-
O convite da Fundação da cidade e da Universidade de Évora mencionava a apresentação do projecto "Radio-Past", no dia 6 de Julho, às 15h, no auditório do Parque Natural da Serra de São Mamede, Quinta dos Olhos d’ Água, em São Salvador de Aramenha, Marvão.
Ao ler o programa detalhado, apercebi-me da visita da Secretária de Estado da Cultura e para ser sincero, temi que esta fosse mais uma tentativa sempre meritória, mas desesperada e infrutífera como tantas outras antes, de chamar a atenção dos governantes do nosso país para a urgência de recuperar o riquíssimo património que ali se encontra soterrado.
Portugal é o país dos estádios de futebol construídos propositadamente para satisfazer lobbies, até em regiões como o Algarve que não contava nesse então com uma única equipa no escalão cimeiro da modalidade do nosso país...
Pensei duas vezes antes de ir.
A Ammaia dói-me. Dói-me porque conjuga duas das minhas paixões de sempre: o meu concelho e o mundo romano do qual sou um profundo admirador e ávido consumidor desde criança, quando me deixei encantar com os livros do Astérix. Dói-me porque apesar desse fascínio e de ter sempre pensado que ao assumir funções de Vice-Presidente e Vereador da Cultura poderia dar o meu contributo para a ajudar a dar o salto… cedo percebi que era uma carta propositadamente fora do baralho.
Por opção superior, nesta pasta estratégica, como na não menos decisiva do património mundial, percebi que a minha opinião não contava ou não deveria ser ouvida. Não sendo convocado para as reuniões, não recebendo a documentação, não sendo ouvido nas discussões… apesar de tudo fazer para alterar o rumo dos acontecimentos, acabei por deixar cair o caso. Era um esforço inglório da minha parte. Seria o que tivesse de ser.
E é por isso que de cada vez que lá vou, me sinto honrado pelo legado histórico mas ao mesmo tempo triste. Triste pela inércia reinante, pela incapacidade de chegar aos grandes decisores, por não poder ajudar a resolver os tantos problemas que assolam a cidade, a fundação e os funcionários.
E porque nunca antes baixei os braços, ou deixei de faltar à chamada, na segunda-feira passada disse presente.
Em boa hora o fiz.
As entidades e as individualidades eram muitas. Das mais notáveis às mais discretas, das mais empenhadas à mais distantes. Estava mais frequentado do que podia imaginar e temi, pelos salamaleques, saudações e vénias de circunstância que as minhas piores previsões poderiam vir a confirmar-se como certas.
Ao ler o programa detalhado, apercebi-me da visita da Secretária de Estado da Cultura e para ser sincero, temi que esta fosse mais uma tentativa sempre meritória, mas desesperada e infrutífera como tantas outras antes, de chamar a atenção dos governantes do nosso país para a urgência de recuperar o riquíssimo património que ali se encontra soterrado.
Portugal é o país dos estádios de futebol construídos propositadamente para satisfazer lobbies, até em regiões como o Algarve que não contava nesse então com uma única equipa no escalão cimeiro da modalidade do nosso país...
Pensei duas vezes antes de ir.
A Ammaia dói-me. Dói-me porque conjuga duas das minhas paixões de sempre: o meu concelho e o mundo romano do qual sou um profundo admirador e ávido consumidor desde criança, quando me deixei encantar com os livros do Astérix. Dói-me porque apesar desse fascínio e de ter sempre pensado que ao assumir funções de Vice-Presidente e Vereador da Cultura poderia dar o meu contributo para a ajudar a dar o salto… cedo percebi que era uma carta propositadamente fora do baralho.
Por opção superior, nesta pasta estratégica, como na não menos decisiva do património mundial, percebi que a minha opinião não contava ou não deveria ser ouvida. Não sendo convocado para as reuniões, não recebendo a documentação, não sendo ouvido nas discussões… apesar de tudo fazer para alterar o rumo dos acontecimentos, acabei por deixar cair o caso. Era um esforço inglório da minha parte. Seria o que tivesse de ser.
E é por isso que de cada vez que lá vou, me sinto honrado pelo legado histórico mas ao mesmo tempo triste. Triste pela inércia reinante, pela incapacidade de chegar aos grandes decisores, por não poder ajudar a resolver os tantos problemas que assolam a cidade, a fundação e os funcionários.
E porque nunca antes baixei os braços, ou deixei de faltar à chamada, na segunda-feira passada disse presente.
Em boa hora o fiz.
As entidades e as individualidades eram muitas. Das mais notáveis às mais discretas, das mais empenhadas à mais distantes. Estava mais frequentado do que podia imaginar e temi, pelos salamaleques, saudações e vénias de circunstância que as minhas piores previsões poderiam vir a confirmar-se como certas.
-
-
Felizmente, quando a Professora Cristina Corsi começou a apresentação, tudo mudou. Poderia aqui transcrever os apontamentos que tirei mas o texto que entretanto me entregaram parece-me tão completo e esclarecedor que decidi transcrevê-lo para que todos possam estar por dentro da temática. Dizia:
“Radio past
Radiografia da cidade romana de Ammaia – Marvão
Nos últimos anos, várias equipas de arqueologia provenientes de toda a Europa têm desenvolvido um conjunto de métodos não-invasivos para o estudo de importantes sítios arqueológicos soterrados. O objectivo destes métodos que não destroem paredes, pisos e objectos que ainda estejam soterrados, é limitar intervenções destrutivas e onerosas como as escavações.
Este trabalho inclui diferentes tipos de teledetecção (fotografia aérea, laser scanning, etc.), métodos geofísicos terrestres (georadar, prospecção magnética), SIG baseado em ferramentas de análise e visualização e outros sofisticados métodos de prospecção.
Estas tecnologias aplicadas podem ajudar os arqueólogos a adquirir uma visão mais precisa do passado soterrado e ajudá-los em experiências de reconstrução do “antigo mundo subterrâneo” e na divulgação dos resultados da investigação ao público.
Para desenvolver essas novas e sofisticadas técnicas e estimular a investigação arqueológica em Portugal, a Universidade de Évora obteve um financiamento europeu nas chamadas “Marie-Curie actions”, com um novo projecto denominado: “Radio-Past: Radiografia do passado – Abordagens integradas não destrutivas para compreender e valorizar sítios arqueológicos”. Este projecto é parte das acções tomadas pelos dois especialistas estrangeiros contratados por esta universidade, Prof. Frank Vermeulen (Universidade de Gent - Bélgica) e a Prof.ª Cristina Corsi (Universidade de Casino - Itália) que têm a tarefa de desenvolver a cidade romana de Ammaia, em Marvão e transformá-la num “Centro de Investigação Europeu sobre cidades romanas e seus territórios”.
Está previsto que o centro de Ammaia se torne um lugar para testar essas novas tecnologias aplicadas à arqueologia. Desde o passado mês de Abril, equipas de toda a Europa estão envolvidas nas novas actividades de investigação no local da antiga cidade. Workshops internacionais sobre diferentes temas arqueológicos estão a ser preparados e a Ammaia tornar-se-á num centro para a formação e treino de estudantes nas mais recentes técnicas arqueológicas de levantamento, escavação e conservação. Desta forma, está tornar-se num campo laboratorial para experimentar novas tecnologias na investigação da paisagem arqueológica.
A conjugação com o museu de sítio e o laboratório de conservação e restauro de materiais arqueológicos, organizados pela Fundação Cidade de Ammaia e a colaboração do Parque Natural da Serra de São Mamede podem dar novas oportunidades para o desenvolvimento regional e valorização desta parte do Alentejo.
Os primeiros resultados dos novos trabalhos de campo realizados pela equipa da Universidade de Évora, em conjunto com os seus seis parceiros europeus, são surpreendentes. Um levantamento já realizado com um georadar (GPR) e com instrumentos geomagnéticos na área do Fórum Romano produziu uma grande planta detalhada desta parte monumental da cidade. Sabe-se agora que a praça pública de Ammaia romana está cercada por 20 lojas, um templo e uma basílica (tribunal) e foi embelezada com monumentais pórticos, estátuas e fontes. A partir deste plano 2D, obtido com esta nova tecnologia, os especialistas irão agora reconstruir um modelo 3D do coração da cidade romana e a longo prazo, está em projecto uma completa reconstrução digital da cidade.
É evidente que esta nova abordagem interdisciplinar vai trazer alguma luz sobre a urbanização romana na antiga Lusitânia e será um novo ponto de atracção para a cultura e para o turismo da região”.
“Radio past
Radiografia da cidade romana de Ammaia – Marvão
Nos últimos anos, várias equipas de arqueologia provenientes de toda a Europa têm desenvolvido um conjunto de métodos não-invasivos para o estudo de importantes sítios arqueológicos soterrados. O objectivo destes métodos que não destroem paredes, pisos e objectos que ainda estejam soterrados, é limitar intervenções destrutivas e onerosas como as escavações.
Este trabalho inclui diferentes tipos de teledetecção (fotografia aérea, laser scanning, etc.), métodos geofísicos terrestres (georadar, prospecção magnética), SIG baseado em ferramentas de análise e visualização e outros sofisticados métodos de prospecção.
Estas tecnologias aplicadas podem ajudar os arqueólogos a adquirir uma visão mais precisa do passado soterrado e ajudá-los em experiências de reconstrução do “antigo mundo subterrâneo” e na divulgação dos resultados da investigação ao público.
Para desenvolver essas novas e sofisticadas técnicas e estimular a investigação arqueológica em Portugal, a Universidade de Évora obteve um financiamento europeu nas chamadas “Marie-Curie actions”, com um novo projecto denominado: “Radio-Past: Radiografia do passado – Abordagens integradas não destrutivas para compreender e valorizar sítios arqueológicos”. Este projecto é parte das acções tomadas pelos dois especialistas estrangeiros contratados por esta universidade, Prof. Frank Vermeulen (Universidade de Gent - Bélgica) e a Prof.ª Cristina Corsi (Universidade de Casino - Itália) que têm a tarefa de desenvolver a cidade romana de Ammaia, em Marvão e transformá-la num “Centro de Investigação Europeu sobre cidades romanas e seus territórios”.
Está previsto que o centro de Ammaia se torne um lugar para testar essas novas tecnologias aplicadas à arqueologia. Desde o passado mês de Abril, equipas de toda a Europa estão envolvidas nas novas actividades de investigação no local da antiga cidade. Workshops internacionais sobre diferentes temas arqueológicos estão a ser preparados e a Ammaia tornar-se-á num centro para a formação e treino de estudantes nas mais recentes técnicas arqueológicas de levantamento, escavação e conservação. Desta forma, está tornar-se num campo laboratorial para experimentar novas tecnologias na investigação da paisagem arqueológica.
A conjugação com o museu de sítio e o laboratório de conservação e restauro de materiais arqueológicos, organizados pela Fundação Cidade de Ammaia e a colaboração do Parque Natural da Serra de São Mamede podem dar novas oportunidades para o desenvolvimento regional e valorização desta parte do Alentejo.
Os primeiros resultados dos novos trabalhos de campo realizados pela equipa da Universidade de Évora, em conjunto com os seus seis parceiros europeus, são surpreendentes. Um levantamento já realizado com um georadar (GPR) e com instrumentos geomagnéticos na área do Fórum Romano produziu uma grande planta detalhada desta parte monumental da cidade. Sabe-se agora que a praça pública de Ammaia romana está cercada por 20 lojas, um templo e uma basílica (tribunal) e foi embelezada com monumentais pórticos, estátuas e fontes. A partir deste plano 2D, obtido com esta nova tecnologia, os especialistas irão agora reconstruir um modelo 3D do coração da cidade romana e a longo prazo, está em projecto uma completa reconstrução digital da cidade.
É evidente que esta nova abordagem interdisciplinar vai trazer alguma luz sobre a urbanização romana na antiga Lusitânia e será um novo ponto de atracção para a cultura e para o turismo da região”.
-
E que vos posso eu contar para além deste elucidativo texto, para vos conseguir transmitir que me parece de facto que há algo que está a mudar?
Na sala estavam presentes alunos estrangeiros vindos de diversas partes da Europa… Sente-se verdadeiro ânimo e optimismo nas palavras dos interlocutores e há tanta informação a fervilhar que é impossível ficar indiferente.
Paralelamente a este trabalho de verdadeira digitalização dos solos, desta pesquisa virtual que está a ser efectuada com recurso a diversas técnicas de sondagem, o projecto conta também com o contributo da empresa “7 Reasons_”, da Áustria, que está aqui a trabalhar há semanas e é unanimemente considerada a companhia líder na Europa em reconstrução 3D. A apresentação pelo responsável das potencialidades do seu trabalho, sobretudo na área da animação, são de deixar qualquer um boquiaberto.
No encerramento, o reitor da Universidade de Évora, Jorge Araújo, afirmou que “estamos na Ammaia desde a primeira hora. A entrada do Frank e da Cristina permitiu-nos dar um passo decisivo em direcção à internacionalização. Este projecto é, do ponto de vista científico, extraordinariamente interessante. Porém, não se esgota nesta dimensão. A segunda fase, a mais difícil de concretizar tem a ver com a forma como pode potenciar o desenvolvimento regional, como pode mexer com as pessoas, com a massa crítica desta região. Este projecto pode e deve ser uma alavanca de desenvolvimento”.
E foi mais longe: “Vilas como Marvão há muitas na Europa. Com uma envolvente natural desta qualidade, integradas num parque natural, há porventura menos. Com este potencial histórico aqui ao lado… haverá certamente muito menos ainda”.
“Nos tempos em que vivemos não basta o passado. Há que saber interpretá-lo. É isto que podemos dar à região. É isto que a região tem para oferecer. Esta é a vossa galinha dos ovos de ouro que não pode ser desperdiçada. A Univ. de Évora investe aqui uma parte importante do seu orçamento, aposta forte e acredita, uma atitude que infelizmente não tenho visto da parte da Câmara Municipal de Marvão, das outras câmaras vizinhas e da região”.
“Termino em breve o meu mandato com o desgosto de não ver a Ammaia dar o salto em que tanto investimos”.
Já a Secretária de Estado, Paula Fernandes dos Santos, apostou numa atitude mais formal, mais defensiva e cautelosa: “O que aqui hoje foi dito ajuda a compreender as potencialidades do projecto, da Ammaia e da região. Este projecto pode ser estratégico e estou realmente feliz por ter podido vir aqui e assistir à apresentação. Contudo, preocupa-me sempre a sustentabilidade destes casos. Recuperamos para quê? Com que finalidade? É importante conhecermos as suas potencialidades reais”.
“As novas tecnologias que aqui tão bem foram apresentadas, ajudam a compreender isso mesmo. A razão manda que olhemos para estes casos de forma integrada. Até nisso este projecto, que une universidades a privados, me parece no bom caminho. O trabalho em rede e em parceria pode ser a chave do sucesso.
Da parte do Ministério da Cultura e da Direcção Regional de Cultura do Alentejo podem contar com o nosso empenho no sentido de tentar encontrar uma solução e parcerias para que tudo possa avançar em força. Para que vingue, não é apenas com a Cultura que deve de contar. Não nos podemos esquecer que estamos numa área de Parque Natural. Temos de saber olhar para os equipamentos culturais como formas de ordenamento do território. É importante procurar outros sítios que tenham condições similares e trabalhar em rede, num circuito. Devemos valorizar o território com o envolvimento de todos e abandonar o individualismo. A dimensão do país não se compadece com cada um a olhar para o seu umbigo. Espero que este projecto chegue onde merece".
Trazia a lição bem estudada, portanto. Já sabia o que dizer antes de tudo o que viu.
Eu não e digo-vos que vale mesmo a pena olhar para a Ammaia com outros olhos. Acompanhemos então os trabalhos. Oxalá decorram todos dentro da normalidade, sem sobressaltos e aguardemos os resultados que perante estas previsões, não podem ser senão bons. Cá estaremos para ver. Para mim, esta tarde foi uma espécie de alívio, de redenção ao perceber que finalmente se avança no bom caminho.
Quando tantas vezes defendi que a Ammaia, pelo legado que compreende, pode ser tão ou mais importante para o concelho e as suas gentes que o castelo de Marvão, quase ninguém acreditava. Agora tenho a certeza que estão cada vez mais perto de me dar a razão.
Fosse isto nos Estados Unidos e já estaríamos todos a viver de um Parque temático / lúdico / educativo gigantesco que daria para garantir emprego para todos.
Pode ser… Sonhar ainda é das poucas coisas que felizmente ainda não paga imposto...
Na sala estavam presentes alunos estrangeiros vindos de diversas partes da Europa… Sente-se verdadeiro ânimo e optimismo nas palavras dos interlocutores e há tanta informação a fervilhar que é impossível ficar indiferente.
Paralelamente a este trabalho de verdadeira digitalização dos solos, desta pesquisa virtual que está a ser efectuada com recurso a diversas técnicas de sondagem, o projecto conta também com o contributo da empresa “7 Reasons_”, da Áustria, que está aqui a trabalhar há semanas e é unanimemente considerada a companhia líder na Europa em reconstrução 3D. A apresentação pelo responsável das potencialidades do seu trabalho, sobretudo na área da animação, são de deixar qualquer um boquiaberto.
No encerramento, o reitor da Universidade de Évora, Jorge Araújo, afirmou que “estamos na Ammaia desde a primeira hora. A entrada do Frank e da Cristina permitiu-nos dar um passo decisivo em direcção à internacionalização. Este projecto é, do ponto de vista científico, extraordinariamente interessante. Porém, não se esgota nesta dimensão. A segunda fase, a mais difícil de concretizar tem a ver com a forma como pode potenciar o desenvolvimento regional, como pode mexer com as pessoas, com a massa crítica desta região. Este projecto pode e deve ser uma alavanca de desenvolvimento”.
E foi mais longe: “Vilas como Marvão há muitas na Europa. Com uma envolvente natural desta qualidade, integradas num parque natural, há porventura menos. Com este potencial histórico aqui ao lado… haverá certamente muito menos ainda”.
“Nos tempos em que vivemos não basta o passado. Há que saber interpretá-lo. É isto que podemos dar à região. É isto que a região tem para oferecer. Esta é a vossa galinha dos ovos de ouro que não pode ser desperdiçada. A Univ. de Évora investe aqui uma parte importante do seu orçamento, aposta forte e acredita, uma atitude que infelizmente não tenho visto da parte da Câmara Municipal de Marvão, das outras câmaras vizinhas e da região”.
“Termino em breve o meu mandato com o desgosto de não ver a Ammaia dar o salto em que tanto investimos”.
Já a Secretária de Estado, Paula Fernandes dos Santos, apostou numa atitude mais formal, mais defensiva e cautelosa: “O que aqui hoje foi dito ajuda a compreender as potencialidades do projecto, da Ammaia e da região. Este projecto pode ser estratégico e estou realmente feliz por ter podido vir aqui e assistir à apresentação. Contudo, preocupa-me sempre a sustentabilidade destes casos. Recuperamos para quê? Com que finalidade? É importante conhecermos as suas potencialidades reais”.
“As novas tecnologias que aqui tão bem foram apresentadas, ajudam a compreender isso mesmo. A razão manda que olhemos para estes casos de forma integrada. Até nisso este projecto, que une universidades a privados, me parece no bom caminho. O trabalho em rede e em parceria pode ser a chave do sucesso.
Da parte do Ministério da Cultura e da Direcção Regional de Cultura do Alentejo podem contar com o nosso empenho no sentido de tentar encontrar uma solução e parcerias para que tudo possa avançar em força. Para que vingue, não é apenas com a Cultura que deve de contar. Não nos podemos esquecer que estamos numa área de Parque Natural. Temos de saber olhar para os equipamentos culturais como formas de ordenamento do território. É importante procurar outros sítios que tenham condições similares e trabalhar em rede, num circuito. Devemos valorizar o território com o envolvimento de todos e abandonar o individualismo. A dimensão do país não se compadece com cada um a olhar para o seu umbigo. Espero que este projecto chegue onde merece".
Trazia a lição bem estudada, portanto. Já sabia o que dizer antes de tudo o que viu.
Eu não e digo-vos que vale mesmo a pena olhar para a Ammaia com outros olhos. Acompanhemos então os trabalhos. Oxalá decorram todos dentro da normalidade, sem sobressaltos e aguardemos os resultados que perante estas previsões, não podem ser senão bons. Cá estaremos para ver. Para mim, esta tarde foi uma espécie de alívio, de redenção ao perceber que finalmente se avança no bom caminho.
Quando tantas vezes defendi que a Ammaia, pelo legado que compreende, pode ser tão ou mais importante para o concelho e as suas gentes que o castelo de Marvão, quase ninguém acreditava. Agora tenho a certeza que estão cada vez mais perto de me dar a razão.
Fosse isto nos Estados Unidos e já estaríamos todos a viver de um Parque temático / lúdico / educativo gigantesco que daria para garantir emprego para todos.
Pode ser… Sonhar ainda é das poucas coisas que felizmente ainda não paga imposto...
Nota: todas as fotos são da galeria "nomundodosmuseus" do flickr.
4 comentários:
Uau. Este projecto entusiasma. Pelo nosso concelho já passaram muitos homens de muitas civilizações. Não tenho duvidas que existe sobre a história de Marvão infinitamente mais conhecimento do que a grande maioria do território português. Este saber tem um valor enorme e projectos como este servem para pô-lo a render. Amigo Sabi, não me levarás a mal se acrescentar aqui um tributo a uma pessoa que o merece por tudo o que tem feito pela arqueologia e conhecimento do nosso concelho: o Professor Jorge Oliveira. Um grande abraço.
AH!!!Estou entusiasmada com este projecto. Há muitos anos que também eu ansiava por uma "abertura" na muralha que circundava esta evolução. Conheces como eu, Idanha-a-Velha, sabes da valorização que o poder local e o presidente da Câmara o meu amigo de sempre, o Álvaro Rocha, têm feito avançar. Monsanto é naturalmente, pela sua formação granítica, um morro por excelência, mas no sopé temos muitas potêncialidades expostas e merecedoras de atenção que têm servido de tarimba à criação de muitos postos de trabalho. Mas nada que se compare à Ammaia. Nada mesmo. Agora a imaginação está alerta. Será como Conimbriga? Mérida? É que Mérida fica a meio caminho dos dois conselhos que tenho no coração. Perto de Cáceres, perto do que devia ter sido uma civilização que ainda hoje, é um manancial de conhecimento e cultura. De vida passada. Sei lá... quase me atreveria a dizer que os romanos são como o ADN do território português, desta zona raiana e estremaña.
Por isso fico como tu enebriada no projecto, que sempre acarinhaste, deste os tempos(1983?) em que te "Diplomaram" nas escavações através da Escola Garcia da Horta com alguns dois teus colegas de turma. Ah!Que bom!
Bem-hajas por dar conhecimento. Que pena a população, toda a população, não possa ter conhecimento por vias normais de acesso, como uma revista da Câmara por exemplo(?!!!). Nem todos podem ir à net, e os que não vão são descriminados logo à partida...Lá diriam os franceses, os mais ferrenhos no expandir as suas raízes... C´est domage...
Se essas previsões se confirmassem e houvesse vontade (e dinheiro) para implementar as escavações… já imaginaram o que seria este concelho tendo uma cidade dessas nascida das entranhas da terra?
E com o golfe e o empreendimento turístico (hotel incluído) a funcionar em pleno.
E Marvão imponente a “observar” lá do alto…
Emprego… gente
Prof. Jorge Oliveira,
Depois de visitar a Cidade Romana de Ammaia, fiquei deslumbrado com o museu a meio decepcionado com o exterior. Decidi colocar um post no meu blog sobre esta maravilha. Na pesquisa que fiz na internet sobre o assunto deparei com o seu post e consequentemente o seu blog.
Achei deveras interessante o seu post e de elevado interesse o post sobre a Cidade Romana de Ammaia. Espero que consiga desta vez tudo e atingir todos os seus objectivos.
Cumprimentos, espero e desejo que continue a sua luta na senda de uma Cidade Romana de Ammaia bonita e digna de ser mostrada ao mundo. Ela por si só já o é. Apenas precisa das ajudas certas.
Obrigado pela sua luta e pelo seu interesse.
Cumprimentos
Enviar um comentário