Hoje
de tarde vinha com ela de Castelo de Vide, da explicação de matemática. Ao que
parece tem resultado. Foi uma das duas positivas da turma no último teste.
Ouvimos esta música e cantou. Cantámos os dois. Também gosto muito. Acho que é
uma excelente prova que os novos autores também escrevem muito bem em
português.
Comentou
e disse-me que achava muito estranho como as músicas passam de moda, como o que
se ouvia há 6 meses já parece antiquado.
Expliquei-lhe
a importância das playlists, de como a indústria musical e as editoras manobram
os artistas, as rádios e as audiências. Expliquei-lhe que sempre foi assim e
sempre assim há-de ser. Disse-lhe que se ela gosta realmente de música, como
eu, pode aproveitar estas variações e estas tenências para ir construindo a
banda sonora da sua vida.
Expliquei-lhe
que eu, assim que ouço um tema, mesmo que não goste dele, consigo imediatamente
situar em que período da minha vida me encontrava quando o costumava ouvir, com
maior ou menor prazer. Para mim, é essa a grande magia da música. Há os que se
adoram, os que passam ao lado e aqueles dos quais não se gosta mesmo nada.
Nisto
tocam os Wham com isto que ela disse que gostava muito. Que era do meu tempo e
ela gostava.
Eu
disse-lhe que este era um caso paradigmático. Sempre detestei os Wham! Sempre achei
que eram um grupo de pretensos rapazes bonitos que as raparigas adoravam mas
que nunca tinham trazido nada de novo e bom à música. Apesar disso. Apesar
desse mau começo, aprendi a ouvir e a gostar e a às vezes adorar o trabalho de
George Michael a solo. Revelou-se um vocalista tremendo, com um bom gosto
extremo capaz de coisas fantásticas como estas:
Um
performer com uma carreira e um percurso em tudo idêntico ao do Robbie Williams,
outro dos meus eleitos. Achava-o mais um, o irrequieto dos execráveis Take That.
A solo teve uma entrada menos boa mas acabou por se revelar um artista
assombroso, com um bom gosto imensurável e uma grande voz que o tornaram no
Artista com A grande, no Performer com P grande dos nossos tempos.
Disse-lhe
que a música é sempre assim: supreendente. Está sempre ali, à nossa espreita,
na rádio, na tv ou na net.
Palpito que com isto, no futuro, quando ouvir os azeitonas a cantar "o tonto de ti"... é capaz de se lembrar desta conversa.
Faço realmente votos (e sonho) que quando for já quarentona e eu setentão, a cantemos os dois, com os filhos dela e os meus netos a fazerem o coro por trás, com a mãe e a mana e a família da mana a acompanharem.
1 comentário:
lembra de certeza. Está-lhe nos genes.É sensivel e de coração aberto.
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