O bebé, ao volante de mais um brinquedo... :D |
Pelos
anos, um costuma receber muitas prendas. Desde que há facebook, então, e se
abriu uma nova era na comunicação entre todos, recebe, sobretudo. A aplicação
aviva a memória do utilizador, e… uma vez que aparece ali mesmo à nossa frente,
a cara do felizardo ou felizarda, não custa mesmo nada dar os parabéns, não é
verdade? E se pensarmos que, ao darmos aos outros, ficamos automaticamente
habilitados a podermos receber deles, tanto melhor.
Pensando
bem, quem não gosta que os outros se lembrem de si, e o façam feliz?
A
grande maioria deixa-se cair no facilitismo da repetição, do ”muitos parabéns”,
e a isso tento fugir a todo o custo, porque sempre pugnei a minha vida por não
ser apenas mais um… do maranhão.
Gosto
sempre de pessoalizar, e quem faz o mesmo comigo, acaba por se destacar.
Das
muitas felicitações que recebi, e todas agradeço muito, esta (que transcrevo abaixo a bold) marcou-me
particularmente, porque me fez recuar a um momento preciso na minha vida:
Nesse então, quando
acabei o curso e decidi regressar à minha terra, para junto da minha mãe, que
tinha enviuvado há pouco; e do meu irmão, sem pai, ainda garoto; tive um (mais
um!) choque brutal, para o qual já deveria de estar preparado: não havia aqui
emprego para mim! Para quem tinha visto os pais ficarem sem o seu, de um dia
para o outro, com a abertura do mercado económico comum; o cenário não ajudava
mesmo nada.
Andei
a dar aulas de inglês, no Agrupamento de Instrução da GNR de Portalegre,
durante três anos a fio, sempre com um caráter precário, e depois comecei a procurar
algo mais certo, que me permitisse fazer planos de vida.
Bati
a tantas portas, mas estas, ou nem sequer se abriam, ou se fechavam de
imediato.
Mas
houve nessa altura, um Amigo que me valeu, e me fez um favor que jamais hei-de
ser capaz de lhe retribuir. O João Carlos Anselmo, meu Amigo de toda a vida,
muito bem posicionado na Amatoscar, onde ainda trabalha, e comercializa quase
todas as marcas que há no mundo, soube que procuravam um Chefe de Vendas para
Castelo Branco, e alguma coisa viu em mim, que me abriu essa porta de saída
para um universo que só afunilava.
Não
é que tivesse a paixão por carros, que não tenho, e nunca ganhei, mas como
tinha organização, método, e alguns conhecimentos recém-ganhos em Lisboa,
aceitei o desafio de ajudar a orientar, quem sabia muito mais da matéria que
eu.
Castelo
Branco já há 20 anos atrás, não era Castelo de Vide, nem sequer Portalegre, que
sempre ficou nas covas de terrenos vendidos a peso de ouro, quando os
albicastrenses praticamente os ofereciam ao peso da uva mijona, para os que iam
daqui escalmorrados.
E
os vendedores de casa, que vinham fustigados com a convivência com o meu
antecessor, que fazia muito mais do que aquilo que devia, para ele; e muito
menos para a casa que lhe pagava; eram toda uma equipa… singular.
O
Zé Carlos, o “Auto-Bolas”, como a gente lhe chamava, era o protótipo do
vendedor albicastrense. Muito meticuloso, esmerado, atencioso, da velha escola,
já tinha passado por diversas marcas, e tinha todo um background de muitos anos
de aprendizagem.
O
Silveira, com apetência para um estrato
social diferente, era um apaixonado pelas quatro rodas, e o co-piloto de
rallies do Jovilucas, um nome maior dos motores na cidade. Tinha sido colega de
liceu do meu pai, e isso, para mim, e para si, dizia tudo.
Depois,
havia também o recém chegado ao mundo dos volantes, rotinado nas vendas de um
produto completamente diferente, o Fontinha, que por todos foi... apadrinhado.
Para
fechar o ramalhete, o Nogueira, ou Nogas, como eu sempre lhe chamei. O Nogueira,
solteirão muito bem apessoado, seria o playboy, se estivéssemos a falar numa
banda desenhada. Alto, bem parecido, gostava de se passear de óculos escuros, e
casaco às costas, pelo stand(er, como lhe chamávamos), e pela cidade. Namorava com
uma Renata há muitos, muitos anos, mas perdi-o, como perdi quase todos os
contatos desse tempo da minha vida. A distância acabou por nos afastar, e…
longe da vida, longe do coração.
Tirando
um, ou outro encontro fugaz, fomos vivendo em caminhos diferentes.
À
exceção de um ou outro contato fortuito, não mais nos vimos.
Até
que… provando que há prendas, e prendas, o Nogueira, neste ano, fez-me isto:
"Sim,
o Pedro é muito dedicado à família, aos amigos, aos seus conterrâneos. Ligado
umbilicalmente ao seu cantinho raiano no nordeste alentejano, é aí,
provavelmente, que vai beber a alguma fonte, tamanha inspiração e talento.
Sistematicamente
e através da sua visão de ave de rapina, consegue descrever na perfeição o
ambiente sereno que o rodeia, com imensa luz. Até pode ser de noite. Mas sempre
com imensa luz. A sua escrita, contundente por vezes, nunca perde a compostura.
Quando a usa, a fição é facilmente detetada. A sua visão da vida e da paisagem
é tão fascinante e bela que parece mesmo inventada. Mas não. É o Pedro
Sobreiro, em carne e osso, que faz o favor de nos presentear a sua visão
através dumas linhas soberbamente escritas e ainda por cima...de borla !
Por
tudo isto e muito mais, cá vai um grande abraço de... MUITOS PARABÉNS !
Esqueci-me
de assinar !
Um
grande abraço do António Nogueira (ou Nogas como dizes!)
E
eu, embaraçado, claro que respondi: “Opá... ó Nogas... OBRIGADO! (Alguma vez fazia ideia que lesses o meu blogue»!?!?!) À medida que
ia lendo este texto... fui ficando num misto de embevecido, e boquiaberto. São
muito provavelmente, as linhas mais bonitas que alguém alguma vez escreveu
sobre mim. Sério que foste mesmo tu?!?!? A minha alma
está parva! Pensava que tu apenas percebidas milhões de carros, para além de...
há quase 20 anos atrás, ter as melhores referências de ti. O filho do dono da
papelaria, que era um bonacheirão, bem disposto, ar de playboy, e sempre a
curtir a vida. Olha... 1000 obrigados! Acredita que não poderia ter melhor
prenda! Apetece—me dizer que vou roubar ("publicar"), mas como me
foram dadas... não é bem roubo, não é?!?!?
E
outra vez, mesmo sem estar à espera, OBRIGADO AMIGO! (Ainda me lembro das tuas gargalhadas ao que eu dizia..."Ò MATOS!!!!!!")
Por falar em prendas únicas...
1 comentário:
Oh pá! O Nogas anda bem montado...anda de Alpine!!!
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