segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Os zombies do novo amanhã?


Ah… tenho de começar por dizer a quem por aqui ainda passa, para espreitar para o que o bardo diz e pensa… que já tinha saudades de por aqui vir. Acontece que a companhia, o palco, o convívio com os meus pares que aqui procurei a princípio no blogger, encontro-o muito no faceboook, que está sempre no bolso, e na internet para quem quer através do meu perfil “Pedro Sobreiro” ou do link https://www.facebook.com/pedro.sobreiro.14, para quem não tem esta rede.

 

Quase todos os dias passo por lá a largar uma ou outra laracha, a comentar esta ou aquela notícia, a partilhar uma ou outra mensagem de alguém, que gostei de ver; a lançar uma foto, ou a comentar outra de alguém.

 

Hoje consegui “arranjar” tempo para ver com atenção o documentário do qual todos falam: “O Dilema das Redes Sociais”, da Netflix, e aqui o reporto.



Esta plataforma de distribuição digital causa-me alguma angústia, devo confessar, em grande parte porque se a adquiri por forte insistência das minhas filhas, que são completamente vidradas na programação (que seguem com frequência pelos aparelhos móveis por todo o lado), nunca consegui dela desfrutar o prazer que deve dar. Como adorava ter tempo para “papar” aquelas temporadas de séries que serão certamente fantásticas… mas… que não consigo lá chegar. Se dissesse àqueles fãs indefetíveis que apesar de assinante, nunca vi um episódio da “Casa de Papel”, nem da “Guerra dos Tronos, certamente seria apedrejado de gargalhadas.

 

Séries, não tenho lá chegado mas dos filmes produzidos pela Netflix, vi, gostei muito e recomendei “Os Dois Papas”, que achei muito interessante e bem conseguido, a cavalo de um gigante Anthony Hopkins; e um soberbo “O Irlandês”, num festim mafioso do mais alto nível, de mais de 3 horas com os absolutamente soberbos e imortais, De Niro, Joe Pesci, e Al Pacino. Devo ter estado o tempo inteiro a babar-me, num salivar sempre em crescendo, como meu cão quando começa a ver que lhe guardámos a parte final do gelado.




Ou seja, dali é tudo belíssimo e se eu tivesse mais tempo, tudo paparia e aí sim aproveitaria o dinheiro investido que, diga-se de passagem, não é ora assim tanto, sobretudos se compararmos com o que custam os outros canais. Faz de conta que se beberam umas cervejas a mais, num dia, com a vantagem de nunca haver ressaca.

 

Mas o assunto hoje é outro e na minha análise, neste brilhante documentário, há ali duas vertentes a considerar: a excessiva ligação/exposição de todos ao convívio social virtual, que quase sempre faz a grande maioria querer parecer mais do que aquilo que realmente é (quem é que não gosta de se achar melhor? E que custo isso terá?); e a consecutiva manipulação dos povos/eleitores, dando lugar votações que à partida pareceriam completamente absurdas, leia-se Trumps e Bolsonaros, mas que la que las hay…si hay.

 

Das palavras de criadores/inovadores/crânios testa de ferro ligados à Google, ao Faceboook, ao Instagram, ao Twitter e outras redes sociais, muitos dos quais já bateram asa do negócio, tirei algumas anotações:


“Se continuarmos com o estado atual por, digamos mais 20 anos, provavelmente destruiremos a nossa civilização devido à ignorância; não devemos conseguir enfrentar o desafio das alterações climáticas; provavelmente degradaremos as democracias do mundo, para que caiam numa espécie de disfunção autocrática bizarra; provavelmente arruinaremos a economia global; provavelmente não sobreviveremos.


“Pode parecer estranho, mas este é o meu mundo e a minha comunidade. Eu não os odeio, não quero fazer mal à Google ou ao Facebook. Só quero reformulá-los para que não destruam o mundo. Sabem?



“Nunca aceitem vídeos que vos são propostos pelo youtube! Essa é outra forma de lutar! Não deixem que os algoritmos mandem em vós!”



“Será esta a última geração de pessoas, que saberá como era antes da ilusão?


“Como é que se acorda da matriz, quando não se sabe que se está nela?



“Ao terem estas conversas, e expressarem a vossa opinião, nalguns casos, através destas mesmas tecnologias, podemos começar a mudar a tendência e a conversa.


“Vivemos num mundo em que uma árvore morta, vale mais que uma viva; num mundo em que uma baleia vale mais morta que viva. Desde que a nossa economia funciona dessa forma, e as empresas não sejam reguladas, vão continuar a destruir árvores, a matar baleias, pata minar a terra e a continuarem a tirar óleo do chão, apesar de sabermos que está a destruir o planeta, e sabermos que vai deixar um mundo pior para as gerações futuras.

Isto é um pensamento a curto prazo, baseado nesta religião de lucro a todo o custo, como se, de alguma forma, cada empresa que aja no seu interesse egoísta, produzisse o melhor resultado.

Isto afeta o ambiente há muito tempo.

 

O que é assustador e o que espero que seja a última gota, a que nos fará acordar como civilização, é ver que agora somos nós a árvore, agora somos nós a baleia.


A nossa atenção pode ser minada.

Somos mais lucrativos para uma empresa, se passarmos o tempo ligados a um ecrã, a olhar para um anúncio, do que se passarmos esse tempo a viver de uma forma livre, rica.
E nós estamos a ver os resultados disso! Estamos a ver as empresas a utilizarem inteligência artificial poderosa, para nos enganar, e descobrir como nos ganhar a atenção, para o que querem que vejamos, com os nossos objetivos, valores e vidas.


Desinstalei imensas aplicações do meu telefone porque senti que me estavam a fazer perder imenso tempo (que é o mais precioso, afinal!).

Tirei todas as aplicações das redes sociais, das notícias, e desliguei as notificações, em tudo o que fazia a minha perna vibrar com informação que não era oportuna, ou deveras importante para mim.

Pelo mesmo motivo que nunca aceito cookies.

Desliguem as notificações… Desliguem as notificações… Desliguem as notificações!



Vocês votam com os cliques, e os cliques são iscos, estão a ajudar a criar um incentivo financeiro que perpetua este sistema.



Antes de partilharem, verifiquem a fonte, façam uma pesquisa extra.

Se parece que é algo concebido para carregar nos botões emocionais, provavelmente, é.



Descobri. 3 regras que facilitam a vida das famílias, e que são justificadas pela pesquisa:

1) Quero todos os aparelhos fora dos quartos. Meia hora antes de deitar, quero todos os dispositivos desligados.


2) Nada de redes sociais até à escola secundária. Pessoalmente, parece-me que a idade deveria ser 16 anos, embora no secundário já seja muito difícil. Tentem ficar fora disso até lá.


3) Faça um orçamento temporal com os seus filhos. Conversem com eles, e verá que eles até são razoáveis.



Desliguem a conta. O dia está lindo. Saiam do sistema. O mundo é lindo!

 

Pois, tudo isto está muito bem, mas cá o vosso Tio Sabi não vive numa cave ligada à maquinaria, e gosta muito de viver, da natureza, do ar livre, do desporto, e de vez em quando, ver como anda o pessoal pela net.  Os abusos é que fazem mal, não é?

Pois, afinal, como sempre.

 

Olhem, se querem o meu conselho, vejam isto do documentário, que está muita bom.

Se não estiverem inscritos, aproveitem a benesse do período experimental de 30 dias e depois batam asa. Ou deixem-se por lá ficar porque há companhias bem piores.

 

Grande abraço e passem pelo facebook que aquilo está sempre animado, ópázinhas e ópázinhos!

Porra, ó Sabi! Eu já sabia que eu é que iria pagar esta merda toda...

És lexado!

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