foi disfarçada na perfeição, ao ponto de se deixar ver de soslaio nos ecrãs gigantes. Sabe alternar entre o intimista e o acelerado, os momentos de tensão com os de relax, sabe que está ali para agradar, para dar prazer, para dar espectáculo. Nem sequer faltou um palco no meio do pavilhão onde interpretou dois temas enquanto a segurança ia seleccionando as fãs que podiam subir para o beijinho da praxe. Nível!

O Tony sabe ao que vai, é profissional, é competente, acertou na mouche e sabe repetir a formula para que jamais falhe.

O Tony é grande (para o nosso país), viva o Tony!

Mas eu, se me permitem, no que diz respeito a pimba, gosto mais é da Rute Marlene. E da irmã.

6 comentários:

Helena Barreta disse...

Não gosto do tipo de música do Tony Carreira. Passei a adolescência, e ainda hoje, a ouvir as grandes bandas como Queen, Pink Floyd e por aí, não tenho nenhum disco dele, nunca assisti a nenhum concerto, mas o fenómeno é tanto que, por vezes, ao fazer zapping e se ele está a cantar, dou por mim a "cantar" uma ou outra parte do refrão.

Um abraço

Paula disse...

Ai,ai,...mas depois sempre podemos cantar os dois!!
Ehehehe

Antónia disse...

Os homens não conseguem compreender o fascínio que o TonY tem sobre as mulheres... (sou fã) beijo grande amigo.

conceicaobarreta disse...

Assino por baixo tudinho mas que é um caso de estudo lá isso é,mas são todos muito boas pessoas(tonis os filhos,emanuel,malhoas agora a filha da ana malhoa também canta,e outros também prefiro no meio destes o marco paulo mas não são nada a minha praia,o que é certo é que movimentam multidões,fazer o quê?

isa disse...

Sou uma pessoa formada. Uma grande amiga "arrastou-me" para um concerto deste senhor k eu não apreciava...fikei fã!!! Já fui a vários concertos e canto e danço, divirto-me, apesar de ter uma noção bem clara k até a história de vida k ele conta é para vender o seu reportório! Enfim...conkistou-me! E já agora, embora eu saiba k é tudo fabricado, ele é o sonho de kualker mulher! E é muito atraente.

isa disse...

Sou uma pessoa formada. Uma grande amiga "arrastou-me" para um concerto deste senhor k eu não apreciava...fikei fã!!! Já fui a vários concertos e canto e danço, divirto-me, apesar de ter uma noção bem clara k até a história de vida k ele conta é para vender o seu reportório! Enfim...conkistou-me! E já agora, embora eu saiba k é tudo fabricado, ele é o sonho de kualker mulher! E é muito atraente.