quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O meio





Faz hoje precisamente dois anos, vivi uma das noites mais inesquecíveis da minha vida.

Faz hoje dois anos, ganhámos a Câmara Municipal de Marvão.

Hoje, ninguém se lembra. Ninguém parece lembrar-se. Eu sim.

Os meses que antecederam o dia 9 de Outubro de 2005 foram muito intensos, vividos numa dura e esforçada campanha política. Percorremos praticamente todo o concelho, acompanhados pelos nossos camaradas. Fizemos uma campanha limpa e de abertura. Ouvimos mais do que falámos. Evitámos as promessas e os facilitismos. Preferimos sempre a palavra ao choque.

Nessas semanas em que tive oportunidade de conhecer o concelho como antes nunca o tinha visto, vivi feliz por estar próximo das pessoas, por ver que tanta gente me reconhecia das Finanças (onde os tinha ajudado numa ou outra situação), por saber que sabiam quem eu era. O Sobreiro da Beirã. O filho do João. O filho da Alzira. O das senhoras da mercearia. O neto do Bota-Fogo. O genro do João Manuel Lança. O que está casado com a filha da Maria Jacinta. O das Finanças. O Pedro.

Cada casa era um posto, cada rua um desafio, cada localidade uma meta que era importante assegurar.

Conheci as pessoas quase todas. Comemos e bebemos com elas. Compreendemos e incentivámos.

Lembro-me que por ironia do destino, dois acontecimentos decisivos da minha vida coincidiram no mesmo fim-de-semana: o exame final das Finanças em Lisboa para subir de nível, no dia 8, sábado; e as eleições de dia 9, no domingo.

O estudo para o concurso final ficou inevitavelmente para trás, preterido pela vontade e pelo querer da mudança. O tempo para estudar era pouco ou nenhum, o cansaço e as saudades da família e de casa, do sossego do lar eram muitas. Animado pelas duas notas anteriores que me amparavam de alguma forma, confiei.

À medida que as eleições se aproximavam, sentimos que a nossa cotação subia. Passámos de chacota do poder instituído para séria ameaça a considerar. As apostas subiam. David parecia que ia outra vez derrubar Golias à primeira pedrada certeira.

Lembro-me de olhar para o calendário e pensar: as duas no mesmo fim-de-semana. Às tantas, nem uma nem outra. Quis Deus que fossem as duas. O exame com um 15. A Câmara com uma vitória retumbante por largas centenas de votos.

Desse domingo, recordo-me que acordei a meio da manhã, cansado da viagem de ida e volta à capital e do stress do exame. Andei tranquilo mas senti que o dia crescia e havia qualquer coisa no ar. Nos cafés e nas ruas, parecia que algo estava para acontecer. Lembro-me da cerveja no Carroça com o Bonito e dele sentir o mesmo.

Estava na Beirã quando começaram a abrir as urnas e por ali e pelas notícias que me chegavam pelo telemóvel, a mudança parecia certa. Quando soubemos que tínhamos a freguesia local, Marvão e o Salvador, segui para Santo António, onde o número de eleitores obriga a duas mesas e a uma contagem mais demorada. Pensei só dali sair quando fosse preto no branco.

Lembro-me de afixarem os papéis, lembro-me do silêncio de alguns e do sorriso aliviado de outros.

Embora mantivesse a calma e fosse o mais discreto possível, senti que não cabia mais em mim, que o meu corpo era limitado para conter tanta emoção.

Partimos para a Portagem onde quase todos nos esperavam na Casa Milhomens. Lembro-me de sair do carro quase em andamento, e lembro-me de tanta gente, quase uma pequena multidão a correr para mim, como se um mar de afectos estivesse pronto para me engolir. A minha Cris e a minha Leonor. As tias, sogros, cunhados, madrinha, primos, restante família, companheiros, amigos e camaradas num abraço do tamanho do mundo, maior do que o mundo pode conter.

Foi lindo de mais para ser verdade.

O trabalho começou logo nessa noite, organizando a caravana. Os carros eram mais que muitos, a rua entupiu, não tínhamos nada programado e queríamos ir a todo o lado. Agradecer. Agradecer. Fiz de sinaleiro e semáforo para que tudo rodasse como era suposto ser.

Lembro-me que na recta da Beirã, ainda havia carros na curva e já os primeiros regressavam, numa fila infinita que já tinha passado por todas as ruas. Quilómetros de carros, numa coisa que acho nunca antes vista.


Lembro-me de tantas bandeiras, tantos lenços, tantos braços abertos à janela e do discurso final às escuras, já noite longa, em Marvão.

Nessa noite ao contrário do que seria suposto, dormi mal. Acho que o fardo da responsabilidade já estava sobre mim.

Será que seríamos capazes de estar à altura de uma empreitada destas?

Digo muitas vezes em conversa que há miúdos que sonham em ir para o Benfica. O meu sempre foi chegar à Câmara. Não o nego. Para mim, seria a honra mais distinta que me podia chegar. Vice-Presidente aos 32 anos. Nem nos melhores prognósticos.

Foi um dia de muita, muita emoção.

O que se seguiu depois e até agora foi um processo que é público e notório, feito de muita ilusão e alguma desilusão, feito de grandes vitórias e algumas derrotas, marcado por um caminho que se faz andando.

Tenho como lema de vida o tentar tirar o melhor possível mesmo das coisas menos boas. A vida é uma aprendizagem contínua que não vem nos livros. Só se aprende quando a sentimos na pele. Que assim seja!

Hoje, passados dois anos, sinto que sou uma pessoa menos positiva, mais realista, menos sonhadora, mais madura e mais desencantada com as pessoas em geral. Estou mais homem, mais experiente, mais calmo e concentrado, com outro golpe de asa.

Perdi a visão naif de que no fundo, todas as pessoas são boas e acho que caí na real. Bem vistas as coisas, estou mais protegido aos golpes de rins.

Hoje sei distinguir o trigo do joio e sei o que quero de mim e do meu futuro.

Estamos precisamente a meio do mandato. A partir de agora, a contagem já é decrescente e impõe-se um balanço e uma análise ao trabalho realizado e ao que está por concretizar.

Enquanto escolhia as fotos para ilustrar este post, revi os rostos e as faces de tantos amigos que nos empurraram para cima e nos deram tanto de si e hoje estão irremediavelmente para trás. Foram ficando pelo caminho sem que lhe pudesse deitar a mão. Hoje estão longe para não saber até quando.

Há momentos em que a nossa consciência é o único bem que nos resta e é por isso que é tão importante mantê-la intacta.

Das imagens, fica já alguma saudade do frenesim que me corria nas veias.

Quanta emoção!

É pena que a vida não seja como nos filmes onde tudo se resolve e compõe.

Faltam dois anos de duro trabalho. Que nunca nos falte a força e a protecção. A bem de Marvão e de todos nós.

35 comentários:

João, disse...

O MEIO…

Quando li o título desta tua crónica, cheguei a pensar que estarias a opinar sobre “o jogo do meio”… Que, para quem não está muito ligado ás lides “futebolísticas”, é um “brincadeira” que fazemos no início dos treinos, após vestimenta das “fatiotas” apropriadas, para realizar o aquecimento “musculo-articular” e começar a preparar o “organismo”, para o fundamental do treino, que se seguirá.

Para além da finalidade supracitada, a base da coisa, tem uma metodologia de carácter lúdico (embora “quase” todas as componentes do “jogo” estejam presentes), nomeadamente, as duas componentes técnico-tácticas do “futebol”: A DEFESA (quando não se tem o objecto do jogo, a bola); E O ATAQUE (quando se tem a bola).

O “MEIO”…
Define-se, para quem observar de fora, pela formação, em círculo, de um grupo de participantes, “os amigos”, que vão trocando a bola entre si, umas vezes ao 1º toque, ás vezes a dois toques; e um grupinho mais pequenino, ás vezes apenas 1 elemento (os palhacinhos), que procuram desesperadamente “roubar a bola” ao maior grupo. Sempre que um dos “palhacinhos”, tem oportunidade de tocar no “objecto” (por mérito ou falha alheia), toma o lugar dum dos “amigos”, que se torna “palhacinho” (sempre com ar de chateado), e assim, sucessivamente. É uma parte gira do “treino”, porque não se perde nada, até as falhas (os erros), são perdoados e habitualmente ninguém é responsabilizado por nada e tudo se desculpa.
Não me lembro de nenhum jogador ir para o “banco”, ou de uma “chicotada psicológica” de treinador, por não estar à “altura” no “jogo” do MEIO.

No entanto, esta “fase do treino”, encontra-se amputada do objectivo principal do jogo: A Concretização…OS GOLOS. Na linguagem dos novos críticos: OS RESULTADOS.

A 2ª fase, é mais séria, pois trata-se da FASE PRINCIPAL DO TREINO.

Aí entram todas as “componentes do jogo”, tais como: A física, a técnica, a psicológica e as já supra citadas técnico-tácticas (não sei se me esqueço de alguma, tenho andado afastado à algum tempo).

Convém sempre antes de iniciar esta fase, porque “neste jogo”, ao contrário de outros, os resultados nem sempre são visíveis aos olhos de todos, como parece ao “treinador”, que pensa que a sua “equipa” é sempre a melhor do mundo e os seus métodos o último grito da moda; que vale a pena fazer uma pausa e fazer uma pequena avaliação da “coisa”, aquilo a que os entendidos designam por “DIAGNÓSTICO DE SITUAÇÃO”, e o “treinador”, sobretudo, o “principal”, mas também o “outro”, reflectirem sobre duas a três questões, para se não maçarem muito:

- Liderança: “…os “meus” jogadores, todos contam, só com eles poderei vencer. Explico-lhes os meus planos tácticos/estratégicos, ouço-os e decidimos em conjunto e partir daí executamos? Ou eles são os meros “palhacinhos” do jogo do MEIO, estão aqui para fazer o que eu decido, com os meus amigos e no final da “época” ala que se faz tarde?”

- Planeamento e gestão de recursos: “…o que estamos a fazer foi o planeado, embora algumas “jogadas” tenham sido sugeridas pelos “palhacinhos”, que se fartaram de correr atrás da “bola”, para a “recuperar” e hoje tal como ontem, desempenham uma parte essencial das tarefas de recuperação da dita? Ou não preciso deles para nada, porque tenho 11 “cristianos ronaldos” profissionalizados e tenho já planos para os integrar na equipa?”

- Aproveitamento de oportunidades: “…sabemos o que queremos para a “época”, sabemos dos seus pontes fortes e os seus pontos fracos, e já temos em carteira “projectos” para aquisição de “reforços” se o “financiador” se chegar à frente, nomeadamente, “pontas-de-lança”, que estes andam a aproveitar mal as “bolas paradas”? Ou estamos a viver do que “outros pensaram”, no final da “época” fechamos a loja e quem vier a trás que feche a porta?”

- Gestão de activos: “…estamos a valorizar o nosso “plantel” com “malta jovem e boa”, com futuro de progressão e que podemos aproveitar nos momentos difíceis, aconselhamo-nos com “peritos” ou “empresários sérios”? Ou estamos rodeados de “pés-de-chumbo”, apenas porque são nossos amigos ou “clientes”?”

A fase principal, começa agora. INSHALAH…

Se assim for…veremos a reacção dos adeptos no final da “época”.
Esperemos é que não seja com “lenços brancos”, que tão na moda estão…

O “cronista da bola”:

João Bugalhão
(um dos “carregadores de piano” ou “palhacinho”)

Garraio disse...

Rapaz,

A vida é como uma grande escadaria, com alguns patamares por meio, onde a malta se pára a descansar.

A diferença entre nós é que todos atingimos um determinado nível (uns mais que outros) e daí não passamos.

Tu tem calma, que esses trinta e poucos anitos (ai que inveja!!!) ainda tem muito degrau para subir.

E as pessoas essas umas são boas e outras nem por isso, sempre tendo em conta que as primeiras são como o lince ibérico.



Bom ia fazer um comentário, mas desisto, por que o amigo João Bugalhão gastou as aspas todas do blog e assim sendo vou esperar que chegue o próximo camião (de aspas, claro).

Saludos cordiales.

Goyi disse...

El Presidente de la Junta de Extremadura se llama Guillermo Fernandez Vara, por si no lo conoceis pues lleva poco tiempo en el cargo, tiene un blog en el que toas las semanas expone un tema de interés para la región y nosotros opinamos, yo, a veces, le meto bastante caña pues creo que nuestra zona está bastante en desventaja con el resto de Extremadura. Bueno, lo que quería deciros es que esta semana ha preguntado por Europa y casi todo el mundo coincide en lo mismo: fomentar estrategias conjuntas con Portugal , me consta que Guillermo es bastante receptivo y va a apoyar todo lo que sea colaborar con vosotros, este tema ya lo he hablado con él. Ahora está en Bruxelas pero cuando vuelva ya nos contestará, si quereis podeis escribir y dar vustra opinión, es buena gente.
El blog es: www.elcuadernodeguillermo.blogspot.com

Unknown disse...

“ A Meio de Quê? “

Hesitei entre comentar o teu post, mas pelo respeito que me mereces e pela amizade que nos une, acho que devo fazê-lo.
Não votava há vários anos, há 2 anos atrás votei na tua lista (quero deixar claro que sou apartidário), moveu-me a secreta esperança que algo mudasse…
Reconheço e agradeço o dinamismo com que tens desenvolvido a marca “MARVÃO” e a tua luta diária pela Cultura e Educação no concelho, isto não é novidade para quem partilha o teu Blog.
Agora que separei o trigo do joio, vamos a coisas pertinentes (perdoa a imodéstia).
O que gostaria de saber são coisas práticas do quotidiano dos Marvanenses e que influenciam o seu modo de vida.

• Vive-se melhor em Marvão? (entendo por Marvão todas as aldeias e lugarejos do concelho)

• È mais fácil educar um filho em Marvão do que era há 10 anos atrás?

• Temos melhor saúde em Marvão?

• Temos melhor apoio social? E não falo das IPSS do concelho.

• Quais as infra-estruturas que alteraram a vida dos Marvanenses?

• Para quanto uma Biblioteca multimédia no concelho?

• Quais as reais oportunidades de criação de empresas no concelho?

• Quais os projectos em curso?

• Para quando um pavilhão multiusos à semelhança daqueles que vemos á nossa volta?

Pois é… fico por aqui, a minha grande esperança é que não estejam a guardar verbas e projectos para asfaltar as estradas em vésperas de eleições.

Mas o mais importante é sabermos qual a estratégia para o futuro e isso ainda não sabemos…

Um Abraço

rosa disse...

NÃO NÃO , NÃO VIVEMOS MELHOR
MAS BATEMOS PALMAS DANÇAMOS
COMEMOS BEBEMOS, AI E O RESTO
DEPOIS DE COMIDOS BEBIDOS E DE REVISTAS
QUERO LA SABER DO PROGRESSO

Unknown disse...

o Fado é que induca e o vinho é que instroi.

João, disse...

Boa noite meus caros amigos.
Tenho seguido com atenção, as vossas opiniões no “post” anterior, mas como a coisa lá, já vai longa e penso que a malta que nos lê, tem a mania de apenas ir ao último, não consultando o que está para trás, decidi por iniciativa própria, trazer para “aqui” o tema que parece dar que falar, “as ralações” transfronteiriças.

Fiquei um pouco surpreendido com o último comentário do”meu ministro da guerra”, bem-estar…qualidade de vida… (eu diria “felicidade”…que é o que todos procuramos), porque quase se transforma num “ministro do consenso”, embora saiba que és um guerreiro, gostei. O problema, meu caro, é que em Portugal, no que toca a “pressupostos” ou “postulados”, todos somos uns “campeões”. O pior é “prática”, e aí, salvo raras excepções, parece que “bota nunca bate com a perdigota”. Infelizmente, o português não é muito dado ao culto da “memória, aliás, o meu amigo José Gil, até acha que isso é um dos nossos maiores problemas, enquanto povo.

Outro dos nossos grandes problemas (digo eu), é o de viajarmos pouco, não tentarmos aprender com outros e pensarmos que somos grandes inventores (o outro até diz que acha, que o inventor de Portugal, foi “um português…).
Penso que esta situação, ainda se torna mais pertinente (estou muito intelectual), num concelho como Marvão, isolado por serras (parte do concelho, por duas), e onde a informação e algum progresso básico (como questiona o Jorge), continua a chegar com alguma dificuldade (isto para a maioria dos seus habitantes). O “marvanense” tem uma forma “muito própria de ser”, mesmo no contexto nortealentejano.

Vem isto a propósito, das nossas relações com a Estremadura Espanhola, e do contributo da Goyi, ao sugerir uma viagem ao “mundo da blogosfera” do lado de lá…
Foi assim, que fui “aterrar” num “pequeno aeroporto” (vá, agora não se esqueçam de começar a reivindicar que também queremos um em Marvão, para começarem a viajar mais), denominado “extremaduraportugal” (eu sugeria “alentejoextremadura”), porque Portugal, não é para aqui chamado, e tomei a liberdade de “importar” um pequeno “post” que lá encontrei e que talvez, não fosse má ideia que reflectíssemos sobre ele, ao verificarmos como os “outros” nos vêem. Então aqui vai:

Hace algunos años cuando nos incorporamos a la Union Europea, desaparecieron las fronteras, bueno fueron retirandose los controles en ellas, ya no precisabas pasaporte, luego solo el carnet de identidad, posteriormente nada.
Sinembargo, aparecieron otro tipo de barreras no tan faciles de eliminar, me refiero a las economicas por una parte y a las de comunicación por otro.
Estamos al lado los unos de los otros fisicamente pero en Extremadura el IVA es el 16 % y al lado en Idanha a Nova, Castelo Branco, Portalegre, es decir en todo Portugal es el 21%, es decir en un Pais con un salario minimo interprofesional de unos 400 Euros todos los productos son como minimo un 5% más caros.
Ya no merece la pena ni siquiera comprar las celebres toallas, el flujo se invierte ahora vienen a comprar a Extremadura, incluso los elementos de primera necesidad.
Las infraestructuras han crecido a ambos lados, mejores carreteras, pero no hay buena comunicación entre Administraciones? ejemplo: La Junta de Extremadura dice que esta haciendo una autovia desde Navalmoral de la Mata a Termas de Monfortinho que estara terminada en el 2010 mas o menos el Gobierno Portugues ( Secretario de Estado de Infraestructuras) dice que no tiene conocimiento de nada, ¿ Quien Miente? ellos deberian enlazar la Española con su A-23 y Madrid Lisboa con un ahorro superior a 70 Km y todo, bueno casi todo por autovia sin peaje. ( bueno de esto del peaje hablare otro dia )

E que tal…comentem

Um abraço,

João Bugalhão: “o pêro vaz da estrada”

Luís Bugalhão disse...

queres que comente bugalhão, cronista do reino, comentarei.

que é felicidade que todos andamos à procura já eu sei. agora, há muitas maneiras de ser feliz, e muitas maneiras de dizer felicidade:

- para um menino do Darfur, felicidade pode chamar-se água ou alimento;

- para um menino marvanense chama-se Marvão. mas só até ao 2º ciclo, pois a partir daí tem que chamar felicidade a outra escola;

- para os socretinos pode chamar-se 'diploma de engenheiro';

- para o melancia chamou-se golfe; para o bonito chama-se um 31, que é sinónimo, neste caso, de alguma infelicidade;

- para um benfiquista pode chamar-se, 'despedimos o N. Gomes';

- para o arenense poderá chamar-se 'os nossos escolinhas'.

todo este intróito para dizer o que o, tb meu amigo, José Gil diz, qd afirma que um dos nossos problemas é detectar os defeitos, mas não fazer propostas para os resolver.

claro que agora a culpa é do pinto de sousa; mas já foi do cavaco, ou já te esqueceste das auto-estradas inauguradasà pressa para mostrar antes das eleições, sem porcas para fixar os rails pq só houve tempo para pôr os parafusos?

e que dizer, por exemplo, da vergonhosa votação do nosso brilhante joão 'opus ga... ai é dei' bosco mota amaral no Conselho da Europa, contra a proibição do ensino do criacionismo nas escolas da Europa?
(vai ver em http://dererummundi.blogspot.com/
2007/10/
europa-condena-ensino
-do-criacionismo.html, um blog mt bom onde tenho andado a meter umas buchas tb. e tb aí sou outsider.)

e será que tudo isto não deve falar-se, só pq no fundo o que todos queremos é felicidade? parece-me que há aqui alguma contradição, digo eu.

depois há a estória do blog castelhano. sim cá não sabíamos de nada. é normal, nós cá nunca sabemos de nada. e nem fazemos nada, pq temos sempre algum bode expiatório a quem atribuir as culpas.

qd estive nos açores a culpa era sempre do contenente, na madeira continua a ser. por aí, parece-me que a culpa é do 'Secretario de Estado de Infraestructuras' mentiroso. ou de gente sem memória... que a saudade é muito importante. ora eu, tendo ainda alguma memória, tenho saudades mas é do futuro. e dum futuro realmente ameaçado se não fizermos nada. nem que seja conversa num blog. e mm que haja alguém que sugira 'falam, falam, mas não os vejo a fazer nada!', mm assim vale a pena falar.

e os consensos são necessários. mais até que os volte-faces epistemológicos que a entrada nos anos dourados costuma trazer.

ah e ainda bem que gostaste do que disse, pq estou para me candidatar ao cargo de 'secretário regional da conversa da treta'. achas que dava para ser teu secretário?

abraço.

Luís Bugalhão disse...

e a nª sª de fátima?

tão linda não é?

e o scolari nem bateu em ninguém desta vez...

vou até ali ouvir um fadinho, para completar a desgraça.

e há pouco esqueci-me:

parabéns pedro e equipa. mas agora toca a trabalhar, que as perguntas do jorge requerem resposta. na vida real. mm tendo sido postas na virtual.

inté

Luís Bugalhão disse...

ainda me esqueci de dizer ao bugalhão:

e nem sequer estou a falar de tachos, que as coisas em que te tens metido servem é para te arranjar trabalho.

agora é que é. vou-me até ao vale de lençóis.

Clarimundo Lança disse...

Boas noites
Ministro da Guerra
Pois é, não sou infelizmente, mas atiro as minhas pedras, mas aí sim não escondo as mãos e dou a cara aos tabefes quando merecidos, não tão persistente como o cão de um dos últimos comentários do "Dono do Espaço", ladro e faço-me ouvir.
Nunca fui bélico, muito menos agora, que como se diz nas touradas, não tenho pernas para fugir, mas apesar do perfil, não sou bacoco, nem senil, nem muito menos amorfo sem memória, por isso lembro-me que em qualquer Cruzada que fizemos pelo mundo fora fomos sempre pioneiros e andámos á frente de todos sem excepção, porquê andarmos agora a citar blogues vizinhos, foi catita a ideia mas nada de novo trouxe, porque todos sabemos que de Caminha a Vila Real de Santo António é a mesmíssima coisa salvo uma excepção ou outra, não há interesses comuns, porque queiramos quer não, as pontes que levam e trazem as boas coisas também dá passagem ás outras.
Não pagamos mais 5 ou 9 % de IVA por acaso que os vizinhos, é o preço que pagamos por viver no paraíso.
Estava a sonhar, mas acordei a tempo, pagamos a mais porque, quando tínhamos dinheiro, esbanjámo-lo, senão vejamos a discrepância que existe entre os salários dos que trabalham (que produzem riqueza) dos prestadores de serviços, em relação aqueles que se dizem ser os cérebros deste país, eng.,enf.,prof.doct..
Abençoado País tantos doutos tem parido.
Clarimundo Lança
O ex-bélico (leia-se esbelto)

Clarimundo Lança disse...

Boas noites
Ministro da Guerra
Pois é, não sou infelizmente, mas atiro as minhas pedras, mas aí sim não escondo as mãos e dou a cara aos tabefes quando merecidos, não tão persistente como o cão de um dos últimos comentários do "Dono do Espaço", ladro e faço-me ouvir.
Nunca fui bélico, muito menos agora, que como se diz nas touradas, não tenho pernas para fugir, mas apesar do perfil, não sou bacoco, nem senil, nem muito menos amorfo sem memória, por isso lembro-me que em qualquer Cruzada que fizemos pelo mundo fora fomos sempre pioneiros e andámos á frente de todos sem excepção, porquê andarmos agora a citar blogues vizinhos, foi catita a ideia mas nada de novo trouxe, porque todos sabemos que de Caminha a Vila Real de Santo António é a mesmíssima coisa salvo uma excepção ou outra, não há interesses comuns, porque queiramos quer não, as pontes que levam e trazem as boas coisas também dá passagem ás outras.
Não pagamos mais 5 ou 9 % de IVA por acaso que os vizinhos, é o preço que pagamos por viver no paraíso.
Estava a sonhar, mas acordei a tempo, pagamos a mais porque, quando tínhamos dinheiro, esbanjámo-lo, senão vejamos a discrepância que existe entre os salários dos que trabalham (que produzem riqueza) dos prestadores de serviços, em relação aqueles que se dizem ser os cérebros deste país, eng.,enf.,prof.doct..
Abençoado País tantos doutos tem parido.
Clarimundo Lança
O ex-bélico (leia-se esbelto)

Unknown disse...

Estava agora a ler os comentários colocados no blog, e cheguei a uma conclusão... Com a qualidade das pessoas que comentam ( o Bonito ,os dois Bugas, o autor do Blog,o Luis que gostariamos de saber que É? e muitos que apenas trazem mais calor às discussóes, não estaria na altura de Marvão não necessitar de qualquer tipo de estrangeiro para a Câmara Municipal?
Porque se fizermos a análise destes 34 anos de poder local só podemos chegar a uma conclusão continuamos atrasados cerca de 3o anos em relação aos outros.
Bem Hajam

RReinales disse...

Não me cuidaria tão anónimo, porque o meu nome permite acesso a perfil (algo sacaneado) e a um blog algo imberbe.
De qualquer maneira aqui vai, para obstar a qualquer baptismo de embuçado. Digamos que sou cruzado de castro laboreiro, porque nascido em Melgaço, entre gentes transfronteiriças, do lado paterno, com rafeiro alentejano, porque de avós maternos da Salvada, em Beja. Residente no Algarve, em tempos, no Porto, largos anos, em Coimbra, actualmente, venho-me "achando" há alguns anos, todos os fins-de-semana, nas encostas de Marvão, por onde me quedo mais entre oliveiras e silvas. Entre direitos e sociologias, trabalho na aplicação e controlo de fundos públicos, internacionalização e desenvolvimento regional. Com 41, continuo a jurar ter 37. No mais, bom, bom, é chegar ao meu pedaço de terra adoptivo pelas 12 am das sexta-feiras e ver o suspenso castelo nos céus da minha casa.

Luís Bugalhão disse...

prazer em conhecer-te.

o meu perfil não está completo pq não cheguei a fazer o blog. comecei pelo perfil, mas como as ideias andavam fracas, por aí me fiquei.

não sei se por aselhice, se por probs com a firewall da marinha, mas nunca consegui aceder ao teu perfil, como agora já consegui. e tb já lá fui ver o tal 'imberbe'.

posto isto, que tal lançar mais uma proposta para Marvão:

agricultura biológica.

hã? que tal? podemos falar disto? mm que deixemos a colaboração transfronteiriça de lado (por enquanto)?

- maior investidor na investigação e produção intensiva (sim tb se pode fazer assim para a agricultura biológica): BAYER;

- amesterdão: 60% dos produtos agrícolas frescos vendidos naquela cidade provêm de produção biológica.

tal como o bugalhão convidou, comentem.

ps. pedro, já estou a ressacar outra vez...

Luís Bugalhão disse...

companheiros do blog do pedro,

este espaço de debate está a provar-se uma coisa muito abrangente. não que este seja o lugar de troca de cumprimentos entre comentadores ou outros companheiros que a ele acedam, mas recebi um mail, de um desconhecido, que pede para enviar lembranças ao bugalhão. coisas da internet...

reza assim:

'Em 15/10/07, JOSE LUIS TELLO SIERRA (jolutesi@hotmail.com)
escreveu:

Sou Luis Tello, façe cuatro anos estive de médico em Beira, San Salvador de Aramenha, , sao datos para mandar lembranças a su tio Joao Bugalhao , com quiem comparti algumas conversas e de quiem tenho uma agradavel lembrança. Obrigado pela sua ayuda e interes porque ficara em Portugal como médico, fueron cuatro anos e meio, onde eu conheci e goste das pessoas vecinhas da Uniao Europeia do Oeste.'

e a minha resposta foi:

'ola luis tello.

no te ... (o meu castellano não deixa dizer mais) conheço, mas vou imediatamente postar o conteúdo deste mail no 'vendo o mundo... de Marvão'. obrigado por falares comigo por esta via. os cumprimentos serão entregues.

como descobriste este mail? foi no blog do pedro sobreiro?

salud e manda sempre, como dizemos por aqui.

luis bugalhao'

'inda agora pedia para deixarmos as transfronteirices de lado, e eis que elas me entras pelo gmail adentro!

se fiz mal (pedro, o blog é teu) foi a última vez e peço desculpa.

bugalhão, o endereço do 'hermano' está aí. se quiseres responde-lhe

abraços

João, disse...

(como o "chefe" não aparece...)


EQUIPA, palavra mágica…diz o Bonito!

Como todos sabem, ou quase todos, acerca de 30 anos que ando a lidar com esta coisa das “equipas” e da sua problemática.

Em 1978, na minha curta carreira militar, deparei-me pela primeira vez com estes conceitos sobre o trabalho em equipa, nas aulas de estratégia e táctica da guerra.

Anos mais tarde, durante a minha formação de profissional da saúde, tive oportunidade de aprofundar alguns conhecimentos: ele são as “equipas de saúde”, as “equipas multiprofissionais”, o célebre e apregoado “trabalho em equipa”, etc., etc.

Mas foi nos últimos 20 anos, sobretudo após as formações que vim efectuando na área da Gestão e da minha passagem por um Clube Desportivo (o GDA, claro), que desenvolvi e aprofundei, ao nível teórico-prático, os meus parcos conhecimentos sobre “a coisa”.

E é com base nestas vivências que venho desafiar o amigo Bonito e restantes “bloguistas”, a reflectir e opinar sobre uma experiência, por mim vivida, há pouco tempo, sobre “essa magia da palavra EQUIPA”.

Há cerca de 3 anos, por mero acaso ou descuido meu (não sei se terá acontecido alguma vez o mesmo com o Bonito…), fui “apanhado” por um “Projecto”, cuja principal “finalidade” era o de se atingirem um determinado “conjunto de objectivos”, tendo como divisa “um verdadeiro trabalho de EQUIPA”.

Analisou-se o “contexto”, criou-se o “clube” com os “sócios fundadores”, elaboraram-se os “estatutos”, instalou-se a “Sede”, elegeu-se a “direcção”, traçaram-se “objectivos”, escolheram-se os “jogadores” e lançámo-nos no “campeonato”…

Antes do campeonato começar, o “presidente”, despediu o “treinador” pelo telefone, porque “constava”, que o dito queria mandar no “cujo”. Contratou-se um novo “mourinho” e, o campeonato, caiu no “papo”.
Mas, para espasmo de alguns associados, “esse mourinho”, nem pelo telefone foi despedido, isto é, foi simplesmente banido e esquecido.

Após a conquista do “TROFÉU”, consta que o “cujo”, quer eliminar os seus “compadres” de direcção e que só ainda o não fez, porque não pode.

Um dos “presidentes” de uma das “casas” do clube, teve que abandonar o domicílio apenas 15 dias depois de tomar posse e um outro não é visto nas “assembleias” (do clube), já à algum tempo.

A Sede caiu, ou está para cair, porque os “associados” não pagam as cotas, nomeadamente o “cujo”.

Os “associados”, não são consultados, nem para os assuntos mais importantes e são tratados como os jogadores do “meio” os célebres “palhacinhos”, nomeadamente o presidente da AG (quando a maior razão que fez escolher o “manda chuva actual”, foi a crítica de que já o anterior assim procedia).

A continuar-se por este caminho, começo a temer profundamente, pelo próximo “campeonato”. Felizmente que os ASSOCIADOS (o grande grupo), ainda têm a coisa na mão, pois a AG, continua a ser soberana. Mas sobre “EQUIPAS”, como esta, penso que está quase tudo dito…

PS: Para os “espertinhos” estava a falar do benfica e…

Um abraço e Inshalah.

João Bugalhão

Clarimundo Lança disse...

E para os parvinhos, do "PRÓ-MARVÃO."

Luís Bugalhão disse...

há aqui algo que me está a escapar, o que é natural, uma vez que me 'introduzi' mais ou menos à má fila no vosso bate papo. parece-me contudo que há um aí tanque qq cheio de água, daqueles tipo tribunal, mortinho para que a roupa suja seja lá lavada.

no trabalho de equipa há uma coisa muito importante que é: usar os conhecimentos adquiridos em situações novas. é até um dos componentes essenciais daquilo a que chamamos inteligência.

assim, é importante a memória. e (lá vem o josé gil outra vez) é necessário que essa memória seja inscrita. se isso acontecer, os traumas e desgraças requerem um luto completo, que após cumprido, faz emergir do real uma nova realidade.

ora, não me parece que esta conversa esteja a ir por aí. parece-me antes que algum luto, ainda por fazer, estará a impedir a emergência dessa tal nova realidade e, pior ainda, a continuar assim não tarda nada está aí outro luto para fazer, antes de acabar o ritual do anterior.

cm não sou espertinho, não sei como podes estar a falar do glorioso. mas como sou parvinho, gostava de saber o que foi isso do "PRÓ-MARVÃO." se algum dos companheiros me puder elucidar...

por outro lado, e pq o chefe não aparece, gostava de recentrar o debate nas propostas. quem anda a trabalhar e não pode cá vir dar uma ajuda, não pode fazer nada... mas nós, os ociosos que de vez em quando cá vêm, podemos continuar por esse lado... o da discussão das propostas. ou então não, e eu aí arrumo a viola no saco, pois dessa opereta bufa não tenho conhecimento e não posso opinar (nem sei se quererei, mm sabendo).

por isso caros blogueiros, lembram-se da agricultura biológica? ou será que isto está a ser interpretado como mais uma excentricidade dum mocinho da cedade?

cumps e inté

Goyi disse...

No se, pero me parece que veces andam a falar chinès ou entao sou eu a que nao percevo nada de nada: se falarem de futbol- mau Maria, se falarem de política local- idem..... em fim, já iremos percebendo qualquer coisa com o tempo.
Luis B. fala em otro aparte de agricultura biológica e eu também nao percebo muito disso, mais tenho uma irma, aliás tenho 6 irmas,a ma nova é uma auténtica computadora, trabalha na Consejeria de agricultura da junta de extremadura ela é ingeniera agrónoma e pode dar alguma ajuda neste assunto, mora em Badajoz e vem cá a Valencia nos fins de semana.... ja te contarei.

Estive a falar com Garraio de manhá e combinamos em lá ir hoje para ver "in situ" o lugar da ponte e a saida para a nossa estrada, só que me esquecí que estou a trabalhar, terá de ficar para outro día, disculpa Garraio, deixei o teu número de telefone na minha consulta da Fontanheira..... Nao posso andar em todo lado.... perdaó, ja falaremos. Ah! e convienem esse petisco para cuando quiserem nós cá nao faltaremos.
Um abraço.

Luís Bugalhão disse...

olá goyi,

pois estás como eu, que da política interna de Marvão também não entendo nada...

será que o último comentário que fiz feriu alguma susceptibilidade?

e claro que também quero ir ao encontro destes blogueiros extremenho-marvanenses. é que eu, embora português, estou mais longe de Marvão que tu.

estou é todo contente por causa da ponte :-))))

vai ser uma ponte linda.

bjs

João, disse...

Meu caro sobrinho, amigo e “meio-irmão (um dia explicarei porquê), em primeiro lugar, quero agradecer-te algumas das palavras simpáticas e admirativas com que aqui tens brindado, este teu tio. Sabes o que penso sobre ti e não o irei aqui divulgar por agora. No entanto, sem ser o “dono da casa” (o malandro está a fazer de propósito…), não posso deixar passar de elogiar esta lufada de ar, que trouxeste a este espaço, ás vezes, tão fresco, que faz correr algumas lágrimas a este sentimentalão. Quero felicitar-te por um dos últimos comentários (aquele em que te referes a tribunais, ao glorioso, a mortos e lutos…), que me trouxe à memória um poema do Zeca e que aproveito para te responder, para que tentes perceber através da poesia, aquilo que a prosa esconde, está lá quase tudo:

Foram-se os bandos de chacais
Chegou a vez dos tribunais
Vão reunir o bom e o mau ladrão
Para votar sobre um caixão

Quando o inocente se abateu
Ainda o morto não morreu

A decisão do tribunal
É como a sombra de um punhal
Vamos matar o justo que ali jaz
Para quem julga…tanto faz

Já que o punhal não mata bem
Vamos, matemos também

Soa o clarim sobre o tambor
O morto já não se enterrou
Quando o deserto nada tem a dar
Vêm as águias almoçar

O tribunal dá de comer
Venham assassinos ver

O criminoso se escondeu
Nada de novo aconteceu
A recompensa ao punho que o matou
Uma fortuna a quem roubou

Guarda o teu roubo, guarda-o bem
Dentro de um papel…além


Passado este momento poético, falemos agora, de algumas propostas que aqui tens trazido, que penso que têm a sua importância, por dois pontos de vista. Para alertar aqueles que nunca ouviram falar do assunto, para os quais até podem parecer novidade e para as relembrar, a alguns de nós, que há meia dúzia de anos que andamos a propor e debater algumas das ideias que tu aqui referiste, nomeadamente:

- A “ponte”: essa proposta leva uma dezena de anos de discussão, e como aqui afirmei é uma luta, com barbas, do Sr. João Sequeira, que a tem dinamizado tanto quanto tem podido, mas tanto quanto sei, para além de alimentar estas nossas “diabruras” pseudo-intelectuais, não tem sido, nem é, um projecto prioritário para quem tem o poder de decidir. Se não forem os “nossos amigos de lá”, nos próximos dez anos não há ponte, (digo eu…).

- A “zona industrial” ou “ninho de empresas”: o que se pretende para Marvão, não é nada de megalómano, que venha criar “100 ou 500 postos de trabalho” (já não temos gente para isso), pois, 5 anos e depois “batem a bota”, deixando um grande problema social. O que se pretende para Marvão é “pequenos espaços”, onde se possa montar uma simples oficina de mecânica, carpintaria, a tal salsicharia, etc., e que possa “alimentar” uma (ou duas) dúzias de famílias, Porque, simplesmente, existe NADA!!
Este projecto, foi simplesmente ignorado pelo anterior executivo, porque não o considerava prioritário. O meu grupo propôs isto durante 8 anos. Faz parte do “programa eleitoral” do presente executivo, CUMPRA-SE!

- Quanto à “agricultura biológica”, meu caro luís bugalhão, estou como a Goyi, só que eu, nem de um “primo” me posso socorrer…
Mas…, se bem me lembro, nem todos temos memória branca (cá está o gajo outra vez), dos nossos tempos de infância e juventude, em que tínhamos de ajudar os nossos pais ou avós, e tu não te livravas, mesmo “sendes mocinho da cedade”, alguma vez viste por cá outra prática da coisa, que não fosse isso a que os modernaços apelidam de “BIOLÓGICA”…

Então as “nossas” castanhas, as poucas azeitonas, alguns frutos, as batatinhas, as nozes, as cerêjas, o mel, o projecto dos pimentos (o outro diz que são tomates) e toda a pecuária por aqui existente…achas que são de produção “industrial e acelerada”? Que as difere daquilo que o meu amigo (e sobrinho), apelida de “biológico?...

Sim…, talvez a publicidade.

Um abraço

pêro vaz da estrada e dos soutos… (repórter local)

RReinales disse...

Caro Garraio,
Reportando ao post de baixo, o “tu” vai muito bem.
Drs, como os chapéus, há muitos e só usa quem quer, infelizmente ainda só quem pode e outros que pensam que daí resulta algo que a própria natureza humana não acabe por trair.
Essa é outra questão complexa que está por sanar há alguns séculos, que tivemos habilidade para agravar no último. Vejamos no que vai dar a certificação de competências em massa que aí está a chegar. Se for só para efeitos estatísticos … lá vem à baila a actualíssima frase do Antero a aludir às riquezas que este país foi vendo passar.
É sempre estranho constatar que alguém do outro lado da esfera digital sabe o teu número de telefone quando nem eu o sei de cabeça. Quando me falhar a memória já sei que posso vir aqui ao blog e contar contigo. Digo isto sorrindo, por humor e não por ironia.
Confesso que também não sei se já nos cruzámos, pois além de ser pouco atento, os preciosos tempos que aí passo são quase exclusivamente para fingir que ando na lavoura, o que muito impressiona as minhas quase permanentes visitas do litoral, com quem posso dar ares de entendedor. Fica um gajo contente com estas coisas …
No mais, há aí um quê de boa vontade tua. Bondade dos teus olhos, como se costuma dizer. Já deixei num outro post algures que trabalho muito próximo aos ditos fundos estruturais. Conheço-os por ossos do ofício, não havendo, por isso, nenhuma arte minha em especial. Nesta fase, até posso dizer que os desconheço por ossos dos ofícios, pois, apesar das grandes linhas macro estarem traçadas, o Governo continua a retardar a publicação dos Regulamentos (onde as elegibilidades são ditadas), na minha opinião com elevados prejuízos para o investimento. Assumimos que serão anunciados este mês ou no próximo, para que a coisa arranque em 2008, por razões óbvias da política económica, o que qualquer outro governo, independentemente da cor, eventualmente, faria.
Penso sinceramente que tocaste com o dedo na ferida quanto à questão da dicotomia de intervenção pública e privada. Uma das conclusões a que se chegou no trabalho de avaliação do anterior Quadro (como sabes fazem-se muitas avaliações e diagnósticos na nossa terra), no tocante ao interior, foi a do reconhecimento de que do ponto de vista da coesão se registou um avanço considerável, mas que foi descurada a vertente da competitividade. Em suma, as infra-estruturas e equipamentos, grosso modo, foram criados (paradoxalmente agora encerram-se), mas não se promoveram iniciativas para a dinamização empresarial. Se assumirmos que coesão e competitividade são duas faces da mesma moeda … talvez tenhamos estado a jogar só com a cara ou com a coroa nos últimos 12 anos.
Essa pode ser uma das explicações para o estado actual das coisas e que o actual Quadro pode estar com intenções de inverter (acreditemos), ao estimular um novo paradigma mais assente no imaterial, implicando que as dinâmicas de desenvolvimento regional a que temos estado habituados mudem radicalmente, com a introdução dos conceitos de informação, conhecimentos, inovação, cidades e regiões inteligentes, etc… nas regiões mais desertificadas isto é um bico de obra, parece-me.
Considerando, como dizes, que a iniciativa pública não se deve substituir à privada e vice-versa, há que ponderar, contudo, que face a uma débil mancha empresarial, aquela primeira deve assumir, por natureza, um papel fundamental, enquanto motor e efeito alavanca da segunda. Por princípio não é este o meu registo de pensamento económico, onde subscrevo menos estado, mas a realidade de cada região pode e deve abrir excepções. Beja, Portalegre, Guarda, Bragança, etc… não são Leiria, Aveiro, Coimbra, Braga, também etc…
Daí que se me afigure legítimo que a intervenção pública adquira maior estatuto neste caso concreto.
Ora, para sustentar essas intervenções existem os tais instrumentos.
Estive a dar uma “rápida” no Programa Operacional do Alentejo e parece-me que têm algumas oportunidades de acção, designadamente nos Eixos “Competitividade, Inovação e Conhecimento”, “Qualificação ambiental e valorização do espaço rural” e “Governação e capacitação institucional”. Se calhar já o conhecem melhor do que eu, até porque os Municípios devem estar organizados ao nível NUT III para efeitos QREN, mas cá vai.
O primeiro dedicar-se-á essencialmente ao apoio a empresas (micro e pequenas; as médias e grandes cairão na alçada do Programa Operacional Nacional Factores de Competitividade), matéria onde a informação e o associativismo empresarial terão um papel preponderante.
Não obstante, contemplará também o apoio às áreas de acolhimento empresarial, seja relativamente aos existentes, seja a novos (coisa onde eu tinha e tenho algumas dúvidas, mas a letra do PO assim o parece dizer; falo de novos, claro).
Aqui há duas questões. Por um lado já não se está a raciocinar sobre o modelo dos antigos parques industriais. Esgotou e não é apoiado. Fala-se de novos conceitos de espaços onde a tecnologia, a inovação, os serviços de apoio, a incubação de empresas, a logística, a qualificação, a ligação a centros de saber, etc… são preponderantes. A oportunidade de agregar empresas, mesmo tradicionais, onde todos aqueles factores possam ser transversais pode ser privilegiada. Quando se pensa nesta banda litoral, raciocina-se mais em empresas de base tecnológica, mas as mais tradicionais também têm obviamente espaço. Veja-se, por exemplo, a certificação de produtos rurais, que tantas vezes implica serviços ou tecnologia comum.
A segunda questão é um género de alerta. O país está repleto de parques por utilizar, que constituem bicos de obra para as Câmaras, sem vocação para entidade gestora, havendo riscos de que estes novos conceitos possam sofrer o mesmo destino. Essa situação está a acontecer com as incubadoras de empresas, onde não há empresas incubadas ...
Tudo deve estar assente num plano estratégico muito bem montado e variado. Marvão teria um espaço soberbo para um efeito destes, na fronteira, onde podia conjugar instalação de empresas tradicionais, com venda de produtos, promoção turística, formação, centros de negócios, lazer, universidades de Verão, etc… (num plano preferencialmente transfronteiriço ou intermunicipal por causa da escala e até para maior enquadramento no QREN, bem como com ligações a centros tecnológicos, universidades, etc…).
O Eixo seguinte contempla apoios em áreas variadas, com destaque para a conservação da natureza e promoção da biodiversidade, incluindo turismo natureza (eventualmente a agricultura biológica Luís Bugalhão), e valorização económica do espaço rural, pela sua revitalização. Este eixo (outros há que também) contempla o apoio a várias iniciativas de cariz claramente público, onde se refere que são actores beneficiários os municípios.
O último eixo que apontei pode, por um lado, facilitar o incremento das relações digitais com os cidadãos (é mau termos de ir à Câmara sempre que é necessário algo) e, muito importante, por outro, a questão da promoção institucional da região. Esta terá de ser obviamente articulada com a grande marca “Alentejo” (tem um valor incalculável e já assisti a algumas tentações estranhas para a beliscar, sem prejuízo das sub-marcas naturais, como Norte Alentejano). O PO é expresso nisso. Atenção que é aqui que está a vertente de captação de investimento.
Antes que me expulsem do blog, deixava aqui mais três apontamentos:
- há um estudo que foi feito pelo Prof. Augusto Mateus onde foram analisados os seis clusters do Alentejo: agro-alimentar, vitivinicultura, cortiça, rochas ornamentais e turismo. Esse estudo, creio, sustenta em boa medida parte das intervenções delineadas no POAlentejo, podendo enriquecer eventuais candidaturas;
- as intervenções são grosso modo pensadas de um ponto de vista inter-municipal e em rede com outros actores; acções isoladas são cada vez menos bem-vindas no QREN;
- as áreas de cooperação estratégica que foram definidas para o Alentejo/Extremadura no Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Portugal Espanha 2007-2013 são os recursos naturais e acessibilidades (atenção à ponte e a que a massa não vá toda para o Alqueva), cooperação temática (já pensaram numa rota judaica?), cooperação sectorial (muito transversal e abrangente, contemplando actividade empresarial, turística, social, prevenção de riscos, etc…) e cooperação institucional.
E vou-me senão ainda me acusam a Sul de meter o nariz onde não sou chamado e a Centro de me andar a ocupar dos PO alheios, com tanta candidatura para preparar. No que puder ajudar, por amor à terra, não hesitem.
p.s. Bonito, bonito é manter o Bonito na pasta, pois eu não passo de uma dealer (parafraseando o Garraio) cadente que encalhei no blog, com muito gosto, por andar a tentar sacar a foto da serpente que estava na Almossassa, para enviar à pequena filha de uma amiga minha que lhe tocou pensando que era de plástico … O raio foi ter-me deparado com uma controvérsia ibérica, algo a que resisto com muita dificuldade, o que só me vem dificultar a gestão do tempo, bem muito escasso.
p.s.1 Claro que se arranja sempre um tempinho para um café.

Luís Bugalhão disse...

olá bugalhão.

estou sem palavras para te dizer o que sinto. talvez por estar a viver um momento difícil... mas isso são contas de outro rosário. depois mando para o teu mail.

quanto à agricultura biológica, ela não tem nada de 'modernaço', como dizes. e não o tem porque, apesar de poder ser feita de modo intensivo, o que não seria o caso aí, ela resulta duma maneira de ver a Natureza que a aproxima do conceito de Deus, mas o Deus de Espinosa, não o das religiões. Não fosse o Descartes, e talvez hoje essas ideias não fossem tão 'modernaças'.

o que os teus pais faziam, e eu por tabela, era bonito na medida em que propiciava uma forte ligação à terra, aos seus humores e caprichos, à sua crueldade e à sua beatitude. mas não era biológico. e chegava a ser trabalho de escravo.

e não era biológico porque usava adubos sintetizados. a compostagem era largamente utilizada, mas, já o gramoxone era proibido em toda a europa e a gente (eu não, que era um puto) usava-a ainda em larga escala. dizia-se que, a não ser ser assim, não dava nada. aliás, ainda hoje, 30 anos depois, os 'sabões' daí (e doutros lados infelizmente), cheios de desprezo por ideias de quem vem de fora, acham que sem adubos nada se pode criar. era caso para lhes perguntar como foi feita a revolução agrícola na grã-bretanha, numa altura em que a química ainda se chamava alquimia, mas não vale a pena, pois se já lisboa, para essas mentes pequeninas, é tão longe, como poderiam entender coisas passadas há séculos, ainda por cima em terra de bifes.

claro, que como tb aí há muitos espertinhos, não vale a pena fazer o que fazem os holândicos, nem, pelo menos, tentar descobrir o que leva uma multinacional dos adubos, a BAYER, a ser o maior investidor europeu na investigação na área da agricultura biológica. deve ser tudo gente muito 'modernaça'. demasiado 'modernaça' para os anciãos saberes do atraso a que isso chegou.

dando só uma pista, que este não será o lugar próprio para aprofundar a questão:

- primeiro corta-se rente o sabugueiro, pq é uma praga, e o espaço faz falta para plantar morangos;

- os melros, que gostam das sementes do sabugueiro, vão-se embora. vão comer para outras paragens;

- nem comem do sabugueiro, nem comem os caracóis que, à solta e a correr dum lado para o outro como é apanágio dos caracóis, desatam a reproduzir-se com fartura e zás, começam a comer os morangos;

- o dono da horta, todo lixado, enche a terra de veneno para matar os irrequietos moluscos, e consegue-o. e fica todo contente;

- o problema é que o veneno mata caracóis e mata tb a camada orgânica do solo, e desequilibra a proporção da inorgânica (vulgo sais minerais) e, chatice do caraças, os morangos voltam a desaparecer, mas agora já sem loureiro, sem melros e sem caracóis;

- e agora? ora o que q'há-de ser, vai adubo com fartura para cima, o que dá uns morangos muito lindos, muito 'rurais e assim' (tudo o que é daqui da terra é que é bom, dizem os locais, não vendo que é igual a todo o lado. mitos e água benta...), mas cheios de tralha que faz mal ao indígena que os come. ah e a saber a água, que tem que dobrar de quantidade, para o metabolismo dos morangos eliminar os adubos e os venenos.

isto passou-se nos açores, e a solução foi... deixar de plantar morangos naquelas terras.

penso que percebeste.

a palavra chave é: equlíbrio do ecossistema.

e dá tudo, até cornos! a mãe natureza já cá estava muito antes dos engenheiros agrónomos clássicos, esses, com uma visão demasiado estreita do que é a engenharia.

mas esses é que sabem. não são os engenheiros do ambiente, os biólogos de sistemas agrícolas e outros afins. esses é tudo freaks e 'modernaços'.

ah pq produz pouco, ah que é tudo batatas cada uma do seu tamanho, ah que assim como é que pomos máquinas a trabalhar...

pois, é preciso mudar quase tudo na cadeia de produção. todavia, o que faz mm falta mudar é a cabecinha pequenina de algumas pessoas.

vem até aos hipers daqui, e vê o que há à venda na secção dos produtos biológicos. vê os preços, muito mais caros, e vê que desaparecem das bancas, ou seja, há mercado e tudo (e, normalmente é aqui que os 'modernaços, mas do liberalismo' levantam as orelhas! isto já a gente entende.).

meio enfabulado, mas é isto que eu acho que podia ser uma mais valia para um concelho como o nosso. mas lá está, quem sou eu, que dessas coisas apenas aprendi a regar de sacho e a guardar ovelhas, lá pela minha infância a que tanto queria regressar. se o tempo voltasse para trás...

tradição + equilíbrio + monumentos históricos = turismo, que por sua vez seria igual a dinheirinho (lá está), que seria igual a investimento maior, que seria igual a empregos, que seria igual a fixação de população, e tudo junto seria igual a... sei lá, alguma felicidade. ou não?

percebestes, mano bugalhão e caros blogueiros? é isto que eu quero lançar para o debate. ou fui demasiado cartesiano?

inté

o costumeiro ps. mas tb podemos começar a falar de outras coisas. isto não é o blog do município. mas o chefe não aparece. nem o revelator. ninguém nos liga...

Luís Bugalhão disse...

errata ao comentário anterior:

onde se lê loureiro, deverá ler-se sabugueiro (foi engano, não foi por ser confusão de menino da cedade).

cumps e 'té manhã.

Clarimundo Lança disse...

D. Sancho Lança
Era para falar de D. Quixote, mas dado o meu perfil, falo do Sancho que era o aio do eterno lutador contra os moinhos.
Após este riquissimo post, acabou a minha luta, contra los molinos, porque a fasquia subiu de mais, e como bater em retirada na hora certa não é desprimor para ninguém, chegou a minha hora.
Pedindo desculpa por qualquer coisinha.
O Indira Ghandi cá do sítio.
Obrigado
Clarimundo Lança

Clarimundo Lança disse...

Errata:
Onde se lê este deve ler-se estes

Clarimundo Lança disse...

Epílogo
clarimundolanca@hotmail.com

João, disse...

Io me voi contigo, D. Sancho. Nem que que que tienga de hacer de asno...

João Bugalhão

(Lo cronista enferguençado)

Jaime Miranda disse...

Ora vivam, amigo Pedro e os restantes presente e ausentes. Espero que ande tudo pelo melhor. Estou pasmado com o que li, nestes posts. Não resisto. Então aqui agora fala-se em várias línguas, sobre matérias de elevada seriedade, com abundantes referências literárias. Este espaço está possuído.
Desde logo, diga-se que está possuído por muito bom gosto nas ideias e nos conteúdos. Depois, diga-se também está possuído de algumas interrogações, especialmente no que aos comentadores diz respeito.
Então a resolução dos problemas do desenvolvimento do Concelho está numa ponte, na agricultura biológica e nos fundos estruturais? O futuro passa nas castelhanas e na correcta utilização do gramoxone e da compostagem através de um programa de valorização do espaço rural? Não me levem a mal mas apesar de ser economista tenho uma certa dificuldade em aceitar equações. Não gosto de fazer juízos de valor e, se comento os comentários, é porque gostei de os ler e fi-lo com atenção. Acho principalmente que o que é muito positivo é esta troca de opiniões, com esta liberdade e amabilidade que o Amigo nos concede. Infelizmente não consigo paraticipar com muita assiduidade porque sou muito lento a escrever.
Marvão precisa de pessoas de valor que não se esqueçam da terra mesmo que estejam longe. Pessoas que hoje aqui vivem e que hão-de viver amanhã, já agora não esquecendo aqueles que já lhe pertencerão. E quem dê o suor no trabalho e o amor no sacrifício, para que todos possamos viver numa sociedade melhor. A política é a organização da vida pública de um lugar. Governa-se para o colectivo, mas a consciência do colectivo não existe, o que existe é a consciência do individuo. Por isso sempre acreditei que quem ocupa cargos públicos e faz o melhor que sabe e pode para atingir objectivos honestos, acaba por ser recompensado. Nem que seja com uma consciência tranquila. Um abraço do Jaime Miranda

Jaime Miranda disse...

Estou confuso: é "pertencerão" ou "pertenceram"? Desculpem.

Jaime Miranda disse...

Relendo o que escrevi acho que falta qualquer coisa, sobre o desenvolvimento do Concelho e a importância da politica. Qualquer coisa com sumo. Pegando nos exmenplos das pequenas industrias e da Festa da Castanha.
Sinceramente não acredito no sistema de incentivos à criação de pequenas industrias, tal como esta direccionado. A politica dos fundos para particulares e empresas que são a cenoura para o a aparecimento de negócios cria necessidades virtuais que resultam em bastantes fracassos. O caso dos enchidos. pensa-se que há uma necessidade e uma oportunidade de mercado. mas tem de se esperar que alguém avance com um projecto para ter parte do financiamento. O risco é todo de quem investe e para um investimento com requisitos importantes de licenciamento há que ser cauteloso. As ajudas também não são por aí além e o acesso ao crédito é cada vez mais penalizante. Passando estes problemas será que há mercado consistente? Eu, pessoalmente acho que sim, com reservas. Por aqui adiante...Falemos de 60 mil contos de investimento, não menos. 40% de apoios. Onde é um particular vai buscar 36 mil contos, se não for rico, para assumir o risco de montar um negócio desta natureza? Sejamos realistas. Se há quem queira trabalhar arranja soluções e se a arte é fazer chouriços o que é preciso é ajudar essas pessoas a montar um negócio. Ou seja, há que ir há procura delas e tentar oferecer condições para fortalecer a sua actividade procurando maneira de reproduzir esta riqueza. Não é de esperar que muitas das pessoas que têm pequenos negócios ou simplesmente habilidade concorram aos programas do IEFP ou do Min da Agricultura. Por isso a solução talvez pudesse passar por criar formas das pessoas que queiram trabalhar e lhes falte queda para o risco, poderem ter condições para desenvolver uma actividade privada num investimento público. Mas a decisão sobre esse investimento, público cabe ao político, logo temos um problema de conciliação. Ou tens um negócio ou trabalhas para uma instituição, estás é sempre por tua conta.
Como é que o político reconhece utilidade pública do investimento que esta a decidir e que vai beneficiar directamente particulares e só depois a comunidade. Por isso as coisas raramente passam do papel, mesmo que haja dinheiro - porque há. Um particular não dispõe de 36 mil contos mas uma cãmara ou uma ipss pode dispôr. O que falta é sempre capacidade para pensar que isto é um investimento estratégico. E aqui é estão as minhas reservas.
Pensando as coisas de outro modo. Esta empresas estava montada e a funcionar em grande, numa parceria saudável. Daqui a uns fins-de-semana é a festa da Castanha e aproveitava-se a ocasião para apresentar a marca de enchidos, com pompa e aprovação de figuras públicas - a 8a maravilha pelos mais requintados chefes. Marvão estaria sobre os holofotes e com a oferta generosa de castanhas, pão, chouriço e vinho, o Concelho elevava-se ainda mais pela maneira excepcional como recebia as pessoas nas festas entre muralhas. É só marketing, mas bem orientado daria para ganhar bem a vida a alguém, por algum tempo. Marvão é uma marca que já vale muito, em diversos mercados. É quase uma jóia rara. E continua valorizar-se enquanto souber preservar o que a distingue. Isto já vai tão longo. Amanhã é dia de trabalho. Vai ser lindo. Abraços. Jaime Miranda

Jaime Miranda disse...

Não é "Marvão estaria sobre os holofotes", evidentemente. Desculpem

Luís Bugalhão disse...

boas companheiros. atão o chefe? estará mm a fazer de propósito?

volto a referir que já está na altura de ultrapassar este tema das soluções para o desenvolvimento de Marvão. contudo, foi pr'áqui que a coisa andou (e lembrem-se que o post falava do meio do mandato), conduzida por alguma troca de galhardetes e de algumas opiniões bem fundamentadas, pelo que não se pode fazer nada: é assim que funciona a democracia.

gostava no entanto de sublinhar dois aspectos, ainda em relação à agricultura biológica:

1 - como sugeriu o bugalhão, a componente natural (chamemos-lhe assim) já é praticada no concelho há séculos. é verdade. e ainda hoje assim se faz, quando, p ex, se criam porcos em vara, ou se lhes dá para comer na malhada apenas o que a terra produz. nestes casos é óbvio que estaremos perante produtos naturais, com uma qualidade reconhecida por muitos. o que é que aqui falta? CERTIFICAÇÃO!
não publicidade (como dizia, mordazmente, o bugalhão) mas certificação. a publicidade, ou (prefiro) promoção vem a seguir. a CMMarvão poderá ter aqui um papel fundamental, na certificação e promoção, uma vez que a primeira é um processo longo, burocrático, típico de tudo o que se faz em portugal, e os responsáveis municipais movem-se melhor nessas áreas que o comum dos marvanenses; qt à promoção não vale a pena falar, ie qt ao papel do executivo municipal na promoção, pois este tem feito um trabalho mt bom (dentro do possível que lhe é permitido) para que a 'marca Marvão' seja conhecida e reconhecida. e aqui haverá ainda a vantagem de não ser preciso mt dinheiro. os pequenos privados (as pessoas da nossa terra) seriam abordados para aderirem ao projecto, continuariam a fazer o que sempre fizeram, mas com esta vertente biológica, cada vez mais importante, volto a dizer, em termos de mercado nos dias que correm (cá está o público e o privado, tudo a remar no mm sentido);

2 - eventuais projectos nesta área, caem que nem ginja na filosofia do que é um Parque Natural. assim sendo, por esta via, talvez fosse possível vencer alguns fundamentalismos com que os projectos da CMMarvão se deparam quando querem fazer alguma coisa no concelho.

por aqui me fico quanto à agricultura biológica.

agora viro-me para o bugalhão e para o c. lança:

ai não se vão embora não senhor! que a fasquia está mt alta? que raio de conversa é essa? atão ando eu aqui a lavar a mente, e dois dos mais importantes 'contendores' bazam? nem o d. quixote, nem o sancho pança abandonariam assim a dulcineia! (e a dulcineia aqui é Marvão, entenda-se). toca mas é a exercitar as falangetas, que este trabalho de cavaqueira é duro, mas alguém tem que o fazer. se não for assim, com'é que o contraditório pode aparecer?
se é pq está na hora de aliviar a conversa e irmos por outro lado, é questão de moerem o pedro, que a mim, cá de longe, o gajo não liga nenhuma. mas se é mm pq a conversa já está a chegar, e é preciso é que ela dê frutos, compreendo-vos e estou convosco. agora, se não é só isso, não há cá lugar para 'disso já não percebo nada'.

e por ora chega, que já vai longo. só uma última msg de apreço para as últimas intervenções do luis e do miranda. estão por dentro, mm estando de fora. não se vão embora. do blog, que de Marvão sei eu que não irão.

abraços que tenho que ir ouvir o relato.

Marilia Rosado Carrilho disse...

Olá!

A natureza humana não é boa! Mas ainda bem que diz que constata isso mesmo. E Marvão e os que lá moram e trabalham sabem disso muito bem!

Espero que sim, que o executivo nunca se esqueça dos moradores, tratando todos igualmente e com a dignidade que merecem, pois são lutadores constantes. Não é fácil morar num local apenas bonito. É preciso morar num local bonito, que sabe recompensar quem cá decidiu morar, contrariando a grande maioria!

Desejo eu, e muitos, que tenham mais 2 anos de um bom trabalho.