Paulo
Morais é grande. O grande que é pode ser lido aqui na Wiki, ou abrindo esta
hiperligação no facebook. Foi vice-presidente da Câmara Municipal do Porto como
eu fui da Câmara Municipal de Marvão. Não pactuando com o jogo que estava
estabelecido, saiu pelo seu pé. Como eu. Fundou a Associação Cívica “Transparência
e integridade”. É íntegro, inteligente e sempre coerente. É como eu gostava de
ser quando for grande.
O
Paulo Morais foi-me passado pelo meu irmão Miguel que idolatra o homem. Aprendi
com ele, mais novo, a fazê-lo. Às terças-feiras nunca o perco no Correio da
Manhã, com a coluna “Fio de Prumo”. Hoje brilhou, como sempre faz. Certeiro,
implacável, tornando inteligível o que pode passar ao largo para muitos.
Li-o
na pastelaria Caldeira enquanto bebia uma sem com o meu fornecedor anual de
pinhas depois da recolha de 2013: D. Carlos da Ramila, que se ficou por um sumo
de fruta sem gás.
Tão
certeiro foi o Paulo que paguei no site do Correio da Manhã para aceder a esta
crónica que aqui publico agora. Num sistema para mim inédito, liguei para um
número de valor acrescentado que me cobrou 60 cêntimos + IVA e abriu os
conteúdos exclusivos em papel. A crónica vale bem o dinheiro que fica ao preço
do jornal na banca.
O
vosso Tio Sabi pagou. O vosso Tio Sabi divide agora pelos seus sobrinhos
famintos de cultura, ávidos de prazer político. Leiam lá que eu fico à espera
para vos dar pancadinhas nas costas para arrotarem antes de dormir.
Negócio
da fome
Aparentes ações
de grande solidariedade, as campanhas de recolha de alimentos para carenciados
constituem, isso sim, agressivas operações comerciais.
Quem acaba por
mais lucrar são supermercados e hipermercados, que veem as suas vendas aumentar.
A seguir vem o estado, pois este acréscimo de consumo representa também aumento
na coleta de impostos. E os pobres dos pobres que justificam as campanhas são,
afinal, os menos beneficiados.
Em dias de
recolha de alimentos, as grandes superfícies aumentam consideravelmente as suas
vendas, sem sequer necessitarem de promoções ou até de qualquer trabalho de
marketing suplementar. As administrações do Pingo Doce e do Continente, que no
seu conjunto detêm cerca de 90% do mercado de distribuição, devem rejubilar com
esta campanha comercial, disfarçada de ação solidária. Ano após ano, os Bancos
Alimentares contribuem para o acréscimo da sua faturação em dezenas de milhões
de euros. Parte significativa deste montante engorda os lucros das empresas de
distribuição.
E não só. Também
o estado tira proveito deste acréscimo de consumo, pela via do IVA que é
cobrado, em muitos dos produtos a 23%, o que representa também milhões de
euros.
Assim, os
voluntários da Cruz Vermelha que participam na ‘Operação Sorriso' cumprem a
função (involuntária) de promotores de vendas do Continente. Os milhares de
jovens que colaboram com o Banco Alimentar julgam estar a ajudar as famílias
portuguesas, mas as famílias que mais beneficiam das campanhas de recolha de
alimentos são as de Belmiro de Azevedo e de Soares dos Santos.
A maior parte da
ajuda fica pelo caminho, chegando às centenas de milhares de necessitados
apenas uma reduzida percentagem do generoso esforço financeiro dos portugueses.
E está mal aproveitado o trabalho abnegado de milhares de voluntários
bem-intencionados que são usados, sem disso se aperceberem, como peças de uma
máquina comercial. Para que as operações de oferta de alimentos aos mais
carenciados sejam eficazes, há que encontrar esquemas alternativos de distribuição
direta dos recursos. A atividade solidária não necessita de ser taxada com IVA
nem de intermediários que retêm a maioria do valor dos donativos, como é o caso
dos hipermercados.
E
já agora, para terminar em alto nível, o comentário que deixei à meses na sua
página do facebook. Foi no Verão. Provavelmente nunca o leu, mas a mim soube-me
tão bem fazê-lo… Deixou-me tranquilo.
Paulo, és grande!
Sou jovem, fiz agora 40 anos mas com trintas e muitos já fui vice-presidente do
Município de Marvão. O nº 2. Larguei a política, como tu. Porque não há verdade
e transparência. Muitos dos que estão na política, servem para se servir. Nunca
fui assim, por isso bati com a porta. Nunca joguei baixo ou sujo. Sempre tive
consciência que servia a população. Toda a população por igual. Revejo-me em
tudo o que escreves e defendo que estaríamos bem melhor se um homem com a tua inteligência
e visão mandasse nisto tudo. De certeza que darias um excelente chefe de
governo. Até a representação do estado português ficaria muito melhor entregue
à tua pessoa. Vou escrever sobre ti no meu blogue e dar-te-ei aqui conta quando
o fizer. O meu blogue tem vários anos, milhares de visitas e está em
"Vendo o mundo de binóculos do Alto de Marvão", ou pesquisando por
“blogue de Pedro Sobreiro” num motor de busca. Fica em paz. Ainda bem que o
estado novo já lá vai, senão… tinhas a cabeça a prémio! Ou já te tinham “dado
caminho”, como diz aqui o meu povo alentejano. Recebe um abraço de profunda
admiração, do Pedro Sobreiro.
1 comentário:
É claro como água. Só mesmo os voluntários estão lá para ajudar sem receber nada em troca.
É tal e qual como aqueles programas televisivos de homenagem e apoio, quem realmente ajuda é quem telefona, de resto é só campanha.
Um abraço
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