sábado, 18 de maio de 2013

Altas Represas. (Represas em Alta Definição)

Não vejo sempre o programa Alta Definição. Não sou daqueles indefetíveis que nunca perde uma edição. Mas quando posso, o que é pouco comum (um pai que tem a seu cargo duas filhas pequenas quando a mãe trabalha aos fins de semana, raramente tem as tardes de sábado livres para si), espreito para descobrir se a pessoa à qual estão a perguntar o que dizem os seus olhos me agrada. Foi o caso hoje: ter vagar e querer ouvir os pensamentos do Luís Represas. Foi importante ter passado esta última hora a “falar” com ele, sobretudo a ouvi-lo. Nunca fui seu fã mas gosto de muitas das suas músicas, sobretudo das suas palavras, da poesia. A conversa de hoje foi com um homem maduro, realizado consigo e com a vida. Tivemos oportunidade de conhecer melhor um homem bom com o qual pude aprender.


A conversa teve momentos altos que foram muito bonitos como quando comparou a vida a um edifício, sendo que estamos sempre a viver a fase da construção do último andar, o mais recente. Apesar da importância das últimas fases em construção, importam sobremaneira as fundações, as bases que aprendemos dos nossos pais. Esta é uma ideia sábia, enternecedora e inédita para mim. Gostei.

Como foi novidade a comparação entre a relação de duas pessoas e um serviço de mesa. Para funcionarem, têm ambos de serem usados, de se desgastarem, de arriscarem a que se partam. Um serviço que seja precioso, muito bonito e se use muito raramente, não tem valor prático. Agora substituam a palavra “serviço” por “relação a dois” e verão como tem razão. Verão como é verdade.   

Verdade e bonito. Como bonito foi o momento em que disse que gosta de pensar nos erros que comete, em vez de os tentar esquecer. Ao contrário do esquecimento, diz que tenta sempre minorar o impacto de negativo de um que aconteça, tentando percebê-lo e corrigindo os seus danos.

Ter visto o programa permitiu-nos aprender a lição que aprendeu dos seus pais e eu também aprendi dos meus. Uma importante máxima de vida: “seja o que fizeres, tens de fazer bem. Não interessa o que seja. Mas seja o que for: fá-lo bem. Esforça-te por fazê-lo melhor todos os dias”.

Também sou assim. Se esta máxima fosse comum a mais pessoas e se aplicasse não apenas à profissão mas a mais áreas da vida, às relações, a nós próprios, o mundo certamente seria um sítio bem melhor para se viver.

Alta Definição é, por vezes (quando o entrevistado tem qualidade para isso), o programa de uma televisão privada a prestar serviço público: ensinar os espectadores, ensinar quem vê, ensinar as massas. Bom.

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