quarta-feira, 14 de maio de 2008

É um crime perder “O Crime”




Continuo a minha missão de espalhar pelo mundo a palavra do jornal “O Crime”.

“O Crime” é cultura, “O Crime” é jornalismo de primeira água, “O Crime” contêm notícias de categoria e é uma excelente companhia para o seu dia-a-dia.

É certo que a leitura d’ “O Crime” não dispensa a consulta de outras publicações que o complementam, mas em nenhuma delas pode o leitor encontrar tão gostosa prosa.

“O Crime” é o meu refúgio, o meu álibi e já justificava uma cadeira no doutoramento em Comunicação Social de qualquer universidade que se preze.

Ahhh, “O Crime” é muito bom e este número 1345 é particularmente sumarento.

Em primeiro lugar porque traz na 1ª página, um destaque no topo para o Padre Frederico, essa mistura de vilão de banda desenhada com o Benny Hill que já faz parte do imaginário de qualquer amante do CSI. O reverendo acusa a Judite no caso Maddie e faz ele próprio uma análise capaz de deixar o Moita Flores de queixo “à banda”.

Muito espectacular também é a entrevista com um especialista do mundo do sexo que diz que as universitárias portuguesas vão facturar imenso em Pequim. João Alves da Costa, de 59 anos, autor de obras incontornáveis como “Portugal erótico” e “Mil lésbicas submarinas” fala-nos das orgias olímpicas e do dvd sensação que vai lançar com contactos de 92 mil acompanhantes sexuais de luxo do mundo inteiro. Fabuloso! Vou já ali encomendar!

Na página anterior, a história de Manuel Rodrigues, de 80 anos, morador do Bairro da Boavista, que não conseguia resistir à tentação e acumulou 20 toneladas de lixo em casa que levavam os vizinhos à loucura. O velhinho não podia passar por um engaço de maçã na rua que não tivesse de o levar para enfeitar a sala. “Havia ratazanas do tamanho de gatos”, confessou uma moradora, dando pistas para uma reportagem especial dedicada ao sobrenatural. Bem merece!

Vividamente real também a história da rede de funerárias nos Estados Unidos que roubava órgãos dos defuntos e os vendiam à peça. Grande peça de Emanuel Câmara.

E nas centrais, a estrela da companhia, a cerejinha no cimo do pastel, a reportagem de Luzinete Melo sobre a reencarnação, onde desmistifica aquilo que os nossos famosos foram em vidas anteriores. Ali pode saber que Cristiano Ronaldo foi uma pastora em Inglaterra, Luís Filipe Vieira foi uma serva das forças ocultas; o Pinto da Costa, uma cozinheira em Sumatra; o José Sócrates, um astrólogo na Ucrânia; a Manuela Ferreira Leite, um padre na Ucrânia; o Santana Lopes, um domador na Índia, o Herman José, um carrasco na Mongólia e o Tony Carreira, uma filósofa no Irão, como transparece aliás, das letras das suas canções mais orelhudas.

Ao ler isto, eu próprio tive uma revelação de que noutra encarnação fui o Sandokan porque levo a noite a sonhar com tigres da Malásia e com o Kabir Bedi de cuecas a cantar ópera.

“O Crime”…espectacular!

Da próxima vez, deite fora o Expresso e o Público e os demais pasquins da praça e converta-se à literatura de qualidade.

Uma nota final para o correio do leitor que é respondido pela boazona da Maria Odete, especialista de tudo e doutora em nada. A leitora Dulce Correia, de Cascais, escreveu que “o meu marido quer que lhe bata” (não disse foi onde e no quê, mas bem…) e a nossa Maria Odete respondeu-lhe à letra: “Vá com ele a um especialista mas enquanto aguarda… chegue-lhe a sério. Ao menos ele gosta e a minha amiga aproveita!”. Muito bom! Ninguém mais dá conselhos assim.

“O Crime” vale mesmo muito a pena.

Corra antes que esgote!

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