domingo, 5 de junho de 2011

Sobre o futuro


A conversa saiu com um amigo que tinha sido abordado por um geógrafo inglês reformado que vive nas redondezas de Marvão. Queria saber mais sobre direitos de preferência nalguns prédios contíguos aos seus que tinham sido adquiridos pela empresa estrangeira que de há um ano ou dois a esta parte, decidiu comprar o concelho quase inteiro. Contou então que o homem estava desconfiado e muito preocupado com a futura utilização que esta misteriosa entidade poderá dar a essas terras. Ele não foi na conversa dos trilhos para passeios pedestres e nos percursos de BTT. Eu anuí de imediato. Também eu próprio dei por mim a suspeitar da verdadeira intenção por detrás da “coisa” quando vi as enormes e vastas cercas com que começaram a delimitar o que era seu. Mas alguém vem, seja de onde for, enfiar-se num daqueles campos de concentração para estar em contacto com a natureza?!?!? Quando muito umas vedaçõezitas de madeira, agora… aquilo?

“Sabem o que é que ele me disse que eles andam à procura?”.

Eu e o outro companheiro que escutava atento respondemos em uníssono: “Urânio!”.

É que só pode. Todos nós sabemos que estes solos são ricos em minério… todos nós já ouvimos falar nas antigas minas de volfrâmio que existiam na zona fronteiriça… As probabilidades da intenção ser essa são imensas. Só assim se explica a forma absurda como muitos destes terrenos têm sido adquiridos, por verbas exorbitantes bem acima dos valores de mercado, sem regatear, sem discutir, sem pestanejar, querendo claramente criar um clima amistoso à partida, não fazendo ondas, introduzindo no rebanho este lobo camuflado com uma pele de cordeiro, à espera do momento certo para revelar as suas verdadeiras intenções.

Admito que até posso ser acusado de maluquinho das teorias da conspiração, mas têm de conceder que os ingredientes estão todos cá: compraram vastas áreas de terreno por todo o concelho com o argumento de serem amiguinhos do ambiente e quererem desenvolver actividades no âmbito dos desportos de natureza, pagaram valores que calam bocas e colam sorrisos nos lábios, blindaram tudo com vedações ao melhor estilo ariano que lhes asseguram toda a privacidade necessária para espiolharem à vontade… enfim… o plano parece perfeito. Nem sequer lhes falta o beneplácito da autarquia local e a permissividade do Parque Natural que tudo proíbe aos autóctones mas que para eles tem tido uma permissividade à prova de… aço.

Nós cá estaremos para ver, embora seja importante esclarecer desde já a estes senhores que certamente estarão bem informados, que há por cá gente atenta e que a carneirada local também se sabe rebelar. Entre os homens e mulheres que nasceram nestas terras há pessoas de muita coragem DISPOSTAS A TUDO! para salvaguardar o seu futuro e sobretudo o futuro dos seus filhos e das gerações vindouras. Nós que aqui investimos tudo o que tínhamos e o que não tínhamos para construirmos os nossos lares, nós que aqui queremos passar a nossa vida e aqui repousar quando ela chegar ao final, não estamos dispostos a entregar-lhes tudo de mão beijada.

Por enquanto, continuem a contar histórias a quem vos ouve e aplaude, continuem a cantar a canção do bandido que alguns encanta mas tenham consciência que ela não embala todos.

Cá estaremos para ver…

Oxalá me engane…

7 comentários:

Helena Barreta disse...

Tanto o meu pai, como o meu avô paterno, trabalharam nas minas de volfrâmio.

Também eu, a pertir de agora, vou ficar à espera para ver. Obrigada pela partilha da informação. Diga-nos se houver desenvolvimento.

Um abraço

Clarimundo Lança disse...

Temos que reunir a F.L.A., quanto antes.

Ilda disse...
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Luíza disse...

Só é cego quem não quer ver. É preciso abrir bem os olhos para o que nos rodeia, e para o Pai Natal que querem que nós acreditemos.
Há uma coisa que se chama Terras Raras, são minerais valiosos, que existem nos locais onde todas essas propriedades tem sido compradas. Basta ir á Net e pesquisar, em ingles a sigla é (ree rare earth elements). Basta de chicos espertos. LUIZA ASSIS

Jaime Miranda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jaime Miranda disse...

Jaime Miranda disse...
Viva. A propósito destas terras raras, em português, há tempos encontrei algum material, nomeadamente estudos recentes, que indicam que a zona de Santo António das Areias poderá ser a área mais fértil do nosso país nestes materiais.
(Relatório de Actividades 2010 LABORATÓRIO NACIONAL DE ENERGIA E GEOLOGIA,- http://www.lneg.pt/download/2492/LNEG_RA_2010_Final.pdf) e (Revista Electrónica de Ciências da Terra GEOTIC – Sociedade Geológica de Portugal -VIII Congresso Nacional de Geologia 2010 - http://metododirecto.pt/CNG2010/index.php/vol/article/viewFile/150/400)
Destaque-se que o valor destes minérios é extraordinário, e a tendência é que o aumento da sua procura venha a torná-los como as mais valiosas pedras preciosas.
Terras raras como o itrio, cuja concentração no nosso concelho é bastante relevante, segundo os estudos que encontrei, são utilizadas em aplicações de altíssima tecnologia, como telemóveis, ipads, veículos eléctricos, fibra óptica, lasers, acumuladores de energias renováveis, etc. Actualmente o principal produtor é a China que tem vindo a diminuir a sua produção de forma a rentabilizar as reservas.
Face a estas notícias, provavelmente será a oportunidade de negócios futuros na área da extracção mineira que levou à compra de tantos terrenos no nosso concelho, e aos investimentos de que temos ouvido falar, assunto que tem intrigado muitas pessoas e que o Sabi, sempre a fazer serviço público de qualidade no seu estabelecimento, trouxe para a discussão.
A minha opinião é que devemos estar alerta.
Na revista do Público, do dia 29 de Maio saiu um artigo com o título “Os seus “gadgets” deixam um rasto de sangue e poluição?” (http://economiadestaque.blogspot.com/2011/06/origem-das-materias-primas-para-os.html), que merece a nossa leitura e reflexão.
Estas descobertas têm as suas virtudes e os seus inconvenientes e tratando-se de matérias pouco estudadas o risco que acarretam é desconhecido. Acredito que fazer circular a informação é o principal meio de prevenir surpresas desagradáveis e, no que diz respeito ao concelho de Marvão, espero que as autoridades políticas e os responsáveis pelas questões ambientais e patrimoniais estejam atentos e sejam responsáveis perante a população. Porém, apesar destes receios, não deixo de ficar um pouco entusiasmado com estas notícias, uma vez que é conhecido que, desde os primórdios, a história e o sucesso do nosso concelho estiveram associados à exploração mineira: assim foi no tempo dos romanos, em que o concelho era um dos mais desenvolvidos centros de exploração mineira da Lusitânia, como refere Laranjo Coelho, no livro Terras de Odiana; assim foi no sec. XVI, quando o Rei D. Sebastião deu ordem para explorar as ferrarias que existiam na nossa região; e foi assim até aos meados do século XX, tempo que ainda persiste na memória de alguns, que recordam as histórias do volfrâmio que era extraído do subsolo da nossa terra e era transportado para a Alemanha, para alimentar a industria que Hitler desenvolveu ao serviço da II Guerra Mundial.
Quem sabe se não é por aqui que se inicia mais uma das mil e uma histórias sobre as maravilhas do nosso concelho, aquela que sem nós darmos por isso, o futuro está a escrever...Aquele abraço.

conceicaobarreta disse...

No campo de golfe na Portagem foi o que se viu,acabaram com o "prado" MELANCIA,AUTARQUIA,foi fartar vilanagem,"nós"para arranjarmos um telhado sabe Deus,mas ali fizeram casas e algumas quase todas ficaram por acabar e o golfe?E agora "ISTO"é grave muito grave,obrigada por esta informação,quero e devemos estar atentos.