Assisti
ao vídeo do fim do reencontro de famílias das duas coreias 60 anos depois, durante o almoço, enquanto via às notícias no telefone. O pivot da SIC Bento Rodrigues
preparou os espetadores que “as imagens podem impressionar”. E impressionaram.
Impressionaram e fizeram-me perguntar como é possível neste século XXI assistir
e permitir-se tanta dor por… uma causa política.
A
segunda guerra mundial é um marco naquela região muito influenciada pelo
colonialismo da China e do Japão. Após este grande conflito global, a Coreia
ficou um país dividido ao meio como se fosse uma laranja. No sul, sob
influência americana, instituiu-se uma república de democracia capitalista multipartidária,
ou seja, o lado comestível. O lado podre ficou no norte com um modelo rígido do
sistema socialista, que de socialista não tem nada e tem sido gerido com mão de
ferro pela dinastia dos Kim(s) (Il-Sung, Jong-Il, e agora o cara de anormal Jong-Un)
que controla totalmente o país, faz dele uma das nações mais fechadas e perigosas
do mundo, recheada de um manancial bélico impressionante que contrasta com um
país onde falta quase tudo, dos bens à liberdade de expressão e pensamento.
Num
mundo imaginado por mim, este tipo de cenas não seriam permitidas porque as
Nações Unidas, o grupo dos países democráticos organizados interviria de pronto
e não deixaria que tal acontecesse. Sempre que os direitos humanos fossem
atropelados, esse grupo teria uma palavra, ou muitas palavras a dizer.
Agora,
o Sul sorteou quem ia ao Norte reencontrar a família porque tinham de ser seleccionados
e o Norte, como é habitual, escolheu quem queria. Mas o que aconteceu foi um
milagre histórico de homens e mulheres, que viveram toda a sua vida com a mágoa
de terem uma fronteira ideológica a separá-los de quem amavam, poderem mitigar essa saudade num encontro
especial. Efémero, curto que hoje acabou mas aconteceu.
Memórias
que foram trocadas, lágrimas que foram partilhadas, histórias transmitidas.
Emoções a correrem contra relógio. E uma saudade imensa que já se respirava
antes de acontecer a separação.
O
mundo é um sítio belo. Muito belo. São os homens, o animal cujo domínio da
inteligência (?) o torna o mais perigoso de todos os que pisam o solo que o
estraga.
Como
seriam aquelas vidas se tivessem vivido em paz, unidos?
1 comentário:
Optei por não ver a reportagem e ainda bem, estas fotografias dizem tudo.
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