terça-feira, 3 de dezembro de 2013

2 de Dezembro. 12 anos de Leonor

O que é que eu levava para uma ilha deserta? Estas duas e a mãe tinham de ir. O mais certo era virarem aquilo ao contrário, mas entretinham muito. Podia levar uma telefonia também para ouvir a Comercial e um barco para voltar à costa. E era isso. ;) 


A minha Leonor fez ontem 12 anos. Leonor só Leonor. Lança da Mãe, Sobreiro do pai.

12 anos.

Já passaram 12 anos desde aquela noite fria que haveria de mudar a minha vida para sempre. Eu, o Pedro menino, passava a ser o Pedro pai. Um homem que tinha gerado uma vida. Muito querida. Muito desejada.

Foi numa noite fria de inverno. Bem me avisaram que o médico não subiria enquanto o Benfica não acabasse o jogo. Eu, em silêncio, esperei no fundo do corredor que me chamassem. Não queria perder por nada o nascimento da minha filha. Conforme o vaticinado pelas previsões, só depois de o Benfica ganhar por 2-1 ao Santa Clara com golo do Mantorras houve lugar a boas novas. Já há muito que eu ouvia os gemidos das contracções e a ânsia de a ver cá fora. Sofria ao longe e olhava para a luz do quarto dos fundos. O último, bem lá ao fundinho.

Passou o médico e nada. Eu bem tinha avisado que queria assistir, mas não me chamavam e as movimentações de camas deixaram-me ao longe. Fui-me esgueirando por entre as portas, aproximando-me a medo. Seria mesmo ela? Se falhasse na intromissão, o mais certo era levar um cartão vermelho que me colocaria fora de campo. Fui a medo e com a alegria de ter acertado na previsão, forcei a entrada. Com o piso dos partos em obras, nasceu na Ortopedia (daí ser tão torta…) e a sala era diminuta. Barrado à porta por uma enfermeira com cara de bruxa má, fiz-me duro com ar de mau nº 2. Ela entrou e falou: “Doutor, o pai está ali fora e diz que quer entrar”. “O pai?!? O pai é muita grande e não cabe cá. Diga-lhe que estamos aqui muito apertados”. Eu vi que estavam e a senhora bem me disse mas quando quero muito uma coisa, sei que sou resistente e dos mais duros de roer. Dali não saía nem que chamassem a polícia de choque. Se saísse, levava a minha senhora e ela dava à luz no elevador. Podia ser noutro sítio, mas tinha de ser comigo perto.

Entrei. Consegui mas em vez de ficar de lado da parturiente, como ficam todos os pais treinados, fiquei de frente, o que é um tratado. Mas um tratado nada aconselhável a espíritos sensíveis. Vi a criança chegar a este mundo. Fui o primeiro a vê-la, mas e ela que não chorava como nos filmes? Tiveram que lhe aspirar o narizito, eu a sofrer com a angústia e a mãe com uma com uma cara de tranquilidade tão grande que podia estar a desabar o mundo e ela ali, na maior, triunfante.

Já passaram12 anos. Já me corrige. Já me contradiz. Já faz um ar aborrecido quando lhe falo a sério. Já suspira no fim dos sermões. Já me quer é ver pelas costas. Já é uma senhorinha. É linda e já tem mamocas. Cada vez estou mais velho e careca. Sei que os meus problemas vão começar. A sério. Mas eu tenho um lema de vida que diz que não podemos sofrer por antecipação. Eu sei lá como é que vai ser a minha morte! Não sei, nem quero saber. Era o que mais faltava perder tempo em vida a pensar no fim. Um homem tem de lidar com os problemas quando eles surgem.


12 anos não são 3, nem 4. Não são bonecas, nem caixas grandes. A minha prenda foi a oportunidade de ir a algo que deseja muito, muito, muito e foi muito difícil de conseguir arranjar. Prestes a esgotar e apenas disponível na net, chegou por correio no próprio dia e retirado da caixa do correio à hora que ela nasceu: Passava das 23 e 30.


Parabéns cibernéticos, filha! J






Prenda dada artista a artista que vai ver, a ver se adivinhava. Aos bochechos. Falhou no primeiro mas o António Manuel Ribeiro dos UHF, deu bandeira! Foi logo!

Com a Comercial, o Natal vai ser no MeoArena.
Que granda frete vou fazer, Que aborrecimento...
Eu que ouço sempre os "Discos Pedidos" na Rádio Clube Monsanto


Banda Sonora:
http://www.youtube.com/watch?v=y6Sxv-sUYtM

2 comentários:

Helena Barreta disse...

Muitos parabéns à Leonor e a toda a família. Que a vida lhe sorria sempre, seja generosa e que o percurso que a Leonor queira fazer tenha poucos obstáculos e a tê-los, que ela os saiba contornar e seguir em frente. Muitas felicidades.

Um beijinho

zira disse...

A Leonor!!! a neta primeira que cativou a família por inteiro, num renascer de vida e esperança. Tem tudo o que uma avó babada pode desejar. Tuuuuudo. Por isso vai continuar a ter, sempre.