domingo, 26 de agosto de 2007

Um domingo qualquer


Se tivesse um diário, escrevia lá para a posteridade e para nunca mais me esquecer que o mês de Agosto é horrível. Podemos falar neste Agosto, em particular, mas eu lembro-me bem do outro e do outro e do outro e é sempre assim. Os que não acreditam em bruxas, nem em videntes, nem em búzios, nem em canículas, nem em canículares, têm de se render à evidência: o mês de Agosto é outra coisa qualquer mas não é Verão porque o tempo é miserável. Dormi de janela aberta e acordei gelado, a meio da noite, com uma trovoada que mais parecia anunciar o fim dos tempos. Levei o que restava do descanso a sonhar que os sete cavaleiros do apocalipse me entravam montados nas suas bestas pela casa adentro para me dizer que por edital do criador, o mundo acabava nesse momento.

Acordei obviamente mal-humorado, apesar de ter descoberto que afinal tudo continuava dentro da normalidade, ou então a minha rua depois do mundo acabar era muito parecida a quando este ainda existia.

De manhã, na televisão assisto a uma prova de marcha olímpica e dei por mim a perguntar-me se este seria o desporto favorito dos gays. Se os participantes seriam todos gays. Se o homem que elevou a modalidade a olímpica seria também ele gay.

A verdade é que tudo aquilo é muito estranho. Um atleta da marcha olímpica não está parado mas também não chega a correr. Aliás, é penalizado por isso. Não é carne nem é peixe. Anda ali feita lombriga a espernear pelo calçadão fora.

Eu sei que temos a nossa Susaninha Feitor que é grande artista da modalidade mas também ela pode dar para o outro lado. Tenta correr rapariga!

Não sei. O que eu sei é que tudo aquilo… e peço desculpa… me parece mesmo muito estranho.

Só sei que se eu fosse atleta da marcha olímpica e perguntassem à minha filha na escola qual era a profissão do pai, compreendia se ela mentisse e respondesse: “cobrador da Carris”.

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