quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Classe e Saber



Recebo no gabinete uma carta de um jovem autarca de Baião. Finto a ignorância geográfica com recurso às novas tecnologias e em segundos, voilá! Tudo e mais algumas coisa acerca do município. O que há a reter? O autarca é mesmo jovem e quer reunir a rapaziada sub-35 nas lides autárquicas. Já se juntaram duas ou três vezes. Na foto do jornal reconheço colegas de faculdade e o Presidente de Óbidos, que imaginava mais velhinho e de cujo trabalho sou fã absoluto. Numero uno en Portugal! Começaram por juntar apenas os chefões mas depois estenderam o raio de acção aos vereadores e penso que essa abertura é benéfica para todos. Seria certamente um dia bem passado. A viagem de ida e volta, o mais difícil, mas dali até poderia sair um fim-de-semana alargado, uma vez que a reunião era sexta-feira e de certeza que o edil local pensou nisso. Tive sobretudo pena de não ir porque as reuniões e os debates seriam certamente proveitosos e a grande mais-valia destas coisas são os contactos que se fazem e as relações que se estabelecem.

Enfim… tive muita pena mas a minha consciência mandou-me estar noutro lado.

Badajoz inaugurava pelas 9 horas da manhã o seu festival islâmico e na impossibilidade da presença do Presidente, pareceu-me que seria de bom tom estar um representante do Município de Marvão, uma vez que são nossos parceiros na organização do evento e eu aprendi que nunca devemos esquecer quem se lembra de nós e nos ajuda. Lá estive, sempre muito bem recebido e creio que ficaram de facto felizes por me ver. D. Miguel, o Presidente, é uma personagem fabulosa, um mestre autêntico na arte de falar com as pessoas, os seus munícipes e a própria imprensa. Um charme e uma postura terra-a-terra que se torna encantadora. Quando me viu chamou: “Hombre, Pedro! E que tal por Marvao?” virando costas ao que estava a tratar, presumo que pela cortesia de me ver ali. Alguém perguntou: “D. Miguel: la prensa va por la frente o por detrás?”. Ele respondeu peremptório: “Por la frente! Por detrás, solo la Guardia Civil!”. E com isto está tudo dito.

Depois da inauguração, quando seguiram para o seu “pleno”, a sua reunião camarária, aproveitei a deslocação para seleccionar novos postos de artesanato para a edição deste ano em Marvão, para acertar detalhes com o responsável pela decoração e para dar um salto ao Museu Arqueológico local, junto ao qual estacionei. Quando entro, pergunto à senhora da entrada pelo preço dos bilhetes e responde-me que é gratuito. Perguntou-me de seguida se eu pertencia ao grupo e já não sei bem explicar como, mas acabamos por estabelecer alguma simpatia e trocamos impressões. Revelei-lhe na conversa que era de Marvão, que era o responsável pelo pelouro da Cultura e porque motivo me encontrava ali. Enquanto admirava o magnífico mosaico tardo-romano na parede da entrada chegou um outro funcionário, senhor de mais idade, barba e cabelo grisalho, com uns expressivos olhos azuis a reluzir por detrás dos óculos graduados. Saudou-me e eu acenei. Ouvi nas minhas costas a passagem de informação: “el Consejal de Cultura de Marvão”. Segundos depois quando se sentou na secretária e enquanto abria o livro que lhe fazia companhia quando tinha menos serviço, vi-o marcar um número no telefone fixo e falar em sussurro.

Avancei para a sala seguinte e cumprimentei-o em silêncio quando passei. O resultado da chamada que fez soube-o escassos minutos depois quando um senhor com ar jovem e bem disposto me pediu desculpa por me interromper, enquanto contemplava umas lápides tumulares do áureo período islâmico da fundação de Badajoz. Era o Director do Museu que desceu do Gabinete para se apresentar pessoalmente. Debaixo do braço trazia algumas publicações recentes do Museu como oferta de cortesia. Confesso que a princípio vacilei com a rapidez e a cordialidade do gesto mas tentei parecer o mais natural possível e saber retribuir a gentileza. Apresentei-me e falámos um pouco sobre a realidade dos nossos concelhos, na possibilidade de permutas de colecções e terminei convidando-o para visitar Marvão, para um almoço e para uma visita guiada pelo nosso património cultural. Depois, pediu desculpa por ter de se retirar por compromissos previamente assumidos e deixou-me a sós, contemplando o resto da exposição.

Esta agilidade, esta rapidez, este sentido de oportunidade, estes gestos tão simples e tão profundamente ricos e belos, fazem todas a diferença. Imaginem se fosse em Portugal... Quantos salamaleques não seriam precisos para obter uma fria audiência. É por estas e por outras que eu não tenho dúvidas que não há-de faltar muito tempo para…

Pensando neste episódio, recordei-me de um outro do mesmo género que aconteceu há precisamente um ano, em Marvão e me foi contado pelo próprio “platero” do norte de Espanha que participou na Al Mossassa pela primeira vez. Aproveitando a vinda a Badajoz, optou por fazer também a feira de Marvão e gozou uns dias de descanso hospedado na vila, com um casal amigo. Ficou fã de Marvão e ainda hoje faz um sorriso de orelha a orelha quando fala da nossa terra. Contou-me que a feira lhe correu mesmo muito bem e que a dada altura, já na última noite, duas jovens portuguesas se aproximaram do seu posto de venda. Uma delas apaixonou-se por um par de brincos. Negociaram, experimentou-os e no momento de pagar, reparou que não levava dinheiro suficiente. Deslocou-se ao Multibanco mas estava fora de serviço (para variar!) e afastava-se desconsolada quando ele a chamou. Pediu-lhe que levasse os brincos e deu-lhe a direcção para que lhe enviasse o dinheiro por correio. Ao ouvir esta história, pensei o mesmo que o leitor agora pensa: “Será que vais mesmo ver o guito?” e foi isso que lhe perguntei. “Claro que si, hombre. Su cara no engañava”, respondeu. Achei o gesto de uma nobreza tal que lhe assegurei:”Si no te paga ella, te pago yo”, pensando que assim lavaria a honra do convento em caso de desgraça.

Quando o revi meses depois, a pergunta veio-me logo à cabeça e antes que pudesse abrir a boca para a deixar sair, ele sorriu e disse-me logo: “três dias después, tenía yo el dinero en mi casa”.

Vá lá, vá lá, que a pequena se portou à altura. Mas estes dois episódios são para mim emblemáticos e a prova bem real que já é mesmo tempo de por a desconfiança de lado e de abrir de uma vez por todas os braços a uma União Ibérica com a qual todos teremos a ganhar.

O Sócrates bem podia por começar a dar o exemplo, não mudando a porra da hora que nos há-de deixar sempre trocados.

26 comentários:

Luís Bugalhão disse...

isto da malta sentir empatia pelos espanhóis, por via da sua simpatia e eficiência protocolar, é história antiga para mim.

compreendo perfeitamente o que sentiste quando, sem paneleirices, o aparecimento do director do museu, a sua cortesia para com uma entidade forasteira (mesmo sendo visita informal, é o que tu representavas), o diálogo fácil e interessante, mostraram uma hospitalidade oficiosa rara de ver entre os nossos pares.
em 1988, em visita oficial da corveta em que estava embarcado (NRP Honório Barreto), tive oportunidade de, informalmente, visitar a messe de suboficiales de S. Fernando, para apresentação de cumprimentos. não estavam à nossa espera mas, em cerca de 15 minutos, o suboficial mais antigo da messe, mais o seu suboficial às ordens e respectiva esposa, compareceram na messe para nos receber com 'o mínimo de dignidade que uma representação de sargentos portugueses merece' (palavras de D. António qq coisa, que infelizmente não me lembro do nome do senhor). depois pediram desculpa por não estarem prevenidos, pelo que o lanche que nos iriam oferecer era uma coisa 'frugal' (palavras de D. António, novamente). bom o frugal era vários 'arranjos de lagosta', vinho de todas, ou quase todas, regiões de Espanha, frutas várias dispostas como nos casamentos, e por aí adiante... umas tapazitas...
por isso sei o que sentiste, pois eu senti o mesmo. não era o Sargento Bugalhão que ali estava. era um grupo de sargentos que apresentava cumprimentos e então havia que recebê-los bem, com protocolo cortês. tão ao contrário daquilo que por cá se faz...

logo, o que vale a pena é serem as forças vivas (onde é que eu já ouvi isto) das vilas do interior, como é o vosso caso, a interagir assim com nuestros hermanos e a contagiar o pessoal da capital, de todas as capitais, com as bactérias da simpatia e da competência.
quanto mais cooperação houver entre concelhos dos interiores de Portugal e de Espanha, mais eficaz será a luta de ambos contra os centralismos de Madrid e Lisboa.
esses são os tempos futuros, não há volta a dar. e os nacionalismos bacocos só servem para tornar difícil o inevitável.

já quanto à mudança da hora, ou seja, no fundo, acabar com a nossa diferença de fuso horário para Espanha, não acho muito bem. isso já se tentou, estarás recordado, nos anos 90, e não resultou. penso que Espanha já não deveria estar na hora da Europa Central (CET), mas para os Catalães a coisa tb não resultaria. o que se poderia fazer era, para os concelhos que o achassem fundamental, promover uma flexibilidade de horários em lojas, bancos, serviços públicos, etc, que potenciassem as relações dos raianos, com benefício para ambos os lados da fronteira. pq, sublinho, esse é o caminho, não adianta pensar, ainda, que de Espanha nem bom vento, nem bom casamento. a luta vai ser dura, para ultrapassar os velhos preconceitos (até o vento que vem de Espanha, mm que não tenha nada a ver com o assunto, traz sempre o mau tempo!), mas sois vós, os do 'anterior desquecido e ostracizado', que a devem começar.

isto já vai longo, por isso por aqui me fico. iberismo sim e quanto mais depressa melhor. unidos nas diferenças e unidos pelo respeito por ambos os países.

agora vou investigar essa coisa do festival islâmico, que tenho andado desatento.

abraço

Goyi disse...

Muito bem Pedro, e obrigado aos dois pelas palavras bonitas que nos dedicaram a vuestros hermanos.
Estive a tomar o pequeno almoço na fronteira e apanhei um triptico da Al Mossassa que terao neste proximo fim de semana...... espero la estar e se calhar poderemos nos dar a conhecer e començar o nosso aproximamento que eu tambem acho tao importante.
Achei uma coisa engraçada e que me fez muita impresao quendo cheguei pela primera vez a Portugal e é o vosso hábito de tratarem às pessoas pela sua profissao, mas há uma coisa que nao bate certa: voces quando escrevem o nome de algué que é pedreiro nao escrevem nem apressentam: Senhor pedreiro fulano de tal, só isto acontece quando esse alguém é doctor ou engenieiro.......Porqué????. Já repararam que á frente do nome do Presidente da Cámara de Badajoz nao está a sua titulaçao, no entanto á frente do vosso presidente e vereadores,sim....
Nao é por nada,era só para reflexionar.....
De resto tudo muito bonito e espero cumprimentar-vos por lá.
Por certo Garraio é um grande apologista da nossa uniao e um bom embaixador da vossa terra...... Abraços.

PD- peço novamente disculpas pelas ausencias de tildes e erros ortográficos.

John The Revelator disse...

Bem... nos dias de hoje, e ao que estou habituado a ver no dia-a-dia, essas são duas situações que deixam um nó na garganta. Principalmente a dos brincos. Mas também não me estou a ver chamarem o director do museu para me vir cumprimentar. O segurança talvez, para ver senão gamava nada.
Já agora, nisso de mudar a hora tenho que concordar com o MISTER bugalhão. É que dá sempre jeito sair de Espanha as 4 da matina e chegar a casa ás 3 e 25.

João, disse...

Considero-me um patriota à minha maneira, tenho orgulho em sentir-me português, embora não me importe nada e, até gostaria, de ver o meu país integrado na “hespanha”, a que poderíamos denominar de Ibéria, para não ferir susceptibilidades bacocas.
Não vi muitos portugueses preocupados há vinte anos atrás, quando uns iluminados tiveram a ideia de nos integrar na Europa, porque diziam eles que isso era bom para “nós”. Até hoje tenho algumas dúvidas sobre a quem se referiam…
Qual então o problema da unidade ibérica, que tantos pruridos levanta sempre que se fala desta hipótese? Algumas razões:

- Passaria a existir algum planeamento na governação da coisa pública.

- Os mais ricos deixariam de ser tão ricos e o fosso que os separa dos mais pobres passaria a ser menor, isto é, pelo menos um milhão de pobres deixariam de ser tão pobres.
- A corrupção teria que diminuir, pois ali “daquele lado” a investigação e a justiça são mais sérias (não são os bárbaros ingleses e os seus caciques, que lá mandam…)

- Os impostos (dos que pagam), seriam drasticamente reduzidos e muitos dos “desgraçadinhos” que têm salário mínimo (os xicos espertos) tinham que começar a pagar alguma coisita.

- Os combustíveis seriam mais baratos (como é possível, deus meu, menos 70 escudos em litro…)

- Passaríamos a integrar “o clube” dos 10 países mais ricos do mundo

- Como diz a Goyi, os pedreiros, os mecânicos, os canalizadores, etc., passariam a ser tratados por “mestre Jaquim ou Zé”, e muitos dos nossos “drs” teriam de mostrar o “diploma”, para vermos quem lhes concedeu o “título”…

- O clima da cultura do medo sofreria uma melhoria, e o “pobão”, como diz o Luís, poderia criticar e propor, sem medo de retaliações e a “coisa” avançaria. Pois um país sem contraditório e sem crítica activa, é um país de “camelos”, de “bobis”, onde o “manageiro” manda e a maralha obedece a uma só voz (muitas vezes rouca ou fanhosa).

- Talvez sofrêssemos um “contagiozito” da alegria de “nuestros hermanos” e saíssemos para a rua, para nos apropriarmos dos “espaços públicos”, como nos diz José Gil, e nos portássemos como europeus de verdade e não como um povo de refugiados no seu próprio país, na sua própria terra.

-Os lugares de “gestão da coisa pública e as chefias intermédias”, passariam a ser ocupados por concurso e não pela escolha da “camorra portuguesi”, por uma cambada de medíocres e incompetentes.

Enfim o rol já vai longo e por hoje chega…

João Bugalhão
(Iberista convicto)

Nota: Ó “júnior”, vê lá se não confundes os “misteres”. Com muito respeito pelo “meu júnior”, mas por enquanto o “Sr. Bugalhão” sou eu.

Garraio disse...

Extractos de uma lista dos trabalhos de casa a fazer pelos portugueses numa hipotética fusão ibérica:

* Aprender a conduzir dentro das regras (a polícia espanhola ensina, não anda na filha da.... da caça à multa)

* Aprender a produzir (para não baixar os índices do PIB)

* Aprender a levantar cedo (com a mesma hora, o despertador toca uma hora mais cedo)

* Aprender a receber os doentes nos hospitais e centros de saúde a sorrir (deixar de ser doutores e aprender a ser médicos e enfermeiros)

* Eliminar todos os cargos do vocabulário escrito e oral (como vocês já mencionaram)

* Aprender a defender o que é nosso, com unhas e dentes e por cima de TUDO (não desancar no grande Filipão, porque quis dar um tabefe num sérvio que não é boa rêz)

* RE-aprender a transmitir a Formula 1 em directo no primeiro canal da RTP, como sempre aconteceu (a grande machadada de ver um espanhol chamado Fernando Alonso ser campeão, ao passo que o portuguesito ficava em último em todas as corridas, foi terrível e teve destas consequências)

* aprender a beber em vertente social ou seja com homens e mulheres à mistura, a horas e de modo adequado, acompanhando-se a "rega" com umas boas tapas para não "engrossar" mais rápido que a conta.

* Aprender a deitar tarde e levantar cedo, mas começar logo a trabalhar.

* aprender a ver menos novelas e telejornais e sair mais para a rua, passear, tomar ar puro, conviver.

*** Finalmente a mais difícil... APRENDER A SER FELIZ.

Luís Bugalhão disse...

bom, já vi que isto é um antro de 'vendidos' ao imperialismo espanhol, por isso não vou tecer mais elogios ao iberismo.

vou só fazer a proposta seguinte:

construa-se a ponte que está 'sugerida' no Regato, na estrada para as Castelhanas (e peço desculpa se estiver a errar no nome da localização da 'sugerida' ponte).

Marvão e Valência de Alcantara juntavam uns cobres para construir só a ponte. mm não havendo dinheiro para construir estradas que a servissem, a ponte estaria lá, para mostrar como símbolo de iberismo e de cooperação entre municípios raianos. podia até promover-se os passeios pedestres ou de btt, a um nível turístico/cultural, para que a, então sim, ponte (sem 'sugestão') fizesse o que fazem todas as suas colegas: unir duas margens, dois campos, dois munícipios, dois povos, dois países.

e era bem simbólico. nada de dinheiros dos centralistas. só com os meios dos que aí vivem, para não ficar a dever nada aos nacionalistas, nem aos centralistas, nem a caramelo nenhum. ao mm tempo dava-se uma daquelas de luva branca a quem a merecesse.

será muito difícil (leia-se, é preciso muito dinheiro?)? o pedro poderá não ter muita influência na decisão, nem o joão, mas que diabo, vós fostes eleitos, logo, fazei barulho!

nota final para os visitantes do 'olhando o mundo...':
eu chamo-me Luís Bugalhão, sou sobrinho do MISTER João Bugalhão, pois ele é o irmão mais novo do meu falecido pai Francisco Bugalhão. é tudo bugalhões. por isso para evitar confusões, eu sou o Luís e o 'meu senior' será o MISTER (atenção que estamos em Portugal, os títulos ainda contam, e o respeitinho é muito bonito e eu gosto) Bugalhão, ou Mister João. tenho orgulho no meu nome (marvanense há séculos) mas, embora todos me conheçam por Bugalhão, em Marvão, Bugalhão só há um, o MISTER e mais nenhum.

e pronto, viva a Ibéria.

ah... e viva a nossa herança islâmica. bom festival AL MOSSASSA (a propósito a página da CMMarvão está indisponível há horas, pelo menos, e acho que não é da minha 'parede de fogo' aqui da Marinha).

João, disse...

Ó “júnior buga”, essa ideia, sobre a metodologia de construção da “ponte”, até que não está lá muito mal “esgalhada”, não senhor…só não ficas o “pai da coisa”, porque outros já se lembraram do assunto antes de ti. Entre os quais, o “tio João Sequeira” que foi o primeiro, o maior “falador da ponte das castelhanas”, o mais jovem deputado “dr.”, chegado à Assembleia Municipal de Marvão, que sempre conhecemos por “Bonito” e que, devido ás suas brilhantes intervenções como orador, já todos o tratam (sobretudo a oposição) por: “ Ó Dr. Bonito…”, e é bonito.

O nosso “engenheiro presidente”, para além de facilitador e dinamizador, bem que podia usar as suas “competências profissionais” e oferecia o Projecto, a Goyi sensibiliza “su alcaide” para contribuir com “unas pesetilhas”, eu proponho-me na próxima AM a fazer a proposta, o “pedrito” serve de “enzima”, o “dr. Bonito” usa o seu charme para convencer a oposição, que por acaso é “governo”, e podemos ver o que a coisa dá…

Sim, porque estamos no auge do SIMPLEX (isto é a gente a falar…)

João Bugalhão

Bonito disse...

Bom, isto ou é 8 ou é 80.

Já defendi, e defendo, um maior e crescente “envolvimento” com os nossos “vizinhos”. Contudo, não vejo necessidade de “abolirem” já um país! Até pensar chegar a esse ponto há um longo caminho a percorrer… oxalá tenhamos visão para o trilhar….

Observo, divertido, alguns a defenderem agora convictamente essa “abolição”, quando há bem pouco tempo demonstravam a maior desconfiança perante os extrovertidos (barulhentos) e sobranceiros espanhóis.

É bom sinal… há evolução.

Por outro lado, também não exagerem… não vejam, agora, só virtudes nos espanhóis e defeitos em nós. Isso não é necessário, nem aconselhável para a desejada aproximação. Essa é, aliás, uma das nossas lacunas… não acreditamos (nem defendemos) no que fazemos e no que é nosso.

Sublinho alguns pontos fortes (de copiar) dos nossos vizinhos, mencionados pelo Garraio: ser produtivos, valorizar a competência e não o estatuto, defender o que é próprio (garra espanhola).

A ideia de construir a Ponte “com as próprias mãos” é curiosa e até teria piada. Contudo, penso que o dinheiro não seria o único entrave. Existem, com certeza, questões legais transfronteiriças a ultrapassar para a abertura de uma nova ligação entre os dois países. Assim, a “semente” principal deverá ser lançada pela Câmara Municipal, quer junto da congénere espanhola, quer junto do poder central português.

O pior… é que penso que essa “sementeira” ainda não foi iniciada. É pena.

Porque essa ponte seria um factor determinante para o desenvolvimento (sobrevivência) da “zona norte” do Concelho.

Grande Abraço

Bonito Dias

Goyi disse...

No tengo la más mínima idea de cual es ese puente del que tanto habláis, ni de donde estaría localizado, pero ya me lo contareis, prefiero verlo "in situ".
En el último Pleno municipal y a propuesta de mi modesto partido independiente de izquierdas, quedó aprobada por mayoría absoluta la moción que presentamos y en la que yo, personalmente, he puesto un empeño especial: la misma consiste en crear una Comisión formada por representantes de los tres grupos políticos que se dedique a todo lo que sean relaciones transfronterizas. La idea fue muy bien acogida y todos, absolutamente todos, estuvimos de acuerdo, es sólo cuestión de tiempo, pues estamos en pañales en esta legislatura que acaba de comenzar.
Me mato una vez y otra diciendo siempre lo mismo, estamos muy lejos del resto del mundo, nosotros tenemos que mirarnos de frente y caminar unidos para poder acercarnos a Europa, es, bajo mi punto de vista, nuestra única oportunidad ( no olvideis que nosotros no tenemos una maravilla de pueblo como Marvao, es sólo un pueblo más entre tantos y tantos).
En cuanto a la posible y utópica unificación de la Península, contad con mi apoyo incondicional pues a pesar de las numerosas virtudes que generosamente nos atribuís, yo creo que nosotros tendríamos también mucho que ganar y que aprender de vosotros.
QUIERO SER SOCIA NÚMERO UNO DE ESE PROYECTO, APÚNTENME!! ........... Al fin y al cabo , que tengo yo que ver con los Catalanes y los Vascos?.... nada.... con vosotros, si. Y os digo una cosa: mucha gente en Valencia estaría de acuerdo!!!

Besos, voy a trabajar, ahora si.

Clarimundo Lança disse...

com o desemprego (ou falta de tachos)que há em PORTUGAL porque não agarram nas pernas e na trouxa e arrancam para espanha.
Clarimundo Lança

Bonito disse...

Falta de tachos... agora, porque no tempo dos outros senhores, houve bastantes... e ocupados sempre por pessoas da mesma cor política...por coincidência, com certeza!

Bom… mas isto foi só um pequeno e “apimentado” desabafo.

Que sejas bem-vindo à discussão, companheiro. É dela e do “contraditório” que se faz luz! E de contraditório e pluralismo de opiniões eu gosto!

Que venham os argumentos…


Grande Abraço

Bonito Dias

Bonito disse...

E falado de emprego…


Neste fim-de-semana prolongado, apesar da pena de não estar presente na II edição da “Al Mossassa”(a qual já sei que, com a apurada organização e o bom tempo, foi um êxito), fui dar uma voltinha com o agregado familiar.

O passeio foi pela Beira Litoral (Coimbra, Figueira da Foz, Aveiro …)

Quando visito outra terra/concelho (menos vezes do que era desejável) tenho sempre a tendência de tentar perceber o que é que os outros têm que nós não temos… e deveríamos ter!

Observei que não existe terra que não tenha a famigerada “Zona Industrial”. Por exemplo na N 109 (Figueira-da-Foz/Aveiro), em que as pequenas localidades “pegam” uma nas outras, vêem-se quase mais estabelecimentos industriais/comerciais do que casas de habitação (passo o exagero).

Albergaria-a-Velha que, dito por quem a conhece bem, é uma terra sem nada de especial tem um Zona industrial que é um portento. Sobretudo, porque tem, maioritariamente, empresas verdadeiramente industriais, as quais representam muitos postos de trabalho.

Já sei o que estão a pensar… “pudera… estão no Litoral, perto do Porto e dotados de excelentes vias de comunicação, etc, etc, etc…”

Contudo no regresso a casa, pelo IC8, cada vez mais longe do litoral e das grandes vias de comunicação, lá estavam a Zonas Industriais de Ansião, Pedrógão Grande, Proença-a-Nova, etc, etc.

E eu a pensar… não há volta a dar… um espaço que promova a implantação de pequenas unidades de negócio no nosso Concelho não será o desenvolvimento assegurado, mas será com certeza a via para, em conjunto com o turismo, criar mais postos de trabalho e menos desertificação. Isto que, parece, todos já descobriram, nós nunca valorizámos e estamos só agora a tentar implementar… talvez demasiado devagar.

E é aqui que aparece a “tal” ponte... outra vez!

Não estamos no litoral, não temos grandes vias de comunicação (o IC13 vai demorar a chegar ao Concelho), estamos no interior dos interiores e o tal “zona industrial” irá surgir, com toda a lógica, em Santo António das Areias. Portanto, os “nossos” negócios têm, estrategicamente, espaço para se desenvolver…adivinhem com quem?... Com os vizinhos espanhóis!!. Daí a importância da ponte (e da estrada).

Veja-se um exemplo, bem pertinho! Porque será que Elvas está, cada vez mais, a ganhar terreno a Portalegre no que respeita a pujança económica?... Badajoz, pois claro!!!

Enfim, a nossa saída, e penso que também a deles, será a tal implementação de relações… (por muito que custe aos "puristas")

Para terminar, porque a prosa já vai longa, uma questão sobre o turismo.

Bati palmas, de pé, quando a Câmara anunciou a implementação do triângulo turístico do norte Alentejano (Castelo de Vide, Marvão e Portalegre). Já foi há muito tempo e, parece-me, não está verdadeiramente a funcionar. É que além da “Agenda” pouco mais foi desenvolvido.

E é estratégico.

Com uma Região de Turismo de S. Mamede a abarcar uma enorme área e, portanto, com eficácia reduzida este projecto faz todo o sentido. Vender o pacote turístico com esses três vectores seria, de certeza, mais eficaz do que a promoção individual de cada um isoladamente.

Se calhar, anda cada um a puxar a brasa à sua sardinha… e o fogo vai, lentamente, extinguindo-se.

Grande Abraço

Bonito Dias

RReinales disse...

Parabéns pela organização. É sempre agradável a vila em festa. Pena, tão só, uma saramago-influência nestes discursos. Preocupemo-nos com os lusos, que de ibéricos já tivemos qb e não correu muito bem. Iberismo ou Grande Hespanha são utupias que estimulam alguma elite de quando em vez, mas quando fomos grandes soubemos ser portugueses.

Luís Bugalhão disse...

boas a todos.

estive na capital do norte (como lampião, há palavras que não consigo escrever, e por isso uso eufemismos básicos) este fdsemana e não conversei nada nesta mesa de petiscos... o que vale é que o Nuno 'Amélia' Gomes meteu duas batatas, só para calar os críticos...

mas a conversa continuou, e vejo alguns... equívocos sobre a minha posição, que tentarei desfazer com o que abaixo segue:

- não defendo a união ibérica, transformando-a num só país, estanque, a representar o que os países representam actualmente na UE. defendo uma cada vez maior união de regiões com características comuns (geográficas, sociais, culturais, etc...) que potencie vantagens para essas regiões, independentemente de pertencerem a países distintos;
- por via dessa, chamemos-lhe assim, aproximação, a união ibérica pode acontecer, porque, com as vontades e a economia a funcionar para o mesmo lado nas regiões em causa, dá para não ligar muito ao que se passa nos centralismos: a malta do interior desenrasca-se sozinha, e só vai ao escritório do chefe para despacho. de resto sabem bem tratar da sua vida;
- o tal chefe (ou os chefes dos dois lados) começa a ver que a coisa assim até funciona e, eureka, começa a pensar fazer tb nesse sentido, para que continuem a votar nele (uma vez que já não precisam de chefes para nada, têm autonomia para fazer o que lhes está atribuído por inerência de cargo, e podem até arranjar listas independentes, ou outras coisas ainda mais perigosas, e isso é sempre de evitar, não é?);
- nada disto põe em causa a identidade dos dois países. a herança histórica não desaparece. como será uma união que não resulta de casamentos com convenção ante-nupcial, como não obrigará a irmos levar na tromba em 'Trafalgar' em nome duma esquadra invencível qualquer, a coisa funcionará melhor (volto a dizê-lo, para as regiões envolvidas. para o país, é preciso que ele seja arrastado pelos resultados da união). até hoje ainda não percebo se sofremos mais por deixar de ser espanhóis ou por termos passado a ser novamente portugueses em 1640... já quanto à história que culminou em Aljubarrota, considero um orgulho pertencer a um povo com esta história...;
- para terminar, por hoje, sublinho que não há, cá do meu lado, propostas de 'abolições' (olá bonito). o que há é vontade de tornar a vida menos difícil para quem está longe dos centros de decisão. e isto não fere os conceitos de nação e de país, pois não?

para goyi: é uma pena que em Marvão as esquerdas independentes ainda não consigam sequer assento, quanto mais propostas aprovadas por unanimidade. mesmo tendo em conta que não teve grande resultado essa unanimidade. mas isso é até agora... pode vir a ser diferente.

para bonito: deixe lá as zonas industriais dessas terras todas. pense antes em indústrias sustentáveis. é um conceito diferente e tb mete indústria. e riqueza. e impostos para alguém fazer obra e ser reeleito. só que não estraga regiões excepcionais (no bom sentido) como têm feito as zonas industriais, autênticos elefantes brancos por esse país fora (barracas maiores que os estádios de Leiria, Aveiro, Algave...). e há possibilidades imensas em Marvão para apostar em indústrias sustentáveis. não há é possibilidades de enriquecer no hiato temporal de dois mandatos autárquicos, como em Ansião, Pedrógão Grande, Proença-a-Nova, e outros, que os há pelo nosso país fora. tudo muito desenvolvido, e assim...

VIVA MARVÃO!

ARRIBA VALENCIA!

VIVA PORTUGAL!

VIVA ESPANHA!

(agora em 'bife') GOT IT!?

bugas junior

ps. era o que faltava era eu, um marvanense já domesticado, ser pai de alguma ideia aí. amo a minha terra, onde a minha mãe me foi parir de propósito, mas nunca 'fui daí'. até aos 15 anos passava 1/4 dos anos no Pego Ferreiro e na Abegoa/Vale de Alcaide, mas a partir daí voltei-me para o cosmopolitismo e fui para a Marinha. assim, sou donde estou. mas não sou cego. e penso. logo, enfego. e mais, talvez seja essa distanciação que me permite deixar umas propostas estapafúrdias (para citar o gato mais alto) ao escol da minha terra. não sou o pai? ainda bem. mas, vamos que sou um primo afastado. posso reclamar um pouco da herança?

Goyi disse...

En primer lugar, felicidades por la fiesta tan bonita que tuvisteis este fin de semana, en realidad, a Marvao no le hace falta estar de fiesta para dejar siempre de boca abierta a todo el que tiene la fortuna de conocerla.
Luis, no te conozco pero debes ser por lo que expresas un chico joven, ya que se ve claramente por tus comentarios que te corre con fuerza la sangre por las venas, la mía corre, pero con menos fuerza, la verdad.
A mi y a estas alturas de mi vida, ya no me mueve realmente ningún ánimo patriota y, te digo una cosa, al fin y al cabo, que mas da ser español que portugues?.
Cuando fueron los mundiales de Fútbol (creo) en Portugal, empezaron a fluir como manantiales los sentimientos de patria en todos los portugueses, que algunos ni siquiera se habían planteado, y veías por todo Portugal miles de banderas que volaban orgullosas al viento de cualquier balcón o ventana, un sentimiento que unió por poco tiempo al noble y al villano, al rico y al pobre, a la izquierda y a la derecha...... todo se inundó, hasta mi casa y mi coche del símbolo portugues, tengo que reconocerlo. Después volvió el pobre a su pobreza, volvió el rico a sus riquezas y el señor cura a sus misas, como siempre.
Ese sentimiento de orgullo portugués de vez en cuando fluye con fuerza en vuestros corazones y lo conozco de cerca pues lo tienen mis hijos enraizados muy dentro y a pesar de haber vivido muy poco tiempo en vuestro país, se sienten portugueses y veo que hasta alguna lagrimita les asoma cuando, por algún evento, cantan orgullosos con la mano en el pecho el " Herois do mar"..... tienen el mismo amor o mayor, que cuando oyen el himno español.
El Sábado lo comentaba con Garraio: yo me siento más portuguesa que catalana, pero tampoco me importa, lo único que pretendo es que aprovechemos esta cercanía que tenemos y sepamos caminar de la mano de una vez y para siempre.....
-- Que te gusta ser portuguès y te sientes orgulloso de serlo: pues bravo por ti!!!.... yo seguiré cogiendo y dejando de lado lo que más o menos me interese de cada país y estoy contigo: apuesto por una euroregión que nos ayude a salir del obstracismo y del desamparo, que borre las fronteras y las secuelas que tanto daño nos hicieron a nuestros pueblos, durante nuestras respectivas dictaduras.
Um abraço.

Clarimundo Lança disse...

Boas:
Eu com a minha caçarolazinha, ainda gosto (e continuarei a gostar) muito de PORTUGAL.
Agora quando vejo dizer que daquele lado é que bom isto, é bom aquilo......pois lembro também que há coisas muitas ruinzinhas, lembram-se de uma ETA....etc, chega?
Quanto a côr falastes Bonito em Elvas.

Sejamos o que somos mas com orgulho. PORTUGUESES
Clarimundo Lança

Goyi disse...

Lo que te decia hace un ratito: que tengo yo que ver con los vascos?????. En Valencia de Alcántara hay las mismas posibilidades de haber un atentado de ETA que en Marvao..... que te parece?

Enhorabuena por ser Português y de acuerdo contigo, hay cosas buenas y cosas malas de los dos lados de la frontera, lo que no me gusta nada pero nada es el aire de ....... ni superioridad ni inferioridad..... eso no, ni tu serás nunca mejor que yo por ser portugues ni yo seré nunca mejor que tu por ser española.

abrazos.

RReinales disse...

Cara Goyi,
É sempre agradável, mesmo que seja na blogoesfera, ser chamado de "chico". Infelizmente já não é assim, mas ainda me corre algum sangue na guelra ou sangre por las venas (que por sinal é um pouco espanhol). Calma, não vou cortar las venas por isso :)
Penso que, sem pretensiosismo,nestas trocas de ideias pode haver alguns equívocos entre patriotismo, nacionalismo, estado e nação. São coisas distintas e quando aludo à pátria e à nossa identidade é fora de qualquer contexto nacionalista. Em certos momentos, há na vida dos estados (por vezes não nações) atitudes mais entusiasmadas como o exemplo que dás do futebol. Porém, essas funestas euforias pouco têm a ver com identidades ou pátrias. Quanto à Europa, deixo-te para reflexão, uma frase do nosso Fernando Pessoa "O futuro de Portugal - que não calculo, mas sei - (...) Esse futuro é sermos tudo. Quem, que seja português, pode viver a estreiteza de uma só personalidade, de uma só nação, de uma só fé (...) Conquistámos o mar. Resta que conquistemos o Céu, ficando a terra para os Outros, os eternamente Outros, os Outros de nascença, os europeus que não são europeus porque não são portugueses". Viva Portugal e vivam os Espanhóis.

Luís Bugalhão disse...

olá goyi. obrigado por me teres tratado por rapaz (embora chico seja mais 'puto', como o vosso 'chabal' ou 'chaval'). é um elogio, mas não é totalmente verdade. cá vai: tenho 42 anos.
e digo isto a pensar que o Luís do teu comentário era para mim, e para o meu texto, e não para o outro Luís. se estiver errado, desculpa-me.

de qualquer modo, amo o meu país, mas amo acima de tudo o meu planeta. na minha concepção de mundo as nações e os países já não fazem falta nenhuma. o que faz falta é uma descentralização responsável e responsabilizável, que implique um mundo melhor. claro que passar isto à prática é mais complicado que escrevê-lo, mas nem por isso é menos urgente, na minha opinião, começar a trabalhar nesse sentido.
por exemplo, que andam as nossas forças armadas a fazer (as portuguesas)? andam inseridas em forças multinacionais, com um pequeno papel que, ainda que importante, serve apenas para que ajudemos num esforço conjunto para, pelo menos teoricamente, tornarmos o ocidente mais seguro. e ninguém se preocupa com o facto de estarmos ao lado dos turcos, por exemplo. então porque havemos de achar que perder a sagrada fronteira nos vai tornar menos independentes? nós já não somos independentes. só fazemos sentido como país, na medida em que nos inserirmos nas comunidades locais, na medida em que nos empenhemos em qualquer esforço multinacional e multicultural. é óbvio que terás pouco que ver com os catalães, tal como os marvanenses terão muito pouco que ver com os nossos minhotos, por exemplo. mas todos andámos, os minhotos, os alentejanos, os saloios, os algarvios os madeirenses, os açorianos,..., de bandeira verde-rubra às costas durante o euro 2004 e durante o mundial de 2006. mas, pergunto-te eu agora, achas que isso é sinónimo de nacionalismo? não, porque se fosse, não deixariam as bandeiras nas janelas e varandas até estarem todas rasgadas em farrapos. ou seja, o símbolo nacional foi despromovido para peça de decoração (e eu não o fiz. talvez por ser militar), pelo que quanto a nacionalismos de bandeira desfraldada, hinos cantados com emoção, para ver a bola, estaremos conversados. esse não é o meu nacionalismo.
o meu nacionalismo é do Mestre de Avis, que vos bateu o pé (aos castelhanos) em Aljubarrota; é o do Camões (mas não é o do D. Sebastião); é o do Gil Vicente; o do Padre Bartolomeu de Gusmão, pai da passarola que voava mesmo, e que acabou como um proscrito na altura; é o do Eça de Queirós; é o de Fernando Pessoa... mas também é o do Cervantes, do Camilo José Cela; e do Cristovão Colombo e do Fernão Magalhães (mas não é o da Armada Invencível); e já agora, também é o do José Saramago, o nosso 2º Nobel, que foi ofendido barbaramente por um estúpido que estava num dos governos que mais nos maltratou (aos portugueses). claro que o meu nacionalismo não se compadece com governantes nacionalistas destes, como aquele animal diz que é, com ligações à nossa triste família de monárquicos e tudo.
quanto à superioridade não sinto nenhuma por ser português. mas há muitos entre nós que acham que são os espanhóis (todos) que pensam que o seu complexo de superioridade é o maior do mundo; há portugueses que pensam que os espanhóis são tão egocêntricos e tão maus, que nem as mães deles os conseguem aguentar 9 meses no ventre, e é por isso que há tantos prematuros em Espanha. e podia continuar a contar piadas de mau gosto durante muito tempo. só que eu não acho que isto deva passar do que é: apenas anedotas, não são para levar a sério.

claro que em Espanha não é só rosas. nem em França, nem em Inglaterra, nem muito menos nos EU. nem em lado nenhum! por isso, o melhor é mesmo FAZER AS COISAS COLECTIVAMENTE. podemos deixar os nacionalismos para o futebol, que assim como assim, sempre passa a ter alguma utilidade: a de válvula de escape para sentimentos bacocos e comportamentos típicos de nacionalismos à Salazar e à Franco.

ah... tenho duas filhas, de 12 e 9 anos, e gostaria de lhes deixar um mundo melhor que aquele que encontrei quando comecei a pensar pela minha cabeça. vou ensiná-las que é melhor partilhar que construir muros, se é que me entendes.

havemos de nos conhecer um dia. obrigado por debateres esta coisa de espanhóis e portugueses comigo.

recibe un abrazo, portugués, de Lisboa pero, cómo se estuviera en Marvão.

Luís Bugalhão (luisbugalhao@gmail.com)

ps. ontem houve uma ameaça de bomba, em nome da ETA em Faro. mas afinal a ETA não era só um 'defeito' dos espanhóis, caro clarimundo lança? por ora foi só para assustar, mas nunca se sabe, não é? ou será que o Algarve já fica na 'mauritânia'? ou será que é na Andaluzia? ou será que as bombas dos terroristas escolhem a nacinalidade do local em que rebentam? e lembras-te das FP 25 de Abril?

1 abraço

Clarimundo Lança disse...

Boas
Lembro sim das F.P.'s, mas isso era brincadeira de OTELOS.
Como brincadeira foi a de Faro, que não da Mauritânia mas sim do ALL garve. Mas uma vez mais, infelizmente não foi a brincar, aconteceu mais uma no país vizinho.
Mas não quero com isto dizer, que em Portugal não fizesse falta uma bombita ou outra, para limpar (abanar) certos poderes instalados.
Mas sêmos pacifistas.
Tempos idos houve reunião celebre entre Franco e Salazar, para formar a tão propalada Ibéria, a que o nosso então estadista, disse ao General Franco, que estava demasiado velho para tomar conta dos dois países. Frase celebre ORGULHOSAMENTE SOS
Clarimundo Lança

Goyi disse...

Hola a todos y bienvenido el jefe al que habíamos tenido muy ocupado estos días de fiesta y resaca, una vez más enhorabuena y así se trabaja para que todo quede bonito.
Llego hace un ratito de Madrid y me ocurrió una cosa graciosa que me hizo recordar otras que también había vivido cuando estuve en Lisboa. En una calle céntrica de Madrid, un barrio en el que el metro cuadrado puede valer lo que nunca ganaremos en nuestra vida, paro a una señora de unos setenta años con más operaciones estéticas en la cara que Cher y le pregunto: perdone, sabe donde está la clinica del Rosario? y me dice: ay que alegria me da encontrar una persona de Sevilla, porque eres de sevilla no???, no me dio tiempo a contestar y la señora con su perrito mariconero en el brazo sigue diciendo: Por ser de Sevilla ahora mismo te acompaño hasta la clínica, pues yo adoro tu tierra y me encantaría vivir allí, sois maravillosos y bla, bla, bla.... yo no le dije que no, que en realidad soy extremeña y que conozco Sevilla de pasada.... Para que si ella tenía tanta ilusión?. Cuando vivía en Lisboa los enfermos del Hospital donde trabajaba siempre me preguntaban si yo era brasileña, pues ellos notaban algo raro en mi acento y no sabían de dónde venía, a veces les decía que si, que había nacido en Rio de Janeiro..... que más me da?... eso nunca me ocurrió en Portalegre, ni en Castelo de Vide, ni en Elvas, donde todos me conocían por la española. En realidad soy del mundo.
En el viaje y después de oir por la radio el último atentado de ETA me puse a pensar lo que habría sido de nosotros en la raia si alguna vez en nuestra historia alguien hubiera dicho que si, y en lugar de dos paises hubieramos sido sólo uno...... no se, no se..... tendríamos una ETA en Portugal luchando por su independencia????? algunos de vuestros comentarios me hacen pensar que es probable que eso hubiera ocurrido, aunque por otro lado me gusta pensar que nos habríamos ido acostumbrando y tendríais vuestra propia Comunidad autónoma pero dentro de un mismo pais..... tal y como estan las cosas no es fácil imaginarlo.
Si, me referia a Luis Bugalhao cuando hablaba de juventud, conozco a tu tio y creí que eras mas joven, me alegra mucho ver como a pesar de que estas lejos de tu tierra y tu gente sigues preocupandote de todo lo que por aqui se pasa, eso te dignifica pues es mucho más fácil cuando te marchas dejar todo atrás y no volver ni para coger impulso, nosotros los de este lado de la raia agradecemos mucho que los nuestros no olviden que estamos en desventaja al resto y que llevamos mucho tiempo siendo la cola y la Cenicientas de nuestro respectivos paises ..... transmite eso a tus hijas para que sean solidarias, es la mejor herencia que les podemos dejar.

Um abraço... AH, Estamos preparando una obritas de teatro, pues soy actriz y cantante en mis horas libres ( no se como), cuando las tengamos preparadas hablaremos Pedro por si quieres que demos ahi um pulinho. Nao é precisso dinheiro só um copinho de bom vinho e um petisco dos vossos que sao os melhores do mundo.

RReinales disse...

Já agora, o quase, quase, mais do que nos Filipes, esteve aqui:
"D. João II constrói os alicerces de um estado moderno. Na ordem externa lança as bases de uma empresa colonial cujos frutos virão a ser colhidos nos reinados seguintes. Porém, o sonho da união dos reinos peninsulares sob uma mesma coroa, acalentado por seu pai, não o abandona completamente. Sabe que, com propósitos semelhantes de hegemonia peninsular, aos reis de Castela e de Aragão agrada a ideia de casar a sua herdeira, a infanta Isabel, com o infante D. Afonso de Portugal. D. João II desenvolve uma estratégia conducente à realização desse casamento, que virá a verificar-se, por entre festejos de grande fausto, em Novembro de 1490.
Pouco tempo irá, no entanto, durar o sonho. Em Julho de 1491 o príncipe D. Afonso morre numa queda de cavalo, à beira-rio, perto do paço de Almeirim. Todo o projecto se desfaz."

Luís Bugalhão disse...

luis, é caso para dizer, quando um gajo tem azar, até os cães lhe mijam para cima. estava tudo tão bem encaminhado e, vai-se a ver, fina-se o Infante.

mais tarde, e quando a coisa já estava a (des)andar com os filipes, põem-se a mandar pessoas das janelas e a enterrar energias numa guerra para quê? para porem cá os da casa de bragança...

um azar nunca vem só, não é?

do mal o menos, assim não tivémos a guerra de espanha.

o quê? ah pois... essa coisa da guerra colonial... 13 anos não foi?

enfim, que se lixe a hespanha. não podíamos falar em criar a província autónoma estremenho-alentejana? se calhar assim não causávamos tantos pruridos ao pessoal do orgulhosamente sós.

inté

Luís Bugalhão disse...

luis, é caso para dizer, quando um gajo tem azar, até os cães lhe mijam para cima. estava tudo tão bem encaminhado e, vai-se a ver, fina-se o Infante.

mais tarde, e quando a coisa já estava a (des)andar com os filipes, põem-se a mandar pessoas das janelas e a enterrar energias numa guerra para quê? para porem cá os da casa de bragança...

um azar nunca vem só, não é?

do mal o menos, assim não tivémos a guerra de espanha.

o quê? ah pois... essa coisa da guerra colonial... 13 anos não foi?

enfim, que se lixe a hespanha. não podíamos falar em criar a província autónoma estremenho-alentejana? se calhar assim não causávamos tantos pruridos ao pessoal do orgulhosamente sós.

inté

RReinales disse...

Luís, nem orgolhosamente sós, porque foi no cosmopolitismo que tivemos o nosso apogeu, nem discretamente absorvidos, como algumas elites desejam.
O complicado é que o problema está em nós. Ler as causas de decadência dos povos peninsulares do Antero é assustador pela actualidade. Recomenda-se. Culturalmente mudámos muito pouco. Não fora assim e tais discussões nem se colocavam. Que sirvam pelo estímulo a alguma reflexão. Bom, bom, foi ter encontrado numa feira de velharias do decadente golfe um quase desfeito António Sérgio, que entre o transporte e a fixação, nos faz perceber como ainda não resolvemos esse dilema. Enfim!


p.s. quanto ao infante, se o gajo se espetou ... por alguma coisa foi! azar mais dele do que nosso.

Goyi disse...

Muito bem, já vejo que estao para um 20 em historia de Portugal, mas eu queria acrescentar uma pequena coisa que te faltou:

Depois uns anos de ter morrido D. Alfonso na queda do cabalo, a sua viuva volta novamente casar com o sobrinho de D. Alfonso: O rey D. Manuel "o afortunado", e sabem voces onde foi festejado dito casamento???: Em Valencia de Alcántara. Mas outra vez o azar chama as nossas portas, e Dona Isabel morre no parto de primer filho, filho este que tería unido os nossos paises, mais tambem morre aos tres anos de idade em Granada, morrendo assim e para sempre a nossa utópica e accidentada uniao.

Desde há tres anos no mes de Agosto festejamos em Valencia a conmemoraçao deste casamento. Sabem quem é a rainha Isabel a Católica???: sou eu. Espero este ano próximo que alguèm me sustitua, eu quero facer algum outro papel, espero também que neste proximo ano podamos contar con todos os portugueses da raia que queram participar e partilhar connosco estes dias de festa......
Mais adiante afalamos mas, para já, ficam convidados todos.

Um abraço.